segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A movimentada vida de Luduvice José


Publicado originalmente no site Osmário Santos, em 01/11/2003.

Jornalista, radialista, RP, fotógrafo, crítico de arte, uma mulher que adora, dois filhos queridos e muitos amigos.

A movimentada vida de Luduvice José.
Por Osmário Santos.

Luduvice José nasceu a 1º de novembro de 1947 na cidade de Aracaju, Sergipe. Seus pais que o receberam ainda bebê e o criaram: José Domingues Luduvice e Maria da Glória Luduvice. Seu pai adotivo foi representante do Laboratório Rhodia, além de representante de papéis, eletro-eletrônicos como rádios e televisores —, praticamente os primeiros televisores de Sergipe, à época da repetidora da TV de Pernambuco. “Ele sempre passou um exemplo de extrema honestidade, fé na religião que professava, a católica, na qual se realizava como homem probo, trabalhador e apolítico”.

Quando Luduvice ainda estava com pouca idade perdeu sua mãe. “Ela se foi, retornou ao mundo espiritual, revelando algo inesquecível quando do desencarne, uma grande preocupação comigo, pois ainda era bastante pequeno”.

Conta que a sua infância transcorreu em clima de felicidade, vivenciada em postulados religiosos. “Auxiliava na Igreja, ajudando missas e outras cerimônias. Certamente essa vertente, tenha me levado a estudar no Seminário de Aracaju, onde tomei gosto pela leitura — devorava livros —. Comecei a escrever para o jornal O Clarim, do próprio colégio, rodado no mimeógrafo a tinta, além de colaborar com jornais murais. Foi uma experiência interessante. Ali, descobri outras religiões, nas entrelinhas das evasivas respostas que me davam, quando incursionava para o que a Igreja Católica falava de mistérios e dogmas. Mesmo com pouca idade, entre 13 e 14 anos, não entendia um Deus que me afirmavam ser infinitamente bom e amoroso, que tenha criado o inferno. Como também que me tivesse criado sadio e outros coxos, cegos, mudos, enfim... Foi um tempo de inquirições. Providenciais para os dias de outros estudos, quando adentrei fundo na história universal e tomei conhecimento sobre a Reforma, Santa Inquisição, Santo Ofício e ignomínias outras que não podiam partir de um Deus, supremo amor”.

Sua primeira escola foi o Instituto Ipiranga, do Professor Cecílio Cunha, situado à rua Itabaianinha, na mesma casa que veio morar até se casar. “Ali aprendi as primeiras letras. Depois estive numa escola que funcionava no Centro Operário de Aracaju, rua Santo Amaro, esquina com Geru. O Educandário Menino Jesus foi o destino para uma formação eclética, pois até francês nós estudávamos, com Eduardo Vital. O Colégio era da mãe dele, professora Miriam e das tias Iracema, Helena e Coralha. O curso primário teve fundamento em minha vida, pois foi um núcleo de descobertas, de socialização... Tive como colegas Joãozinho Teixeira, Vilma Porto, Lânia Duarte, Maria das Graças, Dorinha Teixeira e alguns dos seus irmãos; Paulo Figueiredo, que depois continuei como colega no seminário. Enfim, muita gente que vez por outra encontro. O ensino era forte e a exigência, cerrada”. O ginásio foi no Seminário, vivenciando o latim — manancial a respaldar o português. Recorda-se do Padre Carvalho, professor de português; Padre Pedro, de Geografia; Padre Almiro, de Latim; Alfeu Menezes, de Música, cuja continuidade teve com o Professor Leozírio Guimarães. O Científico foi no Colégio Arquidiocesano, pois aos 15 anos, não via mais como sustentar a sua ânsia de liberdade, com um internato. Nesse curso, grata recordação da Professora Carmelita Pinto Fontes, que estimulou o gosto pela poesia e pela redação, levando-o a fazer parte da Academia Sergipana de Letras dos Jovens Estudantes, de saudosa memória. Também boas lembranças do professor Monteirinho, Silvério e Carlos Leite, todos da disciplina História, além do professor Joaquim, que conseguiu tirar-lhe o trauma da Matemática. “O Clássico, fui estudar à noite — precisava trabalhar —, no Atheneu. Era a turma de Leó, Militão, as irmãs Ana Denise e Ana Cristina, Clara Angélica, Ubiraci. Professores como Jéferson, de História, que me forneceu uma visão mais larga, dos bastidores do mundo; Hunald Alencar, cuja prova final de literatura, do 3º ano, foi mais difícil do que a da Faculdade de Direito. Foi um novo tempo, novos horizontes. Foi um período prazeroso, pois entrei na Juventude Estudantil Católica, onde encontrei Elzinha, com quem me casei em 1979, sendo a grande vitória da minha vida”.

