domingo, 27 de setembro de 2015

Homenagem a Eduardo Cabral


"Eduardo Cabral, homem de cultura, conhecedor do Sergipe profundo, das nossas origens; compareceu ontem a noite à homenagem que a Academia Itabaianense de Letras prestou ao seu bisavô, Francsico Alves de Carvalho Júnior, o maestro Franscisquinho, nascido na Villa de Santo Antonio e Almas de Itabaiana, em outubro de 1877. Além da bem construída biografia do maestro, elaborada e lida pelo historiador Aelson Gois, foram executadas várias peças musicais compostas pelo homenageado. Sua presença na solenidade, Eduardo Cabral, deu mais grandeza a nossa homenagem. Seja sempre bem vindo a nossa Itabaiana, onde estão às suas raízes". (Antonio Samarone).

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, 26 de setembro de 2015.

domingo, 20 de setembro de 2015

Réquiem para Maria Helena

Minha mãe, minha esposa e eu por ocasião de meu aniversário de 30 anos.
Crédito: Acervo pessoal do autor.

Publicado originalmente no blog Habeas Mentem, em 29/12/2014.

Réquiem para Maria Helena.
Por Humberto Júnior.

Foi no domingo à tarde. Tinha acabado de conversar com Sybylla sobre o estado de saúde de minha mãe. Estava explicando que ela se recuperava bem da cirurgia para extrair o tumor descoberto recentemente no cérebro, próximo da nuca, quando Geane, minha esposa, pediu para recolher algumas roupas, pois começara a chover.

Da escada ainda pude ouvir o telefone tocando. Geane atendeu e por seu tom de voz percebi que não era ninguém conhecido. Imediatamente senti meu corpo agitado. Venci os dois últimos lances de escada de um salto e entrei em casa perguntando quem era. O susto e a tristeza arregalados em seus olhos falaram por ela. Sua voz embargada apenas confirmou o que eu já temia…

Aos sessenta anos minha mãe, Maria Helena, a pessoa que mais amo no mundo, fragilizada após lutar por sofridos e angustiantes dois meses com o tumor no cérebro e da cirurgia para retirá-lo, não resistiu a um AVC, vindo a falecer na tarde de 2 de novembro de 2014.

Arrasado, desabei no sofá sem conseguir digerir plenamente a notícia. Geane me abraçou num misto de apoio e incredulidade. Senti-me pequeno diante da dor enorme. Choramos juntos por um bom tempo, até podermos nos sentir preparados para o que viria em frente.

De todos os exemplos e modelos de moral e integridade que tive na vida, não sou capaz de dizer nenhum que tenha me influenciado mais que minha mãe. Mulher de conduta exemplar em praticamente todos os aspectos de sua vida, respeitada por amigos, vizinhos e colegas de trabalho, sempre nutri por ela uma admiração maior que o sentimento mãe e filho. Minha mãe, Maria Helena era – e ainda é – minha maior heroína, não apenas devido ao laço sanguíneo, mas por sua inteira história de vida.

Nascida numa família pobre, com vários irmãos e irmãs, mais novos e mais velhos, minha mãe aprendeu a trabalhar duro desde muito cedo, cuidando dos irmãos menores e ajudando nos afazeres da casa. Essa infância dura iria moldar sua personalidade até o fim. Maria Helena cresceu desconhecendo o significado da palavra preguiça. Trabalhadora incansável fosse em casa, fosse nos diversos trabalhos que conseguira na vida. Diante dessa inabalável vontade de trabalhar, dizer que minha mãe ao nascer, ao invés de registro de nascimento, assinara sua carteira de trabalho, era mais que uma brincadeira: era quase um fato.

Ainda muito mocinha, ela foi trabalhar na casa de uma família de suíços, muito ricos que moravam em São Paulo. Pelo que minha mãe contava, essa família a conheceu aqui em Aracaju quando estavam de férias passeando pelo Nordeste. Ao que parece, a matriarca da família (uma senhora descrita como sendo muito fina, mas também muito dura, com jeitão de nazista fugida da Guerra), teria se encantado com minha mãe, não apenas pelo seu jeito trabalhador e zeloso, mas também por não ser negra, e a levou para trabalhar como empregada e babá na casa da família em São Paulo. Era o inicio dos anos 70 e essa era uma prática relativamente comum no Brasil (na realidade ainda é), de se pegar jovem garotas para trabalhar como quase escravas para famílias mais abonadas financeiramente. O irônico da história fica por conta do fato de que, apesar da pele clara e dos olhos verdes, minha mãe era filha de negros, sendo seus traços mais caucasianos herança de uma avó materna filha de holandeses.

