sexta-feira, 30 de maio de 2014

Postal de Sempre

Foto reproduzida do blog: aracajuantigga.blogspot.com

 Foto reproduzida do blog: misscheck-in.com.

Publicado originalmente no Facebook/Fan Page/Petrônio Gomes.

Postal de Sempre.
Por Petrônio Gomes.

A primeira visão de uma cidadezinha brasileira para quem viaja por terra é quase sempre a cruz de uma igreja construída sobre um monte. Se a aproximação acontecer à noite e se coincidir com uma festa religiosa local, será um bálsamo para os olhos cansados do viajante a festa de luzes que despontará na escuridão. Quantas vezes não terei sentido esse afago de boas vindas no espírito, principalmente em terras de Minas Gerais! O Brasil foi feito assim, com muito sacrifício escondido, muita coragem encabulada e muita devoção teimosa.

Aracaju também nasceu sobre uma colina de brinquedo, em redor de um templo, a única eminência da cidade plana que se estenderia mais tarde, para além do alcance dos olhos. Trazido pela lembrança dos meus anos de calças curtas, estou aqui no topo da ladeira, junto à igreja. Seria desnecessário um mirante onde me encontro, já pela pequena elevação do terreno, já pela visão prejudicada em virtude do paredão de edifícios que vemos ao longe. Mas dentro de minhas calças curtas, neste mesmo lugar, eu percorria grande parte de Aracaju e avistava até as águas do rio...

A rua João Pessoa ainda não havia perdido metade do seu território, isto é, continuava com o mesmo nome até à Estação Ferroviária. Como assim? A Estação da Leste ficava onde foi construído o Mercado hortifrutigranjeiro, começo da Avenida Coelho e Campos. Exatamente na esquina, havia um sinal luminoso para o bonde que ia para Santo Antônio. Ao chegar aqui, o bonde entrava à esquerda, até alcançar a avenida João Ribeiro, passando pela casa comercial de Nicola Mandarino. Depois, seguia até o sopé da ladeira, onde fazia a volta e se dirigia para a rua Japaratuba (hoje, João Pessoa). Ele nunca teve apetite para subir a ladeira, e se tivesse, não havia trilhos.

Pois é. Aos domingos, cerca de três e meia da tarde, eu tomava o bonde do Santo Antônio com minha avó, que pertencia à Ordem Terceira de São Francisco. Todos lá em casa diziam que era eu quem levava minha avó, mas a verdade é que ela me conduzia, talvez para que minha ausência fosse melhor aproveitada por quem desejava descansar.

A outra lembrança da colina é a do cinema São Francisco, cujo imóvel ainda lá se encontra. Parece-me que pertencia à Irmandade de São Francisco, uma particularidade que nunca interessou aos meninos de oito a dez anos, cuja ambição domingueira estava resumida na matinée, com filmes de pancadaria e balas de hortelã.

Santo Antônio foi, por dezenas de anos, o retrato da zona norte da cidade, assim como a Atalaia ainda é a embaixadora da zona sul. Quando os meus colegas de estudo foram, em grande parte, para Salvador, morriam de rir quando voltavam para passar as férias, admirados consigo mesmos por terem um dia achado enorme a ladeira do Santo Antônio. E não vai muito longe o tempo em que o exame de qualidade da potência de um automóvel consistia em vencer a ladeira do Santo Antônio na segunda marcha...

Dentro do pouco espaço de que disponho em minha sala de trabalho, arranjei dois lugares na parede onde pendurei dois quadros: um deles, uma fotografia da Ponte do Imperador, obtida no começo de uma manhã, com a rua deserta; a outra foto é da Igrejinha do Santo Antônio, de onde eu descortinava a Aracaju de minha infância, ambas tiradas por meu amigo Lineu.

Mas a foto da Igreja do Santo Antônio continua sendo o meu postal de sempre.

