quinta-feira, 31 de julho de 2014

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 27/08/2011

Sônia Franco de Melo (+ de 10 comentários).

"Casa Cristal. Acho que Ra rua João Pessoa. De Seu Dermeval pai de Solange Garcez". (SFM).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 27 de agosto de 2011.

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 17/08/2011

Tânia Góis Barros (+ de 30 comentários).

"Mas puxando as lembranças... Lembrando de belas mulheres. Quem lembra a Coluna Social de Tereza Neuma??? Quem lembra de Didi Macedo com um cigarro na maior elegancia, e a guerreira mãe Nubia Macedo?? A moça mais bonita da cidade Licia Violeta. A eterna Miss Sergipe Zelia Lopes. Os saltos altos de Yvone Mendonça, Professora de Português ? Só para puxar o fio da lembrança. Pq eu lembro de Candelaria na Rua João Pessoa tb... Né Pascoal??? kkk" (TGB).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 17 de agosto de 2011.

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 18/08/2011

Pedrito Barreto (+ de 20 comentários).

"Naqueles tempos, pelas ruas, vendiam QUEBRA-QUEIXO ( rosa e branco ), CAVACO CHINÊS e PIRULITOS enfiados em um pedaço de madeira cheios de buracos". (PB).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 18 de agosto de 2011.

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 16/08/2011

Tânia Góis Barros. (+ de 60 comentários).

Já que querem lembrar... Lembram do Dernier Cry do pai de Max Rollemberg??? E o armarinho de Helena na João Pessoa? Onde se comprava luvas para desfile de 7 de setembro. Vcs são do tempo da Relojoaria Safira. O dono era Pingo de Luxo, com as sobrancelhas pintadas...kkk Mas quem era gerente era Sr Vava,pai de Alcides Melo. 

Querem mais??? A Moda com o velho João Hora, Armazém Sul Americano onde se comprava Queijo do Reino e bacalhau...Ui! ficava na Rua de Laranjeiras.

Vixe tenho que convidar Mellins para me ajudar....kkkkk

Meu baú é bem grande...Ui!

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 16 de agosto de 2011.

Silhueta


Publicado originalmente no Facebook/Fan Page/Petrônio Gomes.

Silhueta.
Por Petrônio Gomes.

Bastava-me erguer os olhos da mesa de trabalho para avistá-la, uma silhueta sombria e solitária, recortada contra o céu sempre azul da minha cidade. Ela dominava um recanto onde as noites são mais tristes, becos onde perambulam vultos que já foram homens, hoje trapos jogados à margem da existência.

Era a pequenina torre da Capela do Colégio Nossa senhora de Lourdes, de cuja extremidade uma cruz espalhava bençãos silenciosas sobre os telhados de zinco, os velhos terreiros carcomidos do Mercado Municipal. A estrutura ficou enegrecida pela ação do tempo, mas, como sempre, ao tempo não pertence a culpa. Foi esquecida e condenada pelo descaso de muitas gerações, pelo desamor dos cidadãos que a viram quando jovem, alegre e bela. Escuros também ficaram os muros do colégio, servindo apenas de abrigo para o pesado silêncio, proprietário, por muito tempo, de todo o edifício.

Pelos portões, que se abriam de par em par, entravam e saíam as alunas internas. Como esquecê-las? Aos pares, vestidas de azul e branco, as mãos enluvadas e um ar suave nas faces juvenis, elas seguiam, anjos que flutuavam, em direção à Catedral Diocesana, ao Santuário de Nossa Senhora Menina, à Igreja de São José, ao Instituto Histórico e Geográfico.

Escoltavam-nas as Irmãs Carmelitas, de fisionomias graves e olhos pousados no chão, as mãos ocultas nas largas mangas dos seus hábitos seculares, guardiães solenes de tesouros vivos. Às vezes, saíam cantando baixinho, aquelas moças que viviam em outro mundo e que eram contempladas timidamente pelos trabalhadores do Mercado, com o respeito que infundem os cristais finíssimos...

Por que deixaram desaparecer o coro das moças nas ladainhas do mês consagrado à Virgem Santa? Por que, meu Deus, cerraram a tampa do órgão para sempre, calaram, de vez, a voz do sino da Capela? Por que deixaram emurchecerem as flores do jardim, por que desmancharam o palco pequenino onde representavam as crianças?

Sentia apertar-me a garganta ao vê-las, as freiras tristes do meu colégio que frequentei de calças curtas, cabisbaixas, em direção a outras igrejas, despojadas, que foram, da Capela. Porque nunca houve mais bonita, mais clara, mais florida.

Despovoar um colégio é arrancar filhos de mães extremosas, é arrebatar relíquias de corações sozinhos. É instalar o vazio em sítio outrora risonho, é deixar o mato perverso sufocar a grama, é rasgar, por gosto, o linho. Nada mais deprimente do que a decadência, do que a aproximação, impiedosa e fria, de um fim que não podemos combater. Rugas que matam a beleza de uma face, desenganos que consomem o viço de um olhar querido, forças que se tiram de braços que ainda pretendem abraçar. Vigas que já não prometem segurança, portas que já não têm o que guardar, anoitecer que não traz o sono.

Mais tarde, sumiu do cenário da minha cidade a silhueta da pequenina torre da Capela. Como já desapareceram os meus brinquedos de menino, o meu livro de estórias de bichos que falavam, o cavaquinho que fingi tocar no palco do colégio. Como também se foram muitos que brincaram comigo. Não me maltrata, agora, a saudade dos que me repreenderam, dos que sofreram porque eu sofria?

Ficaram as lembranças, as imagens que debulho hoje, como contas inestimáveis de um rosário. 