Em São Paulo a vida era dura com muito trabalho, mas minha mãe deu a sorte de trabalhar para uma família culta o que permitiu a ela ter contato com o melhor da literatura e da música, além de poder terminar os estudos do ensino fundamental. Foi através do refinado gosto musical e literário de minha mãe adquirido nessa época que pude crescer numa casa repleta de livros e de muita música boa, não raro cantada por sua bela voz. Sambas, forrós e muita MPB eram seus repertórios preferidos, que, bem cedo na minha vida, me apresentaram nomes como Elis Regina, Chico Buarque, Adoniram Barbosa, Cartola, Luís Gonzaga e outros.

Graças a minha mãe também aprendi a ser um leitor voraz. Lembro com carinho de passar tardes inteiras lendo a coleção do Sítio do Pica-Pau Amarelo ou as inúmeras enciclopédias que ela comprara na época em que morara e São Paulo e conseguia um dinheirinho extra.

Algo que não lembro, mas que ela sempre fazia questão de contar: muito pequeno ainda, eu adorava ficar horas e horas contando histórias sobre monstros e extraterrestres e aventuras fantásticas, as quais ela escutava com aquela paciência infinita aparentemente parte do pacote chamado maternidade. Ela dizia que era a semente do jovem escritor contador de histórias que já estava a germinar.

Sempre respeitei muito minha mãe. Apesar de na adolescência, essa fase esquisita de rebeldia sem noção, termos tidos algumas diferenças, jamais levantei a voz para ela ou deixei de acatar alguma determinação sua, por mais que julgasse errada, prepotente, ditatorial ou qualquer outra bobagem que tivesse passado por minha tola cabeça adolescente.

Ela também sempre me foi uma fonte inesgotável de orgulho. Meu primeiro emprego foi numa rede de supermercados tradicional aqui no estado e na qual minha mãe trabalhava já por mais de 15 anos. Embora trabalhássemos em lojas diferentes, vários de meus colegas e superiores tinham sido colegas de minha mãe trabalhando na mesma loja que ela. Com orgulho posso dizer que meu gerente, ao saber que eu era filho de Dona Helena, como ela era carinhosa e respeitosamente conhecida, fez questão de falar comigo. Queria me elogiar e falar da minha responsabilidade para com a fama de trabalhadora responsável que ela possuía. Queria também dizer o quanto a respeitava por, apesar da dura jornada de trabalho ainda ter encontrado coragem e tempo para estudar e terminar o Ensino Médio.

Orgulho que sinto também de ter podido dar uma das maiores alegrias que minha mãe pôde ter. A de ver um filho formado numa licenciatura. Ela que admirava o mundo acadêmico e o ofício de ensinar como poucos. São heranças maternas meu carinho e respeito pelos professores. Ver seu filho formado numa licenciatura foi motivo de grande alegria para minha querida mãe, como me foi relatado por várias de suas amigas ao me conhecerem em seu velório.

A noite que passei velando minha mãe foi, obviamente, a mais dolorosa de minha vida. Mas também foi gratificante descobrir o grande número de pessoas que admiravam minha mãe. Pessoas para quem e com quem trabalhara, amigos e amigas com quem ia aos saraus de poesia e de música, conhecidos os mais diversos.

A memória tem o poder de manter vivo àqueles que perdemos. Por isso me pus a contar um pouco sobre o que sei da vida de minha mãe, como uma última forma de homenageá-la. Há muito pretendia fazê-lo e sinto muito só ter podido agora.

Que minha mãe encontre na morte, o descanso e a paz que ela tanto almejou em vida.

Texto e imagem reproduzidos do blog: habeasmentem.wordpress.com

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 19 de setembro de 2015.

Morre Gonçalo Prado (Filho de Gonçalo das Pedras)

Morre Gonçalo Prado (Filho de Gonçalo das Pedras).
Na foto, com a esposa Isaura, falecida em 2013.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 17 de setembro de 2015.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Os eleitos de Deus

Amaral Cavalcante.

