segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Homenagem ao jornalista Pascoal D'ávila Maynard Junior



Informação de Pascoal Maynard.

"Com muita honra e orgulho, informo aos queridos amigos que estarei recebendo no dia 01 de setembro, às 20 horas, na Sociedade Semear, a "Medalha do Mérito Jornalístico Monsenhor Fernandes Silveira" outorgada pela Associação Sergipana de Imprensa". (Pascoal Maynard).

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Pascoal Maynard.

Do Colunão/Ivan Valença/Jornal da Cidade, 30 e 31/08/2015.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 26 de agosto de 2015.

sábado, 29 de agosto de 2015

Governador do estado de Sergipe, Leandro Maynard Maciel

Governador do estado de Sergipe, Leandro Maynard Maciel,
em visita ao município de Propriá/SE.
Foto reproduzida do Facebook/Fan Page/Fotos da História de Propriá.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 23 de agosto de 2015.

Dom José Brandão de Castro, primeiro bispo de Prorpiá


Dom José Brandão de Castro, primeiro bispo de Prorpiá/SE.

Dom José Brandão de Castro (bispo) nasceu em Rio Espera/MG, em 24/05/1919. Filho de César Augusto de Oliveira Castro e Maria Afonso Brandão de Castro, fez estudos sacerdotais no Seminário de Mariana e no Seminário Redentorista de Congonhas, Juiz de Fora e São João del Rei. Também licenciado em Filosofia, emitiu seus votos religiosos na congregação do Santíssimo Redentor, sendo ordenado Sacerdote no Santuário de Nossa Senhora da Penha/SP em 06/01/1944. Com a criação da Diocese de Propriá, em 30/04/1960, foi escolhido pelo Papa João XXIII para assumir o posto de Bispo na Diocese, tomando posse em 16 de outubro do mesmo ano e foi sucedido por dom José Palmeira Lessa em 1988. Participou de quatro sessões do concilio Vaticano II de 1962 a 1965. Pertenceu à comissão Pastoral da Terra para os Estados da Bahia e Sergipe. Nos 27 anos e 100 dias de vida na diocese, defendeu a melhoria nas condições de vida para todos, não só no campo religioso, como no campo social e educacional. Fez parte da Academia Sergipana de Letras e faleceu em 25 de dezembro de 1999.

Texto reproduzido do site: aexam-mg.org.br
Foto reproduzida do blog: tribunadapraiaonline.com

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, em 23 de agosto de 2015.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Professor José Costa



"José Costa, meu professor de português no Murilo Braga; professor de literatura brasileira na UFS, sempre discreto, digno, formando milhares de jovens nesse Sergipe D'el Rey. Homem de cultura sólida, sem esnobismos. Minha homenagem". (Antônio Samarone).

Foto e Legenda: Antônio Samarone.
Reproduzidas do Facebook/Antonio Samarone.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 19 de agosto de 2015.

O Condado de Itaporanga

Amaral Cavalcante

(Senta que lá vem memórias)

O Condado de Itaporanga

Dora Garcez, minha vizinha em Itaporanga d’Ajuda, tinha poucos aninhos. Só sabia de si e das suas bonecas. De vez em quando Dora comparecia ao aniversário de Emanoel Sobral, filho de Manoel Conde Sobral e D. Alzira, neto do velho Maneca.
O comparecimento de Dona Clélia, mãe de Dora, era um acontecimento social de relevante significado: a elegância da festa estava garantida, bem como certa ordem nas traquinagens infantis, que ninguém ousava desobedecer a um “pito” de D.Clélia, dito com sobriedade, mas definitivamente severo.

Já eu, cria da veneranda professora Emiliana Nery, aguardava a festa como se fora um acontecimento sacrossanto. Sonhava com o enorme bolo confeitado no centro da mesa, uma maravilha rodeada de canapés e olhos de sogra, de balas enroladas em cacheados celofanes desfiados, cocadinhas de cravo enfiado, sanduíches de kitut Swift, patês de sardinha, deliciosos salgadinhos de fino lavor e a suprema atração da festa, o gostoso chocolate quente servido em copos de papel com motivos infantis estampados. Tia Emiliana, com seus quilos e quilos, pendurava os berloques sobre o discreto decote no festivo vestido de surah estampado e fazia o sacrifício de caminhar até a praça da igreja, onde moravam os Conde Sobral, para me levar à festa. Saudosa Dindinha.

A casa senhorial com todos os seus cômodos excepcionalmente abertos à curiosidade das crianças, era um universo de novidades. Ante os móveis negros, reluzentes e circunspectos, minha atenção se voltava para a maciez das almofadas de seda na sala de visitas, para a asseada organização das panelas na cozinha, para os quartos com seus estufados colchões e os enormes gavetões das cômodas com seus segredos domésticos: sedas de afago sutil, porta jóias coruscantes, caixinhas de rapé, fitilhos e sianinhas, cartões postais de Águas de Lindóia - sinais da vida elegante que eu sonhava ter.

Eu morava numa casa simples de quatro janelas abertas para a rua principal, de onde eu via os dois sobrados ancestrais que dominavam a cidade: o de Dona Zazá, a matriarca dos Sobral, e o de Dona Pombinha, mãe dos Garcez. O térreo do sobrado Garcez era um estábulo de ordenha onde, toda manhã, eu ia com uma caneca de ágata tomar leite espumante e fresco, tirado na hora do peito da vaca - o inesquecível sabor de vida saudável que marcou a minha infância em Itaporanga.

Já no sobrado de Dona Zazá eu costumava ganhar notas de cruzeiro estalando de novas, sempre que a visitava. Menino conversador e escolado pela Tia-Avó poeta, eu era posto sobre um tamborete para declamar, ao custo de alguns trocados, os textos que minha tia Duzanjos guardara em seu baú ministerial. Entre livros de literatura clássica e fotos esmaecidas de paradas estudantis de eras passadas, poemas e discursos escritos com letra de roseiral em tiras de papel pautado, celebrando datas cívicas.

É dai que eu venho.

Amaral Cavalcante - 2012.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 6 de agosto de 2015.

domingo, 23 de agosto de 2015

Homenagem a Antônio Conde Dias








Publicado originalmente no Facebook/Lucio Prado Dias.