Recordações de uma capelinha engalanada, de um altar cheio de lírios para a coroação de Nossa Senhora no último dia de maio. Ainda ecoam em minha memória os cânticos de louvor à Virgem Santíssima, entoados por todos os alunos, vestidos de azul e branco. E os primeiros da classe, muito orgulhosos, inclinando as bandeiras dos estados do Brasil, como eu inclinei a de Sergipe, no momento supremo da festa.
O Colégio Nossa Senhora de Lourdes ficará nesta crônica de saudade, escrita por um de seus alunos que lá aprendeu a somar e a dividir o que é bom...

(Imagem: sergipeemfotos.blogspot.com.br).

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Fan Page/Petrônio Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 30 de Julho de 2014.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Os Humildes


Publicado originalmente no site www.aracaju.com

Músicos Sergipanos - Os Humildes.

A Banda de Pagode, que se tornou sucesso de mídia e público em menos de um ano, é sinônimo de irreverência e alegria.

Tudo começou com uma brincadeira de mesa de bar. Um grupo de amigos que jogava voleibol e se reunia sempre depois dos jogos, para tocar um pagodinho e tomar uma cervejinha. Os encontros se tornaram mais frequentes e o grupo aumentava a cada dia. Surgiu assim uma necessidade de se criar um lugar maior para esses encontros. Assim nasceu o Los Gatos, barzinho sensação da moçada que hoje na sua terceira versão (situado no Iate Clube de Aracaju), com muita estrutura e várias bandas convidadas, proporciondo diversão de final de semana para mais de 2000 jovens em Aracaju. Sempre, é claro, animados pelos "Humildes" a sensação da festa.

Energia e alto astral é o que não falta na Banda. Esta é a receita dos Humildes: "Fazer o que se gosta, para quem gosta."

O grupo começou com 8 (oito), humildes rapazes: Léozinho, Alan Rocha, Alex Lira, Vinícius Nejaim, Écleberton Oliveira, Mirandinha, Fabrício, e Ninho. Com o passar do tempo o grupo se expandiu para 14 componentes, sendo 12 músicos e duas dançarinas, passando por uma mudança no seu terceiro ano de existência fortalecendo ainda mais o grupo e dando uma nova roupagem quanto a forma de animar, agitar e contagiar a todos.

Passa então a integrar o grupo Tássito com sua voz estonteante que junto com a antiga formação (com exceção de Vinícius e Écleberton ex-vocalista ), conquistam a turma jovem dançando e agitando com sua linguagem corporal, do pagode. Eles levam qualquer um ao delírio com um ritmo cadenciado e inovador... uma verdadeira loucura!!!

Em Sergipe o sucesso da Banda já está garantido. Além das apresentações no Los Gatos, os Humildes animam festas pelo Estado e já fizeram várias participações especiais em shows de nível nacional como, por exemplo:
SPC e Os Humildes, no Espaço EME's
Titãs e Os Humildes, no Augustu's
Babyson e Os Humildes, no Espaço EME's
Zezé Mota, Cremilda e Os Humildes, na Associação Atlética de Sergipe
Zinho e Os Humildes, na Associação Atlética de Sergipe
Forró Brasil e Os Humildes, no BNB Clube de Sergipe
Gang do Samba e Os Humildes, em Simão Dias
Cafuné e Os Humildes, no Iate Clube de Sergipe
Gera Samba e Os Humildes, no Iate Clube de Sergipe
Praqurê e Os Humildes, no Los Gatos
K-Entre N6s e Os Humildes, no Los Gatos
Percussão do Araketu e Os Humildes, no Los Gatos
Mastruz com Leite, Cavalo de Pau e Os Humildes, no Parque da Pecuária em Maceió
Timbalada e Os Humildes, no lançamento do CD ao vivo da Timbalada no August's.

Outros dois momentos inesquecível foram no Pré-caju 98, onde Os Humildes tiveram a oportunidade de cantar juntamente com Márcia Freire, no bloco Papagaiu's, e com a Pimenta N'tiva, no bloco Fascinação a sua música. O Pulo do Gato, em plena avenida.

Os Humildes puxaram o Bloco H dois O no Reveillon 98 na Orla de Aracaju e o Bloco Leva Eu no Lagarto Folia, na cidade de Lagarto-SE, no período de 18 a 19 de Abril de 98. A festa contou com a presença de atrações com Armandinho, Dodô e Osmar, Márcia Freire, Jamill, Araketu dentre outros.

O Primeiro CD.

O CD "O Pulo do Gato" é o primeiro gravado pelo grupo. É altamente dançante e elétrico: pagode, axé, reggae, e maracatu, para todos os gostos.
Os Humildes lançaram seu primeiro CD (O Pulo do Gato), no dia 28 de fevereiro de 98, no Espaço EME's em Aracaju-SE, atingindo um público de 6.000 pessoas onde se fizeram presentes a imprensa em geral e os Fã-Clubes:

Pulo do Gato
Las Gatas
As Enxeridas
Miau dos Humildes
Os Humildes é Sucesso
Fã-Clube da Paquera
As Convencidas
Pagode Gostoso
As Gatinhas dos Humildes
...os quais sempre estiveram presentes junto com Os Humildes em todos os shows.

O CD dos Humildes foi lançado e a música carro chefe, O Pulo do Gato, disparou na audiência das FM's atingindo os primeiros lugares por Ter o estilo do grupo, falando do símbolo principal-um gato, e ser altamente dançante. A música ficou durante 3 (três), semanas consecutivas em primeiro lugar nas FM's perdurando por mais de três meses. O Pagode Gostoso, outra música da banda, também atingiu alto índices de audiência assim como Dança da Paquera e Sentimento Maluco, todas pertencentes ao CD, O Pulo do Gato. O trabalho da Banda foi expandir por todo o estado onde as FM's, TV's e programas locais passaram a executar o CD em seus programas.

Novos Projetos.