Os eleitos de Deus
Por Amaral Cavalcante.

Botei meu tênis de caminhada e fui passear na orla, para desentravar as juntas e queimar a carga de carboidratos que acumulei nesses três dias de feriado.

Andei até os arcos, cumprimentando a todos com um leve sinal de cabeça, gozando da respeitável comiseração que têm os desconhecidos transeuntes, por um velho senhor de cabelos brancos a caminhar tão faceiro entre eles. Acompanhava-me o último livro de contos do amigo Antonio Carlos Viana que eu venho lendo devagarinho, a cada página me surpreendendo com a simplicidade do seu estilo. Sentamo-nos num banco sombreado ao lado do pensador Manuel Bonfim que ressonava impassível na sua pose brônzea, indiferente aos meus encantos com a literatura de Viana.

Na volta, como já era meio dia, resolvi almoçar no velho bar Santo Antonio, um dos três últimos restaurantes “nativos” que sobraram na orla e onde ainda se come um peixe fresco torrado no caco, de especial crocância e sabor ancestral. Os outros dois reminiscentes dos velhos tempos são a Bar do Joel e a Toca do Pinto, do Cabo Duda, no fim do calçadão, onde se pode encomendar um repasto dos deuses e encontrar, vez por outra, os fantasmas de antigos moradores da Atalaia contando potoca.

No “Santo Antonio” encontrei o mestre João Oliva com sua indefectível bengala, acompanhado de familiares. Pois bem, do encontro deste setentão com o octogenário João Oliva resultou uma gostosa conversa, testemunhos de alguns momentos gloriosos e de desastres históricos, hilários e estapafúrdios, na vida sergipana.

Mas o que mais me impressionou foi a inteireza física do velho jornalista, sua prodigiosa memória e a graça com que arquiteta futuras aventuras, lépidas viagens que pretende fazer para rever o mundo, como uma ida próxima a Buenos Ayres para tomar um bom vinho nos cabarés portenhos ao som de tangos, enquanto uma ragazza esbanja sensualidade nos braços do seu partner.

Foi um belo encontro numa mesa temperada com mútua admiração. Ao sair de lá comentei com meus botões: ah! se Deus me quisesse tanto bem...

AC., em 07/09/2015.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 8 de setembro de 2015.

domingo, 13 de setembro de 2015

Homenagem a Dr. Afrânio.

"88 anos: isso é para poucos.
88 anos com essa lucidez e disposição, é para muito poucos.
Parabéns, pai! Obrigado por tudo!". (Kleyton Bastos).
Foto reproduzida do Facebook/Kleyton Bastos.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 11 de setembro de 2015.

Homenagem ao Dr. Luciano Barreto.


Publicado originalmente no blog Cláudio Nunes, em 10/09/2015.

A inquietude de um jovem de 75 anos.
Homenagem ao amigo Luciano Barreto.

Por Cláudio Nunes.

Uma verdade: a velhice não está na idade e sim na cabeça da pessoa. Têm jovens que não lutam, não tem a rebeldia para viver, não têm coragem de enfrentar a vida. Jovens que preferem o comodismo que a inquietude de querer mudar para melhor.

E tem gente que chega aos 75 anos com a inquietude de um jovem. Mesmo tendo conquistado, através do trabalho suado, muita coisa na vida. Porém, a rebeldia e a inquietude estão impregnadas em continuar lutando. Nem que não seja para ele, mas para os que estão ao seu lado e até mesmo tentando melhorar um sistema falido e carcomido.

Hoje o titular deste espaço presta uma homenagem a um cidadão que conheceu há pouco mais de 10 anos, mas que pela simplicidade tornou-se um amigo do dia a dia. O empresário Luciano Franco Barreto, engenheiro civil que hoje completa 75 anos.

Engraçado como alguns formam a imagem dos outros “pelo ouvir dizer”. Antes de conhecer Luciano Barreto alguns diziam que ele era um “trator” conquistava o que queria e tinha um estilo prepotente. Quis o destino que o titular deste espaço conhecesse Luciano em um lugar simples: um bar que era uma palhoça na Avenida Melício Machado, há mais de 10 anos e era conhecido pelos tira-gostos, entre eles os pasteis. Foi apresentado a Luciano pelo amigo Gilmar Carvalho, numa manhã de sábado. De bermuda, comendo pastel, contando piadas, não tinha nada do que o titular deste espaço “tinha ouvido dizer”.

