terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Colégio Salesiano de Aracaju/SE.

Colégio Salesiano de Aracaju/SE.
Foto histórica, nela vemos: da esquerda para a direita, os professores: Gabiúna (Biologia), Mário Jorge (hoje coordenador), Nilson (Matemática), Salete Ferrari à época Salete Ramos (Português), Brasilina Chagas (História), Paulo Bedeu (Academia Paulo Bedeu), Marcos (hoje gerente do Banco do Brasil) e o padre Edilson Alexandrino (diretor na época).
Foto reproduzida de postagem feita pelo Professor Eudo Robson,
em seu blog: aracajusaudade.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de  23 de fevereiro/2014.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=727851783900605&set=gm.798717400156925&type=1&theater

Lembranças de "A Fonseca"

 Foto reproduzida do Facebook/Fan Page/Aracaju antiga.

Imagem reproduzida  do álbum aracajuantiga/facebook .
Foto: Arquivo Público da Cidade de Aracaju.

Meu irmão Dado (que muitos de vocês conheceram e amaram), era amante das histórias familiares, das origens, dos acontecimentos antigos ... estava iniciando a "plantação" da árvore genealógica, mas a vida lhe foi interrompida precocemente. Hoje, em processo de mudança, encontrei essa carta (foi transcrita por ele para ser salva no computador) do fundador da Casa Fonseca, que achei interessante publicá-la, pois temos familiares e amigos no fb. Aí vai um pouco da nossa história.

Eduardo Quintiliano da Fonseca, que teve seu nascimento registrado nas notas abaixo, era nosso avô materno.

... "Aqui estão, neste embrulho, três livros que dão idéia do princípio de minha vida, para meus filhos, se Deus der a todos juízo, verem que principiei minha vida muito cedo, aos 21 anos, com um pequeno capital, 1:500$ e com esta quantia tenho mantido meu crédito, minha família a quem sempre dispensei todos os cuidados, e até hoje, 16 de Outubro de 1887, data em que completa 20 anos de existência a minha casa comercial, nunca sofri, graças a Deus, revés algum, e deixando ditos livros quero com isto dar uma prova a meus filhos de que trabalhando sempre, com economia, sem ser preciso fazer falcatruas,ganha-se com que se possa passar decentemente e guardar alguma coisa para a velhice, o que tenho feito. São três livros como acima disse, sendo: o caixa nº 1, que mostra ter eu aberto minha casa comercial no dia 16 de outubro de 1867; o copiador de cartas com a 1ª que designei ao comércio da Bahia, e finalmente o meu primeiro balanço – fechado em 05 de agosto de 1868. Se morrer deixando filhos homens, espero que tenham como espelho o meu passado, continuando com a Casa Comercial, o mais velho com seus irmãos, sempre na maior harmonia, para que em 16 de outubro de 1917 possam, gozando da mesma consideração e crédito que hoje graças a Deus tenho, festejarem o 50º aniversário da instalação da Casa Fonseca, a cujos esforços devo sua prosperidade, a Deus que me deu juízo, força de vontade para trabalhar sempre, e ao meu ex-sócio, finado José Joaquim Lacerda, que com o seu crédito muito me auxiliou para o bom êxito.

Maroim, 16-10-1887
José Quintiliano da Fonseca

01/02/1845 – Nascimento de José Quintiliano da Fonseca.

20/07/1846 – Nasce Maria Diniz da Fonseca, sua segunda esposa.

16/10/1867 – José Q. da Fonseca funda a Casa Fonseca com 22 anos de idade.

07/05/1902 – Morre JQF aos 57 anos, deixando viúva de 55, e a empresa com 34 anos.

07/01/1907 – Aos 60 anos, Maria Diniz Fonseca ganha o netinho Eduardo Quintiliano da Fonseca, mas, 6 meses após, em 20/07/1907, perde seu filho Eduardo de apenas 27 anos, pai do bebê.

15/11/1941 – Morre aos 95 anos a longeva Maria D. Fonseca. A loja já atingia 74 anos.

07/10/1956 – Nasci eu, José Eduardo da Fonseca Prudente. A loja fazendo 89 anos.

16/10/1967 – A. FONSECA é centenária, superando em 50 anos o desejo do fundador JQF, cujo túmulo nesse dia visitei, aos 11 anos de idade, em Maroim/SE

05/04/2007 – Fim desta historinha, com meu retorno, aos 50 anos, ao túmulo de JQF e MDF os quais, imagino, jamais serão revisitados algum dia por alguém.".

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 10 de janeiro de 2012.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Aventuras na Praia Formosa


(Desta vez a pedido de Hunald Fontes de Alencar)

Aventuras na Praia Formosa

Minha tia Luizita morava na Praia Formosa, numa casinha deliciosa com varanda para as croas que se formavam na maré baixa, assim de maçunins e gorés. Do quintal delimitado por uma cerca de varas via-se um imenso manguezal de lama escura, quase sem vegetação, que se estendia até um sítio de manjelões e raros coqueiros, lá longe, onde depois construíram o estádio Batistão.

Foi da casa de Tia Luizita que eu conheci o mar em companhia dos meus irmãos. Vínhamos de Simão Dias, na boca do sertão, arrotando valentia. Cada um se gabando mais preparado para enfrentar os mistérios do mar em Aracaju, cada qual mais secretamente temeroso dele. Afinal, criados na secura do sertão, só conhecíamos a água barrenta do Tanque Novo e, de vez em quando e apenas da margem, as águas enormes do Açude Velho, um lago tão enorme quanto silencioso onde o banho nos era proibido.
Minto. Havia também o Chora Menino, uma pequena represa que se derramava em cascata sobre o limo de pedras escorregadias, onde fazíamos festa enrugados de frio, quando papai nos levava em excursões domingueiras, pras bandas da Fazenda Mercador.

Do mar só conhecíamos o rugido aprisionado num caracol gigante que enfeitava a mesinha de centro na sala principal da nossa casa. Um zunido constante e misterioso onde imaginávamos o fragor de batalhas homéricas entre divindades e divindades e criaturas monstruosas do fundo do mar. O imenso caracol de beiradas peloladas era como uma cornucópia, derramando o ouro impar da fantasia juvenil nas virgens cavernas da nossa interiorana imaginação. Enfim, o mar era mais que um apavorante rugido em nossos sonhos infantis.

Ao enfrentá-lo na primeira vez, atônito diante daquela potestade a remover-se em ondas e reclamações, diante daquele tumulto vindo do horizonte infinito até desfazer-se como um cão de espumas aos meus pés, àquela entidade que me reduzia à pequenez humana afrontou a me, e eu a temi. Estava diante de tamanhos que não conhecia e aquela divindade em volume de água e infinitude, era bem maior do que uma frágil criança sertaneja, ainda que valente e destemida, poderia entender.

Na casa de Tia Luizita cada um de nós tinha sua toalha e o seu próprio cotoco de sabonete, porque banho sem estes apetrechos não valia a pena. O balde cheio de maçunins e conchas só voltava, quando, á custa de muito grito, retornávamos à casa devidamente tostados de sol, com a pele assada quase em chagas, onde não se podia nem tocar. Tome-lhe pomada Minâncora, todos lambuzados de branco, mas felizes e cansados de tanto sol e mar.

Pela manhã, bem cedinho, a brincadeira era pegar caranguejo com um talo de coqueiro feito laço, no mangue do quintal. No lamaceiro atrás da casa tinha tanto caranguejo quanto goré na praia em frente. Era um cenário de ficção científica a enorme extensão de lama prateada pelo sol, toda ela coberta de figuras extraterrestres, encascadas e peludas, com grandes garras e olhos buliçosos, avançando ameaçadoras sobre os quintais da humanidade. Nossa missão era dominá-las e comê-las, pela salvação do planeta terra.

Logo o panelão ficava cheio delas ainda croquitando ameaças nos íngremes paredões de alumínio com suas garras ameaçadoras, querendo luta. A criançada ficava responsável pelo tempero e cozimento da caranguejada, numa trempe de tijolos colocada em terra firme. Ficava até bom a nossa inusitada refeição matinal, mas a areia mal lavada trincava nos dentes.