Meu pai, Antônio Conde Dias.
Por Lucio Prado Dias.

Seu Tonico, como era carinhosamente mais conhecido, nasceu em 23 de outubro de 1911, em Itaporanga d´Ajuda, cidade localizada às margens do histórico Vaza-Barris, filho de Aurélio Rezende Dias e Carmelita Conde Dias.

Toda a sua infância e adolescência passou entre a cidade e a vida no campo, no Engenho Dira, então propriedade da família, com construções históricas que hoje se constituem em patrimônio arquitetônico do Estado, conforme se observa na publicação Arquitetura Sergipana do Açúcar, da arquiteta Kátia Afonso Silva Loureiro, de 1999.

A casa-grande do engenho, implantada num amplo vale por volta de 1670, apresentava na fachada frontal uma construção de estilo colonial, que depois foi ampliada em novo figurino, dessa vez, neogótico, mantendo, até hoje e de forma curiosa, os dois estilos.

No Dira, papai passa bons momentos de sua vida, prazerosamente lembrados por crônicas que enfocam a doce vida no campo, da singela carruagem puxada por carneirinhos e dos saraus literários que acontecem na Casa Grande e que nele estimula o gosto pela literatura.

A morte prematura do meu avô Aurélio Dias e as circunstâncias do momento forçam minha avó Carmelita a vender a propriedade e se instalar em Itaporanga. Mais avançado nos estudos, papai passa a trabalhar como coletor federal, em 1929, ano também que fica registrado pela publicação na imprensa do seu primeiro artigo jornalístico.

A morte do pai obriga ele a cuidar da família, da minha vó Carmelita, de duas irmãs, Jaci e Lucila (Lola). Esta permanece solteira até falecer e Jaci casa-se com o poeta José Sampaio, ficando porém viúva muito cedo, com dois filhos ainda jovens.

Em 1943 casa-se com a jovem Natália Sobral Prado, a quem conheceu em Itaporanga, quando ela passa a residir na cidade, vindo de Laranjeiras, onde nasceu e cresceu entre a cidade e o Engenho Pati e posteriormente Aracaju. Mamãe sempre foi uma figura extraordinária na vida de papai, pela fibra, tenacidade de fazer as coisas, companheirismo de todas as horas e coragem de enfrentar os desafios, sem limites de generosidade. Fazia exatamente o contraponto com a personalidade dele, que exigia sempre muita cautela, moderação, equilíbrio e paciência. Ainda hoje, mamãe é exemplo de destemor e perseverança.

Entre o trabalho na coletoria e seus escritos, papai teve uma atuação destacada em todos os movimentos civis, políticos, sociais e religiosos da cidade de Fellisbelo Freire, mesmo sem ter exercido cargos políticos. No entanto, era o “orador oficial” da cidade. Quando ele próprio não discursava, preparava os discursos dos políticos de então.

Juscelino Kubitschek de Oliveira, percorrendo o país em campanha presidencial, esteve com sua comitiva em Itaporanga, nos idos de 1955, sendo recepcionado por líderes políticos locais. Sua saudação foi escrita por papai, que carregou nas letras toda a admiração que possuía pelo construtor de Brasília, admiração esta que manteve por toda a vida.

Os escritos do jornalista Conde Dias são essencialmente fundamentados na sua extraordinária religiosidade e o respeito que possuía pelas instituições. Não foi à toa que escritora e poetisa Carmelita Pinto Fontes, referindo-se a ele, ressaltou: “Antônio Conde Dias pautou a sua vida pela integridade moral e o respeito que conservava pelos governantes (naquele tempo os governantes se faziam respeitar...) e transmitiu para os seus filhos exemplos de retidão de caráter, generosidade e humildade”.

Em 1947, por ocasião das comemorações do cinquentenário do Apostolado da Oração, ele componhe, em parceria com o maestro Genaro Plech, o Hino oficial dos festejos: “Irapiranga aqui reunida, vos consagra em seu coração, genuflexa se rende contrita, glória, amor, filial devoção...”

No ano seguinte, escreve a letra do Hino da Padroeira da cidade, Nossa Senhora d´Ajuda: "Terra nobre, pujante e querida, neste dia de glória e louvor, vem render grandiosa homenagem, à excelsa Rainha do Amor...”. O hino, em nova parceria com Plech, é homologado como oficial pelo Monsenhor Carlos Camélio Costa, em 2 de dezembro de 1949, mas intrigas da terrinha fizeram com que o mesmo fosse esquecido por anos, sendo substituído por outro feito para comemorar o Congresso Eucarístico. A força da letra e a evocação à santa fizeram, contudo, que o povo da cidade ribeirinha voltasse a cantar o hino oficial, que se mantém até os dias de hoje, a cada 2 de fevereiro.

No cortejo fúnebre que o levou da igreja ao cemitério, ao fechar os olhos para a vida terrena e o abrir para a vida eterna, em janeiro de 1992, o povo espontaneamente cantou o Hino de Nossa Senhora d’Ajuda, em momento de forte emoção.

No momento em que a educação dos filhos necessita de uma atenção mais rigorosa, traz-nos para Aracaju, em 1961, e passamos a residir na Rua da Frente ( Av. Ivo do Prado, 198). Aposentando-se do serviço público federal, começa a conviver mais de perto com jornalistas integrantes da Associação Sergipana de Imprensa, como Eliéser Leopoldino, Zózimo Lima, Marques Guimarães, Benvindo Salles de Campos Neto, entre outros, colaborando para o engrandecimento da instituição. Em sua trajetória jornalística, escreve mais de 5 mil artigos, em inúmeros jornais e revistas de Sergipe e outros estados, a exemplo de A Cruzada, O Nordeste, A Semana, O Mensageiro da Fé, a Semana Católica, o Santuário de Aparecida e a revista Vida Doméstica, esta editada no Rio de Janeiro.

Lembro-me, com intensa nostalgia, de vê-lo sentado na pequena escrivaninha, virada para a janela, na sala de visita que dava para o rio que corria preguiçosamente na nossa frente, datilografando, pausadamente, na sua compacta Remington, os escritos que ele próprio levaria à redação do jornal, no dia seguinte.

