terça-feira, 26 de maio de 2015

Avós Materno de Angelo Muarício Torres


Meus avós materno: BENILDE VIEIRA DE ARAUJO, o BVA, como era carinhosamente chamado pelos seus amigos, familiares e empregados (nos dias atuais, colaboradores).Nasceu na cidade de Itabi – Se, em 23/11/1902, filho de família humilde de lavradores. Seu pai era português e a sua mãe, uma cabrocha sergipana, conhecida como Mãe Senhorinha. Estudou somente as primeiras letras, numa escola de sua cidade. Emigrou para o Rio de Janeiro aos 18 anos em busca de uma vida melhor. Dez anos se passaram. Retornou para Aracaju em 1930, casou-se em primeiras núpcias com Elisa Sobral, com quem teve uma filha - Arinda Araujo. Viúvo, casou-se com Emérita Mendonça,(22/09/1906) de raízes Itabaianenses, filha do Coronel Honório Francisco de Mendonça e Ana Rosa de Lima Mendonça ( dona Benzinha). Teve com Emérita uma filha: Gicélia Mendonça de Araujo, mais tarde Gicélia de Araujo Torres, pelo casamento com Antônio Torres Júnior. Estabelecido na rua de Santa Rosa nº 149, onde instalou a Refinaria JASPE, ao lado de grandes nomes do comércio sergipano, como: Leovegildo Correa, Cantídio Lino Dias, Antônio Pádua Melo. os irmãos Antônio e José Ferreira Lima e os igualmente irmãos Antônio e Américo proprietários do Moinho Garça. Proprietário de salinas e viveiros. Dedicava-se não só à atividade de industrializar o sal que produzia, mas de comprar de outros produtores para, após o processo de moagem e refinação, distribuir no comércio local e exportar. Aglutinador, bonachão, popular, sem preconceitos, amigo. A escola da vida foi a sua grande mestra. Proseador amava a literatura de cordel, que muito incentivou. Chamava seus empregados por apelidos pitorescos: Salomão, Senador, Lord, dentre outros. Às sextas-feiras, reunia todos para fazer o pagamento semanal aos seus operários e para lavar o armazém. Todos juntos, chamava cada um, fazia o pagamento e perguntava para os casados – “Seu filho está estudando?” E aos solteiros – “como estão seus pais?” Presenciei todos esses momentos. Meu velho e amigo, o qual nos deu suporte, nas situações mais graves da nossa vida. Tinha o sonho de ver sua filha Gicélia diplomada. Realmente ela se tornou Bacharel em Direito. Militou no Direito, tornando-se mais tarde Juíza, tornando realidade o sonho do seu pai. BVA batia no peito e exclamava: “A MAIOR FORMATURA DO MUNDO É A DE BACHAREL EM DIREITO". Foto tirada em 22/09/1943.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 22 de maio de 2015.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Mapa Turístico do Estado de Sergipe

Imagem extraida do Google.
Clique na foto para aumentar.

O Zunido das Cigarras


Publicado originalmente no Facebook/Amaral Cavalcante, em 9/05/2015.

O Zunido das Cigarras.
Por Amaral Cavalcante.

Em Simão Dias morávamos na esquina da Praça Barão de Santa Rosa à sombra de palmeiras centenárias, onde, ao cair da tarde, a cantoria agoniada das cigarras nos cobria de melancolia. Deve vir da cantilena indescritível das cigarras - um zunido cortante que parecia rasgar-se em desespero – esta minha aflição pelo imponderável e certa saudade do silêncio imemorial onde todas as palavras sucumbem, satisfeitas.

Sentadinho no batente de ardósia lá de casa eu curtia a algazarra nas palmeiras, a inocência exposta ao clamor primitivo das cigarras, torcendo por um fortuito amor que sobrevivesse àquelas friorentas tardes de acasalamento.

Era uma casa com fachada em azulejos portugueses, 12 janelões envidraçados e um portal de pedra emoldurando a velha porta de almofadas trabalhadas. Amplos salões e muitos corredores. No salão principal, o das visitas, mantinha-se um conjunto de cadeiras de braço e sofá de palhinha, rodeando uma mesinha onde se expunham os únicos objetos propriamente decorativos da sala: um cristal, tão bruto quanto o gosto estético do meu pai, uma florista de alabastro levantando a saia e um caramujo gigante, tão raro naquelas bandas, onde eu costumava ouvir - como numa cornucópia - o barulho de hipotéticas ondas regurgitando distâncias nas areias de uma longínqua praia.

O mar, tão incompreensível para mim, ainda era uma quimera desconhecida e distante.

Seguindo o corredor central chegava-se à sala de jantar, onde somente havia três vetustas mesas para muitos comensais e uma envidraçada cristaleira onde se guardavam as sobras ancestrais das louças e cristais familiares. Dali chegava-se à cozinha dominada por um velho fogão à lenha. de ferro trabalhado, rodeado de prateleiras onde serenavam os alguidás, os tachos de cobre, os panelões de barro, os cacos de frigir lombos e os utensílios de temperar.

Ainda hoje, quando sonho com a casa onde nasci, é na cozinha onde a minha saudade vai parar. É lá onde reencontro a família cuidando de prover com os cheiros do cominho e da hortelã miúda, a memória do meu paladar.

A casa transformou-se em pousada, ou, como se chamava naquele tempo, numa pensão. Minha mãe Corina era industriosa e quis transformar aquela casa, com seus 12 espaçosos quartos, em hospedaria. Graças a isto conheci grandes artistas circenses como Luiz Gonzaga, Marinêz, Jackson do Padeiro, Wilson Simonal, Milionário e Zé Rico, o cantor José Augusto e palhaços sergipanos como Gravatinha e Batalhinha, que foram nossos hóspedes em temporada circense na cidade. Lembro-me do velho Gonzaga com três anelões facheando nos dedos enquanto partia o suculento bife de fígado que tanto gostava. E da cabeleira lourissima de Marinez sendo penteada para o show, uma cascata dourada onde a forrozeira, vez por outra, enfiava as unhas enormes esmaltadas em vermelho carmim para soltar os cachos.