Os Humildes hoje preparam-se para enfrentar o cenário nacional com um imenso projeto de gravação do novo CD, que será ao vivo, que será altamente comercial contando com um repertório pra ninguém botar defeito. Músicas das melhores bandas de pagode da atualidade e novo arranjo e estilo para os seus hit's de maior sucesso. Esse CD, será grafado no Augustu's, casa de shows consagrada Norte-Nordeste, com uma produção musical de última geração par proporcionar o que há de melhor para os fãs e todos que gostam dos Humildes

Sem esquecer do Los Gatos, será preparado com uma grande estrutura mais uma vez com muitas inovações, computadores ligados na net, brincadeiras, agitos, convidados pra lá de especiais e muito mais. E ficar aqui o aviso, a versão 2000 dos Humildes é de arrepiar e vai ser sentida gradativamente até lá trazendo uma surpresa a cada show...aguadem!

No mais, agradecemos a sua atenção em nos conhecer deixando a certeza que existimos por acreditarmos em um trabalho altamente prazeroso para nós e por valorizarmos esse Dom dado por DEUS.

Foto e texto reproduzidos do site: aracaju.com/musicos


Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 25 de julho de 2014.

Gilberto Lima


Publicado originalmente no site www.aracaju.com

Músicos Sergipanos - Gilberto Lima.

Nascido em Estância no Estado de Sergipe, Gilberto Lima do Nascimento, desde cedo demonstrou sua vocação para a música. Possuindo um talento natural e estudando com os grandes mestres regionais, aos 16 anos de idade já era formado pelo Instituto de Música e Canto Orfeônico de Sergipe.

Posteriormente, buscando outros caminhos para a sua arte, concluiu um novo curso de música na Academia Lorenzo Fernandes do Rio de Janeiro. Apaixonado pela cidade maravilhosa, dedicou a ela quase 30 anos do seu trabalho. Nas noites cariocas, Gilberto Lima apresentou-se nas mais renomadas casas noturnas da cidade. Moulin Rouge, Vivará, Gargalo, Peter Thomas e o Restaurante Rio´s foram alguns dos endereços famosos onde Gilberto Lima mostrou sua técnica e sua poesia musical.

Nesse período, tocando em diversos conjuntos, (destaque para o de Chiquinho do Acordeon), Gilberto Lima acompanhou apresentações e gravações de grandes nomes da MPB. Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Claudete Soares, Sílvia Teles, Peri Ribeiro, Sílvio César, Ivon Curi e Nelson Gonçalves foram alguns dos cantores que tiveram a magia do piano de Gilberto Lima em suas canções.

Por sua versatilidade e conhecimento musical apurado, Gilberto Lima participou de programas de Rádio e Televisão, integrou a orquestra da TV Globo e atuou no Festival da Jovem Guarda sob o comando de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, no Clube Municipal. Nas suas apresentações e por todos os lugares onde passou, Gilberto Lima espalhou beleza e recebeu aplausos de milhares de fãs e admiradores.

O CD "GILBERTO LIMA, UM PIANO ROMÂNTICO traz uma coletânea de canções, de diferentes épocas e estilos. As músicas, selecionadas pelo próprio Gilberto, mostram um pouco do talento e da pluralidade musical desse artista que ainda hoje continua encantando platéias e conquistando admiradores.
A gravação desse CD faz parte da comemoração dos cinco anos de implantação do SESIVIDA, o plano de saúde do trabalhador mato grossense, criado pelo SESI - Serviço Social da Indústria - Departamento Regional de Mato Grosso.

Fotos e texto reproduzidos do site: aracaju.com/musicos



Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 25 de julho de 2014.

Desfile de 7 de Setembro, do Colégio Nossa Senhora de Lourdes


"7 de setembro - O Colégio N. Sra. de Lourdes não tinha banda e desfilava com o Salesiano". (AV).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 31 de agosto de 2011.

Mário Jorge de Menezes Vieira


Mário Jorge de Menezes Vieira.

Biografia.

Mário Jorge de Menezes Vieira nasceu em Aracaju (Sergipe) em 23 de novembro de 1946, falecendo na mesma cidade num acidente automobilístico em 11 de janeiro de 1973. Começou o Curso de Direito na Faculdade de Direito de Sergipe (hoje UFS) em 1966, e, posteriormente, mudou-se para São Paulo, para cursar nessa metrópole o Curso de Ciências Sociais, mas sem conseguir concluir. Foi militante do movimento estudantil na década de 60, durante o período da Ditadura Militar no Brasil, sendo preso em 1968 e respondendo a alguns processos por conta das suas atividades consideradas como subversivas perante o governo da época, e absolvido em 1972.

No ano de 1968, Mário Jorge publicou o seu primeiro e único livro em vida, Revolição (em formato de envelope). Além, deste o poeta também publicou poemas e artigos em jornais e revistas de Sergipe, sendo também editor de um jornal chamado Toke, bem como o envolvimento na produção de alguns filmes e participação em alguns festivais de músicas, e colaboração em peças de teatro.

Quanto à produção literária de Mário Jorge, nota-se a influência das Poesias de Vanguarda, destacando-se mais a poesia concretista, práxis, social e marginal, e influências da Tropicália. E o contexto dos seus poemas retrata temas semelhantes do Futurismo, com tons líricos, agressivos, experimentais, e de ideias, que sem dúvida são radicais para quem os lê.

Nos poemas desse importante autor sergipano são notados também um caráter de denúncia social como os problemas durante o Regime Militar no Brasil, e a influência de protestos Hippies como os do período da Guerra do Vietnã. Eis o porquê de sua obra ter sido considerada subversiva...

Foto e texto reproduzidos do blog: literaturasergipana.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 7 de fevereiro de 2014.