Nas comemorações dos seus 80 anos, em 1991, lança o livro QUADROS DA VIDA, um breve resumo de sua vasta produção. Pouco depois, em 30 de janeiro de 1992, papai falece, deixando-nos um legado da humildade e fraternidade.

Sua lembrança, suave e luminosa, será sempre para mim uma bandeira de incentivo e de vitória, uma clarinada de fé e de esperança, como um facho imenso de glória que os tempos jamais apagarão.

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Lucio Prado Dias.


Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 9 de agosto de 2015.

Amaral Cavalcante



Fotos: Arquivo Amaral Cavalcante.

Publicado originalmente no Facebook/Sílvia Menezes Leroy.

"Conto 67 anos e os meus demônios estão exaustos."

"Amaral Cavalcante, quem quiser conhecê-lo um pouco vai ter que ler muito, tudo o que escreve, e talvez ainda seja pouco… Essa alma irrequieta não cabe em etiquetas. Um Amaral combativo pode revelar-se, o tempo de uma leitura, num texto conciso e percutante. Mas logo vem outro, confidencial, em tom menor, e é outro Amaral que ali está, sem fantasia. Há o Amaral provocador, o menino ferido, o crítico inteligente, o homem que não se ilude e nem por isso desiste de lutar, que se nutre da infância e do amor à vida, vive no presente e aposta num futuro que sabe incerto. Há o poeta que sabe traduzir o seu amor por homens, bichos e compoteiras coloniais, que se dá por inteiro em cada frase. Há o escritor que deseja ser lido e amado, mas tem um medo visceral de ser levado a sério. Um anti-herói comovido, macunaímico, profundamente sincero no seu modo de contar no mundo, é o meu amigo Amaral". (Sílvia Menezes Leroy).

Texto reproduzido do Facebook/Sílvia Menezes Leroy.

Postagem originário da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 16 de agosto de 2015.

Folclore sergipano II



Folclore sergipano II
Por Luiz Antônio Barreto

Em 1977, quando a então Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, dirigida por Bráulio do Nascimento, promoveu a pesquisa do Atlas Folclórico do Brasil o Estado de Sergipe foi o que mais apresentou grupos folclóricos sobreviventes: 220. Eram bandas de Zabumba, grupos de São Gonçalo, Reisado, Guerreiro, Cacumbí, Taieira, Maracatu, Pastoril, Candomblé ou Xangô, Chegança, Bacamarteiros, Samba de Coco, Samba de Aboio, Batucada, Pisa Pólvora, Batalhões, Parafusos, Cangaceiros, dentre muitos outros.

Os 220 grupos, que davam a Sergipe a condição de maior reserva folclórica do Brasil, estavam espalhados por quase todo o Estado e se apresentavam em períodos de festas, ou cumprindo promessas, como as Zabumbas quando acompanham procissão pedindo chuva, ou os grupos ligados ao calendário litúrgico, como os de Laranjeiras e os de Japaratuba.

Laranjeiras é, por excelência, a terra do folclore, com manifestações ligadas ao Catolicismo e aos cultos negros. Na Festa de Reis os grupos participam da Missa e da Procissão de São Benedito, desfilando pelas ruas sinuosas da cidade. Alguns grupos são do povoado Mussuca, onde parece estar a maior concentração, e de onde saem, todos os anos, o grupo do São Gonçalo, formado por homens, que vestem calças compridas cobertas com saiotes e com camisas cobertas de fitas, e o grupo do Samba de Parelha, com suas quadras, seus estribilhos e sua dança de coco. Outros grupos, de outros povoados, se somam aos de Laranjeiras para participarem da festa tradicional, uma das mais antigas de Sergipe.

Vários pesquisadores e escritores fizeram o registro do folclore laranjeirense, dentro do contexto sergipano, como Beatriz Góes Dantas, que a partir do estudo que fez da Taieira, ainda dirigida por Bilina, ampliou sua interpretação das danças ligadas ao ciclo de festas católicas de Laranjeiras. A professora estudou o São Gonçalo e a Chegança, à época comandada por Oscar, e que era um dos mais organizados grupos folclóricos do Estado. Beatriz Góes Dantas estudou a contribuição indígena, negra, e em seus livros estão os mais importantes registros antropológicos sergipanos.

Outro autor que tem dedicado parte de sua obra ao folclore é Jackson da Silva Lima, que publicou um volume de romances – O Romanceiro em Sergipe – e organizou uma extensa bibliografia folclórica, resgatando autores e títulos referenciais do folclore sergipano. Paulo Carvalho – Neto, recentemente falecido, é outro autor importante, cuja obra foi ampliada com suas participações nos Encontros Culturais de Laranjeiras. Carvalho Déda, de Simão Dias, autor de Brefaias e Burundangas do Folclore Sergipano, recentemente reeditado, é outro estudioso importante, cuja contribuição amplia bastante o conhecimento dos fatos folclóricos no Estado.

Autores como Felte Bezerra, Aglaé Fontes de Alencar, Núbia Marques, contribuíram para que a bibliografia sergipana de folclore ganhasse títulos importantes, que revelam a beleza e a variedade das danças, dos folguedos e da literatura oral. Outros aspectos da cultura popular, como a culinária e o artesanato, ganham também seus pesquisadores e intérpretes.

Desde 1976 que é realizado em Laranjeiras, durante o período da festa de Reis, o Encontro Cultural de Laranjeiras. O Encontro, que tem como tripé a pesquisa, o estudo e a divulgação do folclore, tem reunido especialistas de todo o País e alguns do exterior, todos interessados nas temáticas que anualmente são eleitas para estudo. Um levantamento feito por Bráulio do Nascimento, por ocasião dos 20 anos de Encontro, constatou-se que grande número de pesquisadores deram à bibliografia brasileira do folclore mais de 300 títulos novos, resultantes de conferências, comunicações, debates, e outras participações.

Assim como é possível reconhecer a contribuição que os Encontros Culturais de Laranjeiras têm dado ao Brasil, com sua bibliografia própria, se poderá dizer que Laranjeiras hoje é uma Escola de Folclore, reconhecida e respeitada por estudiosos e instituições ligadas à cultura popular do Brasil.