Dos hóspedes memoráveis na pensão de Corina lembro-me de um mestre do Tarô que se instalava regularmente lá em casa e recebia a fina flor da sociedade simãodiense em consultas cabalísticas. Era uma frágil figura de hábitos esquisitos e olhar perturbador que recebia no quarto as suas consulentes. Não chegava pra quem queria. Instalei-me muitas vezes no quarto vizinho para aprender com ele, quando conseguia decifrar os seus murmúrios, o jeito certo de falar ao coração das pessoas.
Acho que vem daí, da compartilhada habitação na minha casa ancestral, minha capacidade de conviver com pessoas diversas, a respeitar o espaço dos outros, a servir com dignidade aos que me solicitam e, principalmente, a me tornar transitável.

Tornei-me uma provecta cigarra, tardes e tardes zunindo amor à sombra de palmeiras fugidias.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 23 de maio de 2015.

O jornalista Zeca Déda



(Crônica antiga, com intervenções de Marcelo Déda e Jozailto Lima).

O jornalista Zeca Déda.
Por Amaral Cavalcante.

. Ele publicou no seu jornal “A Semana” o meu primeiro poema, “Elegia a Cristina”, dedicado a uma menina fatalmente morta pelo irmão que brincava com uma espingarda. Doloroso poema juvenil meio que plagiado dos grandes sonetistas que nutriam minha incipiente criatividade, numa antologia de cabeceira. Era a coletânia “Os mais Belos poemas de Amor” organizada por J.G. de Araújo Jorge que me fora presenteada, aos 16 anos, por mamãe Corina. Foi o meu primeiro sucesso literário.

O jornal “A semana” saía aos sábados. Cândida Candhão, arauto das fofocas municipais, chegou lá em casa de manhã com o jornal já recortado, transtornada e tilintando os berloques de ouro 14 nos peitões descomunais: - minha fia, que coisa linda! E toca a declamar pra Corina o trágico soneto que o filho dela, eu, tinha publicado no jornal, sobre a morte da menina, filha do prefeito Nelson Pinto.

Candhão viciou-me no aplauso e me consagrou poeta na freguesia de Simão Dias.

Mas pensa que foi fácil publicar no “A Semana”? Não com o casmurro Zeca Déda. Tinha oficina e escritório na Rua do Comércio, onde se abriam três portas. Minto! Uma delas, a do seu birô de chefe político estava sempre fechada. Quem quisesse entrar que arrodeasse. Lá dentro, um mundo incompreensível, mas fascinante: caixas tipográficas, a monstruosa prensa em seus claps claps , uma temerária guilhotina encostada na parede frontal e papéis, papéis derramados pelo chão. Eu costumava chegar de mansinho, moleque invisível, e ali ficava sem ser percebido, vendo aquele homem de faina diferente - o terno cáqui manchado de tinta - a comandar as doidas engrenagens. Não me via, nem nunca conversava comigo.

Um dia cheguei com o poema manuscrito e ele me disse:

- Vou publicar

Conquistar a aprovação daquele monstro sagrado, foi , para o menino encabulado que eu era, o maior incentivo que eu já encontrai na vida, afinal, o jornalista Zeca Déda era a maior expressão de cultura e dignidade intelectual da minha cidade.

O Grêmio Estudantil “Padre Mário Reis” do Ginásio Carvalho Neto, promoveu um Júri Simulado sobre Calabar e o Dr. Zeca Déda, indicou o filho, Arthur Oscar, recém formado bacharel, como seu opositor na tribuna. Era o velho rábula debicando da Academia.

Zeca Déda acusava o réu com brilhante e convincente oratória, justificada na história oficial, aqueles argumentos de traição à Coroa portuguesa dos compêndios escolares, enquanto Arthur Oscar defendia a opção política do Réu pela colonização holandesa.

Durou dois dias este embate entre aqueles titãns da oratória, mas Arthur tornou-se logo o ídolo da meninada descrente da história colegial e Calabar foi absolvido!

Eventos como este fizeram de Simão Dias um celeiro de inteligência.

(Amaral Cavalcante- 2008).
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ADENDO:

Relendo “Retrato Diverso”, livro do poeta Jozailto Lima publicado em 2004, achei o poema “Litania Para um Avô Alheio”tratando do velho Zeca Déda, e bem melhor do que eu.

O danado do Jozailto recorreu à poesia – esta linguagem divina que eu persigo tanto – para revelar o avô cheirando a mato, o taciturno sertanejo que caçava tatus, conduzido por artes da política aos vórtices do poder, em Aracaju, onde fez história como Deputado Estadual.
É ler pra crer.

Litania para um avô alheio
Jozailto Lima
P/Marcelo Déda

Aracaju era longe, o fim do mundo.
Distância para Rural e Homens Grandes
Ousados, destemidos, capazes de enfrentar
Os dias, a fúria da lama e das tempestades.
Aracaju era longe, uma trilha para tropas e tropeiros.
Aracaju era uma marca na ansiedade da infância.

Aracaju era coisa pro avô enorme, sisudo,
Vindo da mata adentro de Paripiranga,
Que desafiava o pensamento, as montarias,
Que domava palavras, amava os livros, limava linotipos
E enfileirava informações do mundo vasto e distante.
Aracaju era coisa pro avô.
Que lavrava madeira e esculpia o universo em xilogravuras
Que envergava chapéu de feltro, capa preta
Era farto em afetos, na palavra, no nó do compromisso
Mas que escasseava em sorrisos e cumprimentos estranhos
-“Oh dona Martinha. Eu lhe dei boa tarde? Então desconsidere”-

Aracaju era uma coisa pro avô-coragem
Aracaju era coisa pro avô que se perdia
No mato ermo, na flora esconsa, na caça demorada
Que abatia os veados e destranhava os tatus
Num tempo em que abater veados e tatus
Não tinha correlação nenhuma com o politicamente incorreto.

Aracaju, uma pradaria do avô que distribuía tinta e papel
E premiava com afagos às cabeças netos que produzissem
O desenho e a caricatura mais exata na desaproximação.
Toda esta distância, toda a ansiedade de Aracaju encurtava
Na seda azul do papel e no cheiro da maçã que ainda
Hoje inunda toda Simão Dias e esta infância que insiste
Em não passar, como aquele avô vindo das matas
Paripiranguenses com o sobrenome dos Carvalhos.

