domingo, 19 de agosto de 2012

Homenagem a Rosa Faria




Rosa Moreira Faria e a data maior de Aracaju *
Por Maria Lígia Madureira Pina (17.03.2012).

Rosa Moreira Faria, a artista plástica da História de Sergipe nasceu na cidade de Capela, no dia 28 de abril de 1971. Era filha do artista João Guimarães de Faria (João da Luz, como era conhecido) e de Dona Arminda de Moreira Faria.Logo cedo perdeu a mãe, tendo sido criada ( ela e os irmãos Luís, Carmelita e Djalma ) pelo pai e a avó materna, a professora Rosa Faria, formada em Lisboa. Rosa fez o curso primário no Grupo Escolar Coelho e Campos e o Curso Normal no Colégio Imaculada Conceição, na sua cidade natal. Formada em 1941, logo foi nomeada professora para Boa Vista, município de Capela, como prêmio, por haver feito todo o curso em 1º lugar. Depois foi transferida para Itapicuru. Em 1945 foi transferida para o Grupo Escolar Barão de Maruim. Neste mesmo ano começou a lecionar no SENAI. Logo foi escolhida para fazer o Curso de Artes Aplicadas à Educação, no Departamento Nacional de Aprendizagem Industrial, no Rio de Janeiro. O Curso teve a duração de 18 meses. Também no Rio de Janeiro fez o Curso de Extensão Universitária sobre Psicologia do Adolescente, tendo como professores Dom Helder Câmara, Alceu Amoroso Lima, padre Negromonte e Malba Tahan. Fez também o Curso de Orientação Vocacional, disciplina que exerceu no Senai. Em 1952 fez o Curso de Desenho para o Ensino, sendo autorizada a lecionar esta disciplina em todo o território nacional. Depois fez o curso de Didática-Extensão Universitária na Faculdade de Filosofia de Sergipe e o Curso de Taquigrafia na renomada escola dos professores Ximenes e Zeli. Aprendeu também Telegrafia, tendo feito concurso para os Correios e Telégrafos, passando a trabalhar nessa instituição. Quando professora do SENAI foi indicada pelo então diretor Dr. José Rollemberg Leite para dar um Curso de Artes em Petrolina/PE a pedido do Bispo Dom Avelar Brandão Vilela que se disse encantado (ele e as populações de Petrolina e Juazeiro) com o trabalho realizado pela professora.
ROSA FARIA – A jornalista
Era membro da Associação sergipana de Imprensa e como tal foi recebida na congênere brasileira, no Rio de Janeiro, em 1971. Sobre essa visita escreveu o Diretor da ABI, Pedro Coutinho, na Revista da Associação:” Este Brasil é o País das surpresas...Rosa Faria entra no meu gabinete e me entrega um ofício da ASI. Era uma apresentação.Conversamos.Em poucos minutos compreendi que estava à frente com uma extraordinária artista, esbanjadora de beleza e cultura.Quanto lhe ficará a dever o pequeno e glorioso Sergipe! A Galeria “Rosa Faria” é um orgulho não apenas para a terra de Fausto Cardoso, mas para todo o Brasil.Merece a compreensão e o apoio de todos, principalmente dos administradores.Pedro Coutinho”. Escrevia para alguns jornais da cidade durante datas comemorativas em artigos conclamando o fervor cívico ou argumentando temas polêmicos em determinados períodos.
ROSA FARIA – A escritora
Além do pincel e das tintas, Rosa gostava de Literatura. Publicou em 1947 a biografia de Dom José Thomaz Gomes da Silva na forma de calendário. Em 1948 publicou Sinopse Biográfica do Monsenhor Carlos Costa. E culminou em 1995 com o álbum histórico “Sergipe Passo a Passo pela sua História”. Tudo com recursos próprios. Nunca contou com qualquer ajuda, pública ou particular. Nem as visitas ao Museu ela cobrava. Seu único interesse era divulgar a sua arte e vê-la reconhecida. Rosa é também a autora do Hino do 4º Centenário do início da Colonização de Sergipe. A música é do professor e maestro Leozírio Guimarães.
ROSA FARIA – A artista plástica
Vencedora do prêmio 1º Centenário de Aracaju, instituído pelo prefeito Dr. Jorge Maynard e realizado no governo de Dr. Roosewelt Menezes, em 1955. Rosa recebeu aplausos em público de pessoas expressivas da nossa sociedade, como: Epiphânio Dórea e o artista Rodolpho Tavares. Face as dificuldades para expor os seus trabalhos, fundou a Galeria Rosa Faria, em 17 de março de 1968. Transformou-a em Museu de Arte e História “Rosa Faria”.
O acervo possui além das peças em azulejos, várias telas a óleo. Mas o que ressalta a sua obra são as pinturas em azulejos e porcelana que retratam a História de Sergipe. Para realizar este trabalho único no mundo Rosa mergulhou na pesquisa de documentos e fotos do passado. São mais de 600 pratos retratando praças antigas e fatos históricos. E mais, a galeria dos Presidentes e Governadores de Sergipe.
Painéis: O Engenho Unha de Gato, onde foi realizado o projeto da transferência da capital de São Cristóvão para Aracaju. Outro mostrando a lenda e as teorias sobre a origem do toponímico Aracaju. O Duque de Caxias que ela presenteou ao 28º Batalhão de Caçadores. Outro foi Tiradentes doado à Polícia Militar. Também azulejos com retratos e históricos de pessoas de relevo cultural. Também azulejos com retratos e históricos de pessoas de relevo cultural como Dr. Augusto Leite, Dra. Cesartina Regis Amorim, Dra. Maria Rita Soares e muitos outras. E ponto culminante do seu trabalho gigante “Sergipe Passo a Passo pela sua História”. São 122 placas de cerâmica, contando a História do nosso estado, toda baseada em documentos. Do conjunto constam também mapas, hinos, símbolos e jornais antigos de Sergipe. E mais... azulejos contando fatos e retratando vultos da História do Brasil e de Sergipe.
Espalhados pela nossa Aracaju e interior existem painéis da autoria de Rosa. Muitos deles doados para instituições pela generosidade da artista. Nas Igrejas de N. S. do Rosário, na de São Judas Tadeu, na Catedral Metropolitana, na de São Francisco, no Conjunto Inácio Barbosa, na de Santa Rita, na de N. S. de Loreto, no bairro Rosa Elze e na de N. S. do Perpétuo Socorro, no Conjunto Orlando Dantas. Este é o segundo. O original foi mal assentado pelo pedreiro e ruiu sob a trepidação causada por um caminhão/caçamba. A artista ficou desesperada... Mas logo se refez do choque pintando outro painel. Na Casa do Trabalhador Menor, na Rua Porto da Folha. Na minha residência a tela a óleo Canavial em Fogo; na casa da Dra. Cássia Barros, outra tela com o mesmo motivo. Na da professora Yvone Mendonça de Souza a tela Primavera, todos presenteados pela amiga generosa que ela sabia ser. E tantos outros doados aos parentes e amigos: Romance Eterno, Espelho da Natureza, Nostalgia Sertaneja etc. Na Associação Sergipana de Imprensa encontram-se vária telas a óleo. Muitas delas foram danificadas, quando do serviço de pintura do prédio. A nossa artista restaurou-as gratuitamente. Na cidade de Capela encontram-se vários painéis, por exemplo, no Colégio Imaculada Conceição e na Igreja de N. S. do Amparo. Criou as Comendas “Gumercindo Bessa” para o tribunal de Contas e a de “Tobias Barreto”, para a Procuradoria da Justiça.
Era patriota por excelência. Amava apaixonadamente o Brasil e em particular a Sergipe. Angustiava-se com as injustiças, a corrupção, o descaso para com os vultos históricos. Foi ela quem sensibilizou o Prefeito Wellington paixão para recolocar a estátua de Tobias Barreto no pedestal, que tinham colocado sobre a calçada durante uma reforma anterior. E acompanhou todo o trabalho até a hora da reinauguração.
No dia 17 de março comemorava o aniversário da Capital com a presença de autoridades, professores, estudantes, ao som da Banda de Música do corpo de Bombeiros ou da Polícia Militar. Fazia discursos inflamados de civismo e no final presenteava os convidados com peças em azulejo lembrando fatos históricos.
Recebia visitantes do Brasil e do exterior. Doa livros de presença constam assinaturas de vultos importantes do mundo cultural: Graziella Cabral, Aurélio Buarque de Holanda, Carmem Viana, Aristheu Bulhões, Monsenhor Carlos Costa, Severino Uchôa, Sebrão Sobrinho, Leyda Regis, Cônego Domingos Fonseca, Dom Luciano Cabral Duarte; os repórteres da Globo Cid Moreira e Alexandre Garcia, só para exemplificar. E todos deixaram isso registrado. O Dr. José Calazans ficou tão surpreendido e encantado que parafraseando o poeta Gonçalves Dias escreveu numa exclamação: “Meninos eu vi!...”
Por tudo quanto realizou foi homenageada em vida com os títulos de Amiga da Marinha, Amiga do Exército, Medalhas do Mérito Serigy nos graus de Cavaleiro e Comendador, Título de Cidadã Aracajuana pela Câmara Municipal, pelo Programa TV Memória da Fundação Aperipê, pelo Jornal da Cidade, na página Memória, do jornalista Osmário Santos.
No dia 1º de maio de 1997 Sergipe foi surpreendido com a notícia do falecimento dessa extraordinária mulher, dessa guerreira incomparável que, no dizer do reitor da Universidade Tiradentes Joubert Uchôa de Mendonça “ fez com as mãos uma obra inédita que só uma máquina poderia realizar”.
Com a sua morte física o “Museu de Arte e História Rosa Faria” fechou as portas. Mas foi apenas uma fase, um ciclo que se completou porque a sua obra, o seu nome permanecerão entre nós. A posteridade poderá conhecer a obra gigante no Memorial de Sergipe, graças a sensibilidade do Reitor Joubert Uchôa de Mendonça. Ele acolheu todo o acervo histórico, num contrato com a irmã e herdeira da artista Maria Carmelita Moreira Faria.
Naquele 1º de maio Sergipe lamentou a perda da artista da sua História. O Corpo de Bombeiros prestou-lhe a última homenagem, conduzindo o esquive envolto na bandeira de Sergipe e em carro aberto. O sepultamento digno do seu valor pelo muito que fez em prol da perenidade da História de Sergipe.
A arte era a vida de Rosa Faria, tanto que ela afirmava: “Quero morrer com o terço numa mão e o pincel na outra. Lá de cima eu quero ainda pintar o sete”. Estas palavras são o epitáfio da sua sepultura.