Diz que a sua juventude foi interessante, por ter alcançado as famosas matinês do Cinema Palace, nas primeiras sessões aos domingos e à noite o tradicional passeio pela Praça Fausto Cardoso, local oficial da paquera. “Era o famoso quem me quer. Aos domingos aconteciam os papos, fazia-se amizade”.

A fotografia foi importante em sua vida, principalmente por ter sido orientado por Lineu. “Ele era o papa e continua sendo do assunto. Obrigou-me a conhecer a parte teórica com consciência, até chegar na prática; foi um grande professor. Conheci também, Humberto Aragão, premiado fotógrafo artístico. Foram momentos felizes e muitos filmes batidos, em passeios e pesquisas junto com Osmar Mattos, buscando assuntos para uma fotografia mais arte, mais bucólica. Da fotografia fiz profissão e especializei-me em fotos de animais selecionados, aprendendo muito sobre cada raça e suas características, com o pecuarista e banqueiro, Murilo Dantas; onde havia mostra agropecuária, eu estava lá. Com o tempo, a fotografia passou a fazer parte complementar do texto que já fazia, para jornal, principalmente para revistas como: “Agricultura e Pecuária Brasileira” e “O Zebu no Brasil”. Foi um aprendizado importante”.

A faculdade não passou do vestibular de Direito. Enganchou-se em Francês. “À época, além da prova escrita, existia a oral. Decepcionei-me com vestibular. Sorte minha, pois o jornalismo veio por desdobramento, por vocação, consolidando a profissão, por direito adquirido, o mesmo acontecendo com Relações Públicas — sou da velha guarda, antes da existência de curso superior —, além de ser também radialista. Sobre essa faceta, fato interessante em minha vida, pois comecei ao microfone, com cerca de sete, oito anos, no Serviço de Alto Falantes de Aracaju, a Voz do Comércio, que era do meu irmão, Hamiltom Luduvice. Ali comandei o microfone, dois toca discos e o amplificador, aprendendo a locução comercial e, inovando com notícias, algo que aquele serviço não fazia”. “No rádio estive fazendo programa da Juventude Estudantil Católica, na Rádio Cultura — Reinaldo Moura estava chegando, Duquinha, tinha programa na emissora, assim como Jairo Alves. No governo José Leite, fiz o Plantão Rodoviário na Rádio Difusora”. Ainda com pouca idade, estudando no seminário, entre 12 e 13 anos, nas férias, pegava a pasta e mostruário do escritório de representação J. Luduvice & Filhos e, ia para a Rua Santa Rosa, mostrar a Paes Mendonça, G. Barbosa, Pedro Paes Mendonça, além de ferragistas que não lembra os nomes. “Foi o meu primeiro trabalho, vendendo pilhas, lâmpadas, rádios, baralhos, enfim, muita coisa. Fazia os pedidos e os trazia ao escritório. A pouca idade, às vezes dava bons resultados. Lembro-me de um grande e invejado pedido que fechei, com Pedro Paes Mendonça, o pai de João Carlos. Foi marcante. A fotografia foi o segundo emprego. Máquina fotográfica, flash e muitos filmes. Eram exposições agropecuárias, fotos de edificações, de gado, de linhas de energia elétrica, casamentos — foram muitos e desgastantes, que me fizeram abandonar esse tipo de reportagem”.