Fotos e texto reproduzidos aqui do: Facebook/Fan Page/Petrônio Gomes.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 29 de maio de 2014.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

José Bezerra


José Bezerra. 
Por Antônio Samarone.

Sexta-feira, 30 de maio, a Academia Itabaianense de Letras dará pose a Antonio Amorosa, na cadeira que tem como Patrono o ator, mágico, cantor e palhaço José Bezerra. Aluno de Procópio Ferreira, montou um circo, e saiu pelo interior levando a arte circense e a novidade do teatro. O famoso Circo e Teatro José Bezerra, o Palácio de lona verde.

Depois do espetáculo, vinha o DRAMA, nome de uma pequena peça teatral comandada por José Bezerra. Itabaiana parava esperando a hora do Drama, num tempo sem televisão e sem novelas.

Nunca esqueci a apresentação do monólogo, escrito por Pedro Bloch, "As Mãos de Eurídice", dificílimo, tarefa para os grandes atores, brilhantemente representados por José Bezerra.

O monólogo narra as desventuras do escritor Gumercindo, que decide abandonar a família e fugir com Eurídice, uma jovem bela e ambiciosa. Os dois vão para Mar del Plata, na Argentina. Ele a cobre de jóias e presentes caros, e ela, por sua vez, torra a fortuna do amante em cassinos, acabando por levá-lo à ruína financeira.

Como mágico, a maior façanha de José Bezerra era a colocação de uma mulher no espaço, solta, sem nenhum fio escondido. Eu enchia os bolsos de limões, na crença que chupando-se limão, eu poderia desvendar os segredos da mágica. O limão cortava os poderes do feiticeiro.

Depois de Zé Bezerra, Circo para mim perdeu a graça, parecem muito previsíveis.

Foto e texto reproduzidos do Facebook/Antônio Samarone.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 27 de maio de 2014.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Cauê sofre, mas goza!


(Relato interessante enviado ao governador Marcelo Déda sobre a posse de Carlos Cauê na Secom/Gov, em 2009).

Cauê sofre, mas goza!

Metido numa gravata cor-de-rosa (o terno cinza em riscos de giz complementava o traje) o poeta Cauê resistia aos tapinhas nas costas. De longe se ouvia o ronronar do gozo, afinal, estava-se a demonstrar ao vencedor da justa o privilégio de surrar-lhe as costas, o rito que lhe confirmava a condição de herói daquela solenidade. Ele gosta.

A turba aos brados gritava agora, sim, ao repasto! E empunhava as armas – microfones, gravadores, canetas bic em azáfama criativa, exclamações de júbilo e grandes fachos de luz televisiva, como se fora o céu que se abrira em pautas.

Você dirá: e era tanto? Era! Era um Discovery armado na savana do poder de lente atenta às feras despertas, pronta a flagrar do mais fero felino ao diáfano ruflar de um beija-flor. Lá esteve a nossa fauna e a nossa flora também se abriu em ohs! Você precisava ver.

Vi depois, cá do fundo e através de cangotes barbeados, o nosso amigo emocionar-se em discurso escorreito, cumprindo o bom-tom conveniente, mas mensageiro: abrir-se, transparecer, retomar com elegância e respeito o trato do governo com a imprensa, com os jornalistas, com os veículos, e aproveitar o mérito do excelente trabalho da antecessora para iniciar “um novo ciclo no governo Deda”. Foi o que eu entendi e digo mais: era o que queríamos ouvir.

Lá dentro nas terceiras filas daquele auditório diminuto, Rosalvo Alexandre instalou o seu potente diafragma - um serviço de som considerável. Palmas em grandes decibéis, assentimentos de cabeça, quase júbilo. Ele foi o que eu queria ser naquela ocasião, um propagandista das nossas gerações, desde os incontidos gestos ufanistas à confiança nos acertos do seu governo, tão importantes para a transformação deste sergipinho num estado capaz de honrar sua descendência.