Texto e fotos reproduzidos do blog academialiterariadevida.blogspot

Postagem original na página do facebook, em 19 de Agosto de 2012.

Praça Fausto Cardoso Anos 30/40.

Foto: Acervo Junior Gome.

Postagem original na página do Facebook, em 18 de Agosto de 2012.

Bairro Coroa do Meio, Antigo Jardim Atlântico, em Aracaju (1970)

Foto: Acervo Junior Gomes.

Postagem original na página do Facebook, em 15 de Agosto de 2012.

Luiz Eduardo Oliva e Ancelmo Gois

Foto e texto reproduzidos do Mural do Facebook de Luiz Eduardo Oliva.

"Encontrei no Aeroporto de Aracaju o amigo conterrâneo Ancelmo Gois (@Ancelmocom) grande jornalista de O Globo, orgulho de Sergipe. Iniciou o jornalismo na Gazeta de Sergipe da equipe de Orlando Dantas da qual meu pai João Oliva fazia parte e que foi a maior escola do jornalismo sergipano e digo, até do Brasil. Nomes como João Oliva, Ancelmo Gois, José Carlos Monteiro, Zé Rosa, Ivan Valença, Luiz Antonio Barreto, Paulo Barbosa, Pascoal Maynard surgiram na velha Gazeta sob a batuta de Orlando Dantas". (LEO).

Postagem original na página do Facebook, em 18 de Agosto de 2012.

Retrato da Mestra Amiga (Prof. Glorita Portugal)

Na foto: Maria, Luisa, GLORITA e seu neto Eládio

'Retrato da Mestra Amiga' * (Professora Glorita Portugal)

"Mde mãe, de mestra, de madrinha
Amiga dos alunos, em todos os momentos.
Ricos e pobres acolhendo com carinho.
Inda que o tempo rápido passasse
Aamizade, apesar do tempo, permanece.

Do tempo colhendo as sementes que plantou
A cem por um em os 95 anos da sua vida.

Glória da família, dos amigos, de Sergipe
Longa vida doou ao magistério
Onde aplicou sabedoria e bondade.
Rosas e espinhos colheu na caminhada
Incentivada pela chama do amor
Acesa, brilhando na mente e no coração.

Porto de paz, de beleza, de ternura
Onde as naus repousam das viagens...
Rotas longas ou curtas navegadas
Trazendo novidades ao porto:
Umas boas, outras nem tanto, mas
Garantia tendo de conforto e aconchego
Aos braços do porto-paraíso
Leme seguro, nas mãos do timoneiro".

