quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Dia da Inteligência Sergipana (7 de junho)



Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 07/06/2006.

Dia da Inteligência Sergipana.
Por Luiz Antônio Barreto.

O dia 7 de junho tem um significado especial para Sergipe e para a inteligência sergipana, pois nasceu, na então Vila de Campos dos Sertões do Rio Real, Tobias Barreto de Menezes, em 1839. Crescido como típico menino sergipano, sem escolas, teve professores que cinzelaram o seu talento, preparando-o para a vida clerical. Bem que tentou, no Seminário da Bahia, em Salvador, aonde chegou em 1861, portando a fama de conhecer e ensinar a língua latina, na sua Província. Mas, fez opção por Pernambuco, e mais especificamente pela Faculdade de Direito do Recife, aportando ali em 1862 e logo dedicando um poema – A Vista do Recife –, aos feitos pernambucanos em favor da liberdade, evocando nomes caros à tradição ideológica do Brasil.

No Recife, Tobias Barreto liderou um grupo de jovens, muitos seus conterrâneos, alguns de outras Províncias, todos engajados na elaboração de um programa intelectual que não apenas passasse a limpo a vida brasileira, mas que pudesse debater os temas que então interessavam o mundo civilizado. Pequenos jornais passaram a publicar textos, em prosa e em verso, atualizando a estética literária, ao tempo em que começaram a tratar de temas e sistemas filosóficos. Silvio Romero, personagem e autor, disse com ênfase apaixonada, que “Um bando de idéias novas esvoaçou sobre nós de todos os pontos do horizonte, Positivismo, Evolucionismo, Darwinismo, crítica religiosa, naturalismo, cientificismo na poesia e no romance, folclore, novos processos de crítica e de história literária, transformação da intuição do Direito e da política, tudo então se agitou e o brado de alarme partiu da Escola do Recife. Tobias foi o mais esforçado combatente, com o senso de visão rápida de que era dotado.”

A biografia intelectual de Tobias Barreto em Pernambuco tem três partes principais: uma no Recife, entre os tempos de estudante, a redação de O Americano e outros jornais, e que vai de 1862 a 1871, a segunda em Escada, como advogado, político e escritor, período que vai de 1871 a 1881 e a terceira parte, a do seu retorno ao Recife (1881), Concurso para a Faculdade de Direito (1882) e até a sua morte, em 26 de junho de 1889. Cada período tem importância especial, e concorre para a coerência de uma contribuição pluralizada pelo interesse que ele tinha pela cultura humana. No Brasil do seu tempo ninguém aprofundou tanto o olhar crítico sobre a realidade nacional.

Vários jornais recifenses atestam em suas páginas a qualidade do intelectual e suas abordagens sobre a política brasileira, por exemplo, que se constitui numa reflexão única, desprovida do ranço politiqueiro e partidário, tão em voga no Brasil. Ao tempo em que crava, com vigor, sua crítica, Tobias Barreto expõe às gerações de modernistas presentes no Recife, o trato preconceituoso que

recebeu quando candidatou-se a uma cadeira de professor no Colégio das Artes, preparatório para o Curso Jurídico. Seus escritos provocam reações e logo os temas se tornam polêmicos, chamando ao centro da luta os intelectuais católicos, liderados por José Soriano de Souza.

Em Escada, Tobias Barreto parecia alicerçado para elaborar a sua participação intelectual. Criou, redigiu e editou vários pequenos jornais – O Desabuso, O Escadense, Contra a Hipocrisia, Um Sinal dos Tempos, o primeiro deles – com os quais fustigava a classe dominante. Dentre suas publicações estão o jornal Deutscher Kaempfer, todo escrito em língua alemã, e a revista Estudos Alemães, editada em português, mas com temática germânica.

Ainda em Escada, Tobias Barreto é eleito deputado provincial, pelo Partido Liberal, tendo uma atuação brilhante, como atestam os seus discursos sobre a educação da mulher. Também em Escada ele preparou e publicou livros importantes, como Ensaios e Estudos de Filosofia e Crítica (1875), as duas monografias em alemão (1876 e 1878), Um Discurso em Mangas de Camisa (1879), Algumas Idéias sobre o Chamado Fundamento do Direito de Punir (1881). E foi, ainda em Escada, que ele teve a casa cercada, o que gerou sua volta ao Recife.