Os Encontros expõem e debatem temas folclóricos, com a mais absoluta liberdade de expressão, permitindo mudança nos conceitos e no entendimento do fato folclórico, e por isso mesmo renovando o aprendizado. Para aprofundar ainda mais os estudos foi criada a Jornada de Estudos da Cultura Medieval, convidando à participação especialistas dos Estados Unidos, da Itália, da Espanha, de Portugal, da França, e de várias partes do Brasil. Tanto os Encontros, como as Jornadas, tiveram parte do material editado em Anais.

O Artesanato, a Literatura de Cordel, a Medicina Popular, a Culinária, os Jogos Infantis, o Conto Popular, a Arte e a Educação, o Folclore Negro, a Música, a Dança e os Folguedos, foram alguns dos temas discutidos em Laranjeiras, enquanto era mostrado o folclore dos grupos, em cortejo pelas ruas e em apresentações especiais. Lambe Sujo e Caboclinhos, Taieira, com Maria de Lourdes, recentemente falecida, Reisado de Lalinha, com ela e depois dela encantar-se, Chegança, de Oscar e depois dele ter partido para a eternidade, o Cacumbi, e outros grupos locais deram as boas vindas para que Sergipe todo mostrasse a riqueza do seu folclore.

Texto reproduzido do site: sulanca.com/pesquisa
Foto reproduzida do site: palacioolimpiocampos.se.gov.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 16 de agosto de 2015.

Homenagem a Aglaé Fontes



Homenagem a Aglaé Fontes.

Aglaé Fontes - professora; escritora; folclorista; historiadora; uma das maiores pesquisadoras do folclore do estado de Sergipe, integrante da Academia Sergipana de Letras. Ajudou muito a ingressar na vida artística, com sua escolinha de música, lá por volta de 1950. Ela é sem dúvidas, uma mulher de grandes talentos!

Quando criança ganhava livros de presente dos pais, o que já lhe incentivava, quanto à literatura; folclore; a cultura do povo de um modo geral.

Sua mãe levava para cantar nas igrejas católicas. Com esse incentivo a arte da música, fez um curso de educação musical na Bahia, e escrevia textos teatrais para as escolas. Isso foi o inicio para sua carreira de contadora de histórias. Talento reconhecido! Ganhadora do prêmio Contadora de Historias do Banco Real, com “O Menino que Sabia Demais e o Padre”.

Nasceu em Lagarto município do estado de Sergipe, morou em várias outras cidades devido à profissão do seu pai, que era Funcionário Federal. Mas não teve jeito, sua grande paixão mesmo era lecionar e diz, se nascesse novamente, faria a mesma coisa, pois ser professora é o que mais gosta.

Mesmo aposentada ainda leciona, musica e teatro são os alicerces de sua vida. Grande palestrante , sempre preocupada em manter viva a cultura e tradição sergipana e conscientizar as pessoas desta importância, alerta a todos que as novas gerações tenham um referencial cultural.

Fonte: aglaefontes.blogspot.com.br
Foto: Ascom/Funcaju.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 16 de agosto de 2015.

sábado, 22 de agosto de 2015

Posse de Murillo Melins, na Academia Sergipana de Letras

 Foto reproduzida do Facebook/Tatiana Melins.

Foto reproduzida do Facebook/Neu Fontes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 15 de agosto de 2015.

Gizelda Morais



Gizelda Morais.
Por: Allan Tenório Bastos de Oliveira.
Contato: allantbo@hotmail.com

Gizelda Santana de Morais nasceu no município de Campo do Brito em Sergipe no ano de 1939, sendo filha de Antônio Dórea Morais e Maria Pureza Morais. Aprendeu a ler na cidade de Tobias Barreto através de literatura de cordel que ela sempre comprava a um vendedor de livretos que tinha uma barraca. A partir daí, a renomada escritora passou a ler Romances e poesias, tornando um hábito para ela um hábito a partir dos 8 e 9 anos.

Seus primeiros poemas foram escritos, primeiramente, quando Gizelda Morais estava com 12 anos. Estudou o Ensino Fundamental e Médio no Estado em que nasceu, fez o ginásio no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, e lá a chamavam para fazer poesias. Porém, ela afirma que poesia por encomenda não é muito bom, mas só é bom quando temos vontade para fazer. Ao estudar no Colégio Estadual Tobias Barreto, ela mantinha algumas colunas em jornais como A Gazeta de Sergipe, Correio. E nessa época, estudando ainda no Colégio Estadual Tobias Barreto é quando o Movimento Cultural de Sergipe publicou o seu primeiro livro de poesias. Depois cursou Filosofia em Belo Horizonte, e, posteriormente, foi morar em Salvador, concluindo o Curso de Filosofia e também de Psicologia. Fez também Mestrado em Psicologia na USP e, posteriormente, cursou o Doutorado e Pós-Doutorado na França. É membro da Academia Sergipana de Letras.

Trabalhou como professora na Universidade Federal de Sergipe, Bahia, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, além de ter sido participante de movimentos culturais, sendo secretária regional e conselheira em órgãos nacionais como CFE, CNPq, CAPES, INEP e SBPC, além de ter lecionado na Universidade de Nice, na França.

Seu primeiro livro com poesias, Rosa do Tempo, fora lançado quando a autora tinha apenas 18 anos de idade, sendo publicado pelo Movimento Cultural de Sergipe (MCS). Sendo uma das criadoras do Clube Sergipano de Poesia.

No ano de 1959, ao ter participado do Concurso Universitário de Poesia em Belo Horizonte, teve a colocação de primeiro lugar.

Quanto a sua dedicação aos Romances, isso só ocorreu de forma mais intensa quando ela se aposentara.

IBIRADIÔ E PREPAREM OS AGOGÔS

Os seus Romances, Ibiradiô: As várias faces da moeda, e Preparem os Agogôs, a autora afirma que ambos os livros tratam da história de Sergipe. O primeiro do extermínio dos índios. O segundo das relações entre escravos e senhores de engenho. E esses livros para a autora são considerados históricos e uma dívida que ela tinha com essas temáticas.

O intuito dela ter escrito o Romance Preparem os Agogôs seria para que a sociedade sergipana tomasse consciência da miscigenação, bem como a contribuição dos povos originários (povos indígenas) e dos africanos com relação à cultura brasileira.