Uma Fotografia



Uma fotografia

O Baixinho do meio é Mané Roncôio, filho de seu Bida da caminhonete, tido como o maior punheteiro da vida. Mané sabe contar umas histórias de bucetinhas raspadas como ninguém. Até que um dia Dona Madalena pegou ele descascando uma na intenção de Dulcinete, gostosona do quarto ano, grande jogadora de peteca.

Era bainha demais na saia plissada, a cada pulo mostrando a calcinha suada, as cochas cobertas de rara penugem loura, o montinho de pentelhos extravasando o elástico. Dulcinete sabia que era galada nos trezentos e sessenta dias do ano. O pobre do Mané foi alvo de rebaixamento moral na formatura do Hino Nacional, ao final das aulas, posto num canto do Ginásio como exemplo de degradação ao vicio da punheta, prática proibida pelo pároco local e pela ciência vigente como deletéria e condenável. Pra nós ele confessou que nem gozava, ficava nos estertores do primeiro soluço, na coceirinha da primeira lágrima.

Ao lado dele, chupando manga pelo furinho vem Cacáio, os filetinhos de catarro escorrendo do nariz. Cabra bom esse Cacaio. A vó dele, D. Santinha, doceira pras bandas do Caiçá, compra latas de leite ninho e goiabadas vazias pra botar seus doces batidos. Vendi muitas. Cacaio tem uma caixa de charuto Suerdieck cheia de dinheiro de cigarro, tudo dobradinho em camaços. Tem Yolanda que vale mil, um bolo de Columbia que deve dar uma baba e o resto é Continental e Astória, valendo merreca.

Todo domingo, na porta do Cine Brasil, a gente leva o dinheiro que tem para apostar no pio, comprar gibi velho ou trocar por estampas Eucalol, que também rendem bem. Uma Eucalol de passarinho conhecido Valia dez Hollywood.
Eu tinha uma Camel de valor incalculável que ganhei de um gringo na pensão de Raimunda Filipe, mas troquei com Cacaio por uma latona de araçá batido e duas cascas de bala 38. Saí ganhando. O araçá eu o comi em dois dias e as cascas de bala, enfiadas na cartucheira, davam-me o direito de escolher o papel de Hopalong Cassidy nas brincadeiras de Cowboy. Nunca mais tive de fazer o papel de doidelo, nunca mais.

Doidelo era papel para Carlinhos de Zé do Arroz, aquele ali de camisa cáqui faltando dois botões. Só vive assim destratado, com os fundilhos sujos a barriga sobrando pelo cós da calça. Dizem que não conhece o pai, mas é Zé do Arroz cagado e cuspido. Olha a cara de bolachão dormido, o olhar esbruguelado de quem viu o cão, as pernas muito curtas para tanta bunda. Só pode ser filho de quem é.

A mãe dele vende gasosa na feira. Tem de maçã e baunilha, em dois frascos de vidro enormes, onde ela enfia uma mangueirinha engatada num fole de pedal. Quando ela pisa no pedal a espuma sobe nos frascos, uma maravilha! Tentei fazer isto em casa com uma bomba de bicicleta, mas acabou numa melação danada! Faltou o bicarbonato, que eu nem sabia o que era. Na feirinha do Natal a gasosa de D. Mariinha passa a se chamar Amorosa e sai que é uma beleza, porque todo mundo no Natal come um prato de arroz de galinha e tem que

Ali, sentadinhass na calçada alta, estão as meninas do Mestre Gregório. São três negras vitalinas dignas do mais absoluto respeito, a conferir pelo camafeu que ostentam, todas elas, com a efígie do venerando pai, saudoso mestre da filarmônica local. Nunca casaram, porque escolheram demais. Uma não queria se entregar a um pretendente menos apetrechado que os das outras. Valquíria, a caçula, inda rolou numa história escandalosa que teria acontecido no muro do Hospital com um caixeiro viajante de “A. Fonseca” chamado Miro, mas a história ficou encubada. Miro mudou de praça e todo mundo fez de conta que nada houve. Valquíria é aquela que está sorrindo na fotografia.

a rabada, ostentando um ar de príncipe das Astúrias, estou eu com a calça tergal que me distingue e um sapato Vulcabrás, novinho. Tenho a cara escovada e o ar empertigado. O queixo proeminente e um malajambrado pimpão ameaçando derramar-se sobre a testa. A brilhantina o mantém ereto.

Aquele sou eu com o peito juvenil arfando sob o escapulário, um misterioso rapaz se achando a esperança do mundo.

Amaral Cavalcante – 04/02/2013

Crédito maluco, mas obrigatório: O Clic Rolleiflex teria sido feito por Barbosa Guimarâes, o moderno fotógrafo de Simão Dia,s nos idos 60.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, 4 de julho de 2013.

Estádio Governador Lourival Baptista, o Batistão 1970


Postagem originária do Facebook/MTéSERGIPE, em 7 de março de 2012.

Carnaval Iate, Baile Infantil, 1975


Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 26 de agosto de 2011.

Diretoras do Colégio Brasília (Segunda foto com link)

Dona Alaide, Lygia e Dona Helena, em evento na Associação Atlética de Sergipe.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 17 de agosto de 2011.

Homenagem a Armando Maynard

"Homenagem a Armando Maynard criador do grupo que as 05:37 do dia 27.08.2011 
O grupo "Minha Terra é SERGIPE" atingiu a marca de 11.994 postagens.
 (Criado em 14 de agosto de 2011 às 9:28h.). (Tasso Garcez Sobral).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 27 de agosto de 2011.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Araripe Coutinho e Antônio Samarone

"Uma boa notícia, o Poeta está curado...". (Antônio Samarone).
Imagem reproduzida do Facebook/Linha do Tempo/Antônio Samarone.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 18 de julho de 2014.