De modo que a Praia Formosa foi o cenário das minhas primeiras aventuras nessas terras do Aracaju, quando iniciei o aprendizado dos seus ritos ancestrais e a relação, ao mesmo tempo amorosa e predadora, que esta maravilhosa cidade praiana oferecia aos seus habitantes.
De lá pra cá, deu no que deu.

Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 21 de fevereiro de 2014.

Avenida Edésio Vieira de Melo nasceu de uma explosão


Imagens dos escombros, após o acidente na avenida Explosão.
Fotos: aracajuantigga.blogspot.com

Publicado pelo site: aracaju.se.gov.br, em 30/03/2010.

Avenida Edésio Vieira de Melo nasceu de uma explosão

Por Gabriel Cardoso (estagiário)

Perguntar a um morador de Aracaju a localização da avenida Dr° Edésio Vieira de Melo pode não ser uma questão de tão fácil resposta, mesmo sabendo que o endereço é uma das vias mais famosas da cidade. Isso porque sua fama advém do incidente ocorrido na noite de 13 de abril de 1980. Mais conhecida como avenida da Explosão, a Edésio Vieira de Melo foi palco do acidente que marcou profundamente todo o povo de Aracaju, passando a fazer parte do imaginário popular.

A explosão, a que se refere o apelido, se deu em um depósito de fogos de artifício que um subtenente do Corpo de Bombeiros mantinha no porão de sua casa, localizada no número 1094 da avenida, que na época da explosão se chamava Cotinguiba. Toda uma geração de jovens aracajuanos já deve ter parado e perguntado aos mais velhos o porquê da curiosa alcunha.

As explicações variam, misturando boato e realidade, o que contribui para a permanência do acontecimento no imaginário da população e para a afinidade que os moradores da cidade têm ao nome não oficial da avenida. Os mais curiosos podem recorrer ainda aos jornais da época disponíveis nos arquivos de algumas das empresas jornalísticas mais importantes da cidade.

Há também fontes como Dona Aurora Corso Guimarães, que até hoje reside próximo ao local do acidente e guarda na memória detalhes que ajudam na reconstrução histórica de um dos fatos mais marcantes de Aracaju no século XX.

De sua casa, situada na rua Frei Paulo com Rafael de Aguiar, paralelamente à avenida da Explosão, pôde-se sentir "um impacto tão forte que chegou a derrubar a janela do quarto", rememora Dona Aurora, narrando o momento do susto. "Ela veio em cima de mim. O que me salvou foi a cortina que, por ser muito grossa, amorteceu a pancada", conta aliviada. Dona Aurora não se machucou. Nem ela, nem o marido que também estava em casa no momento da explosão.

Susto

Passado o susto, os dois se juntaram aos vizinhos que saíram de casa em busca de respostas. Muitos acreditavam que o estrondo viera da antiga fábrica de cimento, localizada na rua do Acre. Mas logo soube-se que o local do acidente fora ainda mais próximo. Então partiram rumo à avenida Cotinguiba e se depararam com um cenário apocalíptico. Os números da destruição impressionam: 2.500 imóveis danificados, 12 mortos e 200 feridos.

As imagens e sons permanecem vivos na mente dos que presenciaram a cena. Apesar de tudo, o tempo se encarregou de transformar a famigerada avenida em um dos marcos da Aracaju contemporânea. E até Dona Aurora não se incomoda em se referir à moderna Av. Edésio Vieira de Melo, como a avenida da Explosão. "Não tenho problemas em chamá-la assim. Já é uma marca da cidade. Ruim é ouvir um barulho forte. Isso sim é de arrepiar".

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 21 de fevereiro de 2014.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Lançamento do livro de Marcelo Ribeiro, sobre Ismar Barreto


Social

Marcelo Ribeiro reuniu uma certa Aracaju saudosa no lançamento do seu livro sobre Ismar Barreto. Para onde se olhava havia conhecidos, gente que não mais se encontra no cosmopolita dia-a-dia da cidade, rostos amigos, gente gostosa que não se encontram a séculos, abraços saudosos de um tempo em que a vida social da cidade se passava nos mesmos bares, nas raras quebradas eleitas para o proveitoso encontro de conviventes excepcionais. Estava todo mundo lá.

Muitos pela inevitável saudade do homenageado, o bardo Ismar Barreto, que cantou essa cidade com a gostosa malandragem que o tornou imortal, outros, pelo respeito ao escritor que o homenageia em livro, o escritor Marcelo Ribeiro, de quem se espera sempre o melhor.

Valeu a pena sair de casa para voltar a amar a Aracaju que nos faz poetas.

Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 19 de fevereiro de 2014.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A Galeria Acauã

Florival Santos, Amaral Cavalcante, Joubert Moraes e Eduardo Cabral, na inauguração da Galeria de Arte Acauã. A primeira de Sergipe de propriedade de Seu Arthur do Foto Amador e do Cacique Chá no Parque.
 (Foto/Legenda Eduardo Cabral).

A Galeria Acauã

A Acauã foi a primeira galeria particular de artes em Aracaju. Ficava na Rua Itabaianinha, em frente ao Cine Vitória e foi o segundo empreendimento pioneiro do inquieto Seu Arthur do Foto Amador, um senhorzinho de cara redonda e sorriso farto, que também fora o primeiro concessionário do Cacique Chá, construído pela municipalidade no Parque Theófilo Dantas. Seu Arthur, antes de passar o empreendimento para o ensimesmado Sr.Freitas, fizera do Cacique Chá o point mais elegante da sociedade local onde ocorriam bailes em trajes de gala, comemorações natalícias e concorridos recitais de piano.

Ele morava em confortável casa ajardinada no oitão da Catedral e gostava de receber intelectuais - principalmente da nova geração - que em sua casa tinham contato com a pródiga coleção de quadros de artistas sergipanos que possuía. Dessas conversas surgiu a ideia de abrir uma Galeria de Artes e sua iniciativa contaminou-nos a todos com grande entusiasmo. Tanto que alguns de nós o ajudamos a realizar a empreitada, tratando da adesão de expositores e da divulgação na mídia. Eu, Dudu Cabral, Hunald Alencar, Joubert Moraes, Gervasio Teixeira, Adauto Machado, Welington, éramos alguns desses.

Dois dias antes da inauguração fomos, eu e Hunald, visitar a obra e nos surpreendemos com as paredes da sala de exposições profusamente decoradas com cacos de coco afixados numa faixa que subia até 1 metro e meio e que tornava a área de exposição das telas muito exígua para o número de obras que tínhamos reunido. Alem disso, em toda a area ocupada pela feiura dos cacos de coco fora espalhado um verniz escuro, o que4 tornava bastante sorumbática. E agora?

Seu Arthur não quis saber dos nossos argumentos estéticos que exigiam a retirada da bizarra decoração e a exposição foi montada com os quadros bamboleando por cima dos cacos.

A foto que ilustra esta matéria foi tirada no dia da Inauguração em meio a um farto coquetel de cerveja com canudinhos e olho de sogra. Não durou muito.

Amaral Cavalcante

A foto pertence ao precioso acervo de Eduardo Cabral.

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 14 de fevereiro de 2014.

A Tradição da Zabumba de “Seu” Quendera


Publicado pelo site osmario.com.br, em 05/02/2014.

A Tradição da Zabumba de “Seu” Quendera
Por Osmário Santos

Na Rua Altamira, número 28, bairro Industrial, numa pequena casa vive a viúva do “Seu” Quendera e seus filhos.

- Quem foi Quendera? Um dos músicos que com o seu pífano e seu grupo de zabumba, deixou uma grande marca no folclore sergipano. Quendera com seus músicos estava presente nos acontecimentos culturais de Aracaju e de outras cidades de Sergipe, nos acontecimentos políticos e até marcava presença nos acontecimentos religiosos, levando animação com o som regional.

Era um grupo que agradava a todos, principalmente os contratantes que pagavam uma irrisória quantia e tinham uma boa música. Nos comícios “Seu” Quendera estava presente. Nas inaugurações oficiais do governo lá estava Quendera e seu grupo.