No Recife, desde o Concurso para a Faculdade de Direito, que Tobias Barreto coroa a sua atuação intelectual e consagra a sua biografia. Seus últimos sete anos de vida são gloriosos, ainda que seus desafetos, porque mais que críticos, lancem as mais infames provocações, ele colhe no estrangeiro os louvores mais sinceros de figuras referenciais da cultura. Com sua morte, cercado da família, dos amigos e dos admiradores, o Recife perde parte do seu encanto, Pernambuco herda o exemplo do seu engajamento nas mais santas causas, o Brasil lamenta e chora e Sergipe, seu pequeno berço, guarda o tesouro inesgotável de sua inteligência, da qual, ainda hoje, somos beneficiários.

O dia 7 de junho deveria ser, de toda justiça, consagrado à cultura, como o Dia da Inteligência Sergipana, na lição exemplar de Tobias Barreto de Menezes.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 24 de fevereiro de 2015.

Chefe Serigy tribo tupy


Chefe Serigy tribo tupy.

Lutou contra a colonização portuguesa, rechaçando-a por mais de trinta anos, na localidade onde hoje é a cidade de Aracaju, capital de Sergipe.

Comandava tribo com mais de vinte mil pessoas. Seus guerreiros estavam sempre em constante alerta. Tipo cachopa de marimbondo.

Tinha o apoio dos franceses através de armamentos(nesta os portugueses perderam).

Morreu em 1590 vitima de longa batalha de mais de mês contra as forças portuguesas.

O prédio da Secretaria Estadual de Saúde e Agricultura em Aracaju leva o nome de Palácio Serigy em sua homenagem. Lá há também escultura e muitos estudos referentes aos seus feitos.

Fonte: viniciusribeiroescultor.blogspot.com.br

Texto e imagem reproduzidos do blog viniciusribeiroescultor.blogspot

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 24 de fevereiro de 2015.

Busto de João Gomes de Melo, Barão de Maruim

Busto de João Gomes de Melo, Barão de Maruim.
Município de Maruim - Sergipe.
Foto reproduzida do blog: sergipeterraserigy.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 24 de fevereiro de 2015.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Festa de Carnaval, na Rua João Pessoa, em Aracaju (1939)

Festa de Carnaval, desfile do Clube “Legionários do Sergipe”,
na Rua João Pessoa, em Aracaju (1939).
Foto: acervo Junior Gomes.

Postagem originária do Facebook/MTéSERGIPE, de 14 de fevereiro de 2015.

Colina de Santo Antônio, em Aracaju

Colina de Santo Antônio e Avenida João Ribeiro,
Bairro Santo Antônio, em Aracaju - Sergipe.
Foto reproduzida do blog: fotosantigasdearacaju.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, 13 de fevereiro de 2015.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Eita perruche!

Foto reproduzida do Facebook/MTéSERGIPE/Clóvis Franco.

Eita perruche!
Por Amaral Cavalcante.


(Para D. Caçula Valadares)

Bolinhas de um verde encabulado que estalam no céu da boca os trincos do tatu peba
coisa de sertão brabo
alpercata rangendo o couro cru na caatinga.

-Gosto de quê?
- De nada não, não tem parecença.

Não tem cereja que lhe tome a formosura
nem outro doce assim
tão carinhoso que afague com maciez e ternura
boca
paladar
e coração sertanejo.

-Ela nasce como os gravatás no mistério das pedras, ou será como o umbu, mais pertinho do rio?

-Isto eu não lembro. Sei que só dá na trovoada.

Teimosa, só brota quando a chuva é festa na mata
e na aguada o sapinho de rabo anuncia
danado de contente
que lá vem fartura de Deus molhando a plantação.

Enquanto cataplum ratratá o céu relampeia
Ploc, Ploc, o olho verde perruche espia.

Seu Tiburcio grandão como uma rês de cria amanhece no telheiro
ajeita o cinturão no cós da calça
cospe o primeiro catarro no caco da galinha
e palita contente:

- Ê mundão d’água! Este ano dá!
E volta a escarafunchar um restinho de rapé que é pra mostrar
espirrando
que também verte água pelas ventas.

– Ê ba! Thibum!

Lá dentro, Nanã areia uma bacia grande pra colher maracujá perruche.

-O danadinho é sestroso, só sai do galho se for numa bacia d’água e é assim mesmo que vai pra feira, vendido por lata.

- E o doce, como é que faz?