Chorinho do Inácio (1995)

"Reminiscências em Fotos - Chorinho do Inácio - Walter Inácio Medeiros (meu pai),
 Guerrinha e Cãndido - 1995". (Ludwig Oliveira).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 4 de abril de 2012.

Fernando Sobral - uma perda muito sentida


Fernando Sobral - uma perda muito sentida
Por Lúcio Prado Dias.

Quando a gente ainda vai se recuperando emocionalmente das perdas de Helvinho e Pedro Nunes, amigo e colega falecidos nas últimas semanas, eis que a morte arrebata mais um, na sua mocidade: Fernandinho ( Orelhinha) Sobral, atual Comodoro do Iate Clube de Aracaju. Soube agora do seu falecimento, ocorrido na noite chuvosa desta terça-feira, 15 de julho.

Se louvar os mortos é um modo de orar por eles, na visão de Machado de Assis, louvemos pois as suas virtudes, sua dedicação e disposição para o trabalho à frente do Clube da 13 de Julho, a sua amizade e alegria contagiante. Alegria que fica pra sempre no registro dessa foto!
Descanse em paz, Orelhinha!

Foto e texto reproduzidos do Facebook/Lúcio Prado Dias.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 20 de julho de 2014.

Antigo Restaurante Tropeiro, na Orla de Atalaia, em Aracaju

Antigo restaurante tropeiro na orla de Aracaju. Hoje já não existe mais foi demolido.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 20 de agosto de 2012.

História arquitetônica de Aracaju, virando poeira

Mais uma casa antiga, esta que era situada à Rua Itabaiana, próximo da Praça Tobias Barreto, que poderia ser um 'Patrimônio Histórico', vira poeira, tudo em nome da especulação imobiliária. Hora de lembrarmos do Cine Rio Branco, da casa do Dr. Augusto Leite...

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 8 de abril de 2012.

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 07/12/2011.

Amaral Cavalcante.

(CANTINHO DA FAMÍLIA).
A descendência.


Sou filho de José Cavalcante Lima -chamado Seu Liminha - e Corina Hora Amaral. Neto dos varões Hermínio e Corcino e de suas senhoras, Terezinha e Maroca. De vó Maroca lembro o queixo fino, empinado, e do pé de sapoti no seu quintal, onde a algazarra dos nicos me conduzia às matas de Tarzã. Já Terezinha, curvada sob o peso de um mau-humor dolorido, era rasquenta e braba, mas boa de Magazine - que os netos dela tinham que luxar. Corcino, caboclo do cabelo bom e bem penteado, era um belo homem. Conta-se dele que sua mãe era índia, pega a dente de cachorro nas matas das Caraíbas. Daí sua arrogante elegância bigoduda, olhão de corta-mortalha, sempre de terno e colete, as mãos morenas sobre o castão prateado da bengala. Vovô Hermínio, capaz de nem caber aqui, imenso, com o seu cajado de jacarandá e suas calças largas, qual bombachas. Morava com Maroca mais não, “aquela velha feia”! Tinha era trinta namoradas novas na feira de Simão Dias, o velho fanfarrão! Bamboleado uma hérnia nos “quiba”, lá vem ele todo manemolente, arrastando um cacho de pitombas e meia banda de jaca, todo sábado. Era dia de festa no quintal.

Meus pais namoraram contra todos e vai que se amigaram por amor ou teimosia. Ele deve ter feito mal à donzela e a família Ponphilo do Amaral exigiu reparação. Ponphilo era comerciante de secos e molhados e dele, mãe Corina sempre dizia: meu tio Pnpilho tinha tinas de bacalhau na despensa e só comia queijo do reino.

Foi se engraçar de Liminha...

Vó Terezinha nunca se conformou, mas abafou o escândalo e foi deixando para ver como ficava aquela história de casal enamorado. Foram tendo filhos, primeiro José depois eu. Quando dei por mim já havia mais três: Tereza, Édila e Jorge.

O que resta hoje dessa prole, é bonito de se ver.

Zé Nery, o primogênito, foi embora pra Bahia e lá virou senhor de próspera família, avô de amáveis caduquices, um correto cidadão já com três netos. Tereza envelhece tranqüila, viúva de dois grandes amores, dona de si e do mundo, avó de muitos quereres. Édila, a mais nova das mulheres, inteligente e dedicada ao trabalho, casou juntando sonhos com o amado Lisboa e hoje tem dinheiro e amor, filhos e netos. Jorge, conhecido como Sabiá, viveu cantando de galho em galho sem se preocupar consigo nem com o quintal do visinho. Vai ver que veio aqui só para constatar como a vida familiar das pessoas é inadequada aos pássaros. Eu, arrimo que acabei sendo, estive algum tempo encarregado de cortar suas asas, único pecado que carrego irresolvido (digamos assim), na alma. Sabiá morreu morando em minha casa, onde batia do chinelo o pó das ruas quando bem entendia, traído pela cannabis. E eu, (chamado Tonho), sou o que vosmecês já sabem: um poeta de província, cronista dessas saudades.

Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 7 de dezembro de 2011.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 05/12/2011.

Amaral Cavalcante.

O Rango no Mercado Thales Ferraz.

-Vamos pro Mercado comer sarapatel com inhame!
-Sem dinheiro, fazer o que?
- Eu tenhouma nega no Cabaré Shangay, ela me adianta trezentas pilas. Era Harolno, o bem dotado, mais uma vez resolvendo a parada.

O cabaré Sangay ficava no Beco dos Cocos - caminho do Mercado Thales Ferraz - no andar superior de um casarão mal cuidado. Para alcançá-lo, o cidadão tinha que vencer uma escadaria íngreme, depois de enfrentar o julgamento de Seu Tenório, o leão de chácara menos convincente que eu já vi. O maior impedimento que ele oferecia ao acesso da meninada era o obstáculo da sua imensurável barriga. Bastava um jeito de corpo e... adeus Tenório!