Era uma figura que conquistava a todos pela sua maneira de ser alegre e pela postura de músico responsável e apaixonado pela música. Não tinha hora para terminar de tocar e a zabumbada tomava conta da noite. Em qualquer festa Quendera estava presente e até no futebol, na condição de torcedor apaixonado pelo Confiança. Misturava o som do pífano e da zabumba, com a fanfarra da torcida organizada do time azul e branco do bairro Industrial.

Seu Quendera tocava em todas as épocas, principalmente nos festejos juninos, quando o som da sua zabumba esquentava as noites da rua de São João, com a música de sua autoria “Esquenta Mulher”.

Hoje já não temos mais Seu Quendera que está em outra constelação, mas sua arte de tocar pífano com o seu grupo musical faz falta.

Após a sua morte, a família resolveu assumir a responsabilidade do grupo, depois de um período de crise, de dor e de sofrimento, consequência de sua inesperada partida, vítima de problemas cardíacos. O filho que acompanhava o pai em suas tocadas desde pequeno na zabumba assumiu o comando. A viúva Maria José dos Santos Menezes dá o devido apoio e fica contente diante da continuação do grupo. Ela hoje, com 70 anos fala de alguns dos bons momentos vividos com Quendera depois de sete anos de sua morte, já que ele faleceu em 1982.

Seu Quendera quando jovem era tocador de destaque da bandinha de pífano de seu Raimundo. Com a morte do dono do conjunto, seu Quendera, assumiu o comando já estava casado com dona Maria e isso aconteceu com poucos anos de casamento. Dona Maria nos afirmou que são 50 anos de existência do grupo com o nome de seu Quendera. A banda de seu Raimundo somente tocava no bairro e quando seu Quendera assumiu o comando, deu o seu nome ao grupo e começou a tocar fora do bairro, a fim de conseguir alguns trocados para ajudar em casa, já que o pouco ordenado de eletricista do Estado não dava para nada. Passou a tocar nos leilões da época, a fazer acompanhamento de procissões e a tocar em todo tipo de festa. O seu conjunto era mais procurado para as novenas de Santo Antônio e neste período a agenda sempre estava cheia. Além de tocar pífano, seu Quendera tocava zabumba e violão. Fazia algumas músicas e batizava com nomes bem sugestivos como: “Esquenta Mulher, Landu, Cachorro e a Onça” e preparou uma especialmente para as procissões, dando o nome de “Acompanhamento de Santo”. Seu Quendera foi um dos poucos grupos musicais que representou em exibições de caráter folclórico, tendo ido para Goiânia, Recife, Ceará, Rio de Janeiro e Salvador.

Seu Quendera era um eletricista que trabalhava nos bondes que antigamente circulavam em Aracaju. Nas horas de folga, sempre pegava um instrumento musical e estava a compor música para o repertório do seu grupo. Da música não deixou amparo para a família, pois o que ganhava sempre era pouco e ainda tinha que repartir com os demais companheiros. Na sua morte, a viúva numa última homenagem, a conselho de um amigo, colocou no caixão o seu pífano, atitude, que provocou arrependimento mais tarde.

O grupo ficou depois de sua morte parado durante três anos. Dona Maria, sentindo a ausência do companheiro de tantos anos, vendo os instrumentos em casa, de uma hora para outra resolveu dar fim e vendeu tudo. Mas essa atitude foi também de revolta, pelo esquecimento da Emsetur que era quem mais contratava o conjunto e despareceu no momento mais difícil.

Com a ajuda de Aglaé Fontes, então diretora do Centro de Criatividade, que colaborou financeiramente para a compra de novos instrumentos depois de muitos conselhos, encucando na família a necessidade da volta do conjunto e assegurando um cachê para a primeira apresentação depois da morte do velho, o conjunto voltou tendo à frente o filho do Quendera, Adelson Santos Menezes.

Adelson fala bem do seu pai e lembra da vocação que o velho tinha para Bom Jesus dos Navegantes, quando fazia questão de acompanhar a procissão com o seu conjunto de pífano, sem receber nenhum cachê.

Ele gosta de tocar as músicas compostas por seu pai e promete não acabar nunca o conjunto. Uma coisa triste que notamos é a sua acomodação, pois ele fica somente esperando pelos órgãos oficiais e não busca apresentações nem mesmo nestes órgãos, esperando que venham contratá-los em casa. Assim o conjunto cai no esquecimento e uma vez ou outra é que retorna com o seu gostoso e contagiante som.

Hoje, o conjunto não mais ensaia e só faz apresentação praticamente para os órgãos culturais. Adelson nos fala que foi bastante decisiva para o retorno do conjunto, uma reunião que aconteceu com velhos amigos do pai como mestre Euclides, mestre Oliveira, Durval e com a participação de Aglaé.

Antes o conjunto era composto por seis componentes: dois pífanos, a zabumba, o pandeiro, a caixa e o triângulo. Hoje é composto de quatro elementos sendo eliminado o pandeiro e o triângulo.

Sua última apresentação foi no Festival de Laranjeiras. Ele reclama da demora dos pagamentos por parte dos órgãos culturais do Estado.

No último São João ninguém chegou a contratar o conjunto e assim não tocou para ninguém. Perguntamos qual era a profissão do Adelson e ele nos respondeu que era vigia e que atualmente, estava desempregado. Sobre a profissão dos demais componentes do grupo, ele nos disse que um era aposentado, um pescador e dois que trabalhavam numa serraria.

Hoje o conjunto só depende dos órgãos culturais. Nem por brincadeira, numa roda de bar o conjunto aparece. Eles não se reúnem para tocar, não fazem como antigamente, onde a garra e o sangue de mestre Quendera contagiava a todos.

Publicado em 18/12/1989.

Foto e texto reproduzidos do site: osmario.com.br

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 14 de fevereiro de 2014.

Neide Mesquita


Publicado pelo Blog Osmário, em 25/06/2013.

Neide Mesquita
Por Osmário Santos

Foi homenageada pelo Estado com seu nome em uma escola
Neide Figueiredo de Albuquerque Mesquita, nasceu a 30 de dezembro de 1919 na cidade de Aracaju /SE. Seus pais: Xisto Ferreira de Albuquerque e Esmera Figueiredo de Albuquerque.

Filha de alagoano, seu pai fez parte da guarda nacional e chegou a estudar alguns anos no curso de Direito. Por motivo político veio parar na cidade de Aquidabã/ SE – para trabalhar como telegrafista, emprego conquistado graças a amigos. Dele sua filha não tem muitas lembranças, pois faleceu quando ela tinha 10 anos de idade. De sua querida mãe, herdou o amor ao trabalho e a integridade.

No Colégio Nossa Senhora da Glória que funcionava na rua de Maruim em Aracaju, com Dona Yazinha, fez o curso primário e no Colégio Atheneu estudou cinco anos do então curso de humanidades. Foi aluna dos professores Abdias Bezerra, Franco Freire, Artur Fortes e Oscar Nascimento. “ Acho que tive os melhores professores que já passaram pelo Atheneu”.

Com 15 anos de idade se apaixona por um cearense que veio a Aracaju trabalhar como representante do laboratório, o Raul Leite e com ele casa aos 17 anos de idade. Com o casamento vai morar no Piauí e daí teve a experiência de morar na Bahia e no Ceará, até que consegue morar em Aracaju, graças a um pedido de transferência que sua mãe conseguiu junto a direção do laboratório para que o genro pudesse assumir a gerência da filial em Sergipe.

Chegado o momento da transferência, sai do Ceará em navio de alto calado para Salvador, o navio Baependi que tinha condições de ancorar no porto de Aracaju. Pela necessidade de regularização de passagem, sue marido, tão logo chegou em Salvador, acomodou Neide num hotel e parte para tomar as devidas providências. Encontra a agência fechada e retorna ao hotel. Ao saber da notícia a mulher pela ânsia de chegar logo em Aracaju, toma a decisão de viajar de trem.