Hoje Aracaju é tão perto, tão âmago do mundo,
Como aquele avô alheio que tantos trazem dentro de si.

Rerpáros de Marcelo Déda:

Rua Joviniano de Carvalho, também conhecida como Rua do Comércio, aquela que começava nos oitões do Cine Brasil e do Banco do Nordeste e terminava na Rua da Feira, na esquina guardada, de um lado pela gentil agiotagem de Elisa Montalvão e, do outro, pelos panos da loja de tecidos do seu Inocêncio, pai de Lauro, advogado que gostava de política e admirava meninos... A mesma do cartório do tio Sininho, onde Dadinha reinava entre certidões e processos. A rua do escritório de Dorinha, da funerária de seu Tota e da farmácia de Dr. Aguiar.
A famosa artéria onde, ao lado do escritório de Papai Zeca (era assim que os netos o chamavam), estava instalada uma das mais misteriosas casas da minha vida, a tenda de Tio João Déda, repleta de selas, arreios, rebenques e gibões; cheia de salas misteriosas onde o couro fedia e a cola de sapateiro impregnava o ambiente. Martelos, pregos, facas amoladíssimas e outros misteriosos apetrechos faziam companhia à figura hierática de do tio João - sempre vestido em mescla azul ou uniforme caqui, dono de malhada, montador cuja perícia na condução dos chamados "cavalos-de-passada", enchiam meus olhos de admiração.

Mesma rua onde fazia negócios com relógios e jóias o único estrangeiro de Simão Dias, o italiano Cezário, onde minha tia Didi comprou, em longuíssimas prestações, o meu primeiro relógio. Também nela a loja "Três Américas", magazin sortido de um tudo, pertencente ao seu Cícero Guerra, de balcões envidraçados e uma gravura, quase um pôster, pendurado em estratégica posição, reproduzindo todas as bandeiras do continente americano, cravadas no globo terrestre sob a consigna - As três Américas, unidas, vencerão!

Perto do escritório do velho Zeca, o "bunker" do PSD, partido que abrigava os seus correligionários sob as espirais de fumo holandês produzidas pelo cachimbo de Dr. Celso. No centro, pendurado às vigas do telhado, pendia um jacaré empalhado, réptil que traduzia no seu nome o batismo singular e endêmico dos partidários do Barão do Mercador (a maldade dos crocodilos liderados pelos Valadares, preferia chamá-lo de "Pavão" do Mercador).
Ainda, neste milagroso logradouro o armarinho de Edileuza, cujo nome me esqueço, onde comprava brinquedos e o bar do seu Abel, famoso alfaiate e também prefeito, que deputado ao meu lado nos anos 80, cuja tenda - era assim que se chamavam os estúdios e oficinas no meu tempo simãodiense - funcionava nos fundos.

E - como posso me esquecer? - nessa mesma rua, o açougue, construído nos anos 30, na operosa administração de Zeca Déda como Interventor da Cidade de Simão Dias. Pertinho dali, no mesmo lado da rua, o bar Vezúvio, pertencente a Nadinho, de comida farta e cheirosa trazida pela sua esposa, anjo de beleza rara que impunha respeito aos fregueses e ao lado dos filhos deixava claro que o ambiente era familiar. No mesmo local, antes, funcionara um frigorífico que me entusiasmava pela inovação mercadológica: peixes em amplos freezers - pertencia a Netônio de Quincas.

Pronto! É vocé puxar o fio que o novelo da minha infância se atira embriagado nos braços da minha memória de quase velho...

Marcelo Déda.

Texto reproduzido do Facebook/Amaral Cavalcante.
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Foto publicada por MTéSERGIPE, para simples ilustração de post.
Capa d'A Semana de 8 de setembro de 1946.
Imagem reproduzida do site: pt.wikipedia.org

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 23 de maio de 2015.

domingo, 24 de maio de 2015

Rádio Antigo


Publicado originalmente na Fan Page/Facebook/Petrônio Gomes.

Rádio Antigo.
Por Petrônio Gomes.

Longe de mim querer depreciar o rádio da atualidade. Cada época tem seus próprios matizes que se refletirão nos vários setores da atividade humana. Já se disse que “o homem é filho do seu tempo.” Entretanto, é uma prerrogativa dos mais velhos o hábito de comparar, pois que o testemunho de outra época lhes pertence. Não é justa a acusação de “saudosismo” contra esses depoimentos, pois o lógico seria que se tivesse saudade também das coisas ruins, o que naturalmente não acontece. E como foi pródigo o passado de coisas desagradáveis!

Para começar, digamos que no passado qualquer pessoa ligava o rádio para se divertir e não para elevar sua pressão arterial. Aliás, o simples fato de se ligar um receptor radiofônico era um verdadeiro ritual. Tenho diante dos meus olhos o grande aparelho que havia em nossa casa e que ocupava quase a metade de um dos móveis da sala. O pai ligava o rádio e toda a família ficava ao redor, como quem espera o início de uma peça de teatro. Havia um tempo determinado para que as válvulas esquentassem, e todo mundo já sabia disso. Somente depois começava a chiadeira, sinal de que se poderia lutar para “pegar a estação”...

A preferida lá em casa era a “Mayrink Veiga”, onde um locutor gaúcho começava a fazer fama em todo o Brasil. Era uma delícia ouvi-lo soletrar a palavra “Scatamacchia”, a marca de um calçado masculino, sapatos de sola fina que viraram a coqueluche da rapaziada por vários anos. Ele também anunciava uma casa de louças que havia na Av. Marechal Floriano, chamada pelos cariocas de “Rua Larga”. O nome da loja era o “Dragão”, com “quatro portas em frente à Light.” Esta era a empresa inglesa concessionária da distribuição elétrica e dos transportes do Rio de Janeiro. Sua casa matriz ficava em um belo edifício na mesma Avenida e, pouco adiante, o célebre “Palácio Itamaraty”, que o dr. Niemeyer copiou para a sua cidade artificial em Brasília. Antes que me esqueça, o nome desse locutor era César Ladeira. Ele casou com uma corista argentina chamada Renata Fronzi.