OBRAS¹

Contos:

* Contos (2004)

Poesias:

* Rosa do Tempo (1958);

* Baladas do Inútil Silêncio (1964);

* Acaso (1975);

* Verdeoutono (1982);

* Cantos ao Parapitinga (1991);

* Poemas de Amar (1995) [Em parceria com Núbia Marques e Carmelita Fontes];

Coletâneas:

* Palavra de Mulher (1979),

* Aperitivo Poético (1986);

* NORdestinos (1994) [Lançado em Lisboa].

Ensaios literários:

* Esboço para uma análise do significado da obra poética de Santo Souza (1996).

Pedagogia:

* Pesquisa e Realidade de 1º Grau (1980).

Romances:

* Jane Brasil (1990)

* Ibiradiô: As várias faces da moeda (1990) [Lançado também na França]

* Preparem os Agogôs (1997)

* Absolvo e Condeno (2000)

* Feliz Aventureiro (2001)

* A procura de Jane (2010)

PARTIDA PARA O ETERNO

O carro vinha, vinha devagarinho
fúnebre carro, lúgubre.
A chuva caía fina, incessante caía.
Gotejavam nos lenços as lágrimas do céu
gotejavam nos lenços as lágrimas dos homens.
E ele partia imóvel, calmo;
Criaturas ficavam, moviam-se tristes, choravam...
Os olhos inchados, parados, sem dizer palavras,
porque elas não valiam.
Corações, pobres corações!
Se houvesse um coração de penas conformado!
Se houvesse um coração só feito de saudade!
Saudade ver partir sem dizer nada.
Coração de esperança, apenas, noutro encontro.
E o carro partiu, partiu devagarinho,
as gotas da chuva tombando na terra, nos homens.
E ele partia imóvel, calmo, para a eterna viagem,
eterna eternidade.
Criaturas ficavam sentidas,
criaturas ficavam na luta da vida.

O HOMEM E O MUNDO

o homem vai
o homem vem
o mundo é o mesmo
o homem não
atrás da cortina
a luz se apaga
o homem se gasta
e o mundo não.

o homem prossegue
a música toca
o homem a escuta
e o mundo não.

no fundo das redes
os peixes repousam
o mundo descansa
e o homem não.

as fontes renascem
as rosas fenecem
o homem contempla
e o mundo não.

a noite é escura
o sol faz o dia
o mundo é cativo
e o homem não
o homem é vivido
o homem é passivo
o homem é lembrança
e o mundo não.

as pedras não falam
os ventos não gemem
o mundo se cala
e o homem não.

o espelho reflete
reflete e não vê
o homem é o mundo
e o mundo não.

E CONTINUAREI...

E continuarei
transpondo abismos,
palmilhando estradas,
sangrando os pés nos caminhos da vida.

E continuarei
pelos vales sombrios,
por estreitos valados,
sobre areias ferventes de desertos perdidos.

E continuarei
passando ao lado
da grande multidão
que olha, que escuta, que comenta
os passos agitados
que pisam pelo chão.

Mas continuarei
sorrindo, chorando,
caindo e levantando.
Continuarei
e chegarei assim,
não sei se arrependida,
triste ou satisfeita,
ao ponto terminal
da trilha em que vivi.
__________________________

¹ Além de poesias e Romances, Gizelda Morais também publicou vários trabalhos científicos em livros e revistas especializadas.

REFERÊNCIAS:

Antônio Miranda – GIZELDA SANTANA DE MORAIS. Disponível em: <http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sergipe/gizelda_santana_de_morais.html>. Acesso em: 10 de set. de 2013.

Estante Virtual. Disponível em: http://www.estantevirtual.com.br/qau/morais-gizelda. Acesso em: 12 de set. de 2013.

Entrevista com Gizelda Morais. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=OZvJEIoWKnE>. Acesso em 16 de out. de 2013.

REBRA – Rede de Escritoras Brasileiras: Gizelda Morais. Disponível em: <http://rebra.org/escritora/escritora_ptbr.php?id=1073>. Acesso em: 10 de set. de 2013.

Texto e imagem reproduzidos do blog: literaturasergipana.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 15 de agosto de 2015.

Gizelda Santana de Morais (1939 - 2015)






Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 15 de agosto de 2015.

Wagner Lemos entrevista Gizelda Santana Morais



Entrevista.

Gizelda Santana Morais

Veja o que pensa a autora do romance Ibiradiô em entrevista exclusiva ao professor Wagner Lemos.

Wagner Lemos - Fale-nos sobre o começo de tudo... sua infância, origens, seus pais, cidade natal... um fato marcante dessa época... seus primeiros contatos com o mundo da palavra...

Gizelda Morais - Falar disso seria quase um romance, Wagner. Resumindo: nasci na cidade de Campo do Brito. Minha mãe (Maria Pureza Santana Morais) era professora estadual, meu pai (Antonio Dória Morais) estava em São Paulo tentando melhorar de vida na expectativa de levar a família. Só fui registrada quando meu pai, já tendo regressado a Sergipe, a família morando em Riachão do Dantas, nasce minha irmã. Por isso, na minha certidão, consta que nasci em Riachão do Dantas. Dessa cidade guardo as primeiras lembranças, inclusive de um drama ensaiado por minha mãe com alunos do Grupo Escolar e a memória de uma canção cantada nessa peça. Dali a família se transferiu para a cidade de Tobias Barreto onde tive contato com o ABC e as primeiras cartilhas. Na feira semanal da cidade descobri a Literatura de Cordel. Debruçada sobre a mesa onde eram expostos os livrinhos, examinava as ilustrações e quando comecei a ler passei a ser compradora assídua, com a conivência de minha mãe que pagava o débito. Ao ser inaugurada a Biblioteca Tobias Barreto, na pequena casa que fora habitada pelo poeta e filósofo cujo nome é orgulho da cidade, comecei a frequentá-la, ainda cursando as primeiras séries do Primário. Lia o Tesouro da Juventude e os livros (romances, histórias e viagens) que encontrava nas prateleiras e atraíam a minha atenção. Foram esses os meus primeiros contatos com o mundo da palavra escrita. Aos 11 anos, fui para Aracaju, cursar o Ginásio no internato do Colégio N. S. de Lourdes. No ano seguinte, a família mudou para Aracaju, eu já começara a fazer versos. Fiz o secundário no Colégio Estadual Atheneu Sergipense, e antes de terminar o curso clássico tive o meu primeiro livro de poesias publicado – Rosa do Tempo, pelo Movimento Cultural de Sergipe, fundado e dirigido pelo escritor José Augusto Garcez.