Quando chega em Aracaju encontra a casa de seus familiares repleta de pessoas e fica surpresa ao saber que todos estavam em sentido de pesar pela morte do casal. Tal surpresa ficou por conta do torpedeamento que navio que ela estava preste a embarcar em Salvador junto com o esposo. Neide teria avisado aos familiares que chegaria no navio.” Não tinha de ser naquele momento. Eu tinha alguma coisa ainda a fazer na vida”.

Tomando conhecimento da abertura de concurso público para professora de recreação do Jardim de infância Augusto Maynard, Neide se inscreve, mesmo contrariando a vontade do marido, que até então tinha pensamento fixo que lugar de mulher casada era dento de casa.

Neide faz o concurso e passa em 1º lugar e começa a trabalhar com mil e ima idéias.

Depois de marcar presença no Jardim de Infância pertencente a rede estadual de ensino, resolve abrir uma escolinha da alfabetização, em frente de sua casa na Rua Lagarto 1122. Faz prova de suficiência com sucesso para ser professora do Estado, na disciplina Economia Doméstica da Escola Normal. Recebeu aprovação com louvor. “ Com o espírito que eu tenho, criei o Clube dos Quatro H’s ( Em Inglês: cabeça, coração , mãos e saúde). Através das alunas, com o clube era desenvolvido um trabalho de preparação de enxovais que era entregues a crianças pobres internas no Hospital de Cirurgia”.

Achando que poderia aproveitar melhor o seu potencial, resolve montar em frente de sua casa uma colégio e funda o Instituto Sílvio Romero com vagas até a 4ª série. O colégio para a se destacar por oferecer aulas de Inglês e festas de São João, festa do Dia das Mães e a de final de ano.

Sendo espírita fervorosa, com o apoio da dentista Laura Amazonas (que doa um terreno) e, contando com a ajuda de Melita Nascimento, passa a se movimentar com inúmeras atividades para construir uma obra de caráter social, destinada para crianças carentes, a “Casa do Pequenino”. Para conquistar recursos, chega a apresentar no Cinema Rio Branco, o Festival Tapete Mágico, com a participação de jovens da sociedade sergipana. O sucesso foi tanto que necessitou fazer três apresentações e todas elas com casa lotada.

Participa de mais outro concurso público e sai aprovada para ensinar no Colégio Atheneu - a disciplina “Educação Moral e Cívica”.

Com seu espírito de pioneirismo na década 60 abre em Aracaju o curso de “ Desenvolvimento Artístico. “ Ninguém pensava em Ballet”.

Neide Mesquita foi membro do Conselho Estadual de Educação na época da sua criação. Na administração do prefeito Gileno Lima, assumiu o cargo de diretora do Departamento de Educação do Município. Por um curto período atuou como diretora da Educação do Estado. Na Educação trabalhou como assessora até 1970.” Nesta assessoria eu promovia a Parada Cívica de 7 de Setembro. Criamos nas escolas do Estado, Centros Cívicos”.

Foi homenageada pelo Estado de Sergipe e só veio saber depois de inaugurada. “ Com surpresa soube que tinha uma escola com o meu nome, a Escola 1º Grau Professor Neide Mesquita. Não sei nem quem foi o secretário que me prestou esta homenagem, nem o governo. Só sei que veio uma comissão de alunos e professores aqui na minha casa para saber como eu era. A escola fica no Conjunto Eduardo Gomes e tem 800 alunos.

Registra que foi discriminada por ser espírita nos anos 50.

Casou com José Mesquita Neto. Do casamento realizado em 1937 os filhos: Clesimeire, Rosimeire e Lídia. É avô de 9 netos e tem oito bisnetos. Foi proprietária da floricultura La Rose.

Foto e texto reproduzidos do site: osmario.com.br

Postagem originária do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 14 de fevereiro de 2014.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Professor Joaquim Vieira Sobral e seu mecenato estudantil


Professor Joaquim Vieira Sobral e seu mecenato estudantil, belo texto de Manoel Cabral Machado.

Por influência do meu amigo Lauro Barreto Fontes, (falecido recentemente), em 1935 fui transferido do colégio Salesiano para o Atheneu Pedro II, nesse tempo dirigido pelo professor Zequinha.

Logo depois, no Governo Eronides de Carvalho, a direção do estabelecimento fora ocupada pelo professor Joaquim Vieira Sobral que então lecionava Desenho e Inglês. Houve com a nova direção uma mudança total. O professor Joaquim era amável e acolhedor. Tratava os alunos com cordialidade, valorando a classe estudantil. Logo no início de sua administração, dirigiu-se aos estudantes da quinta série pedindo a nossa colaboração. No Ateneu fez administração revolucionária com inovações pedagógicas ampliando os laboratórios de Ciências Físicas Naturais, criando biblioteca, apoiando o grêmio estudantil Clodomir Silva e o seu jornal A Voz Do Ateneu. E realizando o mecenato estudantil com amparo aos estudantes pobres e assim formar muitos dos jovens talentosos de Sergipe nas Faculdades da Bahia ou do Rio.

O professor Joaquim Vieira Sobral, nasceu em 03 de abril 1898, na cidade de Japaratuba, no engenho São João, pertencente à família, filho do doutor Domingos Dias de Menezes Sobral (Dr. Mingu) e sua esposa D.Ana Vieira Sobral. O Doutor Mingu era agrônomo e formara-se em Salvador na escola de agronomia de Itapajipe, sendo colega do meu tio Dr. Matheus de Souza Ferreira Machado, pai do desembargador Antonio Machado falecido há pouco tempo. Dr. Mingu casara-se com D.Ana Vieira Sobral, filha do Doutor Joaquim Manoel de Almeida Vieira, médico nascido em Capela e que esteve na Guerra do Paraguai voltando cheio de glória falecendo muito moço. Fora padrinho de minha mãe e possivelmente seu parente. Sua esposa muito jovem casa-se com o coronel Semeão Telles de Menezes Sobral. Este casara-se duas vezes do 1° Consórcio com D. Rosa Cândida Dias Sobral e tivera 17 filhos. Entre estes o desembargador Semeão de Menezes Sobral, Pedro Sobral (Promotor de Japaratuba) e outros inclusive o Dr. Mingu. Do 2° Consórcio com D.Luiza Francisca Acioly Sobral teve seis filhos, entre estes o arcebispo D. Adalberto Sobral, Dr. Otavio Acioly Sobral, usineiro da Usina Oiterinhos, José Sobral, Dr. Francisco Acioly Sobral, avô dos meus netos, Jorge do Prado Sobral Junior e Paulo Henrique Machado Sobral e ainda duas mulheres Alzira e Eulina. Ver-se que os descendentes do coronel Semeão Telles Sobral casam-se uns com os outros fazendo um enlaçamento familiar acontecendo, por exemplo, que D. Adalberto Sobral seja irmão de Dr. Mingu e irmão também de sua esposa D. Ana Vieira Sobral, mas Mingu não era irmão de sua esposa Ana Vieira Sobral, pois, que tem o mesmo pai mais não tem a mesma mãe. Voltando ao professor Joaquim Vieira Sobral diria que por algumas vezes, ele dirigiu o Ateneu Pedro II e muitos dos estudantes pobres do Ateneu formaram-se com a sua ajuda. Seja distribuindo bolsas de estudos, empregos ou mesmo ajuda financeira sua e dos seus amigos. Fora um verdadeiro mecenato. Quando em 1943, já formado, vim residir em Aracaju e passei pouco tempo depois a ensinar no Colégio Nossa Senhora de Lourdes e na Escola de Comércio Conselheiro Orlando, o professor Joaquim convidou-me para lecionar História no Ateneu e conseguiu-me um documento que permitiu o meu registro como Professor Ginasial.