O cabaré, decorado com motivos orientais, leques mexicanos e luzinhas de natal piscando pelos cantos, tinha um bar num canto e o palco ao fundo, em vermelho abrasador. Faróis iluminavam a flacidez das rumbeiras, os engolidores de fogo, o palhaço de smoker e bengala destilando sacanagens. Na segunda parte do “Goldem Show”, criado e apresentado por Mãezinha, uma gorda sorumbática cantava Maisa em falsos prantos. É que a “fossa” dava sede, vendia bem. Depois, para não encabular a platéia, um engraçado atacava de Miltinho: calça tergal, mangas compridas e sapato Fox - a cornice em pessoa - mas o bigodinho safado e a gravata borboleta de bolinhas azuis revelavam o malandro. Era assim no Shangay.

Harolno subiu e voltou arregado, meia hora depois:
- Vamos pro Mercado!

A primeira coisa que me ocorre é o brilho dos alumínios. Panelas coruscantes, areadas ao ponto da magnitude, cozinhando inhames, carne frita, sarapatel, cabidela, sem falar no mingau de puba regenerador. O cheiro do café embevecia longe. Duvido que alguém bote, hoje, um inhame mais macio no meu prato, ou, senão, que parta uma talhada de cuscuz com ovos estrelados na manteiga como no boteco de Mariinha Caolha, o melhor de todos.

As mulheres que pintavam lá, vindas da batalha, cada uma com a sua história mais chorosa, eram amigáveis, maternais até, desde que algum de nós lhes apresentasse possibilidades de uma esticada ao cafofo para um pinço madrugal. Comer um toodynho cheiroso seria um bom fim de noitada para qualquer delas! E porque não?

De incômodo ali, eram as perebas expostas. Nós vínhamos do ócio, da farra farta, gente metida a rica cheirando a Patchouli e o Mercado era o portal da nossa realidade provincial, um caldeirão cozinhado o limbo social da cidade. Que diabos fazíamos lá com nossas pantalonas barreadas da lama, nossas colares espalhafatosos, nossas fivelas de meio palmo? Na madrugada, suando sovaqueiras infernais, figuras boshianas ameaçavam enfiar muletas no cu dos bem servidos.

O Mercado nos recebia com um pé lá e outro cá, prestes à justiça de um pontapé. Ai de quem negasse um dedinho de cachaça a um tenebroso qualquer, ou se impacientasse com a conversa comprida do marchante que se abancara na mesa sem convite. Ai de quem.

Mas já que eu estou aqui vivo e saudoso, contando lera, sou a prova de que o Mercado era manso e o rango divinal! Juro por Deus.

Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 5 de dezembro de 2011.

Lulu Leite, conduzida pelo pai, Festa das Debutantes/Iate Clube.

"Conduzida por meu pai, na Festa das Debutantes, no Iate Clube". (Lulu Leite).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 27 de novembro de 2011.

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 16/06/2014.

Amaral Cavalcante.

O bar dos muito machos.

Alguém ai sabe se o Bar do Caldinho ainda funciona na esquina de Estância com Arauá?

Criado nos idos setenta por um itabaianense para atender ao contingente de universitários conterrâneos que crescia em Aracaju, acabou virando o point da mais convicta macheza disponível nesta capital.
Servia carneiro com inhaca de bode, tripa de porco assada ainda com o cheirinho da natureza,espetinho de pescoço, sarapatel ao extravagante cominho e até culhões de boi ao óleo e alho - um agravante perigosíssimo à excessiva testosterona solta no ar.

A cerveja abria-se no dente.
Garçom, pegava-se pelos fundilhos.
E cuspia-se muito.

Tirando o exagero literário era ali o bar dos muito machos. Dia de futebol lotava de torcedores a xingar a mãe do juiz, a interpretar os 90 minutos da peleja aos berros e imprecações.

Desde as mesas mais disputadas, situadas na calçada, até a última que ninguém queria, no fedor do WC, era uma zoada infernal de paixões exasperadas. Gritava-se pelo time, pelo zagueiro, pela euforia da vitória, pelo simples prazer de provocar arruaça.

Agora, mulher no recinto, nem uma pra remédio.

Não preciso reproduzir aqui o furdunço de uma confraria de machos desacompanhados discutindo futebol com o incentivo da cerveja e da rabada com pimenta. Vocês podem imaginar.

Mas se eu quisesse lhes falar de um lugar onde a emoção era dominante e primitiva seria de lá do Bar do Caldinho, onde me acostumei a ir nos sábados á tarde.

É que andávamos nós, os intelectuais, sobraçando a quintessência da cultura universal sob os doutos sovacos, experimentando mesas de bar que nos acatassem.

Na Primeira vez em que fui levado pesquisar as primitivas emoções da natureza humana no Bar do Caldinho, saí de lá bêbado de matar de lenço. Inebriado por sovaqueiras terríveis, declarei convicto o meu eterno amor pelo time mais macho que todos, o serrano Itabaiana, glorioso time de macheza inconteste, conforme me convenceram os machões itabaianeses.

Voltei muito lá, mas ai já é outro filme.

Amaral Cavalcante março/2009.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 16 de junho de 2014.

Museu do Homem Sergipano, rua Estância, em Aracaju

Foto: reproduzida do blog apresentandoomundo.blogspot/judhá.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 15 de novembro de 2012.

Marchinha "Sergipano Bom" de Pinga e Walter

"Presente do meu querido amigo Laonte Gama. Antológico!" (Pascoal Maynard).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 21 de julho de 2014.

O peixe e o peixinho* - Pascoal e Pascoalzinho.


O peixe e o peixinho* - Pascoal e Pascoalzinho.