WL - Para Gizelda Morais, o que é escrever?

GM - É a minha melhor forma de comunicação com o mundo, de percepção dos sentimentos, de empatia e interação com os meus semelhantes.

WL - Qual sua relação entre prosa e poesia? Qual é a mais amada entre as duas na sua produção?

GM - Comecei com a poesia, como grande parte dos escritores. A liberdade de forma nesse gênero (sobretudo depois que a desvencilharam da métrica e da rima) favorece a expressão dos sentimentos, da observação dos contornos da realidade, das lembranças do passado e da projeção dos sonhos do presente e do futuro. O poeta deixa-se embalar pelo ritmo e manifesta as palavras que surgem de seu consciente e de seu inconsciente, não obrigatoriamente com sentido claro. A tentativa da prosa vem depois quando a experiência de vida é mais sólida, quando já se sabe o que se quer dizer e transmitir - valores, cultura, sentimentos, talvez um pequeno acréscimo à inteligência do mundo facilmente ultrapassada no fluxo permanente da vida. Qual a mais amada entre a prosa e o poesia, não sei. Tenho as minhas fases de paixão por uma ou outra.

WL - Já que nosso portal é voltado para um público estudantil, fale como foi a sua escolha pela psicologia.

GM - Na verdade, através das leituras e da observação do mundo, desde cedo me atormentavam aquelas questões que, em geral, afetam os humanos em maior ou menor grau, de maneira mais ou menos organizada. – De onde viemos? Para onde vamos? Qual a finalidade da vida? Etc, etc. Por causa disto eu preferi ir para Belo Horizonte estudar Filosofia, quando esta oportunidade me foi oferecida, deixando o curso de Direito para o qual fora aprovada na Faculdade de Direito de Sergipe. Os primeiros homens que se preocuparam em buscar respostas para essas questões foram denominados de filósofos – amigos da sabedoria. Eu queria ser uma amiga da sabedoria. Logo percebi, ao mudar de Faculdade de Belo Horizonte para a Federal da Bahia, a diversidade de respostas que eram dadas a essas questões. Considero isso importante na minha formação, pois, a partir daí, passei a rejeitar verdades absolutas nos diversos domínios da cultura humana – religião, política, ciência, filosofia. No amplo campo da Filosofia, passei a me interessar mais pelas questões relacionadas à aprendizagem, ao conhecimento, e à construção do conhecimento através da pesquisa, que constituem a parte da Psicologia com a qual mais trabalhei no meu exercício acadêmico.

WL - Onde começou o laço psicologia e literatura em sua vida?

GM - A literatura parece ter surgido primeiro (como exposto acima), mas na realidade é como aquela história do ovo e da galinha. Teria feito poesia por causa das questões psicológicas inconscientes, ou teria o envolvimento com a literatura, a atração por ela, levado-me a procurar explicações na Psicologia para muitas de minhas indagações?

WL - Como surgiu a idéia de escrever Ibiradiô? Isto é, como surgiu essa vertente em sua prosa?

GM - A vertente histórica, manifestada nos romances Ibiradiô e Preparem os Agogôs (e de outra maneira em Feliz Aventureiro) surgiu com o meu sentimento de dívida para com dois segmentos de nossa população, dos quais eu e a maioria da população brasileira descendemos – a indígena (autóctone) e a africana escravizada – espoliadas por aqueles que aqui se estabeleceram para tomar posse das terras e explorar as suas riquezas. A consciência de que a História oficial, aquela que lemos nos livros escolares, não nos contava toda a verdade, levou-me a realizar esses projetos – contar como teria se passado um pouco dessa História através da história romanceada de alguns personagens, carne, cérebros e ossos, recriados no ambiente do passado, com o auxílio de textos pesquisados e contextos imaginados.

WL - A sua experiência de morar no exterior refletiu de alguma maneira em suas obras?

GM - Claro. Toda experiência de vida é enriquecedora. Ao interagirmos com outros povos enxergamos aspectos que não percebíamos quando imbuídos de nossa própria cultura. Vemos o mundo por outros prismas e ao olharmos o nosso próprio entorno podemos vê-lo de maneira nova, sabendo, talvez, apreciar melhor suas virtudes, entender suas mazelas, posturas, erros e dificuldades.

WL - Atualmente quais os projetos de Gizelda Santana Morais?

GM - Estou tentando concluir um romance que remete ao meu primeiro – o pequeno Jane Brasil. Tenho outros projetos e pretendo trabalhar até o fim, isto é, fazer o que me for possível, no tempo e nas condições que me restam.

WL - Uma mensagem para os alunos que farão vestibular utilizando Ibiradiô.

GM - Que aproveitem bem esse tempo de estudante, tempo de acumulação de conhecimentos, de reflexão sobre a vida, sobre o nosso passado e o nosso presente. Desejo que saibam fazer as suas escolhas profissionais a fim de que, no futuro, exerçam suas atividades com satisfação, sabedoria e responsabilidade.

Texto e imagem reproduzidos do blog: wagnerlemos.com.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE. de 15 de agosto de 2015.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

O Carro Ideal


Publicado originalmente no Facebook/Petrônio Gomes.

O Carro Ideal.
Por Petrônio Gomes.

Quando eu tinha automóvel, minhas obrigações diárias eram intermináveis, pois era necessário que juntasse aos deveres normais os cuidados com o veículo. Era o nível de óleo para conferir, a bateria para examinar, a pressão dos pneus para observar. E alcancei a época dos radiadores que exigiam limpeza temporária. Era preciso levá-los para a oficina a fim de proceder ao desentupimento, chamado “varetagem”.