* Oferta da ex-aluna e amiga Maria Ligia Madureira Pina

Continue lendo, clicando no link abaixo:

Postagem original na página do Facebook, em 18 de Agosto de 2012.

sábado, 18 de agosto de 2012

Homenagem ao Dr. José Calumby Filho

 
 

CALUMBY DE NÓS

Em final de 1984 conheci Dr. José Calumby Filho na Escola Paulista de Medicina, onde estava terminando o curso de Mestrado tendo como tema "Simpatectomia Lombar na Tromboangeíte Obliterante", fui ao seu encontro como nordestino para ter a sua ajuda na capital Bandeirante. Fui recebido por ele que não me conhecia, com atenção, respeito e apoio, dando a impressão de que já fosse seu amigo há muito tempo, importante naquele momento em que chegava na cidade grande para apreender Angiologia e Cirurgia Vascular.
Acompanhei de perto seus últimos dias no curso de Mestrado em São Paulo antes de retornar para Aracaju, terminando a edição de sua tese, entregando o seu apartamento na rua Borges Lagoa, enviando seus livros, pagando as últimas contas, nestes dias conheci várias pessoas do convívio do Calumby, que o mesmo me apresentou como seu conterrâneo, foi o João da Foto, o Português do Café, a Secretária da Cirurgia Vascular, o Gerente do Bradesco, o Barbeiro da Escola Paulista de Medicina, os Colegas da Cirurgia Vascular e o Dr. João Alves Filho seu cunhado, na época Governador de Sergipe, conheci também em São Paulo sua esposa D. Marlene.
Fiquei em São Paulo e Calumby retornou para Aracaju em Fevereiro de 1985 para se integrar novamente em sua cidade, reabrir seu consultório, reassumir a docência na Universidade Federal de Sergipe e continuar a sua vida com sua família.
Pai exemplar de Bianca e Lisa, esposo dedicado de Marlene, era Professor do departamento de Cirurgia da Universidade Federal de Sergipe, foi Superintendente do INAMPS, Diretor do Hospital Universitário e diversas vezes Presidente da Sociedade de Angiologia e Cirurgia Vascular – regional de Sergipe, exercia as mais diversas funções com simplicidade, dedicação e sabedoria. Todos estes cargos não era tão importante como o seu dia a dia, de companheirismo, humanidade, atenção aos colegas e consideração aos seus pacientes.
Todas estas qualidades são confirmadas com as pessoas que do Calumby tiveram contato, o mesmo exercia o fascínio pelas as suas idéias de união, cooperação, ajuda, compreensão, sem estrelismos ou aparições..
Durante 13 anos de convivência, ouvi dele críticas sempre construtivas, orientação sempre leal, foram muitas as nossas viagens juntos, para congressos, encontros, reuniões científicas e turismo, sempre me ligava para combinar as reservas e as datas das viagens, sempre muito organizado.
Me impressionava a união dos Médicos em Sergipe, e Calumby como tesoureiro do Departamento de Convênio era um entusiasta da nossa classe, me passava todos os regimentos, os documentos e me ensinava como deve ser a forma de fortalecimento da nossa classe. Mostrava em Maceió como deveria ser feito, imitando o que se fazia em Sergipe, mas nós médicos Alagoanos preferimos a desunião e a exploração pelos planos e seguros de Saúde. Me falou certa vez que também tinha sido integrante do Conselho Regional de Medicina, mas seu coração era muito grande para julgar os colegas.
Voltei para Maceió em 1990 e estreitamos nossos laços de amizade e companheirismo, e da idéia de união e fortalecimento da nossa classe e especialidade, tivemos juntos a idéia da criação do Encontro Alagoas-Sergipe, realizamos o primeiro em Maceió no mês de Maio de 1996 e o segundo em Aracaju em Junho de 1997, com sucesso alcançado partimos para unir também a Bahia criando o Encontro Bahia-Alagoas-Sergipe a ser realizado em 17 e 18 de Julho de 1998 em Salvador e nosso sonho é unirmos todos os Estados Nordestinos.
Como mais jovem suas palavras sempre foram ouvidas e atendidas, e aprendi a admirar seus amigos com quem convivemos estes vários anos. Completou 50 anos em 06 de Agosto de 1997 e Marlene fez uma bela crônica, lida na sua festa dos amigos na Ação Social da Paróquia de São José em Aracaju, repetindo o parágrafo em que sua esposa disse sobre Calumby "A vida é algo difícil de conceituar. Dizem que a vida é um dom. Um presente que recebemos de graça, sem que tenhamos feito qualquer coisa para merecê-lo. A vida é preciosa, merece ser guardada com todo o cuidado. Importa saber viver. Fazer da pequena muda uma árvore frondosa. Viver é uma questão de escolha. A existência pode ser uma passagem obscura perdida no tempo, ou um exemplo digno de ser imitado. A sua vida é digna de ser imitada.
Que Deus abençoe e nos dê a graça da convivência por muitos e muitos anos". Na nossa última viagem juntos no Simpósio de Flebologia sobre Trombose Venosa Profunda em Abril em São Paulo nos confessou sobre a paixão pelas viagens e turismo pelo Mundo, viajava regularmente e no Congresso de Curitiba em Outubro convivi quase todos os dias com Calumby e seus amigos, foi inesquecível. A vida nos convence que o segredo do destino de cada um, iguala todos os seres humanos, aproxima as almas, traduz o amor e transforma o ser humano como filho de Deus com uma missão a cumprir durante a sua passagem na Terra.
Suas mensagens e idéias foram traduzidas com grande intensidade nos seus familiares, amigos e seguidores, seu papel foi cumprido e seguido, sua contribuição para o dia a dia foi importante e sua maior emoção foi estar viajando quando Deus vos chamou para seu convívio, por tudo que você representou para todos nós nos permita chamar "CALUMBY DE NÓS".

Guilherme Benjamin Brandão Pitta
Professor Assistente Doutor de Clínica Cirúrgica da Escola de Ciências Médicas de Alagoas. Presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional de Alagoas.

Postagem original na página do Facebook, em 15 de Setembro de 2011.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Professor João Costa

Foto reproduzida do blog jornaldesaodomingos

"(...) Professor João Costa foi professor de Português em vários colégios e cursinhos de pré-vestibular em Aracaju. Era aposentado da Universidade Federal de Sergipe e como ator, foi o precursor do teatro no Estado de Sergipe. João Costa era muito querido pelos seus alunos, familiares e amigos, um dos maiores professores de Português que Sergipe já teve e foi um dos fundadores da Sociedade Sergipana de Cultura Artística (...). (Aldaci de Souza).

Postagem original na página do Facebook, em 17 de Junho de 2012.

7 de Setembro, Praça Fausto Cardoso, Aracaju-SE. Anos 50

Portal Infonet/cidade/antigas. Reproduzido do site: infonet.com.br
"Desfile de 7 de setembro nos anos 50 em frente ao Palácio do Governo. Destaque para os carros de praça, conhecido atualmente como táxis. (Acervo do jornalista Ivan Valença)". (Infonet).