Mas saí antes do beija-mão. Minha velhice já não suporta filas heterogenias de conversas pueris, tão rituais. Vai que eu ficasse entre um vendedor de rodapés e o tio de uma chefe de gabinete pretendente á nomeação, prócer político importante, mas ridículo, com o seu mau hálito velhusco de boca acostumada a engolir benesses oficiais. Ou de alguém que me chame de Amaralzinho, depois de tanta gordura social que acumulei na cintura e das brigas cruéis que ganhei, modéstia a parte, para ser um cidadão respeitável. São-me difíceis estas coisas mais ou menos comuns aos nossos tempos, sei não, isto é lá jeito de envelhecer, estes incômodos morais que eu relevo, esta dificuldades burocráticas funcionais em que eu ainda ando metido...

Quanto à Galdino que também emocionou a plateia com o seu discurso, devo confessar: não gostava dela, mas hoje já gosto. Foi um traço de modernidade a gestão dela na Secom e dela se precisa muito mais. Se na Cultura ela for tão saneadora quanto foi na Secom, seja a mudança bem vinda. A administração cultural precisa decolar e isto ela sabe fazer. Só temo que ela desconheça os nós da cultura e queira começar agora, de novo, o que já se está cansado de fazer. Acho que Gilberto Gil é um bom caminho. Coloco-me, por seu intermédio, à disposição dela. Sem cargo, sinto-me à vontade para contribuir.

Mas foi. A posse de Cauê foi massa. Reclamei a falta do seu discurso, reclamei sim, discurso certamente tão amoroso e lúcido, tão capaz de poesia e convencimento que nos faria um bem bem maior explicando-nos porque Cauê e o quanto você, governador Marcelo Déda, está comprometido com essa opção.

É este o relato, amigo governador.

20/ maio/2009
Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 26 de maio de 2014.

A saudosa "Soverteria Cinelândia"


A saudosa "Soverteria Cinelândia", que ficava localizada na Rua Itabaianinha, vizinha ao Instituro Histórico Geográfico de Sergipe, em Aracaju/SE.

Imagem reproduzida de postagem feita no Facebook, na Fan Page/Aracaju antiga, de foto compartilha de Indianara Melo Mota.

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 26 de maio de 2014.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Interatividade


Interatividade.
Por Petrônio Gomes.

Ele é bem mais moço do que eu, muito mais alto e perigosamente mais forte. Começou por debochar de tudo quando eu dizia, depois partiu para a agressão verbal irreproduzível. Chegou ao ponto em que eu já não conseguia fazer de conta que não estava ouvindo, como vovó me ensinou. Respondi-lhe à altura com o pior adjetivo que me apareceu na cabeça e que apliquei à sua querida mamãe. Ele ficou vermelho de repente e começou a embaralhar as palavras. As veias do seu pescoço aumentaram de volume e ele se levantou, cravando em mim olhos que já saíam das órbitas.

Pensei rápido: "Se eu cravar as unhas no seu pescoço por mais de um minuto , faltará oxigênio em seu cérebro e ganharei a partida." Saltei da cadeira e ataquei!

Caí, então da cama. Bati com a última costela esquerda na ponta da mesinha de cabeceira, derrubei a lâmpada com o cotovelo e amassei a caixa dos óculos, ao mesmo tempo em que ouvi o grito angustiado de minha mulher chamando por Nossa Senhora.

Pior do que a briga do sonho foi o trabalho de voltar para a cama. Depois do primeiro exame que fiz na partes atingidas, descobri que não havia fraturas, a não ser no amor próprio. Eu ainda segurava a caixa dos óculos destroçada. No sonho, ela fizera o papel do pescoço do meu contendor.

Com o passar do tempo, fui confessando aos filhos e aos mais íntimos o motivo da mancha roxa na barriga. Seguiram-se as necessárias aplicações de respiração profunda. O esforço que fiz para encontrar uma posição digna ainda no chão foi juntar-se às dores mais antigas, provenientes das diversas afecções do arcabouço e que constituem o ornamento natural da soma dos invernos acumulados.