*("Filho de peixe, peixinho é"). O saudoso Jornalista Pascoal Maynard, da também saudosa "Gazeta de Sergipe", com seu filho no braço, o Pascoalzinho da TV Aperipê/Programa Expressão.

Foto reproduzida do Facebook/Linha do Tempo/Pascoal Maynard.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 21 de julho de 2014.

O Cine Vitória

"O Cine Vitória sempre com um bom filme. Lá assisti Os Trapalhões pela primeira vez emocionado. Tinha dinheiro sobrando, nada me faltava. Ó época boa..." (Araripe Coutinho).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 20 de agosto de 2011.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 11/07/2014

Amaral Cavalcante.

No Dia do Meu Aniversário. 
Por Amaral Cavalcante.

(Sim, toda mensagem de amor será bem vinda, mas hoje é um dia em que eu tenho mesmo que trabalhar, e não há melhor comemoração que esta. Para todos vocês um texto que refaço a cada ano, com grande respeitp ao tempo. tempo que sempre me põe melhor)

Aos 68,

Acho que inicio as inquietações do meu aguardado ancionato.
Sempre quis ser o ancião da polis, coberto de tardias honras e respeitosas comiserações, para poder transgredir, retomar semvergonha ao tônus anterior que me alimentou a irresponsável juventude e que sempre me conservou tão bonito.
KKK, serei um ancião inimputável, prometo-lhes!

Como seria espetacular minha entrada em cadeira de rodas numa solenidade careta, gritando palavras de ordem. Como reagiriam os bam-bam-bans da ordem estabelecida ao meu consentido surto de anarquia cidadã, como me seria bom estar defendendo a vida das amebas, a inadequação dos vocábulos descartados como um tição apagado no velho fogão da língua, as mais belas palavras de amor temporariamente desusadas como um solerte amor, inconsútil alumbramento, hei de te ter no coração remido, beijando-te a face com imorredouro amor, queridos amores de antigas linguagens.

E se não é para ser assimm, que não seja, qual é o problema?

Aos sessenta e oito é uma boa hora de volver, aproveitar na louça do banquete a gordura que ficou na cozinha da festa, o vinho que sobrou em taças mal bebidas. Voltar à embriaguês para que os meus demônios se realimentem dos restos que sobram e inda queiram me corromper.

O demônio da vaidade, cintilante e vesgo, morre em mim deinanição. O da soberba não resistiu a tabula rasa da realidade e se estuporou, empanzinado de estrelas. A inveja nunca dormiu comigo, só o cão da luxúria, exuberante e belo, logrou vencer minha cidadela. Ele me cercou de falanges lindas e ainda agora me promete grandes prazeres, quimeras que ainda me incentivem ao gozo e à luxuria.

A luxúria é o meu demônio querido, cotidiano, ele mora aqui na minha velha camarinha, um cão danado entre os meus lençóis.
Conto 68 anos e os meus demônios estão em completa atividade.
Espero que os próximos anos me sejam ricos em saciedade, que a madureza me traga conforto, além da proficuidade amorosa, o gozo do amor confortável sem o prazer fugidio das conquistas fortuitas.

Cada dia me dedico mais a reencontrar, com mais cinismo e muita abnegação, o centro das minhas convicções juvenis. Porque não? Ora! Enquanto eu estiver buscando combater o alvoroço da minha inadequação etária estarei reinventando um velho e rebelde ser onde acomodar a personalidade final que busco, e busco, e juro que vou encontrar, ancha do prazer ignorante e da saciedade que o deuses me prometeram.

Então, meus amigos, cuidem bem de mim.

O meus demônios são imortais e eu, poeta envelhecido no deserto das palavras, pelo amor de vocês pretendo vencer a obsolescência e, de qualquer modo, tornar imortal o que somos.
É o que me basta

Por enquanto, escolho arder no fogaréu da poesia.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 11 de julho de 2014.

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 25/02/2012

Amaral Cavalcante.

O membro explícito.

O Dr. Celso de Carvalho, herdeiro nobiliárquico do Barão de Santa Rosa (de Simão Dias) e liderança do PSD, foi eleito vice pelo voto popular, mas ascendeu ao cobiçado posto de governador de Sergipe por artimanhas do golpe militar de 64 que destituiu o titular, o governador Seixas Dórea. Não que Celso tivesse conspirado para tanto, mas acontece que o cavalo passou selado e só lhe restou montá-lo. E o fez com tanta destreza que conduziu com brandura e sabedoria as rédeas do Estado, em meio a tortuosos caminhos naqueles tempos difíceis.

Levou para o palácio Olympio Campos, além da fleuma conquistada como senhor feudal das elegâncias simãodienses sua bela esposa, Bertildes de Carvalho , senhora de tradições oligárquicas que mantinha por aqui o gosto pelo tailleur bem cortado com um fio de pérolas ao colo, pelo chapeuzinho discreto sobre cachos curtos e bem alinhados, eventualmente por luvas e sapatos meio-salto da cor do chapéu. Era a sobriedade fashion universalizada por Jacqueline Kennedy, felizmente adotada pela nossa primeira dama. D. Bertildes era, então, a imagem do poder contido na elegância de um sorriso. Uma mulher e tanto.

Ocorre que as relações entre os governos estaduais e a ditadura militar estavam incertas e complicadas, não se sabendo ainda como as coisas deveriam ser conduzidas. Então, veio a Sergipe um importantíssimo membro do Conselho Político da nova ordem, conversar com o novo governador.

O palácio Olympio Campos cuidou de recebê-lo com a pompa que ele acreditava merecer. Deu-se um jantar no salão nobre do paço e, em programada seqüência, o visitante desceria as escadarias para declarar à imprensa contida no Hall, o que viera fazer por aqui. Ao chegar ao patamar da escadaria ele parou, estufou o peito e esperou que cessassem os aplausos.