-Despela uma por uma e cozinha em caldo grosso de açúcar,
com cravo e uma ou duas pitadas de canela.

Se comer quente disunera a barriga.

_______________________________

De Marcelo Déda:

Maravilha das maravilhas. Doce e agreste como o perruche, esse seu texto, Amaral, meu velho! Não lhe direi mais: risco de parecer adulação o que é deleite, prazer estético, alumbramento de memória, enganando os neurônios, fazendo das letrinhas digitadas em trançados remates de emoção e saudade, o fruto falado (o significado incorporando quânticamente o significante) no gosto verde do doce de peluche que adoçou minha infância na casa de Teté Tefinha - cara de índia velhinha de fundos sulcos arados pelo tempo na placidez da face (o sol de dia de trovoada mandando lascas de luz do fundo dos olhos antigos).
Morava na rua do Coité na minha cidade de Simão Dias.

Marcelo Déda.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 20 de fevereiro de 2014.

O Mercado


Publicado originalmente no Facebook/Petrônio Gomes, em 18/02/2015.

O Mercado.
Por Petrônio Gomes.

Creio poder incluir-me entre os que podem falar com base, a respeito do nosso Mercado Municipal, já pelos invernos que juntei até agora, já pela experiência adquirida, pois minha infância e meus primeiros anos de jovem estudante decorreram nas vizinhanças do Mercado, quando ainda existia o saudoso Colégio Nossa Senhora de Lourdes, do qual tenho a honra de ter sido aluno, embora numa idade em que não sabia onde estava e nem o que estava fazendo.

Fui um dos pequenos fregueses do seu Sérgio, que vendia o caldo de cana mais delicioso de Aracaju, com seus copos de vidro grosso que descansavam na parede, enfiados num paliteiro de madeira. Fui também o cliente assíduo do seu Xavier, um velhote simpático e falador, quase do meu tamanho, que gostava de me afagar a cabeça quando me entregava o pacotinho de bombons de mel de abelhas.

Ao contrário do seu Sérgio, o velhote Xavier vendia de tudo em sua loja. Era engraçado como se arrumavam as mercadorias em todas as casas: vassouras amarradas junto da porta de entrada, rolos de arame no chão, latas de querosene também à vista, lampiões dependurados, além de um pequeno armário com portinha de vidro sobre o balcão, para os artigos comestíveis, incluindo os meus bombons. Enfim, eu sabia onde ficavam as lojas do meu interesse exclusivo, como a que vendia as flechas dos meus papagaios de papel e as pequeninas bolas de vidro para o jogo do “marraio”...

Aquele relógio central do Mercado, que felizmente não demoliram, era o meu companheiro, desde a hora em que eu recolhia o velocípede e os seus quatro mostradores se iluminavam para a vigília silenciosa da noite. Ele informava as horas com uma precisão que vocês não iriam acreditar se eu lhes contasse!

Quando a tarde começava a declinar, meu passatempo favorito era acompanhar a chegada dos saveiros, com suas velas enormes, oscilando sobre a água, brinquedos do vento. Sentado sobre a balaustrada, um pacote de roletes de cana em punho, eu assistia à derradeira manobra dos tripulantes para amarrar os pesados barcos no cais.

Pouco depois, era a hora da descida das portas de ferro do Mercado, um ritual melancólico e silencioso como o cair da tarde. Cansados da lida, os feirantes se despediam uns dos outros, arrastando os calçados gastos em direção de casa. Quando a noite descia, apenas o relógio espalhava a sua luz tênue sobre os telheiros do Mercado.

Voltando a Aracaju, muitos anos depois, continuei a visitar frequentemente o Mercado, pois minha vida continuou girando em torno do mesmo ambiente, se bem que agora modificado. A cidade havia crescido mais do que eu poderia imaginar e seus habitantes haviam dobrado de número. Por uma curiosa ironia, voltei a percorrer os mesmos lugares de antes, quando menino, só que agora levado pelo dever e por outros motivos. Assisti, portanto, ao início da decadência do velho Mercado, como se ele estivesse esperando meu regresso para começar a morrer.

Foram-se avolumando os problemas, cada vez mais desafiadores. Conheci de perto o dr. Aloísio Campos, homem ilustre e de poucas palavras, o criador do Ceasa, a primeira tentativa séria para descongestionar o antigo ponto de abastecimento da Capital. Para solucionar o problema do Mercado, a providência teria de ser das mais enérgicas, pois toda a área em volta já exigia um desafogo para o trânsito, de vez que as barracas e as bancas improvisadas já se haviam esparramado pela redondeza.