Pois é. De algum tempo para esta data, como se diz nos ofícios de requerimento, venho tomando parte integrante nos sonhos, notadamente nos pesadelos em que minha vida costuma ser ameaçada, muitas vezes sem qualquer motivo. Em outros casos, quebro o silêncio da noite com uma gargalhada sinistra e acordo molhado de suor. Certa vez, agarrei um travesseiro e quase o esganei, pois ele era simplesmente o gato que tentava comer o passarinho.

Temo pela segurança da minha querida consorte, naturalmente. Ela sabe que tudo que faço pelo seu bem, mas existe o perigo de que ela se encontre no meio do combate. Tive um amigo que também era vítima desses sonhos interativos. Todas as noites ele e a esposa cumpriam um verdadeiro ritual de preparativos de auto-defesa antes dos agradáveis votos conjugais de boas-noites.

Outro modo que dizem surtir efeito favorável é o hábito de pegar no sono com um bom pensamento, mas o trabalho de se procurar um deles é extenuante. Os programas de televisão também devem ser evitados sumariamente, com especialidade aqueles que nos fazem desejar uma troca de nacionalidade.

De qualquer modo, minha mesinha de cabeceira fica desde então longe da cama, há travesseiros pelo chão e todos os objetos que podem ferir a integridade física são trancados em outro ambiente. Da mesma maneira como os remédios são guardados fora do alcance das crianças.

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 6 de maio de 2013.

Gente Jovem

"Dos guardados da minha mãe em Salvador, para os amigos do Facebook, especialmente os de Aracaju, este documento histórico da minha vida. Boa tarde beijos, namastê!". (Gwendolyn Thompson‎).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 2 de março de 2012.

domingo, 25 de maio de 2014

Doutores do A B C, 1964, Jardim da Infância Augusto Maynard


Paraninfo: Sebastiao Celso de Carvalho;
Homenageada; Angelica Barreto;
Oradora: Eleuza S Aragao.

1 fila:
Eu, Adalberto Sobral Leite, Ailde Ramos, Alexandre Jose M Matos, Ailton Fernandes Oliveira, Ana Elisabete Cruz, Ana Leticia Fontes, Ana Luzia Martins Moura, Ana Virginia G Dantas, Antônia Angelica Fontes, Candida Santana, Carlos Henrique de Andrade, Celiana Costa Melo, Celso Luis Dória Leó.

2 fila:
Dalva M de Vasconcelos, Denio Moacir G. Santos, Eduardo Barros Franco, Eduardo Henrique Dias, Elaine Faro Santos, Elifio Santana de Novais, Elisabete Maria T Barbosa, Elvira Lorenza Quaranta, Eugenio Santos Guimaraes, Gilza Silva Almeida, Gilsa teles Mendonça Gladys Alves Brito, Gloria de Lourdes Doria Leó, Helga Barreto M Gois.

3 fila:
Helio Sobral Leite, Ida Maria Calheiros, Jane dos Santos, Joao Augusto Ribeiro, Joao garcez de C Doréa, Joao Leozirio Prata, Joao Nunes Mendonça, Jorgina Maria T. Bezerra, Jose Americo Gois, José Oberon S. Boto, Jose Ulysses Santos, Joubert Pimentel, Licia Violeta S Silva, Luis Henrique A Baros.

4 fila:
Magna Maria Cruz Souza, Marcelo Barreto, Marco Antonio T Passos, Marco Aurelio Rocha, M Auxilidora Bispo, M Conceição S Siqueira, M Edna Oliveira, M Esther M Torres, M de Fátima Almeida.