Professor Joaquim Sobral, estudara as primeiras letras em Riachuelo, no Engenho Escuta pertencente aos seus pais. Crescendo conheceu e fez amizade com Dr. Silvio Leite participando das tertúlias literárias do engenho Lira do Dr. Dionísio Telles de Menezes. Já rapazinho resolveu estudar no Colégio Salesiano Santa Rosa, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Em 1911, retorna a Sergipe passando a lecionar no Colégio Salesiano em Aracaju. Em 1912, retorna ao Rio de Janeiro ensina no Colégio Salesiano Santa Rosa e faz curso na Escola Politécnica. Em 1913 outra vez interrompe os estudos voltando a Sergipe para cuidar dos haveres da família administrando o Engenho Escuta em Riachuelo. Sete anos depois, casa-se com a sua prima Alzira Garcez Sobral, numa festa de grande alegria para as famílias. Depois de algum tempo, é nomeado professor de desenho do Ateneu Pedro II de Aracaju, onde passou toda a sua vida seja como professor de Desenho ou de Inglês ou mesmo de Diretor do estabelecimento, ganhando destaque e projeção graças as suas qualidades de administrador e habilidade com que tratava os seus alunos. Do seu casamento com D. Alzira teve vários filhos, Dr. Hernani Sobral, (professor de matemática da Faculdade de Engenharia da Bahia) Clovis Sobral (funcionário público, aspirando ser Agrônomo, realizou a vocação no seu filho Dr. Lafaiete), Maria Silvia (professora), Carmem (casada com Luciano Menezes alto funcionário do Banco do Brasil) e Letícia.

E quando foi criada a Sociedade dos ex-alunos do Colégio de D. Bosco em Aracaju, ele fora eleito Presidente da Sociedade - sendo eu também eleito Orador Oficial -. O professor Joaquim, logo depois, conseguiu recursos para comprar um casarão para a sede da sociedade na rua de Propriá. Extinta a sociedade, o prédio passou para a Diocese de Aracaju, onde hoje funciona a Rádio Cultura. Porque falava e escrevia inglês, o professor Joaquim criara um escritório de representação de máquinas inglesas para atender as necessidades da nossa indústria açucareira. O professor Joaquim, irmão do desembargador Carlos Vieira Sobral, Dr. Semeão Vieira Sobral, coronel do Exército José Vieira Sobral, Dr. Luiz Bosco Sobral, Eduardo Vieira Sobral pai de D. Clara Sobral Souza, esposa do conselheiro José Carlos de Souza. Quando da sua aposentadoria, após mais de trinta anos de magistério aposenta-se havendo uma despedida festiva no Ateneu, sendo saudado pelo poeta Freire Ribeiro, inclusive recitando um belo poema. Aposentado, passa a dirigir o asilo Rio Branco, cuidando com afeto os velhinhos empobrecidos.

Faleceu o professor Joaquim aos 83 anos, no dia 28 de setembro de 1980, cercado do afeto dos seus filhos e netos e ainda da admiração dos seus ex-alunos e amigos.

Quando do seu centenário de nascimento, a professora Maria Tethis Nunes liderou o movimento para a comemoração do centenário do mestre Joaquim Sobral, nos festejos, muitos ex-alunos falaram inclusive eu e a professora Tethis. Compareceu também à solenidade sua ex-aluna professora Maria de Loudes Burgos da Universidade Federal de Medicina da Bahia. Fora um homem admirável pelos seus serviços prestados a educação em Sergipe, e ainda fora um pai benévolo e dedicado aos seus alunos, especialmente os pobres. Foram muitos os estudantes pobres amparados e protegidos pelo professor Joaquim Vieira Sobral. Sendo assim, ele poderá integrar a galeria dos sergipanos excepcionais e receber as homenagens dos seus coestaduanos."

Jornal da Cidade, Caderno B, em 31/12/2008.

Foto e texto reproduzidos do Facebook/Linha do Tempo/Antônio Samarone.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 8 de fevereiro de 2014.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Pela Preservação da Iconografia Sergipana


Pela Preservação da Iconografia Sergipana.
(Quatro fatos correlatos e uma sugestão)

1 – O jornalista Fábio Jaciuk criou no Facebook o grupo HISTORIA DA TV / RADIO EM SERGIPE dedicado à veiculação de fatos históricos, curiosidades, fotos e vídeos que interessem a preservar a memória da atividade radiofônica e televisiva em Sergipe. O espaço, criado recentemente, já conta com mais de 400 seguidores ativos postando preciosos documentos até então dispersos, sobre o assunto. Cria-se assim a oportunidade de coleta e reunião de documentos históricos específicos sobre uma atividade profissional com evidente influência na cultura sergipana.

2- O Jornalista Clarêncio Fontes, que se encontra atualmente adoentado, dispõe de um importante acervo sobre a imprensa escrita em Sergipe e todos os jornais certamente guardam em seus arquivos milhares de fotos em papel usadas na editoração cotidiana, até o advento da fotografia digital. Este acervo reunido, classificado e posteriormente digitado, configuraria um inestimável acervo iconográfico da vida sergipana.

3- O pesquisador Armando Maynard mantém no Facebook o exitoso grupo MINHA TERRA É SERGIPE, criado em 2011 e já contando com mais de 1.200 seguidores bastante participativos. A página reúne fotos, documentos, relatos e outras informações úteis à configuração da sergipanidade, bem como biografias de personalidades destacadas na vida cultural, política e social de Sergipe. Ali, pode-se encontrar, também, um preciso acervo iconográfico, capaz de ilustrar a negligenciada história privada dos sergipanos, uma considerável acervo de fotos, relatos e crônicas de acontecimentos sociais como casamentos, batizados, retratos de família, festividades públicas e privadas, enfim, a riqueza dos baús familiares e das coleções particulares reunidas em um cuidadoso espaço.

4 – O presidente da Fundação Aperipê, Luciano Correia, após anunciar a digitalização do sinal na TV Aperipê noticia que, em parceria com a UNIT, encontra-se em finalização a digitalização do programa “Aperipê Memória” apresentado durante anos naquela emissora estatal pelo saudoso compositor João Melo, programa que mapeou a cena musical sergipana durante um bom tempo. A Aperipê dispõe também de vários programas Especiais produzidos por Pascoal Maynard, além do seu engajado programa “Expressão” que vem anotando a atual cena artístico/cultural sergipana, e que carece de preservação.

A iniciativa pioneira da Fundação Aperipê com o apoio da UNIT leva-nos a pretender que outras instituições, como o precioso Instituto Banese que muito tem feito para enaltecer a sergipanidade, a UFS para restaurar o seu compromisso com a nossa cultura, bem como outras instituições públicas e privadas que atentam para a necessidade urgente de preservação desses documentos essenciais que possam ser digitalizados e disponibilizados em um possível Museu da Imagem Sergipana, ou algo parecido.

Afinal, já se foi o tempo em que os pesquisadores, para saberem de Sergipe, tinham que viajar ao “Livro do Tombo”, em Lisboa.

Amaral Cavalcante- 07/02/14.

Postagem originária do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 8 de fevereiro de 2014.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Hoje Canhoba, completa 76 Anos de muita história (23/01/2014)


"Hoje CANHOBA, completa 76 Anos de muita história."

Histórico

Denominava-se Curral de Barro, em decorrência dos muros construídos de argila com a finalidade de reter as águas na lagoa de Canhoba, durante o cultivo de arroz. As primeiras penetrações tiveram início no fim do século XVII para princípio do século XVIII, pelas famílias Torres e Resende.

No século XIX no ano de 1894 o povoado já possuía uma escola primária e feira livre realizada aos domingos. Depois de construída a sua primeira igreja, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, despontaram várias opiniões com o objetivo de trocar o nome do povoado,ficando aceito pela maioria dos habitantes, a denominação de Canhoba cuja origem está ligada aos terrenos férteis existentes, denominado Baixa do Canhoba. Com território desmembrado dos Municípios de Aquidabã, Gararu e Propriá foi transformado no Município de Canhoba através de Decreto-Lei nº 17 de 23 de dezembro de 1938, tendo como sede o povoado Canhoba.Canhoba: terra de Eronildes de Carvalho.

O município já foi chamado Curral do Barro e teve uma forte economia algodoeira "Por doação da coroa, /Manoel Rocha é o seu fundador, /Emancipada por Eronildes, /O nosso governador". Este é um trecho do hino da emancipação do município de Canhoba,que fica a 124 quilômetros de Aracaju, em 1954 o Distrito de Nossa Senhora de Lourdes é anexado ao município de Canhoba, sendo novamente desmembrado em 1963 quando o distrito de Nossa Senhora de Lourdes é elevado a município independente. E Canhoba tem história para contar?