A outra emissora famosa foi a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, com estúdios no último andar do Edifício de “A Noite”, na Praça Mauá, o primeiro endereço que visitei quando fui ao Rio pela primeira vez, ainda com os queridos programas de auditório que povoaram minha juventude aqui em Aracaju. Alcancei a emissora em sua fase de decadência, mas tive tempo de ver os grandes microfones, diante dos quais se perfilaram os grandes cantores de nossa música popular. Conheci pessoalmente alguns deles, como já escrevi em outras ocasiões.

Não havia os recursos formidáveis que hoje nos assistem. A orquestra e os cantores deviam dar o seu recado de uma vez por todas. Era simplesmente proibido errar, no tom, na letra ou no compasso...

Havia também as entrevistas, as notícias, a publicidade, esta sempre redigida com outro apuro, talvez com um pouco mais de respeito pelo público. Os cantores cumpriam seu papel com a maior naturalidade, sem tantas caretas e querendo brigar com o microfone. Hamilton Valin era um pianista cego que acompanhava um professor de ginástica, chamado Oswaldo Diniz Magalhães, cujas aulas eram ilustradas e explicadas ao som das mais belas melodias brasileiras. Ainda tenho um mapa do rádio-ginasta, acreditam?

Terminando, gostaria de deixar algumas perguntas flutuando: por que atualmente tanto grito no rádio? Por que tanta pressa, como se cada ouvinte fosse motorista de caminhão de incêndio? Na televisão é ainda pior. Os jargões do consumismo já se tornaram insuportáveis. Quem não vai dormir com esses recados na cabeça: “Você não pode perder” , “Ligue agora” “Veja o que nós temos para você”...

Enfim, era assim o rádio em Aracaju e no Brasil, mas o tempo era igualmente outro. Não havia ainda televisão e a última sessão de cinema terminava às vinte e duas horas. Por essa hora, ninguém mais se atrevia a ficar na praça Fausto Cardoso, onde só restava o sentinela do palácio...

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Petrônio Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 21 de maio de 2015.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Armando Maynard, 65 Anos


"Respeitando o seu jeito retraído de ser Armando Maynard, ousei homenageá-lo aqui, no grupo que administra, afinal fazer 65 anos com lucidez e disposição é uma vitória, e com certeza o dia a dia nos leva ao fortalecimento do que pensamos e queremos, com liberdade nunca vivida. Parabéns pelo seu dia, felicidades!" (Lygia Prudente).

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 19 de maio de 2015.

Encontro com Núbia


Publicado originalmente no Facebook/Petrônio Gomes, em 17/04/2015.

Encontro com Núbia.
Por Petrônio Gomes.

Eu voltava para casa e Núbia vinha da sua. O encontro aconteceu na calçada do Colégio Tobias Barreto, já pertinho da Academia Sergipana de Letras, isto é, o local onde ficava a “rouparia” dos alunos internos, quando lá estudei. Havia ali uma porção de carteiras com cadeados, onde os alunos do interior guardavam seus pertences, inclusive uma ou outra lata de doce remetida pela mamãe carinhosa.

Encontramo-nos, pois, na murada do colégio para um bate-papo ligeiro, o que é muito mais gostoso do que um simples bom-dia rápido, por obrigação. Eu tinha algo a dizer a Núbia e ela me abraçou de longe com os olhos, logo que me reconheceu. Foi uma prelibação de confidências, uma série de fuxicos a dois sobre tudo o que nos empolgava e também sobre tudo o que nos maltratava.

Existem coisas que não podemos dizer aos quatro ventos, sob pena de nos expormos à turbulência dos desentendimentos, alguns muito difíceis de curar. E como são tantos os que não nos entendem, resta-nos o consolo de saber que também nós não entendemos os outros.

Mas fazer do desentendimento um cavalo de batalha, isso é perigoso. E existem pessoas assim, que pescam as conclusões em pleno ar e jogam no ventilador os punhados de farinha. Daqui que a gente conserte os estragos, a pressão arterial decola e o resto da paciência se evapora...

Enquanto Núbia falava e eu escutava, passaram por nós vendedores de quase tudo, desde pipocas para os alunos do Colégio até as frutas da estação, cujo visual colorido já serve de propaganda silenciosa. De repente, tocou a sirena do Colégio e tivemos que aguardar. Francamente, era preferível o pequeno sino que Mário, o porteiro, tangia, para marcar o horário de cada expediente. Num instante, a gente pensa em mil coisas ...

Quando a sirena parou, Núbia começou a responder às minhas perguntas mudas, pois conhece, muito mais do que eu, os segredos e as manhas da terrinha. Já estávamos naquela idade precisa em que as coisas e as pessoas ocupam o seu devido lugar. Os títulos, os adjetivos de festa, a “pompa e a circunstância” servem apenas para ressaltar a verdadeira face de uma origem mais inocente, mais simplória. Como são sábios, ditos em surdina, certos apelidos!

A certa altura de nossa conversa, lembrei a resposta altiva de Sócrates quando lhe mostraram os objetos luxuosos no mercado de Atenas : “Quanta coisa que eu não preciso”.
Núbia Marques conhecia o meu apelido de infância, que nada quer dizer, todavia. São apenas duas sílabas que alguém juntou com carinho ao ver-me no berço, sorridente. Pertencemos a uma época em que os legítimos valores eram tidos e respeitados como tais, sem favor algum, sob os aplausos dos que tinham boa vontade.

Enfim, foi um encontro delicioso, ainda que breve. Em certo momento, fiquei roído de inveja de Núbia por ela ter alcançado um pedaço do meu sonho de jovem, um sonho que não contarei. Inveja misturada com alegria, sem pecado.

Quando Núbia se afastou, fiquei por algum tempo recostado na mureta do Colégio, pensando na vida. Tudo o que ela dissera era verdade, para nossa alegria e para nossa tristeza também.
Tudo ela aproveita para escrever seus poemas, assim como eu coleciono quadros da vida para as minhas tolices. Só não gostamos quando nos interrompem bruscamente, de modo agressivo, como a sirena do Colégio...

