História: Japaratuba, celeiro da cultura sergipana
25.02.2012 *
Os primeiros povos a habitar esse município foram os
indígenas, entre eles o cacique morubixaba Japaratuba, que habitava junto com a
sua tribo a margem esquerda do Rio Japaratuba-mirim, no lugar denominado
Canavieirinhas, cujos domínios iam do Rio Siriri até o Rio Poxim do Norte, que,
por sua vez, é confluente do Rio São Francisco.
A conquista do território de Japaratuba ocorreu sem nenhum
derramamento de sangue. Em 1590, o conquistador Cristóvão de Barros chega às
terras de Japaratuba, após várias batalhas com os caciques sergipanos Serigy,
Surubi, Baepeba e Siriri. O conquistador encontrou o cacique Japaratuba no
sítio do já falecido cacique Siriri. Japaratuba apresentou-se a Cristóvão de
Barros acompanhado por 12 índios armados com arcos e flechas e ornamentados com
os aparatos de seus costumes.
A intenção do cacique era pedir paz. Após rituais indígenas
que foram repetidos pela comitiva de Cristóvão de Barros, todos foram à aldeia
do cacique Japaratuba e lá seu irmão cacique Pacatuba também se rendeu, sem
derramamento de sangue.
Em 15 de julho de 1623, as terras que ficavam "entre o
Rio Sergipe e o Rio Japaratuba" foram repassadas para Bernardo Corrêa
Leitão, Francisco Souza e Antônio Fernando Gundatre. No ano de 1691, o capitão
Pedro Barbosa Leal e Paulo de Matos receberam a mesma sesmaria.
Após a conquista do território do cacique Japaratuba, a
aldeia foi vítima de perseguições por parte dos primeiros brancos que se
instalaram na região e, em 1695, os descendentes do cacique Japaratuba foram
expulsos do território em que habitavam. Em 1698, alguns frades, entre eles o
frei Antônio da Piedade, tentaram catequizar os índios. Não obtendo sucesso,
partiram de volta para as terras localizadas ao sul e ao centro de Sergipe.
Cinco anos depois, sob requerimento do frei Antônio da
Piedade, os índios conseguiram retornar às suas terras. Mas foi por volta de
1704 que os religiosos da Irmandade dos Carmelitas Calçados, liderados pelo
frei João da Santíssima Trindade, chegaram àquelas terras.
Naquele mesmo ano, uma epidemia de varíola obrigou os índios
a abandonarem o lugar de origem. Com isso, os carmelitas tiveram mais acesso
aos índios, mas o surto obrigou todos a se mudarem para um lugar denominado
Alto do Lavradio ou do Borgado. Com a transferência, a Coroa arrematou o
terreno. Foi por isso, então, que surgiu o nome Missão de Japaratuba.
Sob o comando do frei João da Santíssima Trindade, os frades
fundaram a Missão dos Índios e o Hospício dos Carmelitas de Japaratuba, cuja
padroeira era Nossa Senhora do Carmo. Na parte mais elevada da colina foi
construída uma igreja em homenagem à santa, que mais tarde teve o seu nome
substituído pelo nome de Nossa Senhora da Saúde. A mudança certamente foi à
tradução de um brado de socorro enviado à Virgem Maria contra as moléstias.
A presença dos frades fez com que a localidade ficasse
conhecida nas redondezas pelo nome de Missão de Nossa Senhora da Saúde de
Japaratuba. Em 1824, com a ascensão em Portugal do Marquês de Pombal, os
carmelitas foram expulsos das colônias e a Missão de Japaratuba ficou sem
aqueles que promoveram o cultivo da terra e a assistência educacional e
religiosa.
O convento ficou abandonado e o hospício foi transformado em
cemitério, permanecendo nessa condição até 1924, quando foi construído um novo
cemitério. Atualmente, no local restam apenas ruínas da parede do fundo da
igreja e do convento. Com a extinção da missão dos carmelitas, os indígenas
foram desaparecendo da região. Os poucos que restaram mudaram-se para as terras
do cacique Pacatuba.
Desde o início da formação do município, diversos engenhos
foram construídos em volta da Missão de Japaratuba, motivo pelo qual recebeu um
grande número de escravos. Segundo o historiador Felisbelo Freire, o atual
município de Japaratuba chegou a ter mais escravos do que homens livres.
Abrigou também um dos mais importantes quilombos de Sergipe, hoje conhecido
como povoado Patioba.
Flor da Murta, Bury, Palma, São José, Oiteirinhos, Riacho
Preto, Boa Sorte, Timbó, Cruz, Tabua, Saquinho, Tobo, Cabral, São João, Soledade
e outros engenhos tornaram Japaratuba um dos principais produtores de açúcar da
Província de Sergipe D'El Rey.
No século XIX, Sergipe contava com dezesseis vilas e nove
povoados, entre eles a povoação da Missão de Japaratuba.
Em 1811, essa localidade foi considerada distrito
administrativo da Comarca de Capela. Em 27 de junho de 1854, Japaratuba foi
elevada à condição de freguesia. Cinco anos mais tarde, precisamente no dia 11
de junho de 1859, pela Resolução Provincial de nº 555, assinada pelo presidente
da Província de Sergipe D'El Rey, Inácio Joaquim Barbosa, a freguesia de
Japaratuba foi elevada à categoria de vila, tornando-se, ao mesmo tempo,
município independente de Capela.
Em 24 de agosto de 1934, pelo decreto-lei de nº 238, do
então interventor federal coronel Augusto Maynard Gomes, a sede do município é
elevada à categoria de cidade, ao tempo em que é transformada em Sede de
Comarca, abrangendo os termos de Carmópolis e Japoatã.
Em 1963, o então povoado de Pirambu se tornou independente
do município de Japaratuba, passando também a ser comarca dele.
Atualmente, o município de Japaratuba é administrado pelo
prefeito Padre Gerard Julles Olivier(PT), eleito para seu quarto mandato em 07
de outubro de 2012 e empossada em 1º de janeiro de 2013.
Japaratuba está situada a 13m acima do nível do mar.
Limita-se ao Norte com o município de Japoatã; ao Sul com o município de
Carmópolis; ao Leste com o município de Pirambu e ao Oeste com os municípios de
Capela e Muribeca.
Japaratuba é bem próxima da capital sergipana. Dista somente
54 km de Aracaju, distância essa percorrida de automóvel em apenas 40 minutos,
aproximadamente, sobre rodovia asfáltica.
Fontes:
Cartilha Cultural de Japaratuba - 1998
Sergipe Panorâmico - 2002
História dos Municípios – 2002
Site de Prefeitura de Japaratuba - 2008
*Texto e fotos reproduzidos do site:
tribunadapraiaonline.com
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 3 de março de 2013.
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