As terras canhobenses, que se situam à margem direita do Rio São Francisco, faziam parte da Capitania de Todos os Santos, que iam do Velho Chico até Itapoã, próximo a São Salvador.Com a morte de Cristóvão de Barros, parte dessas terras passam a pertencer a seu filho, Antônio Cardoso de Barros. Os primeiros exploradores chegaram no final do século XVIII à Lagoa do Jaguaripe, hoje Lagoa de Canhoba, usando o Rio São Francisco como estrada natural.Segundo pesquisadores, Canhoba quer dizer em língua portuguesa "folhas escondidas", uma planta medicinal usada largamente pelos indígenas. Uma espécie de planta com fama miraculosa ( milagrosa).A palavra "Canhoba" é a junção de duas outras. Segundo o tupinólogo, Theodoro Sampaio, em seu Dicionário da Língua Tupi, "Can" quer dizer cânhamo, e "oba" é o senhor da terra .CATAIOBA E CURRAL.

Os primeiros habitantes de Canhoba foram os índios da tribo Cataioba. Com a chegada dos portugueses, os índios fugiram, mas no município ficaram suas marcas: os nomes de locais como Caiçara e Caraíbas. Sendo o maior registro da existência da Baixa do Canhoba, que deu origem ao nome do lugar.Manoel José da Rocha Torres, não resta dúvida, foi o primeiro posseiro do hoje município.Por carta sesmarias o Capitão-mor Cristovão de Barros foi o primeiro dono destas terras no século XVI. As suas terras foram adquiridas através de uma Carta Régia, desde o São Francisco até o interior, na altura do Bom Nome ( Itabi). Ele é um descendente de portugueses. Seu filho, Antonio da Rocha Torres, também foi possuidor de terras. Eles fundaram a povoação "Curral de Barro", por causa dos valados que os posseiros construíram para represar as águas das lagoas, plantando nas terras alagadas o arroz. Curral era um nome comum, pois no alto sertão existia o Curral do Buraco, (hoje Porto da Folha) e o Curral de Pedras (hoje Gararu). Construída a primeira igreja sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, surgiram opiniões no sentido de ser mudado o nome do povoado. Alguns sugeriram a denominação Jaguaripe, nome do rio temporário que passa nas proximidades. Mas essa ideia não prevaleceu.

Igrejas e Fé

A igreja matriz de Canhoba, foi inaugurada como capela, em 18 de fevereiro de 1939. Aliás, reinaugurada, pois a sua construção fora iniciada em 1889, por Manoel Paez que tendo viajado para a Amazônia , como tantos outros do lugar, lá foram picados pelo mosquito Aedes aegypti e morreram. Porém Manoel Paez, depois de fazer uma promessa , qual seja , se não morresse voltaria à sua terra e, pedindo esmolas, (somente esmolas), construiria uma igreja sob a invocação do Senhor dos Pobres. Manoel Paez, milagrosamente não morreu. Isto fez com que voltasse a Canhoba, onde saiu pedindo esmolas e, com o produto delas, iniciou a construção da Igreja.

Entre as festas religiosas de Canhoba , a do Santo Cruzeiro tem lugar especial . A partir de 7 de junho de 1910, quando a Santa Cruz foi edificada pelos freis Rocha e Anatanael ao concluir uma santa missão no lugar de todos os anos, a partir do seguinte ano passou a comemorar o Santo Cruzeiro, um testemunho de fé e religiosidade.

Crescimento de Canhoba

O povoamento de Canhoba crescia lentamente . A migração ocorreu com mais frequência quando os alagoanos passaram para o lado de Sergipe, em busca de terra férteis , como são as de Canhoba , próprias para o cultivo de arroz e do algodão.

As famílias da Rocha Torres , Rezende e Carvalho já se encontravam estabelecidas na povoação , tanto assim que em 1894 o povoado já era dotado de casas comerciais , escolas primária, descaroçadores de algodão, banda de música, feira muito importante, porto e a capela de Nossa Senhora da Conceição, cuja construção se deve à liderança de dona Maria Manoela da Conceição Rezende.

Mais tarde chegaram as famílias Paez Hora,Gomes de Menezes e por ocasião da emancipação política , os Andrades e Guimarães. Canhoba do início do século era o mais importante da beira do São Francisco. A sua riqueza rivalizava com a de Gararu e Porto da Folha , e era a base da economia de Propriá , a então sede do município.

Luz de Paulo Afonso

A cidade de Canhoba, no passado , era iluminada por lampiões a querosene. No final da década de 40 passou a ser iluminada por luz a motor. Primeiro com um pequeno motor a diesel (era prefeito Wilson Carvalho), depois um mais potente na administração de João Rezende.

A partir de 1968 o governador Lourival Baptista, contando com os esforços o deputado filho de Canhoba , Torres Junior , inaugurou uma praça que leva seu nome . Lá consta na placa com esta inscrição: Aos benfeitores desta terra , pela instalação dos serviços de energia elétrica de Paulo Afonso, a gratidão dos canhobenses . Janeiro de 1968.

O telefone chegou a Canhoba em 1938, com um único aparelho pertencente aos Correios e Telégrafos.

A Matriz

O bispo Dom José Thomaz Gomes da Silva, o primeiro de Aracaju, atendendo solicitação do interventor federal, aos 28 de novembro de 1939 criou a Paróquia de Canhoba sob a invocação do Senhor Bom Jesus dos Pobres, nomeando também o padre Antônio Fernando da Graça Leite como primeiro vigário. A instalação canônica da paróquia ocorreu aos 20 de fevereiro de 1940, com grande solenidade. O vigário fora nomeado também diretor das Escolas Reunidas , hoje renomeada de Escola Estadual Dr. Eronildes Ferreira de Carvalho.

Teve filhos ilustres como Eronildes Ferreira de Carvalho , que foi governador do Estado de Sergipe. Filho de Antônio Ferreira de Carvalho ( Antônio Caixeiro) e o Deputado Estadual Antônio Torres Junior.

GEOGRAFIA

Seu território encontra-se dentro do polígono das secas, com temperatura médias anuais de 26° C e precipitação média de chuvas de 800 mm/ano, com maior precipitação de março a agosto (outono-inverno). Em seu relevo predominam colinas e tabuleiros. A vegetação do município varia da Capoeira, Caatinga, Campos Limpos e Sujos. Canhoba está totalmente inserido na bacia do rio São Francisco, outros rios importantes da região são o rio Salgado e seus afluentes rio do Poção e o riacho Cancelo.

ECONOMIA

As principais receitas do município são da pecuária ( bovinos, ovinos e suínos), agricultura ( o principal produto é a mandioca, seguida do milho, arroz e feijão) e avicultura de galináceos.

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 23 de janeiro de 2014.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Arnóbio Patrício Bezerra de Melo


Arnóbio Patrício Bezerra de Melo
Por Osmário Santos, em  23/07/2013
  
Arnóbio Patrício Bezerra de Melo nasceu a 10 de junho de 1927, em Camocim de São Félix, Pernambuco. Seus pais: José Patrício de Melo e Amara Bezerra de Lourdes. Eu sou o primeiro de 25 irmãos, do mesmo pai e da mesma mãe.

O sr. José Patrício era fazendeiro, modelo de solidariedade humana. Um pai exemplo de trabalho que, apesar de ter 25 filhos, procurou educá-los da melhor maneira Uma certa vez, meu pai chegou em casa a pé, puxando o animal de sela em que ele andava, com um homem doente montado que tinha encontrado na estrada. De sua mãe, mulher de comportamento muito firme, aprendeu a nunca recuar em suas decisões.

O primeiro contato com os livros aconteceu na cidade natal, com continuidade na cidade de Caruaru, onde terminou o curso primário. Em Camocim, estudou no Externato Paroquial, recebendo lições de um professor formado que dava aula de piano, violão, bandolim, violão e datilografia. Em Caruaru, fez o quinto ano primário na Escola 26 de Abril, estudando Aritmética de Trajano e Geografia de Radagásio Taborda.