Havia também os “grilos” na carroçaria, um barulhinho enjoado que a gente não sabia de onde vinha, mas que nos deixava nervosos.
Tive um colega que gastava mundos e fundos para calar os grilos do carro. Corria para o mecânico e voltava para o Banco a pé, contanto que tivesse a certeza de que o silêncio voltaria quando o apanhasse de volta. Coincidência ou não, sabe-se que o mecânico prosperou bastante.
Outro dever semanal era lavar o carro. Eu fazia questão de assistir à cerimônia, embora recebendo no rosto os respingos da mangueira, antes do almoço sabatino, precisamente o mais tranquilo. Entretanto, primeiro o carro, depois eu. Parecia ser este o nosso lema naqueles tempos que hoje me fazem rir.

Há uma época para tudo. Depois, tudo irá mudando na vida da gente. Por uma razão misteriosa, nossas predileções vão seguindo outros rumos. Somos o palco vivo em que milhões de células nascem e morrem a cada minuto. Fico hoje pasmado quando me lembro das horas intermináveis que consumi, procurando melhorar a aparência de calhambeques cansados, gastando dinheiro e tempo com o que já estava perto do fim.

Mas depois da cirurgia nos olhos, quando o médico me recomendou uma série de cuidados, fui perdendo, aos poucos, o apetite para dirigir. Meu carro passou a ser um táxi, que no meu tempo de moço era chamado de “carro de praça”. Foram-se os dias de luta, dos deveres antipáticos, dos sábados perdidos.

Disco um número que já sabemos de cor, a digníssima consorte e eu, peço um veículo de quatro portas, com ar condicionado e rádio convenientemente desligado. A primeira condição, porque não tenho mais desenvoltura para aprender contorcionismo, pois um carro de duas portas para o público deveria ser proibido; a segunda condição, porque vivo com calor, dia e noite; e a terceira, porque afasto o perigo de aparecer um rádio ligado com “axé”.
Mas posso citar outras vantagens:

a) um carro de praça nos deixa na porta, sem a obrigação de estacionar a 2 quilômetros de distância;
b) isenção de pagar taxa aos “flanelinhas”;
c) isenção total do IPVA;
d) isenção de qualquer espécie de multas;
e) despreocupação angelical com os aumentos de gasolina;
f) despreocupação com despesas com oficinas;
g) direito a um chofer particular, com quem a gente conversa se quiser;
h) e finalmente, uma garagem livre em casa, onde poderemos guardar todas as coisas inúteis...

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Petrônio Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 12 de agosto de 2015.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Homenagem ao Poeta Sergipano, "João Sapateiro",


Foto da escultura do Mestre Demar em homenagem ao Ilustre Poeta Sergipano, "João Sapateiro", meu querido PAI. Imortalizado pelas suas Poesias, Caráter e Amor ao Próximo.

Foto e Legenda: Joselitto Franco Koka.
Reproduzida do Facebook/Joselitto Franco Koka.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, 11 de agosto de 2015.

Seo Antônio, da Padaria



Seu Antonio Carlos, setenta e tantos anos, aposentado, família criada, todos os filhos formados, esposa médica, poderia muito bem estar em casa descansando; mas estava as seis e pouco da manhã, de uma segunda-feira, no balcão da padaria atendendo os fregueses. Esse é o Brasil que me envaidece.

Foto e Legenda: Antônio Samarone.
Reproduzidas do Facebook/Antonio Samarone.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 10 de agosto de 2015.

Meu Pai, Armando Garcez

Meu pai, na cadeira de balanço, lendo a revista "O Cruzeiro", 
ambas disputadíssimas. O tempo levou tudo...

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 9 de agosto de 2015.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Hugo Costa



De Waldomiro Santos Júnior:

" Tive a felicidade de ter tido grandes mestres no jornalismo sem ter ido à faculdade. Célio Nunes, Luis Eduardo Costa, Carlos Alberto Souza, Carlos Montalvão, Benvindo Salles, Raimundo Luiz, o velho fotógrafo Luiz Carlos, meu compadre Cícero, Fernando Sávio. Com todos aprendi muito. De cada um incorporei ensinamentos e exemplos. Com uns a técnica do ofício, ética, consciência política. Com outros humanismo, fraternidade, companheirismo, superação e também reação, contraposição, polemizar.

Hugo foi de certa forma quem me proporcionou esses encontros precocemente, ao levar para a redação do velho Diário de Aracaju, do qual era editor, um menino de 15 anos que respondia perguntas de História e depois, de Literatura, no programa de TV em que ele era idealizador, diretor e, junto com Santos Mendonça, apresentador. Pouco tempo depois ele deixou o jornal e logo em seguida o menino-foca também saiu. Mas seguindo o seu conselho, já havia construído uma certa relação no meio, foi para outro jornal e seguiu em frente. Mas os olhos de Hugo sempre continuaram me acompanhando. Sentia nele uma certa responsabilidade em relação à minha carreira.

Alguns meses antes dele nos deixar, o encontrei aqui em Salvador, num restaurante. Veio com um dos filhos para tratamento da doença que enfim o venceu. Foi uma despedida. Contei essa história não para falar de mim, mas para homenagear, não apenas Hugo, mas uma geração de mestres que apostavam nos jovens, acolhiam, transmitiam generosamente seus conhecimentos, aconselhavam, davam exemplo e que marcaram as suas vidas. Nesses tempos da automação dos sentimentos, da competição, do medo das sombras agradeço ter tido esses mestres que marcaram a minha vida. E Hugo foi quem abriu as portas para essa oportunidade, ao pegar pela mão um menino de 15 anos, levá-lo a uma redação e na frente da máquina de escrever colocar a mão no seu ombro e dizer: "Escreve Eu sei que você é capaz".

Texto reproduzido do Facebook/Amaral Cavalcante.

Foto: Alberto Dutra/Arquivo Jornal da Cidade

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 8 de agosto de 2015.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

A Função dos Memoriais



Infonet > Blog Luíz A. Barreto > 20/12/2004.

A Função dos Memoriais.
Por Luíz Antônio Barreto.

O Tribunal de Justiça e a Assembléia Legislativa do Estado tomaram para si o encargo da recuperação de dois edifícios do século XIX, que funcionaram como espaços de poder, no curso da história sergipana. As atitudes exemplares dos presidentes Pascoal Nabuco e Antonio Passos, representando o Judiciário e o Legislativo, merecem todos os destaques e elogios, porque são singulares e valem mais intenções e decretos protetores, que desde 1937 tombam e “tombam” o patrimônio artístico e cultural do Brasil.