Postagem original na página do Facebook, em 16 de Junho de 2012.

Grande Hotel, no Centro Comercial de Aracaju-SE

Grande Hotel de Aracaju. Foto: Amarildo Rezende

Postagem original na página do Facebook, em 17 de Junho de 2012.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Centro da Cidade de Aracaju, anos 60

Destaque para o terreno onde seria construído o prédio do INSS. Foto acervo Junior Gomes.

Postagem original na página do Facebook, em 15 de Agosto de 2012.

Foto Oití, na Avenida Coelho e Campos



Fotos do acervo de Junior Gomes.

Postagens originais na página do Facebook, em 15 de Agosto de 2012.



Doutor Walter Cardoso

 
"Antiga casa dos ancestrais de Walter Cardoso na esquina da Rua de Pacatuba com a Travessa José de Faro. Nesta casa Fausto Cardoso moribundo bebe o seu último gole d'água; "Bebo o sangue de Sergipe". A casa foi literalmente tombada para que se erguesse uma agência da Caixa Econômica Federal". (OC).

Centenário de Walter Cardoso (27 de outubro de 2011).
Por Odilon Cabral/Infonet.

Filho de Benjamin Mendonça e Laudicéia Fontes Cardoso, Walter fora criado no velho casarão que ocupava a esquina inicial da Rua de Pacatuba com a Travessa José de Faro, contorno das Praças Fausto Cardoso e Almirante Barroso, casa senhorial que, em contorno de cenário, ladeava a antiga sede da Assembleia Legislativa de Sergipe. Uma vista já perdida na memória, afinal no local da velha casa, uma arquitetura sobremodo ancestral, um banco a tombou, literalmente, só para melhor confirmar a agiotagem como ideal adversário dos Institutos de Patrimônio Histórico e Preservação Cultural.

E no rebotalho deste cenário resistente, por forma e alvenaria, aquilo que fora tanto, e que já não mais é, e nem o será bastante, persiste o velho paço legiferante em missão de compasso, errante e claudicante, ora como abrigo e préstimo a instituições atiradas ao relento e ao desagasalho, ou então como um plenário quase inútil, um desafio fútil, por desencalho, uma espécie de apêndice, como anexo ou penduricalho, púlpito de pouco cérebro com galeria de ralos ouvintes.

Porque a antiga história sempre fenece e desaparece com os homens esquecendo o seu passado, em retrovisores curtos avançando desembestados, sempre à frente na conquista do além-pensado.

O médico Walter Cardoso quando do lançamento de "Vida e Tempo" em 1986.
E no aquém-ultrapassado resiste a memória querendo avivar no presente, o que já não mais é, mas precisa ser notificado, só por ser passado e não mais ser evitado, e para prevenção do que jamais deveria ser renovado.

 Ora, alguém já disse com orgulho que “somos o que fomos”. Outros já disseram sem muito gozo que “os mortos comandam os vivos”; vivemos sob as leis que não criamos, em abrigos a nós legados, nas vias de pavimentações herdadas, e sob excedentes imposições transmitidas, cláusulas pétreas, inclusive.

E nós, os denominados “baby boomers”, porque nascidos após a guerra e a bomba H, e porque nos caracterizávamos tanto como uma geração sociológica de “idealistas ousados em extrema egocentria” e nos distinguíamos sobremodo, pela rejeição ao passado, conflituando pais e antepassados, hoje, no reflexo narcísico de espelho, não nos contemplamos nem nos admiramos.

Fomos desta juventude que iria mudar o mundo, exibindo profundas dificuldades na compreensão do conservadorismo, em rejeição hostil a qualquer autoridade, geração que ousara até ditar por suprema ousadia libertária, em grito de rua, tão febril então, e quase imbecil agora, que era “proibido proibir”, como regra maior de um teorema de um mundo a construir.

E que não restou assim, com se vê agora, que em posando de revolucionários, só fizemos fustigar a reação, e com isso atrair a exceção e sucumbir à cana dura. Que loucura fora a nossa, idealizando para nós o que vigia além, no além do além, no além-muro de Berlin?

Ou não restou assim, quando o muro foi demolido pelos que nos chegaram depois, em passeatas mais objetivas por menos utópicas e menos insensatas, sem pensar em vedar proibir e sem se empolgar com a igualdade sob a espora e o cacete, que era nosso sonho, mera ilusão?

E hoje, ainda apáticos órfãos destas utopias derrubadas e demolidas, com o mundo sem saber para onde vai, justamente quando já o estamos deixando, por aposentação e substituições necessárias, sem querer compreender o novo e a net, nem o twitter e a sua excessiva concisão, vale a pena relembrar a vida e a obra de quem já passou e hoje só é memória como Walter Cardoso?

“Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”, responde-me o poeta, pensando também no palacete derrubado, tornado templo da usura, e nos míopes cavaleiros que em depredação e exação descabidas creem-se mudando o mundo por esporear os galgos da história, embora o mundo e a humanidade, em misérias e grandezas, estejam carentes de homens santos, probos e dedicados como Walter.
  
Se dedicação é coisa rara, probidade uma exceção, valerá a pena ser santo, como tentara Walter desde a infância à velhice, arrimando-se na imperfeição do ser e amparando-se em sua fé nunca esquecida?

Poderemos, analisando sua obra enquanto médico clínico e higienista, afastá-lo de suas raízes familiares, um místico desde a meninice, criado por seus avós, Cel. José Cardoso e Maria Isabel Cardoso, a mãe Laudicéia, suas tias Ubalda, Acidália, Zulinah e Maria Isabel, em companhia de seu irmão Zeca, José Cardoso Neto no velho palacete da Rua de Pacatuba?

É possível separá-lo do velho casarão a memoriar fatos não vistos por ele, mas conhecidos e testemunhados por seus familiares, que saciaram Fausto Cardoso em seu último gole de moribundo a exalar: “Bebo o sangue de Sergipe”.

Poderemos situar Walter em afastamento dos dramas familiares, quando seu avô, por motivos políticos tem que abandonar Sergipe, largando seus bens comerciais, como o abatedouro modelo e a concessão de transporte de bondes em tração animal, por emigração forçada para o Paraná, e com o retorno posterior a Aracaju, por novas injunções políticas, agora decorrentes dos feitos revolucionários de 1930 e seus tenentes interventores?

Será interessante dizer que no mal da perseguição, vingou também o bem, como desígnio do absoluto, permitindo ao menino Walter tecer relações, ampliar amizades e ligações bem além, no Paraná e no Rio de Janeiro, onde viria a ser enquanto estudante de medicina, um fiel seguidor de Jackson de Figueiredo por Alceu do Amoroso Lima no Centro Dom Vital e um discípulo atento de Miguel Couto, Hamilton Nogueira e Calazans Luz na velha faculdade da Praia Vermelha?