Da grata recordação da época de curso primário, lembra-se que ele apresentava o leilão da festa da cidade por ser considerado muito desenvolvido para falar. Isso era graças à leitura que fazia, principalmente, literatura de cordel.

Estudando em Caruaru, morava numa pensão. Certa noite, ao voltar da aula, foi apresentado ao padre José Gumercindo da comunidade salesiana. O padre, ao perguntar o que ele gostaria de ser, recebeu como resposta que gostaria de ser professor e se pudesse, engenheiro. O padre Gumercindo disse a Arnóbio que era padre de um colégio de professores e que ele bem poderia estudar no seminário, não se incomodando se dava ou não para ser padre, podendo seguir o destino caso não desse para o sacerdócio.

Oito dias após o pedido, estava no Seminário dos padres salesianos, que funcionava anexo ao Colégio Salesiano do Recife.

Concluído o ginásio e o curso clássico, aceitou fazer o noviciado na cidade de Jaboatão, por achar que não haveria dificuldade em se realizar como padre.

Fez o curso de Filosofia na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, num Seminário dirigido pelo padre sergipano Pereira Neto. Depois desse curso, que não era oficial, fez o curso de Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco. Em seguida, matriculou-se na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru no curso de Licenciatura Plena em Letras Francês. Prosseguindo, tornou-se bacharel em Teologia pelo Instituto Teológico Pio XI da cidade de São Paulo. Durante quatro anos, foi aluno ouvinte do curso de Biblioteconomia e Documentação Científica da Universidade de São Paulo.

No dia 8 de dezembro de 1957, na Igreja Nossa Senhora Auxiliadora da rua Três Rios em São Paulo, com mais trinta e três companheiros, foi ordenado padre.

Considera que foi o dia de glória de sua vida, um dia de muita alegria, de muita satisfação. Essa igreja é uma igreja linda. É lá na Estação da Luz e pertence aos padres salesianos.

Seu desejo, em início de carreira sacerdotal, era voltar ao Nordeste a fim de desenvolver um trabalho com estudantes num dos colégios dos padres salesianos. Por isso, veio para Aracaju como diretor de estudos do Colégio Salesiano. Já conhecia a cidade por ter feito, como seminarista, no ano de 1953, o estágio obrigatório de três anos na função de diretor de estudos da área de língua portuguesa.

Vou citar nomes de algumas pessoas que foram meus alunos: Laonte Gama, Walter Franco, os filhos de José Rollemberg Leite, Laurindo Campos, Pinga, que era dono da bola e que tinha de jogar de ponta esquerda, mesmo sem saber jogar.

Sua passagem por Aracaju, na época de seminarista, deixou marcas, o que lhe valeu o retorno, após a ordenação, na mesma função que ocupava no período de estágio.

No ano 1953 não ficava somente em sala de aula; gostava de jogar bole e fui vice-campeão pelo time do primeiro ano. Era centro médio. Mas, eu jogava bem o vôlei, esporte em que cheguei a jogar no Recife, na época de seminarista, na Seleção Pernambucana, atuando como levantador. Nós levantamos o campeonato de 1943, jogando contra os Maristas.

No ano de 1958, retornou a Aracaju para desempenhar seu primeiro trabalho como padre integrante da comunidade salesiana. Padre Arnóbio conta que, quando aqui chegou, encontrou o Colégio Salesiano, passando por uma fase crítica.

Nós recebíamos do governador da Bahia, Regis Pacheco, um trem de alunos, com cerca de oitenta jovens. Na época, ele tinha dificuldade para internar alunos na Bahia e, por aqui, existia vaga no internado do Colégio Salesiano. Assim, o Estado da Bahia pagava todas as despesas, quando dava bolsas, para manter alunos baianos em Aracaju. Eles eram uns demônios. Tinha um tal de Boa Morte, que era um menino perigoso.

Quando seus superiores perceberam que tinha chegado o momento de mandá-lo para um outra comunidade, foi transferido para Recife, num cargo que recebeu como promoção diante do belo trabalho realizado em Aracaju. Fuidirigir os estudos do Colégio Salesiano do Recife, colégio de cinco mil alunos. Lá eu fiquei no período de seis anos.

De Recife, foi transferido para o Colégio Salesiano da cidade de Salvador, na mesma função de diretor de estudos, passando na capital da Bahia o tempo de um ano. Em Salvador, organizou uma festa de São João, onde permitiu a presença de mulheres, gerando um grande atrito com seus superiores, que só aceitavam quadrilha de São João, dançando homem com homem. Por isso, resolveu deixar a ordem Salesiana para ser padre secular.

Eu achei isso uma agressão. Então eu realizei a quadrilha à revelia dos meus superiores hierárquicos. Depois, eles disseram que Roma não estava olhando bem o comportamento de certos padres do Brasil. Respondi que se eu estava sendo uma pedra no caminho dos salesianos, eu podia sair.

Desgostoso com a posição dos seus superiores, primeiramente, resolveu tomar uma licença de seis anos. Recebeu o convite do bispo Dom Morais para ir trabalhar como padre secular na Arquidiocese de Niterói, no cargo de diretor do ensino religioso. Já estava em preparativos para partir para uma outra etapa de sua vida religiosa, quando recebeu a visita de Dom José Vicente Távora, bispo de Aracaju.

Fala do encontro que manteve com Dom Távora, na visita que mudou o rumo de sua vida: Eu vim chamá-lo para trabalhar comigo em Aracaju’, disse Dom Távora ao me avistar. Esse fato, para mim, foi muito emocionante. Perguntei a Dom Távora o que ele tinha para me oferecer em Aracaju. Respondeu que tinha sofrimento. Ele estava preso, com prisão domiciliar decretada, e precisava de minha ajuda, pois já estava com idade avançada e era um jovem de costas largas e que podia dividir um pouco do seu sofrimento. O que me trouxe a Aracaju foi essa fala de Dom Távora, principalmente, quando ele disse que não entendia a minha saída do Nordeste para ir trabalhar em Niterói. Dava para ele pensar que eu estava à procura de comodidade e de conforto. E o padre, quando se formava, não ia atrás de comodidade. De imediato, respondi que aceitaria o convite de Dom Távora e vim para Aracaju.

No ano de 1966, retornou mais uma vez. Agora, para enfrentar um outro tipo de trabalho pastoral. De início, Dom Távora lhe deu a capelania do Colégio São José, além de conseguir um espaço na Faculdade de Filosofia para que ele fosse ensinar latim. Chegou com a fama de ser o padre da juventude, denominação dada em Recife.

Em Recife eu celebrava a Missa do Sorvete. Veja bem minha ligação com Sergipe: a Sorveteria Free Sabor, lá do Recife, é de um sergipano de Frei Paulo e fica ao lado do Salesiano. A missa das 17 horas aos domingos, eu só pregava cinco minutos e dizia, logo no início, que a missa teria a duração de trinta e dois minutos. Terminada a missa,eu ia com todo o pessoal tomar sorvete.

Sendo um professor querido dos alunos do Colégio de Aplicação, a fama de ser um padre identificado com a juventude logo correu na cidade, a ponto de ser aplaudido quando marcava presença no Ginásio Charles Moritz no período de realização dos Jogos da Primavera.

A convite do prefeito Cleovansóstenes Aguiar, aceitou o cargo de diretor do Departamento de Turismo da Prefeitura de Aracaju, contando com o jovem João de Barros, hoje, o Barrinhos do Jornal da Cidade, dando o cargo de diretor do setor de artesanato.

Com a implantação da Empresa Sergipana de Turismo pelo governador Paulo Barreto, participou, por dois anos, da empresa como assessor de Relações Públicas. Mais tarde, com a regulamentação da profissão, recebeu a carteria da Associação Brasileira de Relações Públicas de número trinta e seis. Na administração José Carlos Teixeira, na Prefeitura de Aracaju, exerceu a função de secretário de Educação do município de Aracaju. Por dois anos, foi o secretário geral do Conselho de Cultura no governo Lourival Baptista.