Alguns meses depois deste encontro, Núbia Marques faleceu, repentinamente. Como sempre nos acontece com notícias assim, meu primeiro pensamento foi de recusa. Somente depois, começamos a colocar tudo nos lugares que a Saudade reservou sem nos avisar. Com Núbia Marques, foi-se embora também o meu apelido de infância...

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Petrônio Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 18 de maio de 2015.

Urubu Cidadão


Urubu cidadão.
Por Paulo Roberto Dantas Brandão.

No final da década de 60, Cosme Fonseca, que todos conheciam pelo apelido de Fateira, candidatou-se a vereador em Aracaju. Na falta de outro candidato pelo menos razoável, Cosme foi o Cacareco da vez. Elegeu-se como um dos mais votados. Na Câmara, revoltado com a prática de seus colegas que aprovavam a concessão de títulos de cidadão aracajuano a qualquer pessoa, resolveu reagir: Propôs oficialmente que fosse dado o título de cidadão aracajuano ao urubu. Em sua justificativa dizia que o urubu ajudava a manter limpa a cidade, ao comer as carniças que eram deixadas espalhadas em via pública. E concluía dizendo que o fato provava que o urubu teria feito muito mais por nossa cidade do que a maioria das outras personalidades a quem seus pares teriam concedido o título de cidadania. O título ao urubu não foi aprovado, mas Cosme foi notícia até no New York Times. Qual o outro sergipano que já conseguiu isso?

Texto e imagem reprodução: Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 18 de maio de 2015.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Curiosidades e engraçados acontecimentos da vida sergipana


Do livro de Murilo Mellins.
Por Luiz Eduardo Costa.

Curiosidades e engraçados acontecimentos da vida sergipana.

Do livro do memorialista Murilo Mellins, sobre curiosidades e engraçados acontecimentos da vida sergipana, extraímos o texto dos anos cinquenta que ele encontrou em um jornal, intitulado, Telegrama Curioso: ¨Os escribas que trabalham no gabinete do governador do Estado têm como uma das maiores preocupações, a descoberta de datas natalícias, a fim de telegrafarem em nome do senhor governador, dando parabéns.

Esta semana que findou, houve um fato bastante interessante. Passava pela Rua de Santo Amaro um desses escribas quando ouviu duas senhoras conversando. Uma delas disse: amanhã é aniversário de Lili. O escriba sem perda de tempo olhou inteligentemente para trás e anotou o número da casa.

No dia seguinte, Dona Nanoca, estava envolvida em seus inúmeros afazeres domésticos, quando chega à sua porta um estafeta que lhe anuncia: telegrama. Dona Nanoca, lenta e calmamente apanha os óculos, encrava-os ao rosto e vai ao encontro do funcionário letra ¨E ¨dos Correios e Telégrafos que lhe entrega um telegrama e um lápis. A ilustre matrona olha o telegrama e verifica que realmente era dirigido a Lili, e que o endereço era o da sua residência. Estranhou, mas não criou obstáculo. Recebeu a mensagem telegráfica, abriu, leu e gargalhou. Era um telegrama do austero governador do Estado parabenizando a linda gatinha de Dona Nanoca pela passagem do seu primeiro ano de existência.

E, o interessante é que no próximo ano, novamente Lili será parabenizada pela passagem do seu aniversário, vez que, seu nome, data natalícia e endereço ficaram cadastrados no gabinete do austero governador do Estado ¨.

Texto reproduzido do blog: acrisiosiqueira.com.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 12 de maio de 2015.

'Academia Sergipana de Letras' ganha novo imortal

Academia Sergipana de Letras' ganha novo imortal - Murillo Melins. 
Foto reproduzida do blog: fontesdahistoriadesergipe.blogspot

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 12 de maio de 2015.

Parabéns ao memorialista e imortal Murillo Melins.


Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 12 de maio de 2015.

Murillo Melins na "Sexta Cultural do TCE"

Escritor e agora acadêmico Murillo Melins, na "Sexta Cultural do TCE" (2012),
após autografar exemplar de seu livro para a coordenadora da ECOJAN,
 a professora Patrícia Verônica. (Foto: Milton Júnior).
Reproduzida do site: tce.se.gov.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 12 de maio de 2015.

Murillo Melins sendo entrevistdo pelo saudoso Emmanuel Dantas

Pesquisador, memorialista e agora acadêmico Murilo Melins, autor do livro
 "Aracaju romântica que vi e vivi", sendo entrevistado na Rádio Web TCE, 
pelo saudoso radialista Emanuel Dantas (2012).
Foto: Codecom/TCE.
Reproduzida do site: tce.se.gov.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 12 de maio de 2015.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Ponte José Américo, Ponte dos Arcos, ou Ponte de Pedra Branca

Ponte dos Arcos - Pedra Branca/SE.

"Sempre adimirei essa obra. Inaugurada em 1933 pelo então presidente do Brasil, Getúlio Vargas. Já foi sinônimo de progresso no estado de Sergipe e porque não ousadia arquitetônica. Uma pena terem decretado sua queda no dia em que puseram tubulações enormes sem nunca terem reformado uma estrutura de mais de 80 anos. Poucos sabem, mas se vai um símbolo da nossa comunidade. Foram 82 anos de serviços prestados. Lá se vai a nossa ponte. A Ponte José Américo, ou melhor, Ponte dos Arcos de Pedra Branca". (Caio Rodrigues).

Texto, foto e arte reproduzidos do Facebook/Caio Rodrigues.
Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 11 de maio de 2015.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Reclame da Gráfica Editora de Aminthas Garcez Vieira

Recorte de antigo 'Reclame', publicado na imprensa sergipana.
Imagem: acervo Júnior Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 7 de maio de 2015.

Reclame da Panificação Cecy, de Antonio Soares Santanna

Recorte de antigo 'Reclame', publicado na imprensa sergipana.
Imagem: acervo Júnior Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 7 de maio de 2015.