De Jackson o contato advinha do convívio com seus familiares, desde Aracaju, no Sítio Mira Mar, imediações do Bairro Santo Antônio, então propriedade de seu avô.

Em suas memórias listadas em “Vida e Tempo”, Walter se vê menino ao relembrar os gracejos de Jackson de Figueiredo, amigo de seus tios Clóvis, Aristarcho e Flaviano, que juntos ridicularizavam a novena de Santo Antônio realizada piedosamente por suas tias no Sítio Mira Mar, por ocasião da festa do Padroeiro.

Neste tempo Jackson de Figueiredo já se esboçava um agnóstico exaltado, anticlerical, nietzceniano. E é Walter que fala das peripécias folclóricas Jacksonianas, primeiro quebrando imagens de santos das igrejas de Maceió enquanto estudante de humanidades, depois como estudante de Direito na Bahia comandando reação ao desembarque de Jesuítas que ali chegavam expulsos de Portugal, e finalmente sua conversão diante de Dom Sebastião Leme, então Arcebispo Coadjutor do Rio de Janeiro.

Uma conversão arrebatada, inexplicável, semelhante à queda de São Paulo na estrada de Damasco: Jackson de Figueiredo, pela versão de Walter Cardoso em Vida e Tempo, procurara o Arcebispo pedindo sua intercessão junto a seus amigos católicos que o azucrinavam querendo que se confessasse à força.

Por respeito humano, incapaz de abrir-se em confidências de fraquezas a outro homem, o Sacramento da Confissão era o que Jackson menos admitia no catolicismo. Tanto era assim que foi dizê-lo diretamente a Dom Leme, segundo versão contada por Walter Cardoso em “Vida e Tempo”.
E o inusitado aconteceu, porque o bispo longe de tentar convencê-lo, conforta-o, acalmando-lhe a angústia, afinal se Jackson não desejava realizar a confissão ele não a deveria fazer.

Ocorre, conta Walter, que no caminho de volta, o pensador se vê desassossegado em inquieta agonia. Abrupta e inopinadamente, muda de ideia, procura um confessor e torna-se o apóstolo do catolicismo, idealizador do Centro Dom Vital e da revista Ordem, liderando a intelectualidade em reação ao agnosticismo de então.


Quando Walter Cardoso chegou ao Rio de Janeiro, Figueiredo já havia desaparecido, em quatro de Novembro de 1928, afogado nas águas da Barra da Tijuca, onde pescava num domingo de sol, com seu filho Luís e um amigo. A convivência de Walter no Centro Dom Vital se deu com outras figuras como Alceu Amoroso Lima, Perillo Gomes, seu professor Hamilton Nogueira e tantos outros.

Neste tempo ele era estudante de medicina, na velha Faculdade da Praia Vermelha, sendo discípulo de vários mestres como Miguel Couto, Aloysio de Castro, Hamilton Nogueira, Oscar Clark e Pedro Nava, entre outros.

De Miguel Couto, repete por lição: “o essencial é, pois; nunca perder de vista o caráter precário das leis patológicas”. E ainda: “Infelizmente a medicina não atingiu ao grau de ciência exata, ela é antes de tudo e, sobretudo, contingente, fadada a equívocos e contradições”. Reflexões sensíveis sobre a precariedade da ciência perante a inexorabilidade da morte. Tema que voltará, sob outro ângulo, recém-formado em Aracaju, diante do mestre Augusto Leite, chamado a confirmar um seu diagnóstico dado a um tio, Aristides Fontes, mas que não fora bem aceito e confiado por seus parentes: “febre com mais de três dias de duração, no nosso meio, a família do doente desconfia da competência do galeno; acostume-se, é o amargo da nossa profissão”.

Assunto retornado várias vezes em suas memórias, relatando a partida de amigos queridos e pacientes outros em que a luta do esculápio resta inglória.

Em ‘Retrato de Garcia Rosa’, por exemplo, o médico e amigo relata os últimos momentos do poeta recluso da Colina de Santo Antônio:
“Quando fui obrigado, atendendo o seu estado de saúde, a retirar-lhe os três últimos suportes que davam alegria a sua vida: o livro, o cigarro e a rede, não se conformou com a minha atitude fria, rigorosamente técnica.

Mostrou-me a imprecisão, as falhas clínicas no prognosticar moléstias. E mal prognóstico é sinal de precipitação, falta de bom senso, quando enunciado pode perturbar o equilíbrio mental do doente.

Apoiava-se em Francisco de Castro, ‘o erro é o flagelo da humanidade, envenena as fontes onde a inteligência se retempera, enxovalha o esplendor das mais belas teorias’... Não tomei essa atitude, sem muito pensar. Tratando-se de um doente tão carente de alegria.

O livro era essencial, como as estrelas para luminosidade do céu. (Rosa) Leu permanentemente toda a vida. O cigarro era-lhe uma distração, devaneio, fantasia, pacificação; fumava um após outro, colocando cuidadosamente, o fósforo apagado na caixinha. Muitos fósforos gastava neste devaneio. Acendia e apagava o cigarro no ritmo da conversa. A rede, o embalo da vida, vaivém, razão e sentimento, luz e trevas, mergulho e reflexão. Experimentar o balanço da rede é conhecer prolongado descanso.

Além desses três suportes, também os amigos enchiam o coração de Garcia de alegria inefável. Um pescador de amigos. O amigo, o presente de Deus, o canto gregoriano que enchia sua alma de júbilo”.

Como homem público Walter Cardoso se destacou em ação e operosidade. Em chegando a Aracaju, após conclusão de Especialização em Saúde Pública, é nomeado em 1938 como Assistente Técnico do Departamento Estadual de Saúde Pública de Sergipe no Governo Eronides Carvalho.

Neste tempo a Saúde Pública modernizava-se graças a reforma implantada por João de Barros Barreto, então Diretor do Departamento Nacional de Saúde.

Walter chegava com boa formação sanitária. Fora aluno do próprio Barros Barreto, J.P Fontenelle, Thibau Junior, Raul de Almeida Magalhães, Arlindo de Jesus, Heraldo Maciel e Martagão Gesteira, entre outros que constituíam a nata da medicina sanitária de então. Viria posteriormente a ser Diretor Estadual de Saúde e foi o primeiro Secretário de Saúde, em 1964, no Governo Celso Carvalho.

De sua ação permanente e continuada advém muitas vitórias. Campanhas contra a Tuberculose, doença terrível que grassava então, com as famílias, sepultando muitos mortos.

Na minha família, por exemplo, foram quatro os vitimados; um avô, o médico Odilon Ferreira Machado, contaminado no seu múnus de cura, e três tios, num tempo em que o tratamento era precário, carente de uma medicação mais efetiva.