Uma movimentada carreira de professor, tendo lecionado por muitos colégios de nossa cidade, entre eles o Arquidiocesano, Salesiano, GCM, Colégio de Aplicação, Atheneu, Instituto de Educação Rui Barbosa e os cursos Beta e Visão. No curso superior, foi professor por prova de títulos das Faculdades Integradas Tiradentes.

Tenho a grata satisfação pelo período em que passei na Tiradentes. Um período muito bom, onde passei dezesseis anos. Lá me aposentei. Numa hora de luta, quando Uchôa foi despejado na rua Laranjeiras, eu fiquei ao lado dele. Acompanhei toda a trajetória da faculdade.

Atuou como editorialista do Jornal de Sergipe desde o período de José Carlos Teixeira, continuou com Nazário Pimentel, só deixando de escrever quando o jornal deixou de circular. Não regularizou sua situação perante o Sindicato dos Jornalistas, antes da instalação da Faculdade de Jornalismo, quando poderia ser provisionado como tal, porque não quis.

Tenho um outro mercado de trabalho e acho o mercado de trabalho de jornalistas em Sergipe muito restrito. Não deveria tirar a oportunidade de um jovem que faz a faculdade para exercer a profissão de jornalista. Fui editoriaslita do Jornal de Sergipe durante sua existência, e é bom que se diga que eu nunca fui remunerado pelo jornal, apesar do Nazário Pimentel sempre ter exigido que eu recebesse.

De sua passagem pela imprensa, conta dois momentos importantes. Um, quando eu escrevi um artigo que atingia o presidente da República: “Figa, Figueiredo”. E o outro foi: “Cala a Boca Baptista”. Foi um artigo que atingiu o Dr. Lourival Baptista, meu amigo. Ele teria dito que uma arruaça, que se fez num comício, tinha sido do vereador do PMDB. Eu era vereador do PMDB e me ofendi com isso. Fiz um artigo muito forte. Isso me traz uma grata recordação e me mostra a grandeza de alma do senador Lourival Baptista. Eu pensei que ele tinha motivo para ficar ressentido comigo, porque eu fui muito forte, fui fulminante e o Dr. Lourival, na primeira vez que me viu, e isso aconteceu num avião, deixou o lugar dele e veio se sentar ao meu lado para conversar comigo.

Participou da política partidária, sendo vereador durante doze anos da Câmara Municipal de Aracaju. O ingresso na política partiu de Oviêdo Teixeira. Aceitou por não haver, na época, uma proibição expressa por parte do arcebispo de Aracaju.

Depois, eu soube que isso não era do agrado do bispo, e essa foi a minha desobediência. Eu não devia ter entrado na política a fim de obedecer ao meu superior hierárquico. Como não obedeci ao bispo, ele me afastou da atividade religiosa por dezesseis anos.

Da política, confessa que tem gratas recordações. Um tempo bom, um tempo gostoso. Da Câmara de Vereadores, a maior recordação foi de ter participado da aprovação do Estatuto do Magistério na parte municipal.

Afastado da política, recebeu o convite de Dom Luciano Duarte para o retorno à atividade religiosa, em vista da necessidade de padres em Aracaju. Dissea ele que aceitava. Foi uma opção minha, voltar a uma determinação de Dom Luciano. À política partidária não mais voltaria.

Continua ensinando no Instituto de Educação Rui Barbosa, restando dois anos para encerrar suas atividades como professor do Estado, já que tem vinte e nove anos como professor. Atualmente, é chefe de gabinete do vice-governador do Estado, pároco de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no conjunto Orlando Dantas, e assistente eclesiástico arquidiocesano do Encontro de Casais com Cristo.

Aracaju é o lugar dos seus sonhos para morar, prometendo continuar por aqui, mesmo tendo propriedades em Pernambuco. Até o momento, seu nome nunca foi indicado para receber o título de cidadão sergipano. Diz que, depois que se ordenou sacerdote, jamais perdeu a fé e há de ser padre até morrer.

Faleceu em  08/09/2005.

Foto e texto reproduzidos do site: osmario.com.br

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 4 de fevereiro de 2014.

‘Operação Cajueiro’ é tema de documentário

  Equipe que participa da produção do curta.

Milton Coelho foi um dos entrevistados.

Entrevista com Wellington Mangueira.
Fotos: Fernando Correia.

Publicado por Sergipe Cultural, em 03/02/2014.

‘Operação Cajueiro’ é tema de documentário patrocinado pelo Governo

Ação de repressão militar realizada no ano de 1976, em Aracaju, a 'Operação Cajueiro' inspirou o diretor sergipano Fábio Rogério a realizar um curta-metragem sobre este momento marcante da história do Estado. O filme, que está sendo produzido com patrocínio do Governo de Sergipe, através do Edital de Apoio à Produção de Obras Audiovisuais promovido pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult), é um vídeo-documentário com estrutura narrativa baseada em entrevistas com pessoas que foram presas durante esta operação.

‘Operação Cajueiro: um carnaval de torturas’, título do curta, nasceu de uma ideia que foi amadurecida através de conversas entre os realizadores Fábio Rogério, Vaneide Dias e Werden Tavares com ex-presos políticos. Segundo Fábio, as gravações, que iniciaram em dezembro de 2013, já foram encerradas e o filme segue na fase de finalização e edição da trilha sonora. “Queremos reabrir a discussão sobre o período da Ditadura Militar, e contribuir, através da nossa leitura, com a discussão”, frisa.

Para a construção do curta, Fábio Rogério entrevistou algumas pessoas que foram presas, além de advogados e outros personagens fundamentais para contar essa história. “Conseguimos entrevistar alguns dos principais presos da operação, mas além deles conversamos com pessoas como Leila (ex-esposa de Rosalvo Bocão), que nos apresentou o universo de fora da cadeia, algo muito importante para entendermos como as famílias foram afetadas com toda aquela operação de repressão. Além dela, entrevistamos Laete Fraga, uma das advogadas do processo, que nos passou importantes detalhes”, informa.

Para Werden Tavares, que divide a produção e direção do curta com Fábio Rogério, a construção do filme tem ar de dever histórico a ser cumprido. “A missão do realizador é buscar uma forma através da junção de imagens e som que comunique a sua verdade com o mundo. O momento político atual com essas manifestações e toda a tentativa de se entender, pede uma reflexão maior sobre o passado de luta, pra que se caia nem no discurso reacionário nem no discurso anacrônico. A gente não pode aceitar que a nossa geração não conheça algo com tanto conteúdo quanto a Operação Cajueiro”, destaca.

Para os realizadores, o edital da Secretaria da Cultura foi fundamental para a concretização do curta. “Edital de fomento é sempre uma parte importante para a nossa cadeia produtiva. Assim, acreditamos que a Secult exerce um papel importante nesse processo. Mas acreditamos que não podemos parar por aí, e precisamos avançar mais e mais”, frisa os realizadores Fábio e Werden.

Sinopse do filme

O documentário fala da maior ação repressiva do governo militar em Sergipe, conhecida como ‘Operação Cajueiro’, ocorrida no carnaval de 1976, com o objetivo de acabar com a reorganização do PCB em Sergipe. Memórias vivas nos revelam os acontecimentos deste período obscuro da história contemporânea de Sergipe e, paralelamente, no contexto atual, voltam a ganhar espaço as discussões sobre os Direitos Humanos, a abertura dos arquivos da Ditadura Militar e a revisão da Lei de Anistia.

Sobre o edital

Além destes, a segunda edição do Edital de Apoio a Produções Audiovisuais da Secult contemplou os seguintes curtas-metragens: 'Para Leopoldina', de Diane Veloso, 'Conflitos e Abismos', de Everlane Moraes, 'M.A.D.O.N.A.', de André Aragão, e 'A Morena dos Olhos Pretos', de Isaac Dourado. Cada um deles recebeu R$ 30 mil para execução dos projetos. A Secult programa o lançamento dos filmes para a primeira quinzena de março.

Com informações da Assesoria de Comunicação.
Foto e texto reproduzidos do site: cultura.se.gov.br

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 3 de fevereiro de 2014.