5 fila:
M Luciene Oliveira, Marlise Hora Travassos, Marta Maria G Leão, Monica de Melo Leite, Naldice Cerquera de Melo, Sandra Augusta, Sandra Helena Santos,

6 fila:
Sandra Roriz Cruz, Selma Maria Azevedo, Solange Vieira Machado, Tereza Machado Oliveira, Tania Maria Silva, Tenisson Araujo Filho, Vilma Barros Rocha.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 22 de agosto de 2011.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Folhas Mortas


Publicado originalmente no Facebook/Lilian Rocha, em 15/01/2014.

Decididamente, eles (meus pais) são meus ídolos: ele é o estudo, a inteligência, a cultura, o romantismo; ela, a ação, a praticidade, a sabedoria, o pé no chão. Um completando o outro, há 63 anos e os dois me completando, há 55...
Aos 85 anos, ele nos brinda com essa bela crônica, fazendo um balanço de sua própria vida e chega à conclusão de que só tem mesmo a agradecer...

FOLHAS MORTAS?
(por Petrônio Gomes, meu pai)

Rebusco papéis sepultados, vestígios de primaveras idas, solfejando estrofes de canções que se já foram. Ainda repontam pedaços de versos que eu julgava esquecidos, estribilhos de felicidade que teimam em continuar no meu pensamento. Como pétalas colhidas do chão, de namorados que sofrem, procurei também juntá-los, esses estilhaços de pérolas que acompanham meus risos de outrora, lembranças de manhãs coloridas. E, temeroso de olhares profanos, olhei, assustado, em volta. A saudade é mendiga orgulhosa, vestida de trapos em forma de manto...

Disse, portanto, adeus a mim mesmo, ao eu de agora, acolhendo os retratos que ainda desejavam viver. Que voltassem, surgidos das cinzas, em tropel de culpas e de acasos! Passaram novamente por minhas mãos espalmadas, esses restos de flores, cujo perfume longínquo surgiu como um suspiro, um sopro de brisa, um compasso de valsa.

Fui o réu de mim mesmo, o caçador grisalho de bem-me-queres, o sonhador às avessas; depois de despetalar muitos lírios, fiz um tapete de sonhos e adormeci. Dormi de olhos abertos, sob o afago das inúmeras benesses.
E brotaram-me dos olhos as palavras que os meus lábios cerrados não conseguiram proferir. Caíram sobre o tapete das pétalas, em forma de lágrimas incontidas, os meus "obrigados".
Pois que, em nenhuma das flores encontrei espinhos. Comparei, sim, os imaginários espinhos com aqueles verdadeiros, por outros recebidos com abraços, sem queixumes.

Nesse balanço misterioso, embalado apenas pelo silêncio de um coração encolhido, emergi, sobraçando os velhos postais, decidido a conservá-los em lugar de honra, para que depois deles me sirva em inventários futuros.
Não são folhas mortas as páginas de nossa vida, não podemos arquivar retratos de nossos intuitos. Devemos, sim, guardá-los em vasos cristalinos de nossa consciência, ainda que regados pelas lágrimas de nosso arrependimento.

(Petrônio Gomes - 15.01.14, aos 85 anos).

Foto e texto reproduzidos do Facebook/Fan Page/Lilian Rocha.

Postagem aqui reproduzida da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 18 de maio de 2014.

J. Inácio, artista da alma sergipana


Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 01/08/2007.

J. Inácio, artista da alma sergipana
Por Luiz Antônio Barreto.

Nem sempre a formalidade da crítica é capaz de revelar a arte e seus artistas, quando eles fogem dos enquadramentos estéticos. J. Inácio, nascido José Inácio de Oliveira, que também se assinou Igo, teve escola e suas obras, embora pareçam anárquicas, são a mais próxima expressão da alma sergipana. Não apenas pelas cores, fortes e repetidas, pelos objetos, tanto os internos da casa, da cozinha, como os externos, bananeiras, jaqueiras, outras fruteiras, que se fundem nas paisagens típicas da terra sergipana.