O epílogo de toda esta história é conhecido dos aracajuanos. Na gestão do Prefeito João Gama, o novo Mercado foi erigido “na marra", como diz o povo. E não era possível esperar “consenso” , como não se pode aguardar bom tempo para uma cirurgia de vida ou morte.

Novamente fui o espectador silencioso dessa operação radical a que foi submetido o “Thales Ferraz”. Um dos espetáculos gratuitos foi a fuga das ratazanas, aos milhares. Toda a imundície que se havia enterrado entre as velharias do Mercado foi, aos poucos, desaparecendo. Um novo trecho do rio Sergipe, exatamente o mais poético, o mais pitoresco, apareceu diante dos olhos dos aracajuanos. Aliás, o mais velho trecho do rio, que permaneceu oculto durante dezenas de anos.

Mas não faltaram reclamações e protestos contra a reforma do Mercado Municipal. Quando foi inaugurado o ponto das lanchas para a Barra dos Coqueiros e Atalaia Nova, o "Terminal Hidroviário", a mesma onda de protestos choveu sobre a cidade. Queriam que os “tototós” continuassem, pelos séculos dos séculos, pois as lanchas viriam roubar o pão dos pais de família que exploravam suas canoas, há duzentos anos. Com tal mentalidade, Aracaju alcançaria 3 milhões de habitantes comprando no Mercado que foi construído na fundação da cidade e viajando para a Barra dos Coqueiros a bordo dos mesmos “tototós”.

Talvez tenha sido por absoluta falta de paciência que nunca me candidatei a cargo político...

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Petrônio Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 21 de fevereiro de 2015.

Antiga foto da Praça Fausto Cardoso, em Aracaju

Imagem reproduzida do Google.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 19 de fevereiro de 2015.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Florival Santos - Arrastão na Praia 13

Arrastão
Florival Santos - Arrastão na Praia 13.
Imagem reproduzida do site: aracaju.se.gov.br/157anos

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de fevereiro de 2015.

Pintura de Edidelson - Feirantes do Mercado

Feira Sergipana
Pintura de Edidelson - Feirantes do Mercado.
Imagem reproduzida do site: aracaju.se.gov.br/157anos

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de fevereiro de 2015.

Pintura de Tintiliano - Vista do Mercado

Mercado Municipal de Aracaju/SE.
Pintura de Tintiliano - Vista do Mercado.
Imagem reproduzida do site: aracaju.se.gov.br/157anos

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de fevereiro de 2015.

Pintura de Joel Dantas - Procissão de Bom Jesus

Procissão de Bom Jesus dos Navegantes, Rio Sergipe, em Aracaju/SE.
Pintura de Joel Dantas - Procissão de Bom Jesus.
Imagem reproduzida do site: aracaju.se.gov.br/157anos

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de fevereiro de 2015.

Pintura de Weliton - Ponte do Parque

Paisagem do Parque Teófilo Dantas, em Aracaju/SE.
Pintura de Weliton - Ponte do Parque.
Imagem reproduzida do site: aracaju.se.gov.br/157anos

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de fevereiro de 2015.

Garcia Moreno e Acrisio Cruz

Dois grandes educadores: Garcia Moreno e Acrisio Cruz.
Foto reproduzida do site: infonet.com.br/lucioprado

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de fevereiro de 2015.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Anúncio impresso do Hotel Marozzi, em Aracaju

Anúncios Impressos ‹ Sergipe Antigo.
Hotel Marozzi, Rua João Pessoa, em Aracaju/SE
Imagem reproduzida do site: sergipeantigo.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 4 de fevereiro de 2015.

Antigo Cartão Postal da Pracinha da Atalaia, em Aracaju

Antigo Cartão Postal da Pracinha da Atalaia.
Bairro de Atalaia Velha, em Aracaju - Sergipe.
Destacando a Grande Palhoça, palco de festas memoráveis,
algumas organizadas pelo saudoso Jorge 'Cauby'.
Foto: acervo sergipeantigo.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 01 de fevereiro de 2015.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ingratidão

Hospital das Clínicas Dr. Augusto Leite (Hospital de Cirurgia).
Foto reproduzida do blog antiguidadecolecoeseartes.blogspot, de Waldemar Neto.