Foi então que se deu a desgraça.

Lá de baixo ouviu-se a voz poderosa do radialista Santos Santana, funcionário da comunicação palaciana transmitindo o evento para os ouvintes da Rádio Difusora:
- Neste momento o governador Celso de Carvalho está descendo a escadaria do palácio com o...o... membro de fora!. (Deixara aonde o papelzinho com o nome da autoridade?).

Eis que, voando baixo, o Dr. Marques Guimarães , cerimonialista e grande conhecedor dos rapapés palacianos, seqüestrou o microfone das trêmulas mãos de Santana e passou a irradiar a cerimônia.
O “membro de fora“ empertigado lá no alto aceitou as desculpas com um sorriso abaixo do zero grau. Já o nosso querido Santos Santana saiu de fininho e foi afogar a vergonha pela sua involuntária contribuição cívica á resistência democrática no Bhrama’s Bar .

Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 25 de fevereiro de 2012.

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 17/07/2014.

Amaral Cavalcante.

(Que me releve este respeitável grupo, tão apolíneo e bem intencionado. mas este é um capítulo indelével da nossa história recente e, como tal, merece ser contado. Infeizmente, se não for por mim, por quem o será?).

De Bar em Bar:

Penetrando na Atlética

A noite começou daquelas. Dos degraus da catedral à Ponte do Imperador andamos, mais ou menos, umas vinte andadas pra lá e pra cá, colocando a cabeça em ordem.

- Vitório caiu! Os “home” fizeram um cerco na Praça da Bandeira, deram baculejo em tudo. Só sobrou uma    merrequinha com Mané Liamba.
- Mas eu tenho! Disse Harolno, catando no bolso uma berlota entrouxada.
- Vamos matar esta coisa que a noite vai ser massa!
Ai já assumia Waltinho, mestre apertador como não havia igual.

Éramos cinco, cada qual mais espalhafatoso. Eu mesmo, um jardim suspenso em tamanco de tábua e coro cru, calça florida de cordãozinho na cintura, bata de voal e farta bigodeira. Cabelo domado num rabo-de-cavalo, finalizado num tufo crespo, duro de conter. Melhorzinho só Evandro, já bancário do Banese, em gabardine e ban-lon. Popó, chinês e querendo mais, sobraçava a sua providencial maleta farmacológica, onde havia de um tudo: desde o xarope Romilar aos mais disputados comprimidos. Estávamos devidamente apetrechados.

Cruzávamos ene vezes a passarela da Sorveteria Iara com a maior cara cínica, imbuídos na sagrada missão de descolar uma coisa - que a noite ia ser massa!

E foi. Primeiro uma talagada de Pitu no Beco do Mijo, depois, uma festa de arrombar: os 15 anos de Maria Odília na Associação Atlética com a banda Los Guaranys e tudo de cima. O poréns é que só havia um convite, e assim mesmo, afanado. Dirigido a Meyre Bareto, por artes e ofícios foi parar nos pertences do seu mano Ismar.

Valeu pros cinco, depois de uma conversinha animada com o porteiro Geraldão, ali no beco.
Geraldo, um avantajado negão conhecido pelas suas malcriações eróticas, calhou que quedava a asa por um de nós. Ora! O que é que tem? Por uma noite massa, até que valeu a pena! Quem foi o encarregado da tramóia eu não digo, nem sob tortura.

Lá dentro, pura nata! Menininhas de longo e saltinhos colegiais, não paravam quietas. Por qualquer motivo atravessavam o salão arrufando os vastos panos em adeusinhos e pivôs. As mães, tilintando no peito berloques de um conto e tanto, gritavam:
- Lucila, se aquieta menina!
Já os pais, dando graças a Deus pela mesa que conseguiram alcançar, disfarçavam rogando praga:
- Tomara que escorregue e caia! Ou vinha, ou o mundo se acabava!

E lá estávamos nós empreitando os garçons, flanando no baile com a alegria peculiar dos penetras, comendo e bebendo sem gastar um puto. De repente, já era meia noite! A orquestra atacou um Danúbio Azul e eis que adentra o salão um bolo de três andares, com um beija-flor periclitando em cima.

Se eu tivesse juízo terminaria aqui esta história, sem falar de Rezende - o que de nós mais costumava aloprar. Não se sabe por que o rapaz não podia misturar gererê com chocolate. Ficava assim meio leso, cheirando o tempo como um perdigueiro e daí, era batata: lá vinha aprontação!

Rezende partiu para o bolo e atacou a primeira camada – um quarto era dele e o resto, dizia o doido, seria nosso. Catei chão e não achei. Waltinho, que explicava para o pai da debutante a cosmologia do Bhagavad Gitâ, só se deu conta depois que anteparou um sopapo nas fuças. E os outros, eu só os vi depois, já apertando outro fino debaixo de um frondoso oiti na Praça Camerino, rindo, não me ocorre de que.

Foi uma noite massa!

Amaral Cavalcante – fevereiro/2009.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 17 de julho de 2014.

domingo, 20 de julho de 2014

Alberto Carvalho

"Eu, minha mãe e Iselt "tietando" Alberto Carvalho quando do lançamento de seu último livro na biblioteca pública Epifânio Dórea: "Leonardo, Bernini e outros Poemas".
 Acredito que tenha sido em 1999". (Ludwig Oliveira).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 9 de janeiro de 2014.

Ciano Dias e o cantor José Augusto Sergipano (1966)

Ciano Dias e o cantor José Augusto Sergipano em Aquidabã - 1966.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 26 de abril de 2013.

Antiga foto da Praia de Atalaia, em Aracaju

"Imaginem como era a Atalaia, bem atrás do hoje, hotel Beira Mar". (Bete Figueiredo).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 23 de agosto de 2011.