Ainda não vigia o mundo dos antibióticos. O Penicillium Chrysogenum era um mero “bolor de pão”, caído ao acaso numa cápsula de cultura de Staphylococcus se não lhe tivesse revelado letal, numa estranha constatação de Alexander Fleming, que num retorno de férias em 1928, descobrira como fruto de seu desleixo. Um desleixo que se revelou feliz, porque os que trabalham em microbiologia bem sabem que isso deve ser evitado; as cepas precisam ser preservadas de qualquer contaminação externa.

Mas, se o Penicillium já se revelara fulminante no ataque viral, neste tempo de ereção do Sanatório Hospital, a penicilina era ainda um quase sonho, afinal só em 1941 aconteceu seu uso humano, disseminado depois nos campos de Guerra, tendo chegado a Sergipe nos anos cinquenta, quando muita gente ainda morria com sua ausência e produção limitada, sem falar dos eternos óbices letárgicos da coisa pública.

Em outra luta como higienista, Walter enceta campanhas contra a Sífilis e Doenças Venéreas, criando um Dispensário Antivenéreo com um posto auxiliar profilático na Avenida Pedro Calazans, sob o comando do especialista Lucilo Costa Pinto, num tempo em que Gonorreia, Mula Sem Cabeça, Cancro e Crista de Galo eram moléstias incontroláveis, sem exibir a eufemística terminologia da sigla DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis), a AIDS ainda não fora detectada fatal, nem por SIDA, e o condom, a Camisa de Vênus, carecia de melhor apresentação, vulcanização e divulgação.
Ou seja, se hoje as doenças do sexo grassam tanto em meio a modernos tratamentos, meios de prevenção e cura, imagine pensar outrora, quando seu convívio perpassava por excedente ausência de higiene e outros cuidados.

Assim o trabalho de Walter Cardoso o revelava em destaque. Um depoimento de lavra de Garcia Moreno, por ocasião da publicação do Boletim do Departamento de Saúde em 1946, assim testemunha: “Walter Cardoso, forte expressão da medicina sergipana, é um dos técnicos mais adiantados em Saúde Pública no país. Seus trabalhos em torno do problema médico-social da criança sergipana de muito que atravessaram as fronteiras das províncias, para receber os louvores dos grandes centros do país. Estudioso e objetivo, vem imprimindo à administração do nosso Departamento de Saúde diretrizes novas e fecundas. Sanitarista de escol, tem procurado, em esforço admirável fazer o seu Departamento um órgão vivo de educação sanitária, antes adstrito ao papel exclusivo assistencial. Os postos de puericultura e os lactários localizados com precisão estratégica, onde clamavam as necessidades populacionais, constituem realização de um programa já benemérito. Com parcos recursos orçamentários, inaugurou a coleção de ‘Estudos Sanitários’, já com dois trabalhos à luz da publicidade, Realizou no ano passado (1945) uma magnífica ‘Semana de Luta Anti-Venérea’, da qual, de par com a mobilização da palavra esclarecedora de entusiastas colaboradores, fundou um posto de profilaxia das doenças venéreas, em moldes modernos e de uma eficiência que se está verificando ser absoluta”.

Idealizando um Serviço de Recuperação Social, nos anos que se seguiram Walter Cardoso atacou dois focos, verdadeiros atentados sanitários.
O primeiro, localizado na Ilha das Cobras, covil de casas miseráveis, nas imediações da Avenida Coelho e Campos, e o segundo no Curral, antro da mais baixa prostituição, nas vizinhanças do Parque João Cleofas.

Neste tempo o Governador é Arnaldo Rollemberg Garcez que sensível ficou aos seus projetos. Surgia então, em 27 de março de 1953, o Conjunto Agamenon Magalhães, concebido com um Serviço de Recuperação Social anexo, desativado no governo seguinte, restando somente o conjunto residencial sem maiores preocupações de conservação pela saúde pública.

Foi partícipe da ideia e criação do Centro Social D. Fernando Gomes, do Grupo Escolar José Rollemberg Leite, do Posto Médico Walter Cardoso, de Lavanderias Públicas, do Campo Adolfo Rollemberg, da Escola Vocacional, do Artesanato Coelho e Campos, do Gabinete Dentário, e de centenas de casas construídas entre 1952 e 1953.
  
Posteriormente, no Governo Celso de Carvalho, por criação da Secretaria da Saúde, torna-se o primeiro titular daquela pasta, dela saindo com muitas realizações e encômios.

Walter Cardoso não se limitava ao seu gabinete. Certa feita, numa campanha de Higiene Pública, recebeu por denúncia que um restaurante dos mais frequentados em Aracaju escorria o arroz e o macarrão no desvão de um sanitário.

Pôs-se à frente do Comando Fiscalizador, constatando a veracidade do fato, interditando o restaurante o que lhe rendeu algumas contrariedades porque o seu proprietário era uma importante figura da sociedade. Como a interdição só foi suspensa após o saneamento da irregularidade, Walter teve sua placa de consultório danificada. Era a reação à “minha atitude severa, talvez antipática, mas justa”.

Walter Cardoso foi também professor da Faculdade de Medicina de Sergipe, lecionando Doenças Infecciosas e Parasitárias. Inspirava-se em Carlos Chagas e Miguel Couto.

De Couto, repetirá em seu ‘Vida e Tempo’: “Grande professor só será aquele que for, ao mesmo tempo, um grande artista, capaz de se arrebatar de paixão pelo seu ofício e de comunicá-la com a mesma intensidade aos seus discípulos”.

Homenageado por várias turmas de médicos concluintes como Paraninfo, Walter Cardoso deixou vasta obra de outros escritos: Problema da Saúde da Criança – 1940, Tuberculose em Aracaju – 1942, Culto à Criança 1943, Luta contra a Sífilis e as Doenças Venéreas em Aracaju – 1944, Mortalidade Infantil – 1945, Luta Contra a Fome – 1948, Esquistossomose Mansônica no Negro - 1953, Recuperação Social – 1955, Mixedema do Adulto – 1959, Perspectiva da Saúde Pública em Sergipe – 1964, História da Saúde Pública em Sergipe – 1966, Saúde e Promoção Humana – 1966, Saúde Pública e Ensino Médico – 1966, Anemia nas Esquistossomose Hepato-Esplênica – 1970, Importância das Doenças Tropicais em Saúde Pública – 1971, Discursos Acadêmicos – 1979, Retrato de Garcia Rosa – 1984, e Vida e Tempo, Memórias – 1986, Membro da Academia Sergipana de Letras e Laureado pelo Presidente Castelo Branco com a Ordem de Mérito Médico em 1966.