Reclame do Restaurante Típico Meu Refúgio

Recorte de antigo 'Reclame', publicado na imprensa sergipana.
Imagem: acervo Júnior Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 7 de maio de 2015.

Reclame da Pharmacia Universal de Hormindo Menezes

Recorte de antigo 'Reclame', publicado na imprensa sergipana.
Imagem: acervo Júnior Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 7 de maio de 2015.

Uma de Sindulfo


Publicado originalmente no Facebook/Petrônio Gomes. em 06/05/2015.

Uma de Sindulfo.
Por Petrônio Gomes.

Toda cidade possui os seus tipos notáveis, pessoas que se destacam pelo modo de proceder, de vestir, ou, simplesmente, por um traço físico diferente. Existem ainda aqueles que podem ganhar fama só pelo modo de rir ou pelas respostas prontas e espirituosas diante de qualquer problema.

Os mais velhos poderão recordar agora uma figura de mulher franzina, que saía vestida com uma porção de saias de uma vez, uma por cima da outra, e que batia de porta em porta desejando todo o bem do mundo a quem lhe ajudasse. Diziam uns que ela adorava todos os vestidos que possuía e não gostava de deixar os outros em casa quando escolhia um qualquer. Chamavam-na “Maria Inocentinha”. Ninguém a insultava, todos gostavam dela.

Havia também um pobre homem que andava com as calças levantadas até à metade da canela, com barba de uma semana por fazer, e que ganhava seus trocados graças à presteza com que dava recados. Naquela época, o telefone era ainda um apetrecho digno de pena. Era mais fácil apelar para um menino de recado, mas todos preferiam dar este encargo ao “Dr. Leandro”, que saía em disparada para cumprir sua missão, indiferente ao desgaste que poderia sofrer sua “posição” na sociedade. Pois ele mesmo havia escolhido este nome do notável político sergipano, e assim contentar sua mente infantil dos anseios fantasiosos próprios de sua enfermidade. Tal como “Maria Inocentinha”, o “Dr. Leandro” não fazia mal a ninguém. Era um “homem realizado”, pois dizia a todo mundo que possuía milhões de cruzeiros em cada banco da cidade...

E por que não falar no barulho incrível que certo homem emitia depois de uma de suas impensáveis refeições, quando soltava o desabafo explosivo do seu estômago, ao ver-se livre do turbilhão de gases? Era conhecido por “Piaba”. Quem fosse ao Mercado Municipal em certas horas poderia ouvir, mesmo sob constrangimento, a zoada patológica de “Piaba”. Até a fama tem falta de gosto...

Mas todo este preâmbulo foi feito para apresentar um tipo que se tornou um patrimônio da história da cidade, espécie de domínio público das rodas de conversa, sempre a ilustrar acontecimentos corriqueiros da sociedade. Era um comerciante chamado Sindulfo Fontes, dono de uma relojoaria na rua de Laranjeiras, fronteira ao edifício dos Correios. Por sinal, na rua do Município onde nasceu, berço de intelectuais do Estado. De Laranjeiras, disse o dr. José Barreto Fontes, da mesma família de Sindulfo: “É a terra dos homens ilustres. Lá nasceram João Ribeiro, eu e outros”.

Pois bem. A loja de Sindulfo refletia bem alguns traços de sua personalidade, assim como os cômodos de uma residência refletem o zelo ou o desleixo de uma dona de casa. Tudo era antigo na loja de Sindulfo e, como se não bastasse, ele tinha o maior respeito por uma antiga teia de aranha que ocupava grande espaço junto ao balcão, a partir do teto. Dizia ele que ninguém tem o direito de destruir o que foi feito com tanto sacrifício.

Quando Sindulfo dizia o preço de um relógio ou de uma joia, não admitia dúvida de quem quer que fosse. E todo aquele que pretendesse comparar valores com os de outra loja, seria para sempre banido do seu rol de clientes. Ninguém neste mundo tinha o direito de fazer sindicância de preços, a partir da loja do velho Sindulfo.

Certa vez, num ano barulhento de eleições, quase todas as lojas do centro da cidade foram invadidas por retratos de candidatos, uns colados às paredes, outros pregados nas portas, na mesma febre de patriotismo que estamos cansados de ver. Mas na casa de Sindulfo ninguém mandou colocar retrato nem recado de mentira.

É que ele havia posto o seguinte texto na porta do seu estabelecimento: “Este espaço está reservado para os candidatos burros e ladrões”...

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Petrônio Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 7 de maio de 2015.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Academia Sergipana de Letras



Publicado originalmente no blog jornal-contexto, em 21/12/2011.

Academia Sergipana de Letras é uma instituição desconhecida para muitos sergipanos.

No centro de Aracaju circulam diariamente centenas de pessoas. Apressados, correndo contra o tempo, ou mesmo em singela passagem pela região, são raros os cidadãos que conhecem a Academia Sergipana de Letras (ASL) que fica na rua Pacatuba. Alguns até a utilizam como ponto de referência, mas poucos sabem de fato o que representa a ASL para o Estado.

Fundada em 1º de junho de 1929, 51 anos depois da Academia Brasileira de Letras (ABL), a Academia Sergipana de Letras sucedeu à Hora Literária, uma espécie de sociedade literária de caráter acadêmico autônomo que buscava promover envolvimento intelectual em Sergipe. A meta era a fundação da Academia, com os mesmos acadêmicos que constituíam a Hora Literária, a exemplo de Antônio Garcia Rosa e Clodomir Silva.

Durante a década de 30, as reuniões da ASL aconteciam na Sala de Ordem dos advogados do Brasil, no Palácio da Justiça, localizado na praça Olímpio Campos; mudou-se depois para a rua Itabaianinha, no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, uma vez que a maioria dos acadêmicos também faziam parte do Instituto. Mais tarde, na década de 1970, a Academia Sergipana de Letras foi mais uma vez transferida, desta vez para o primeiro andar da biblioteca pública, onde hoje funciona o Arquivo Público do Estado, na praça Fausto Cardoso. O local serviu de espaço para os membros da Academia se reunir, até ser novamente transferida para um sobrado onde funcionou o Colégio Tobias Barreto, na rua Pacatuba, onde está até hoje.