A política governamental de proteção aos bens históricos privilegiou, nos últimos 67 anos, os conventos, templos, casas senhoriais das fazendas de gado, dos engenhos de açúcar, das fazendas de café, os sobrados e outros monumentos que, juntamente com as peças de ouro e prata, as alfaias, o mobiliário das casas, parte dele importado, os equipamentos de montaria, os arreios, principalmente quando de prata e de origem senhorial, e mais algumas coisas. O mais ficou de fora, a começar pelas senzalas, pelas vilas operárias, pelas casas toscas de varas e de paredes feitas a sopapo, cobertas de palha, passando por tudo o que é do povo, incluindo as vestimentas do vaqueiro, couraça para enfrentar a vegetação quando na busca de reses desgarradas.

Quando se fala em patrimônio histórico, artístico e cultural afloram, imediatamente, São Cristóvão, Laranjeiras, um pouco de Estância, principalmente a avenida Capitão Salomão, com seus sobrados de fachadas azulejadas, pouquíssimo de Lagarto e de Propriá, quase nada das outras cidades sergipanas. Aracaju, que desde 1855 é cidade e capital, e que detém uma arquitetura eclética muito harmoniosa, não tem merecido as mesmas atenções que São Cristóvão e Laranjeiras. Vem aí o ‘Monumenta’, esforço de reforma, que ao que parece passará ao largo da capital, ainda que no próximo ano haja a festa dos 150 anos da cidade de Inácio Barbosa.

O prédio da Assembléia, por exemplo, é dos primeiros da nova capital e serviu até 1987 de sede do Poder Legislativo da Província, entre 1855 e 1889, e do Estado, de 1989 a 1987. Seus salões abrigaram várias repartições públicas, inclusive o Tribunal de Relação, por ela criado, no bojo da Constituição de 18 de maio de 1892. Trata-se de um prédio de dois pavimentos, dotado de mezanino, onde ficavam as galerias que reuniam os assistentes das sessões, muitas vezes reformado, de forma a ser preservado internamente e modificado externamente, seguindo as reformas feitas no prédio do Palácio Olímpio Campos, que fica na mesma praça.

Recebendo o nome de Palácio Fausto Cardoso, homenagem prestada ao mártir da revolução de agosto de 1906, o prédio da Assembléia foi restaurado, agora, para abrigar a Escola do Legislativo Deputado João de Seixas Dória, e o Memorial do Poder Legislativo, que leva o nome da deputada Quintina Diniz. O fato, já por si só merecedor de todos os aplausos, da reforma do prédio foi enriquecido com dois equipamentos essenciais e duas homenagens extraordinárias. A Escola do Poder Legislativo tem a função pedagógica de orientar, através de cursos, seminários, debates, a classe política e administrativa do Estado, incorporando entre eles os servidores públicos. O Memorial do Poder Legislativo, com sua exposição que conta a história de 170 anos da Assembléia, e com o reforço da biblioteca e do arquivo também instalados no prédio, vai estar encarregado de levantar fatos, nomes e datas que circularam na construção cotidiana da vida social.

As homenagens são capítulo especial, pois reúnem dois ilustres sergipanos. Seixas Dória, um dos maiores, talvez mesmo o maior tribuno que Sergipe já ouviu falar, destacado parlamentar nas duas primeiras Assembléias, depois da redemocratização de 1945, duas vezes deputado federal, brilhante e aplaudido defensor das teses nacionalistas e da riqueza nacional, governador do Estado, integrado na luta pelas reformas de base e por isto deposto e preso, com direitos políticos suspensos por 10 anos, até voltar à Câmara Federal, para encerrar uma carreira singular de político. Quintina Diniz, professora, diretora do afamado Colégio Nossa Senhora Santana, líder feminista, foi a primeira mulher eleita para a Assembléia de Sergipe, cumprindo função Constituinte, em 1935.

O prédio do Tribunal de Relação foi iniciado pelo presidente José Calasans, ainda em 1892, sendo inaugurado pelo presidente Oliveira Valadão. Vistoso, com um subsolo, um pavimento térreo de duas grandes salas, e um pavimento no 1º andar, também com duas grandes salas. Ali o Poder Judiciário funcionou por 35 anos seguidos, até mudar-se para o prédio que o presidente Manoel Dantas concluiu, na mesma praça Olímpio Campos, que antes era destinado a ser o Grupo Escolar General Siqueira, cuja primeira construção foi dada para servir de Quartel da Polícia, à rua de Itabaiana.

Reformado amplamente, o prédio agora tem nome: Palácio Silvio Romero, homenagem igualmente significativa, que dispensa justificação. Seu Memorial, com uma Exposição que ocupa todas as salas, inclusive as do rés-do-chão, conta a história de 112 anos do Poder Judiciário e com seu funcionamento terá a oportunidade de reunir documentos, formatar uma base de dados, oferecendo aos pesquisadores, estudantes e interessados, através dos modernos meios de consulta: DVD, CD, e outros suportes, que formarão um Centro de Pesquisas, todas as possibilidades de consulta.

O desembargador Pascoal Nabuco apresentou o prédio reformado e o Memorial aos desembargadores do Colégio de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil e colheu a impressão positiva dos visitantes, alguns dos quais prometendo transformar o Memorial do Poder Judiciário do Estado de Sergipe num modelo nos seus Estados. No dia 20 de dezembro o Memorial e com ele a reforma do prédio serão entregues ao uso público, como já ocorreu, no último dia 13, com o Memorial do Poder Legislativo. Aracaju ganha um múltiplo presente, materializado nas reformas dos dois prédios do século XIX, na Escola do Legislativo, e nos Memoriais dos dois poderes. Os Memoriais, que não museus, mas reúnem materiais de interesse museal, que não é arquivo, mas expõe documentos, que não é biblioteca, mas trabalha com livros, são equipamentos múltiplos, capazes de atender, de forma ampla, a quem quer aprender com a história, que é a ciência dos homens.

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto

Fonte "Pesquise - Pesquisa de Sergipe/InfoNet". Contatos, dúvidas ou sugestões de temas: institutotobiasbarreto@infonet.com.br.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 7 de agosto de 2015.