Casado em 28 de outubro de 1939 com Antônia Angélica de Faro Cardoso, o casal deixou três filhos: Elizabeth, Angélica e Walter Luís e muitos netos. No seu falecimento, em dois de maio de 2001, já não mais existia o palacete de sua infância na Rua de Pacatuba, fotografia de capa de “Vida e Tempo”.

Neste livro de memórias Walter lista alguns textos de sua inspiração ou de outrem que subscreveu com viva emoção: “A Santidade é a mais nobre aventura do homem. Heroísmo total. Vencer o mal, o orgulho e a vaidade. É a comunhão com Deus. É tornarmo-nos justos diante de Deus”.

E agora, no centenário do seu nascimento, diante de sua obra, missão e fé, cabe a pergunta de sua existência. Vale a pena ser santo? Ser como Walter, um homem temente a Deus, um cavaleiro defensor de sua fé num mundo essencialmente racional com a entronização do homem como supremo deus e senhor da sua destinação?

Postagem original na página do Facebook, em 14 de Agosto de 2012.

Olímpio Campos (1853-1906)


"Olímpio Campos nasceu em 26 de julho de 1853, na cidade de Itabaianinha. Antes de se tornar governador foi deputado provincial por dois mandatos (1882-1883, 1884), deputado geral (1885-1889) e deputado federal três vezes (1893-1894, 1894-1896, 1897-1899). Após deixar o mandato de governador, tornou-se senador entre 1903-1906, quando foi morto, apunhalado pelas costas na Praça 15 de Novembro, antigo Largo do Paço, centro do Rio de Janeiro, então capital da República. O crime ocorrido três meses após a morte de Fausto Cardoso, ambos por motivações políticas, chocou o Estado de Sergipe, para onde o corpo do padre foi trazido e sepultado". *

* Foto e texto reproduzidos do site casacivil.se.gov.br

Postagem original na página do Facebook, em 15 de Agosto de 2012.

Cortejo Fúnebre de Olímpio Campos, em Aracaju (20.11.1906)


"Cortejo fúnebre em Aracaju, no estado de Sergipe, em 20 de novembro de 1906. O cortejo, composto por estimadas 15.000 pessoas, acompanha o corpo do então senador Olímpio de Sousa Campos, jornalista, sacerdote, professor e político, assassinado na cidade do Rio de Janeiro por motivos políticos... A legenda original da fotografia é a que segue: "Vista tomada por ocasião do desembarque do corpo embalsamado de Monsenhor Olímpio de Campos, no momento em que orava o talentoso literato Dr. Manoel dos Passos de Oliveira Teles. Mais de 15000 pessoas fizeram parte deste fúnebre cortejo. Havia sinais de luto por toda a parte. Os combustores da iluminação estavam cobertos de crepe. De armas em funeral a Força do Estado aguardou o cortejo, incorporando-se depois. NOTA: Como sabem os senhores, Monsenhor Olímpio de Campos, senador federal e chefe político de valor incontestável, fôra assassinado no Rio de Janeiro, no Largo do Paço, próximo à Rua Primeiro de Março. Embalsamado e conduzido para o último repouso da terra de seu berço, recebeu de seus conterrâneos as sentidas homenagens de que essa fotografia é um pálido eco." *

* Foto e texto reproduzidos do site laeti.photoshelter.com/image
Luiz Alberto Jr. - Laeti Images.

Postagem original na página do Facebook, em 14 de Agosto de 2012.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

"Tardes e Noites de Domingo"


Por Luiz Antonio Barreto 

"Embora criada com fóruns de capital, como São Cristóvão foi fundada como Cidade, Aracaju ganhou um glamour todo especial, realçado, muitas vezes, pelos seus mais eminentes cronistas e por uma legião de admiradores, conquistados ao longo do tempo. A marca trágica das febres ficou como página da história, arquivada no passado.
As duas necessidades básicas do seu urbanismo, o saneamento e o embelezamento, tomaram o lugar das áreas pantanosas, dos córregos, dos alagados, honrando o projeto original, do xadrez de quadras, com ruas simétricas, praças, tendo como peão de ordenamento a Praça do Palácio, hoje Fausto Cardoso. Desde cedo, portanto, que a Praça Fausto Cardoso é um ponto importante na planta da cidade, que daqui a dois anos completará 150 anos.
Na Praça a Ponte do Imperador, ali construída para receber Pedro II, sua mulher e comitiva, em 1860. De lá para cá o tempo fez da Praça um recanto especial, um ponto de convergência para os encontros amorosos, as retretas, as festas, as missas, as concentrações políticas, os ajuntamentos das procissões de Bom Jesus dos Navegantes, e tantas outras reuniões sociais. Na Praça, em 26 de agosto de 1906, morria assassinado o deputado federal, poeta e pensador Fausto Cardoso, que acabara de depor o presidente do Estado, desembargador Guilherme Campos, irmão e preposto do monsenhor e senador Olímpio Campos. O nome do mártir ficou, como testemunharia, por anos seguidos, as homenagens prestadas ao pé da sua grande estátua, chapéu na mão, imortalizando aquele cenário com sua revolução e morte, e onde está a inscrição lapidar: “A liberdade só se prepara na história, com o cimento do tempo e o sangue dos homens.” O monsenhor Olímpio Campos, também morto no episódio que ficou conhecido como “a tragédia de Sergipe” ganhou, na outra praça, monumento e culto à sua memória. Poucos lugares aracajuanos carregam tanta simbologia, tem tanto a ver com a vida da cidade, quanto a Praça Fausto Cardoso, seguida da própria Praça onde está a Catedral: diferentes em suas denominações e em seus usos. Da Praça a cidade ramificava-se para todos os lados, beirando o rio Sergipe, espelho de águas interioranas, com cheiro de açúcar que os saveiros traziam para os armazéns e trapiches, antes que fossem adoçar os alimentos por várias partes do Brasil e do mundo.
Pela rua João Pessoa, que antes teve os nomes de rua do Barão e rua de Japaratuba, o comércio escorria, de cima a baixo, o movimento do povo. A Praça Fausto Cardoso era uma divisa da cidade: para o norte, o comércio, os bancos, os estacionamentos, o porto, a estação ferroviária, os mercados, os caminhões de feira, e, mais adiante, as fábricas do bairro Industrial; para o oeste as ruas populares – Vitória (hoje Carlos Burlamaqui) e Bonfim (hoje Getúlio Vargas, mas também já foi Sete de Setembro), São Cristóvão e Laranjeiras, as oficinas, os bairros populosos; para o sul as residências burguesas, senhoriais, as ruas arborizadas, o caminho das praias.
Em 1955 a Praça Fausto Cardoso ganhou um novo equipamento, que embora construído no início da Rua de João Pessoa foi sempre uma conexão com a vida social da praça: o Cine Pálace, dotado de formas modernas, poltronas acolchoadas, ar condicionado central, pinturas de Jenner Augusto nas paredes, pequenas arandelas revelando o degradê, enfim um espaço luxuoso, que atraía nas tardes e noites do Domingo aracajuano multidão de pessoas, especialmente de jovens, para os seus filmes, nas sessões das 14, das 17, das 19 e das 21 horas, quando o som de Eb Tide parecia envolver os seus freqüentadores.
Havia uma harmonia em todo o conjunto próximo da Praça Fausto Cardoso. A rua João Pessoa, nos trechos entre a Praça e a rua de São Cristóvão, preparava as vitrines de suas lojas, com farta iluminação, para o Domingo. Parecia antecipar os centros comerciais de agora, que proliferam no mundo todo, iguais. Cada comerciante buscava a arte da decoração, para tornar suas vitrines cada Domingo mais belas, aos olhares de moças que andavam, indo e vindo, pelas calçadas da rua, num quem-me-quer que deixou saudades. O Cine Pálace exibia, pela tarde, em duas sessões, filmes americanos ou brasileiros leves, distraídos, e suas poltronas estavam, nos dois níveis do cinema, sempre lotadas. No intervalo entre as sessões do matinée as filas se formavam, compridas, pela rua João Pessoa ou, algumas vezes, pela travessa ao lado do cinema. Entre as 18 e 19 horas o jantar e a missa eram as atrações obrigatórias, mas as 19 horas o movimento começava a crescer, na porta do cinema, na rua João Pessoa, no footing que colocava os rapazes encostados nas paredes das lojas e as moças desfilando, com graça e beleza, nas calçadas, numa passarela elegante, cheirosa, muitas vezes propícia aos novos namoros. Na Praça, onde as moças completavam, ou iniciavam, suas rotas no quem-me-quer, casais de namorados escapavam dos olhares dos transeuntes, em idílios por entre os canteiros, tanto em direção a Ponte do Imperador, como nos velhos jardins, que já foram chamados de Olímpio Campos, entre as praças Fausto Cardoso e Olímpio Campos.
Logo após as 20 horas começavam novas filas para a segunda sessão do Pálace, freqüentada por maiores, que podiam permanecer na rua até as 23 horas. Quando começava a Segunda sessão do Pálace, as 21 horas precisamente, as pessoas deixavam a rua de João Pessoa e a Praça Fausto Cardoso, ao mesmo tempo, rapidamente. As luzes das vitrines eram apagadas, as portas das lojas cerradas, a fila do cinema tragada pelo início do filme, todo o cenário desocupado. Dizia-se, com humor, que naquela hora estava solto o homem nu. Naquele tempo a nudez podia, ainda, afugentar as pessoas, principalmente as jovens que percorriam a rua de João Pessoa, como se desfilassem a procura de um par.
Por anos seguidos as tardes e noites de Domingo reuniram multidões de rapazes e moças, tendo a Praça Fausto Cardoso, a rua de João Pessoa, as suas lojas, os seus cinemas – Pálace e Rio Branco, como ambientes especiais da vida social de Aracaju". (Publicado na Infonet em 2004).