A Academia Sergipana de Letras é formada por 40 acadêmicos. Dentre esses, cinco formam a diretoria, Presidente,Vice-Presidente, Secretário, Tesoureiro e Diretor da Biblioteca, eleitos por chapa a cada dois anos, com direito a reeleição. O cargo de membro da Academia é vitalício, exceto por renúncia ou por ações incompatíveis com a integridade da instituição. Com estatuto e regimento interno estreitamente definido, a ASL é uma sociedade civil, de personalidade jurídica, sem fins lucrativos e duração indeterminada. Desde a sua fundação, é composta por membros não somente ligados aos gêneros literários (romance, poesia, etc.), mas também às ciências em geral, congregando intelectuais de origens institucionais e especialidades literárias múltiplas. Fato evidenciado no estatuto da Academia, no qual consta como objetivo a promoção de estudo, preservação e divulgação da Literatura, das Artes e das Ciências, contribuindo para o desenvolvimento cultural do Estado.

A Academia conta com um acervo de mais de 10 mil livros, a maioria de escritores do Estado, das mais diversas áreas. No entanto, um dos grandes problemas da instituição é a conservação desse acervo. Para isso, a Academia Sergipana de Letras, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), a ASL está realizando um projeto, pelo qual os livros passarão por um processo de revitalização, com catalogação e preservação das obras. O projeto é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários e está sendo coordenado pelo curso de Biblioteconomia. O intuito é que futuramente a Academia sirva também como biblioteca aberta ao público para pesquisa.

Às segundas-feiras os membros se reúnem às 16h30, como prevê o estatuto da Academia, para trocar idéias sobre cultura, apresentar e debater trabalhos literários. As reuniões são abertas ao público, mas a população desconhece.

Movimento Cultural Antônio Garcia Filho

Em 1984, por iniciativa do acadêmico Antônio Garcia Filho surgiu o Movimento de Apoio Cultural (MAC). De acordo com Cléa Brandão, integrante do MAC, o movimento surgiu com o objetivo de dar apoio cultural para a Academia, que na época era formada, em grande parte, por idosos. “Houve resistência de alguns acadêmicos mais tradicionais como Manoel Franco, por exemplo. Os acadêmicos não aceitavam a participação do MAC na Academia, mas depois eles perceberam que foi bom para a instituição”, ressalta.

De início foi batizado como Movimento de Apoio Cultural, mas logo após a da morte de Antônio Garcia Filho, em 1999, o presidente atual, José Anderson Nascimento resolveu mudar o nome para Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, como forma de homenagear o fundador.

O MAC dispõe de vinte membros, com cargo vitalício. A importância do Movimento no cenário acadêmico é comprovada, pois, alguns dos integrantes foram eleitos para cadeiras acadêmicas, como por exemplo, a professora Maria Lígia Madureira Pina, e o jornalista Bemvindo Salles de Campos Neto.

“Migalhas dormidas do teu pão”

A academia e o trabalho desenvolvido por esta são desconhecidos por boa parte da população sergipana. Em tom de revolta, a integrante do Movimento Cultural Antônio Garcia, Cléa Brandão Santana desabafa “As pessoas desconhecem a Academia porque não se interessam por Cultura. As reuniões são abertas ao público, mas as pessoas passam pela porta e não entram para conhecer”. Já para a estudante Sabrina Mendes, o pouco que sabe sobre a ASL é devido a pouca divulgação da instituição.

Divulgação é um problema bastante visível na Academia Sergipana de Letras. O site da instituição não funciona, e os repasses do governo são insuficientes para manter e divulgar a Academia. De acordo com o presidente José Anderson, anualmente a instituição recebe 20 mil reais, aplicado por força da lei, e o valor não é corrigido desde que a legislação foi instituída, há 10 anos. Para poder manter a Academia, pagar funcionários, e organizar ciclo de debates e seminários, os acadêmicos complementam com uma contribuição mensal de 10% de um salário mínimo para a instituição.

Por Sóstina Santos
Edição: Vanessa Monteiro.

Texto e imagem reproduzidos do blog:jornal-contexto.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 8 de maio de 2015.

Façamos de Murilo Melins um imortal!


Façamos de Murilo Melins um imortal!

Senhores imortais da Academia Sergipana de Letras, temos a oportunidade de trazer para o nosso convívio um dos maiores memorialistas sergipanos, Murilo Mellins..

O reconhecimento da imortalidade da sua obra para as letras sergipanas é uma dívida da Academia e um desejo da sociedade, que bem conhece os seus feitos.
Não é que a sua concorrente não mereça o nosso respeito, mas nos parece que, agora, é a vez de Murilo.

A eleição é na próxima segunda-feira, na sede da Academia, durante todo o dia.

Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 8 de maio de 2015.

Murillo Melins




Fotos: Portal Infonet/Divulgação/Alejandro Zambrana.

Murillo Melins.

Murillo Mellins nasceu em Neópolis, antiga Vila Nova, em 22 de outubro de 1928. Filho do saudoso Mário Mellins Intendente de Neópolis (antiga Vila Nova) foi uma pessoa simples de um grande conhecimento dos fatos que marcaram a História da capital.

Alguns chamam Murillo de memorialista, outros de pesquisador, outros de guardião da História de Sergipe onde puxa as lembranças da memória política e cultural da nossa gente.

Trabalhou na Prefeitura de Aracaju e também nas agências dos Correios. Atualmente, na vida pacata de aposentado vai escrevendo e contando a História sergipana nos seus livros de memória.

Com romantismo descreve com maestria Aracaju das décadas de 40 e 50. Mellins tem com Aracaju uma intimidade cumpliciada, como poucos, e ambos, o escritor e a cidade, guardando de cada um muitos segredos segundo escreve Luis Antonio Barreto.

Quando se fala em História e Memória, nos bancos acadêmicos, a figura que vem na lembrança é justamente o Murillo. Conhecemos através de suas lembranças a Aracaju romântica que ele viveu. Sem dúvidas, muitos historiadores, escritores e cronistas que se dedicam a escrever sobre Sergipe consultam as suas memórias...