Publicado originalmente no Facebook/Petrônio Gomes, em 2/02/2015.

Ingratidão.
Por Petrônio Gomes.

Como quase todos os recantos tradicionais da cidade, a velha Avenida Barão de Maruim já foi desfigurada pela sucessão interminável de reformas das antigas residências, transformadas, agora, em sedes de repartições públicas ou de empresas comerciais. Mas tenho a meu favor as lembranças guardadas em decênios, e não podemos deter a marcha também incessante dos pensamentos.

Não posso deixar de lamentar, em silêncio, o desaparecimento da vetusta mansão do Dr. Augusto Leite, logo no início da Avenida. Era um dos marcos da cidade-província, erguida na confluência mais nobre da cidade, hoje desaparecida. Em seu lugar, a Caixa Econômica construiu uma espécie de barracão enfeitado, que poderá servir para qualquer coisa no futuro, pois já nasceu sem graça.

A Avenida Barão de Maruim era também o endereço de alguns dos nossos professores do passado, como o professor Misael Viana, com quem jamais consegui aprender suas famosas equações de primeiro e segundo graus. Morava na esquina com a rua de Santa Luzia e sua casa também já não existe.

O célebre “poeta da rosa vermelha”, o Professor Arthur Fortes, também residia na Avenida, lado esquerdo de quem vem da Praça Camerino, e sua casa ainda existe. Naqueles anos, as residências da moda eram os “bangalôs”, com um jardinzinho na entrada e uma pequena escada que nos conduzia a um terraço acolhedor. Arthur Fortes era um dos mestres de História e gostava de ensinar com traços de declamação, sem fitar a classe, olhando pela janela qualquer ponto indefinido.

João de Araújo Monteiro também residia por aqui, na casa número 133, lado esquerdo. Quando voltei para Aracaju, ele ainda residia na Avenida, o famoso “Monteirinho”. Parece-me que ocupou, certa vez, um cargo de Secretário do Estado, precisamente na época em que eu me encontrava afastado daqui.

Era, portanto, a artéria das mansões, das residências que tinham vastos cômodos e quintais com pomares. Depois da Praça da Bandeira, avistávamos o “sítio do doutor Leandro Maciel”, uma espécie de casa de campo, construída no meio de um terreno que ocupava toda a quadra. Ali se reuniam os políticos que militavam no mesmo partido do doutor Maciel, mais tarde governador do Estado.

E, precisamente em frente ao sítio do doutor Leandro, o grande Hospital das Clínicas , o famoso “Hospital de Cirurgia”, um nome que, por si apenas, conta a história de uma cidade-criança! Pois não havia outro lugar onde se pudesse efetuar uma simples intervenção cirúrgica. Ora, dizer que em um hospital se pode fazer uma operação é o mesmo que aplaudir um relógio que funciona. Quando eu era criança, a gente recebia de presente uns relógios de enfeite. E a primeira pergunta que o outro menino fazia era: “Seu relógio trabalha?”...

Todos que passassem por ali, deveriam render uma homenagem em respeito ao velho nosocômio, uma dádiva impagável do Dr. Augusto César Leite ao Estado de Sergipe. Quantos dramas se desenrolaram no interior de suas paredes cinzentas, quantos ‘ais’ se perderam na vastidão silenciosa dos seus corredores! Mas também quantos soluços incontidos de felicidade pela vitória conseguida sobre tantos males?

É incrível que até mesmo sua obra imortal tenha um nome popular que mais parece um apelido, pois quase ninguém menciona o nome de Dr. Augusto César Leite.

E aqui fico a pensar: Por que não existe na cidade uma rua, uma avenida, com o nome do grande benemérito de Sergipe?

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Petrônio Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 10 de fevereiro de 2015.

Faculdade de Medicina da UFS, março de 1961


Primeira aula de anatomia da Faculdade de Medicina da UFS, março de 1961, ministrada pelo Dr. Silvano Isquerdo Laguna, professor da Universidade de Salamanca... Quem está nesta foto? (pag. 261, História da Medicina em Sergipe, Henrique Batista).

Foto/Legenda reproduzidas do Facebook/Antônio Samarone.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 9 de fevereiro de 2015.

O Baterista Pascoal Maynard


Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 9 de fevereiro de 2015.

João de Barros, 'O Barrinhos'

"Olha o Barrinhos aí, minha gente!" (AC).
Foto/Legenda reproduzidas do Facebook/Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 9 de Fevereiro de 2015.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Dom Luciano


Publicado originalmente no Facebook/Petrônio Gomes, em 28/01/2015.