Postagem original na página do Facebook, em 6 de Agosto de 2012.

"Aracaju de Ontem e de Hoje", de Jaime Gomes Junior - 06

Colina de Santo Antônio, em "Aracaju de Ontem e de Hoje". Acervo de Jaime Gome Junior.

Postagem original na página do Facebook, em 6 de Agosto de 2012.

sábado, 4 de agosto de 2012

"Aracaju de Ontem e de Hoje", de Jaime Gomes Junior - 05

Esquina da Rua João Pessoa com a Praça Fausto Cardoso. Do lado esquerdo, ontem o Cine Palace, hoje a Loja Center Palace. Do lado direito, ontem prédio da Intendência Municipal de Aracaju, hoje o Edifício Walter Franco.

Postagem original na página do Facebook, em 2 de Agosto de 2012.

"Aracaju de Ontem e de Hoje", de Jaime Gomes Junior - 04

Ontem: Casa de Dr. Augusto Leite. Hoje: Caixa Econômica Federal. Avenida Barão de Maruim, esquina com Rua Itabaiana, em Aracaju-SE.

Postagem original na página do Facebook, em 3 de Julho de 2012.

"Aracaju de Ontem e de Hoje", de Jaime Gomes Junior - 03

Postagem original na página do Facebook, em 3 de Agosto de 2012.

"Aracaju de Ontem e de Hoje", de Jaime Gomes Junior - 02

Levante de 13 de Julho de 1924,

“O antigo Colégio Nossa Senhora de Lourdes, ao fundo o Morro do Bonfim que foi demolido e deu lugar a Rodoviária Velha, a antiga Praça Inácio Barbosa que deu lugar ao mercado de artesanato e os primeiros antigos bondinhos movidos a tração animal (burros) que posteriormente foram substituídos pelos bondes elétricos em meados dos anos 30/40”. (Junior Gomes).

Postagem original na página do Facebook, em 3 de Agosto de 2012.

Levante de 13 de Julho de 1924, em Aracaju-SE. - 01


Postagem original na página do Facebook, em 30 de Julho de 2012.

"Aracaju de Ontem e de Hoje", de Jaime Gomes Junior - 01

Praça Fausto Cardoso, Palácio-Museu Olímpio Campos, em Aracaju-SE. "Ontem e Hoje". 
 Arte de Jaime Gomes Junior.

Postagem original na página do Facebook, em 3  de Agosto de 2012.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Poeta Araripe Coutinho e o Jornalista Ancelmo Gois

Foto: Álbum da página de Araripe Coutinho no Facebook

Postagem original na página do Facebook, em 2 de Agosto de 2012.

Painéis de Jenner Augusto, no Bar e Restaurante Cacique Chá

 
 
Painéis de Jenner Augusto (1924 - 2003), nas paredes do Bar e Restaurante Cacique Chá, no Parque Teófilo Dantas, em Aracaju-SE, pintados no ano de 1949.
Foto reproduzida do blog prologosincero.blogspot

Postagem original na página do Facebook, em 01 de Agosto de 2012.

Primeira Turma da Faculdade de Medicina de Sergipe (1966)

Primeira Turma de Medicina - Formandos de 1966. A partir da esquerda: Lídia, Rosa, William, Prof.Garcia Moreno, Antonio Cruz, Zulmira, Salviano e Simone.

Antonio Leite Cruz
João Fernando Salviano
Lydia Mesquita Salviano
Maria Rosa Silva
Simone Matos Moura
William de Oliveira Menezes
Zulmira Freire Rezende

Paraninfo: Dr. João Batista Perez Garcia.

Fonte: Dicionário Biográfico de Médicos de Sergipe.
Foto e texto reproduzidos do site linux.alfamaweb.com.br

Postagem original na página do Facebook, em 31 de Julho de 2012.