Fonte: fontesdahistoriadesergipe.blogspot.com.br
Trecho de post do Blog "Fontes da História de Sergipe",
de Adailton dos Santos Andrade.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 8 de naio de 2015.

Murillo Melins - nostalgia das décadas de 40 e 50


Fotos: Alejandro Zambrana.

Livro "Aracaju Romântica que Vi e Vivi", é uma declaração de amor à cidade

Murillo Melins - nostalgia das décadas de 40 e 50

Quem admira ou simplesmente quer conhecer um pouco mais sobre a capital da qualidade de vida não pode deixar de ler ‘Aracaju Romântica que Vi e Vivi'. O próprio título já revela do que se trata a obra: um relato de um cidadão apaixonado pela cidade. O livro é uma verdadeira declaração de amor a Aracaju e foi escrito pelo memorialista Murillo Melins.

O saudosista autor traz, em mais de 300 páginas de pura nostalgia, um acervo de fotos históricas, locais e personagens importantes da capital sergipana. Fatos que marcaram a sociedade nas décadas de 40 e 50 e se tornaram história para quem vive na cidade são contados por Melins com muito carinho. "Me apaixonei logo que cheguei, vi Aracaju crescer. Quando vim morar aqui a cidade ainda era provinciana, onde todo mundo se conhecia, e foi se desenvolvendo aos poucos", lembra.

A descrição das mais famosas praças e monumentos da capital faz até os leitores mais desatentos se transportarem às primeiras décadas de uma Aracaju recém-urbanizada. Quem viveu esse momento romântico da cidade consegue sentir novamente os anos em que frequentavam o Cinema Vitória e os bailes de carnaval no Cotinguiba. Quem não alcançou essa época, se vê tão envolvido pela fiel descrição dos costumes e lugares, que fica até difícil imaginar o mês de dezembro sem as Feirinhas de Natal que o autor menciona.

Um dos aspectos abordados é o centro comercial, ainda em surgimento. NNO livro é detalhadamente descrito todo o percurso inicial do comércio e da economia de Aracaju que, desde então, não parou de crescer. O âmbito cultural também é narrado pelo autor, que faz uma relação dos principais pontos de encontro da sociedade aracajuana, e as festividades mais populares naquele período que, para Melins, foi a época de ouro. "Havia diversas festas na cidade, nas praças, nos clubes, todas muito animadas e com calor humano", conta.

O perfil da cidade traçado pelo livro retrata que, naquele período, Aracaju já era um lugar onde a qualidade de vida se destacava.

Embora não esconda a saudade da capital pouco urbanizada de antes, o autor declara seu carinho a todo momento. "Aracaju é uma cidade que eu vivi intensamente, uma cidade romântica que tem muita história, e um lugar bom de se viver. Eu amo Aracaju!", declarou.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 8 de maio de 2015.

Antiga Ponte de Pedra Branca desaba e rompe adutora

Ponte José Américo de Almeida.
Foto: acervo Adailton dos Santos Andrade.
Reproduzida do blog: fontesdahistoriadesergipe.blogspot

 Foto reproduzida do site sergipecc.blogspot.com.br

 Foto reproduzida do site G1 SE.

  Foto reproduzida do Facebook/Carlos Alberto Mendonça.

Foto reproduzida do site: infonet.com.br/cidade


 Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cidade

Foto: Reprodução/TV Sergipe.

 Foto reproduzida do site: f5news.com.br

Publicado originalmente pelo site G1 SE., em 09/05/2015.

Ponte desaba e rompe tubulação de água em Pedra Branca, SE
Ponte fazia a parte da BR-101, mas estava interditada para veículos.

A ponte sobre o rio Cotinguiba, localizada no povoado de Pedra Branca, município de Laranjeiras, região metropolitana de Aracaju, desabou e rompeu a tubulação de água de duas adutoras da Companhia de Saneamento Básico (Deso), no início da tarde deste sábado (09).

A ponte com mais de 60 anos e que fazia a parte da BR-101, mas estava interditada para o tráfego de veículos, possuía na sua estrutura, canos da adutora da Deso. Segundo o Dnit, a ponte liberada para os veículos e que fica ao lado da desabada, não foi afetada.

Segundo testemunhas, a ponte desabou no momento em que um carroceiro e mais algumas pessoas, em cavalos, atravessaram a ponte. Com a queda da ponte, cerca de 40 cavalos chegaram a cair no rio, desses, 17 acabaram morrendo.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência encaminhou quatro vitimas para o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse).

De acordo com o assessor de comunicação da Deso, Wendel Barbosa, o presidente e o diretor de operações do órgão, estão avaliando o caso.

Ainda de acordo com ele, a adutora rompida é responsável por 70% do abastecimento de água da Grande Aracaju.

Wendel disse ainda que existe a possibilidade do fornecimento de água ficar interrompido até a próxima semana.

O Dnit não soube informar a causa do desabamento.

Texto reproduzido do site: g1.globo.com/se
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Infonet - Cidade - Noticias - 09/05/2015.

Pedra Branca: ponte cede e provoca rompimento de adutora
Ponte da adutora cedeu quando pedestres passavam pelo local

Parte de uma ponte que fica na BR 101, no povoado Pedra Branca, na divisa entre os municípios de Laranjeiras e Maruim, cedeu no início da tarde deste sábado, 9. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as primeiras informações são de que a estrutura, que contém tubulações de uma adutora, cedeu quando pedestres passavam com cavalos. O espaço por onde passam os veículos, que corresponde à ponte ao lado, não foi danificado. As tubulações da adutora se romperam, provocando um grande vazamento de água no local. O trânsito no trecho está lento.

Equipes da PRF e do Corpo de Bombeiros estão no local. Os relatos são de que os pedestres e os animais caíram no rio, mas ainda não há informações exatas sobre o número de envolvidos e o estado de saúde deles. Não há registro de mortes.

A PRF explicou que trecho que abriga as tubulações não é destinado à passagem de pessoas e animais. A equipe de reportagem do Portal Infonet está apurando o caso e logo trará mais informações.

Por Verlane Estácio.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/cidade

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 9 de maio de 2015