No ano de 1969 é aprovado em concurso para escriturário na Ancarse. “Permaneci no cargo apenas seis meses — registro inédito na empresa —, pois fui guinado a Assistente de Administração. Com o tempo passei para a auxiliar o Departamento Técnico, revisando relatórios e começando a fazer releases para a imprensa, incluindo slides para a TV Sergipe, na sua primeira fase. Em 13 de março de 1973, fui requisitado pelo então governador Paulo Barreto e fui implantar o serviço de Relações Públicas do DER-SE, recomendação do amigo Edmilsom Machado, ao diretor daquele órgão, Fernando Garcez Vieira. Ali fiquei até 1976, sendo chamado para o Palácio, por indicação de Benvindo Sales de Campos Neto, então Assessor de Comunicação — não existia Secretaria à época. Fui Chefe do Setor de Imprensa e Relações Públicas, Assistente de Imprensa e Assessor Substituto, tendo assumido algumas vezes nos impedimentos, férias e licenças-saúde de Benvindo. Trabalhei ainda com Augusto Franco, João Alves e Valadares, sendo que, no início do governo deste último, fui chamado por Paulo Viana, para a Secretaria da Agricultura, onde permaneço até hoje”. Vive intensamente a profissão de comunicador na ética e no companheirismo. “Estive repórter da TV Atalaia de 76 a 84. Foi uma escola com Sérgio Gutemberg, Fernando Sávio, Carlo Mota, Montalvão, Acival Gomes, Antonio Cigarrinho, Rosevaldo Santana na edição de imagens, enfim, permitindo-me a satisfação de fazer matérias para a Rede Bandeirantes e, nesta mesma rede, participar do programa “Nos Bastidores da Justiça”, que mereceu o Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo e, onde Sergipe teve 13 minutos, num programa de apenas uma hora. Jornais: duas fases do Jornal A Tarde, a última recentemente, antes do fechamento da sucursal; Jornal de Brasília, Jornal do Brasil — representante comercial —; JORNAL DA CIDADE, com Pimentel e Ivan Valença; Gazeta, com a coluna Sergipe Rural; Jornal de Sergipe, com coluna sobre arte; Jornal na Manhã, no suplemento de variedades “Acontece”, além de ter publicado poemas por aí. Ultimamente me atenho a assessoria profissional e, na imprensa, escrevendo sobre turismo, como colaborador dos jornais O Povão e Eventos & Turismo. Sou Assessor de Comunicação da Secretaria da Agricultura, da Sociedade dos Anestesiologistas de Sergipe e da Federação Espírita do Estado de Sergipe — minha colaboração com a espiritualidade, além de emprestar meus serviços a diversos grandes eventos locais, regionais, nacionais e internacionais”.

Como não tem ambições astronômicas, se sente feliz por não precisar violar princípios e valores, mantendo-se na ética e na moralidade. Sou feliz, pois convivo muito bem com os companheiros de imprensa sérios e, procuro, ser sempre colega, solidário”.

Do seu envolvimento com o espiritismo: “A Doutrina Espírita é um ato de extrema consciência em minha vida. Sou muito verdadeiro, por isso, adotei o Espiritismo por traduzir a sedimentação de verdades e descobertas. Pois, como Religião, Ciência e Filosofia, a Doutrina Espírita tem uma abrangência que exorbita parâmetros miúdos, tacanhos, questiúnculas mal resolvidas. Trata-se de uma doutrina aberta, transparente, democrática à quinta essência, pois revela o cristianismo redivivo, sem postulados utópicos, sem dogmatismo”.

É casado com Elzinha, companheira que conheceu nos idos de 1963 e que tem sido o grande complemento de sua vida. Ela me ajuda a ser um pouco melhor, mais compreensivo, cordato. Casei-me em 5 de dezembro de 1979, na Igreja Nossa Senhora Menina, com a cerimônia sendo oficiada pelo Monsenhor Carlos Costa, o mesmo que me batizou, me crismou e batizou Serginho, meu filho mais velho, figura bastante conhecida em Aracaju. O meu filho mais novo, é Rodrigo, com 24 anos, crânio em computador, um talentoso Web Designer. Ainda tenho três cachorros que completam a alegria. Netos? Quem sabe um dia”...

Texto reproduzido do site: usuarioweb.infonet.com.br/~osmario
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Imagem para ilustração de artigo, postada
pelo Grupo do Facebook/MTéSERGIPE.
Foto reproduzida do site: jornaldacidade.net

Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 30 de janeiro de 2016.

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