De lá para cá, este jornalista pode perceber que Luciano Barreto é um cidadão comum. Um empresário que consolidou uma empresa, a Celi, em todo país. E este alicerce não foi através das obras públicas (que a empresa faz também), mas pelo fidelidade com o mercado imobiliário. Celi hoje é referência em pontualidade e compromisso de entrega dos edifícios na data marcada.

Dois exemplos mostram o compromisso de Luciano Barreto com o ser humano. No campo social, a criação do Instituto Luciano Barreto Júnior que forma todos os anos centenas de jovens, preparando-os para o mercado de trabalho. Participar de uma formatura do ILBJ é pura emoção. Que diga o eterno governador Déda, que não perdia uma e sempre se emocionava. Aliás, foi numa delas, que Déda fez o apelo histórico aos irmãos Amorim, presentes ao ato, para aprovação do Proinveste pensando no futuro daquela juventude. O ILBJ não recebe verba pública e é de responsabilidade da Celi.

Outro exemplo, no campo profissional foi a criação há oito anos Associação Sergipana de Empresários de Obras Públicas e Privadas – ASEOPP, da qual é presidente. A Celi está consolidada e as filhas e netos de Luciano já tocam o “barco” muito bem. Porém, a ASEOPP tem 90% dos associados de pequenos e médios empresários. E, pensando no fortalecimento do setor, Luciano colocou-se na linha de frente. Não precisava participar de reuniões e seminários lutando por melhorias para o setor. Não precisava participar de comissões no Senado, na Câmara dos Deputados e em eventos em todo país. Não precisava ouvir desaforos de ministros do TCU por defender obras com qualidade, preços justos e que as fiscalizações sejam feitas realmente por quem conheçam o setor.

Luciano é assim. Jamais colocará o pijama da aposentadoria ou ficará alheio ao que acontece, apenas viajando e desfrutando do que conquistou. Aos 75 anos é inquieto e continuará assim por mais muitos anos.

É como alguém já disse: alguns já nascem velhos, outros jamais envelhecem pela juventude das ideias e das lutas.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/claudionunes
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Foto postada por MTéSERGIPE.
Crédito: site celi.com.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 10 de setembro de 2015.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Fernando Felizola Freire (1927 - 2015)


Publicado originalmente no Facebook/Antonio Samarone, em 24/08/2015.

Sergipe perde um grande cirurgião, faleceu Fernando Felizola Freire.

O Dr. Felizola nasceu em 27 de fevereiro de 1927, em Rosário do Catete/SE, filho de Antônio Soares Freire e Eunice Felizola Freire. Formou-se pela Faculdade de Medicina da USP em 22 de dezembro de 1953. Cirurgião geral. Foi médico interno do Hospital das Clínicas da USP. Atuou ainda na Secretaria de Saúde do Estado de Sergipe e no Hospital de Cirurgia. Médico do Hospital São José, realizou a primeira cirurgia deste nosocômio. Médico do antigo IPASE. Professor titular da Cadeira de Clinica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da UFS. Obteve título de membro ‘FELLOW’ e medalha comemorativa conferidos pelo International College of Surgeons. Aposentou-se das atividades médicas em 31 de março de 1992.

Fonte: dicionário biográfico dos médicos de Sergipe.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 30 de agosto de 2015.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Homenagem ao Dr. Paulo Barreto de Menezes



Publicado originalmente no Facebook/Jorge B. Menezes, em 29/08/15.

Paulo Barreto, meu pai.
Por Jorge Bomfim Menezes.

A vida é a nossa maior escola, diz o ditado popular!

Todos nós passamos por determinadas fases da vida e vamos ficando cada vez mais convictos da sabedoria humana: Crianças, só pensamos em brincar. Adolescentes, curtir a vida. Adultos, sermos bons profissionais e educarmos os nossos filhos para serem homens e mulheres de bem.

Mas chegamos a uma fase da vida que é quando os nossos pais envelhecem, tornam-se idosos e passamos a cuidar deles. A vida se inverte. Quem tinha cuidado conosco passa a ser cuidado por nós.
Feliz aquele filho ou filha que tem o prazer de retribuir este Amor.