Dom Luciano.
Por Petrônio Gomes.

Podemos crer que tudo já foi dito a respeito do nosso Arcebispo emérito, quanto à sua brilhante carreira e à sua inestimável atuação, como religioso e educador, em prol de Sergipe. As penas mais brilhantes que enaltecem nossas letras recapitularam os passos de sua admirável trajetória e teceram os justos e devidos encômios ao seu magnífico trabalho. Se espaço houver, entretanto, para mais uma homenagem ao ilustre aniversariante, desejaria ilustrar meu grande abraço de parabéns com uma simples crônica que lhe ofereço, fruto que tirei de minhas caras lembranças.

Certa vez, abordei Dom Luciano para fazer-lhe um pedido. Como responsável pela programação da “escolinha” do Cursilho, eu precisava agendar uma palestra para a segunda-feira seguinte e já era a noite de sexta-feira. Ele tirou uma caderneta do bolso, escreveu a data do compromisso e me perguntou qual o tema da palestra. “Satanás”, respondi. Ele riu e aceitou. Era a primeira vez que no Cursilho de Cristandade alguém pedira a um bispo para falar do diabo.

Na noite da segunda-feira, o salão do Cursilho estava lotado e eu já sabia disso. Dom Luciano chegou, fez a prece costumeira e tomou a palavra. Durante uma hora e vinte minutos, não se ouvia um ruído sequer na sala. Muitas pessoas haviam chegado de outros ambientes, lá nas dependências da Rádio Cultura, e não havia assentos para todos.

Fiquei observando a plateia, pois eu me encontrava de frente para o público, fazendo parte da mesa. Todos estavam como que dominados pela exposição do tema. Dom Luciano ia e vinha através dos textos sagrados, com aquela sua invejável facilidade de expressão. E todos saíram com uma verdade no espírito: "Quem não crê em Satanás, está francamente do lado dele..."

Fui aluno da Faculdade de Filosofia, da querida Faculdade que ele desenhou e construiu. Ela estava novinha em folha, ainda com aquela felicidade de debutante, mergulhada no entusiasmo quase infantil dos alunos e professores. Certo dia, Don Luciano nos deu um presente de rei: entrou na Faculdade com um visitante que ninguém conhecia. Reuniu todos os alunos e anunciou uma palestra que ouviríamos em seguida. Sabem quem era o visitante? O Professor Mello e Souza, o famoso “Malba Tahan”, autor de “O Homem que Calculava”, “À Sombra do Arco-Iris” e de tantos outros livros que empolgaram meus dias de menino. Foi uma ocasião inesquecível. Pouco depois, o Professor Mello e Souza viria a falecer, parece que em Fortaleza.

Dom Luciano fez da Rádio Cultura o seu púlpito, com programas diários que apresentava às 6,30h, além da grande apresentação dominical, com a Santa Missa e a Hora Católica, às 12,30h. Eu prestava assistência ao “Café Aragipe”, de Theódulo Cruz, já falecido. Na hora do programa matutino, o balcão da lanchonete vivia cheio de fregueses. Um desses fregueses era um protestante de mão cheia, mas que se empolgava, como todos os outros, pelas imagens que Dom Luciano criava. Certa vez, quando Dom Luciano se despediu, ele pagou o café e nos disse: “Sabe de uma coisa? Esse bispo ainda termina me convertendo." Contei esta passagem a Dom Luciano, que riu a bom rir.

Fui colega de profissão de Carlos Cabral Duarte, seu irmão. Assisti ao sepultamento do seu pai, José Góes Duarte e de seu irmão. Ouvi quando ele cantou a oração de São Francisco, no cemitério, diante do ataúde, com a voz inflexível de homem de fé.

Mas nosso Arcebispo era também o homem de atitudes firmes, diante de certas circunstâncias. Costumava viajar pelo interior do Estado, em obediência à sua tarefa social. E, passando pelas vizinhanças de São Cristóvão, via aquela série de ‘motéis” espalhados pela rodovia. Repugnava-lhe, como pastor de almas, aquele descalabro. Uma vez, durante o programa da Hora Católica, ele não se conteve: "Que a maldição de Deus caia sobre aquilo.” Resistiu também, de viva voz, quando foi praticamente afrontado por militantes de uma seita, no interior do Estado.
Há uma ira santa, e Dom Luciano tinha, às vezes, esse rubor que não pode deixar de existir na alma dos zelosos de Deus.

Recebi dos meus filhos o presente inestimável de uma viagem à Europa. Levei na bagagem um roteiro que escrevi cuidadosamente, baseado, em muitos pontos, nas aulas de Dom Luciano. Foi por sua influência que fiz questão de visitar Chartres, lembrando uma frase que ele nos disse: “Os operários trabalharam lá em estado de graça, e a gente sente um impacto quando penetra em seus umbrais...”

Receba, meu caríssimo Dom Luciano Duarte, este meu grande abraço pelos seus noventa anos. Obrigado por suas palavras, pelo seu trabalho, por cada homilia proferida em sua querida Igreja do São Salvador. Tenho plena certeza de que, se ainda estivesse em seu poder tomar do microfone para responder aos artigos que foram escritos em sua homenagem, todos ficaríamos silenciosos como sempre...

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Petrônio Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 3 de fevereiro de 2015.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A ameaça da Luftwaffe


(Historinhas sergipanas)

A ameaça da Luftwaffe
Por Amaral Cavalcante.

A Polônia, primeiro pais vítima do maluco do Hitler na sua obsessão pelo trono do mundo, comeu o pão que o diabo amassou com os bombardeios da Luftwaffe. Ficaram os poloneses de então condicionados a procurar um abrigo anti aéreo, assim que ouvissem o estridor das sirenes. Vocês devem conhecer esta história, mas como foi que, muito após a guerra, veio o derrotado esquadrão aéreo do Terceiro Heich perturbar a paz dos sergipanos?

Pois eu conto:

O ex deputado federal José Carlos Teixeira, fundador da Sociedade de Cultura Artística de Sergipe, gozava de grande cartaz no governo central e no ambiente cultural do Rio de Janeiro, onde mantinha relações de amizade com artistas do teatro e da música erudita. O suficiente para incluir o Teatro Atheneu no roteiro das atrações internacionais que percorriam o país, em tournées patrocinadas pelo Ministério das Relações Exteriores. Foi um tempo áureo para o Atheneu, abrigando em seu palco grandes companhias de artes cênicas e seletos recitais com músicos mundialmente famosos..

Este é o caso de um pianista polonês de nome complicado - cheio de consoantes e ipissilones – que aqui chegou precedido de grande estalhardaço na mídia local. A nata social e administrativa compareceu em peso com seus trajes mais sedosos e suas jóias mais coruscantes, seus sapatos altíssimos compradios na loja Denier Cri. .

No centro do palco, sob a luz divinal de um estratégico refletor, brilhava majestosa a jóia da nossa coroa: o precioso piano Steinwey de meia cauda com fama de melhor do mundo, adquirido graças a um Livro de Ouro habilmente passado pelos fundadores da SCAS entre os ricos da época. Este piano, ainda hoje em uso, provocava upas e bravos dos músicos visitantes que não esperavam encontrar, por aqui, tão excepcional instrumento.

Batido o bastão o pianista entrou com escovada casaca e alvos punhos de renda. Frisson! O recital ia começar. Mas eis que, cumprindo a mais corriqueira tradição do Colégio Atheneu, o bedél Manelzinho acionou a estridente sirene que anunciava o final da última aula. Hóóóómmmmm!
O polonês ficou lívido. Olhou pro teto, balbuciou alguns vocábulos ininteligíveis e se jogou pra debaixo do piano, tremendo como vara verde.

O público não entendeu o que se passava no palco, mas todo mundo intuiu que algo estarrecedor estava prestes a acontecer, ameaçando, não somente o esperado deleite artístico como a segura tranqüilidade das melhores famílias sergipanas.

Precisou que o professor João Costa, homem de aguçado raciocínio e fleuma quase britânica, tomasse as rédeas da situação e nos explicasse, usando sua técnica irretocável de impostação vocal, que ocorrera ali uma demonstração tardia de trauma de guerra. Que o virtuose, ao ouvir a sirene, sentiu-se sob um bombardeio iminente da Lufetwaffe e que isso era normal entre os poloneses testemunhas da segunda guerra .

Ninguém contava era com a sirene de Manelzinho para aterrorizar o grande recital.

O pianista polonês foi devolvido ao hotel, ainda catando nica.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 31 de janeiro de 2015.