Eu estou passando por isto e nunca imaginei que pudesse conviver com esta experiência. Primeiramente, minha mãe adoeceu relativamente nova, aos 65 anos, passou 14 anos em uma cama e morreu aos 79 anos. Meu pai, cheio de saúde, tomava todas as providências e praticamente cuidou dela com muito carinho.

Meu pai, até os 88 anos, tinha uma saúde boa, resolvia as coisas dele, fazia o supermercado, ia ao banco e não gostava que assumissemos nenhuma tarefa da sua casa. "Não estou brouco"! Imaginávamos que ele morreria, de repente, e ainda com muita saúde!

Mas, pouco antes de completar 89 anos, ao subir em uma cadeira para olhar a dispensa, virou e sofreu uma queda que iria transformar a sua vida: Hospital, UTI, costela quebrada, infecção pulmonar, depressão, etc.
Meu pai já não era mais o mesmo. Começou a atrapalhar as coisas, já não perguntava mais pelas contas que gostava de pagar pontualmente e pessoalmente, pelo supermercado que fazia às 2° feiras, enfim, deu uma guinada de 180° em sua vida.

Isto aconteceu exatamente no dia 03 de agosto de 2014, um domingo, às 14 horas. Tinha estado com ele até o meio dia e conversamos bastante sobre coisas da política, da família, um papo bastante agradável como fazíamos todo final de semana.

E aí conheci um outro mundo: o mundo do idoso dependente, do idoso que virou uma "criança"! Passei a conhecer um mundo novo: Geriatra, Unimed Domiciliar, Fisioterapeuta, Fonoaudiologa, Cuidadoras, Administração de Remédios (entre 12 e 15 diários), Alimentação através de sonda, etc e etc.

Começamos a dividir as tarefas, meus irmãos e eu (somos 3): Casa (feira, empregada, etc.), Contas (Banco), Saúde (Médicos e Remédios).
Achávamos que ele iria melhorar (ele sempre foi muito forte e saudável) mas cada vez que internava, retornava mais debilitado. Durante este ano, foram 05 internações, sendo 03 na UTI.

Meu pai outrora firme, que mandava e ordenava, hoje fala com dificuldade, fracassa ao tirar a roupa e quase não caminha.
Clinicamente ele está bem (Pressão: 12 × 8; Oxigenação: 94; Glicemia: 100; Temperatura: 36,5°; Batimentos cardíacos: 108), mas a "cabeça" já não é a mesma.

Ele está com um princípio de Alzheimer.

Meus irmãos e eu temos o acompanhado, revezando diariamente nos 03 turnos, para que ele sinta o carinho e o amor dos filhos.

Temos também presenciado algumas passagens que nos deixam bastantes emocionados e satisfeitos. Vou citar apenas duas:

1) Ele pediu para falar com seus três filhos, ao mesmo tempo, e nos disse que a melhor coisa da vida e que ele mais amava eram os filhos. E complementou: Breve estarei me encontrando com a minha querida esposa Conceição e a minha querida filha Clara Angélica e quero que vocês sejam muito unidos como foram até agora.

2) Meu pai tem 07 netos, 06 deles formados, e a minha filha mais nova que está no 4° ano de Medicina em Campina Grande. Ele sempre afirmava que iria participar da sua formatura aos 92 anos de idade. Isadora, que é sua neta caçula, chegou agora em julho para passar as férias e a primeira saudação que meu pai disse foi:
- Não estou esquecido da sua formatura. Irei a Campina Grande e vou falar lá.
E nós perguntamos: Falar o que?
Ele respondeu: "De improviso!"
E todos caímos na "risada" cheios de emoção!

Vamos tirando várias lições desta fase que estamos passando. Uma delas é que o que os idosos mais querem é Paciência e Amor.

Feliz do filho que é pai do seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.

E é por isto que sempre estou falando no ouvido do meu pai: " Estou aqui, estou aqui, meu pai". E isto é o que um pai quer ouvir no fim de sua vida: é que seu filho está ali ao seu lado.

Pai, eu quero que o senhor saiba: "Você pode não fazer mais nada, mas eu não sei viver sem você!"

Sua bênção!

Seu filho, Jorge.

Texto e imagens reproduzidas do Facebook/Jorge Bomfim Menezes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 30 de agosto de 2015