Vivendo muito, 96 anos, J. Inácio teve tempo de mesclar a sua arte, mas preferiu afirmar-se na repetição, deixando para os críticos o problema teórico da interpretação, como ele próprio prometeu, certa feita, ao falar de si mesmo. É certo que seu filho Caã herdou formas e cores, ainda que mantenha-se tímido, sem querer trafegar na esteira do modelo do pai. Outros seguidores, por onde andam com suas telas?

J. Inácio não precisou da morte para ser “santificado” entre os sergipanos. Sua vida errante, desapregada dos cânones tradicionais, não justifica, apenas, as três viagens que fez, a pé, do Rio de Janeiro, nem mesmo a convivência turbulenta com seu irmão santo, Padre Pedro. Sem casa, sem rumo diário para o exercício da sobrevivência, simplesmente tocou o cotidiano, sem requerer fortunas, ou mesmo soldos ou salários que pagassem suas magras contas. Vendeu quadros geniais como quem vende bananas, sem qualquer preocupação em diferenciar uma coisa da outra. Não raro foi tido como doido, eufemismo popular de patologias diversas de loucura, mas a tudo resistiu, com uma ponta de ironia, marcante em seu passeio de quase um século pelo mundo.

Não há, ainda, um inventário da obra inaciana. Nem da quantidade, tarefa desafiante, nem da qualidade, que vai exigir análise crítica. Há, contudo, alguma coisa escrita em torno da figura do artista, com reprodução de sua arte.

Eu mesmo, em 1985, escrevi um texto sobre a Arte Sergipana, para o livro A Arte do Nordeste (Rio de Janeiro: Spala Editora, 1986), no qual destacava a presença de J. Inácio na história da arte em Sergipe, dizendo:

Um artista, mais que os outros de Sergipe, tem tido uma trajetória singular. É J. Inácio, um tropicalista antes do Tropicalismo, um ecológico, a insistir em fixar bananeiras, jaqueiras e mangueiras nas telas que são, às centenas, espalhadas pelo Brasil. J. Inácio teve escola, passou pelo Rio de Janeiro, mas desgarrou-se para ser, na individualidade do seu estilo, um ponto de referência da arte sergipana.
Poeta e andarilho, J. Inácio fez o registro da vida do interior sergipano, simbolizando na casa de farinha o fazer e o sobreviver de uma gente sensível, que produz as mais diversas manifestações culturais e está com as mãos prontas para aplaudir, nas festas do Natal, os Reisados e Cheganças, Guerreiros e Pastoris, Cacumbís e Taieiras, ou, no São João, Bacamarteiros e Batalhões, Sambas de Roda e Emboladores de Coco.
Além do visual tropicalista e ecológico J. Inácio fez, no seu acervo de muitas obras, a parte fina de sua composição, ilustrando livros e folhetos a bico de pena, assinando Igo.

Foto e texto reproduzidos do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto

Postagem aqui, originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 18 de maio de 2014.

Imagem Reclamada = Problema esclarecido

Registro de memória postagem foto reclamada (busca imediata).
Link de post da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 18 de setembro de 2012.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

A Estância que não volta mais!


Pessoas que me inspiraram: João Amado. 
Por Clóvis Franco.

Estanciano de inteligência e habilidades raras. Formado em engenharia mecânica, proprietário de uma relojoaria na rua Capitão Salomão, inventou máquinas de precisão, dentre outras coisas. Algumas destas fazem parte das coleções de museus no RJ. Seu João Amado, me deu de presente de aniversário, um torno para fazer "piões", guardado até hoje como relíquia!

Fonte: familiaamadogenealogia.blogspot.com.br/2006/07/o-incio.html

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 25 de março de 2012.

domingo, 18 de maio de 2014

Jorge Amado no município de Estãncia

"Jorge Amado e Seu Raimundinho em Estância. O ano não lembro". (Rubens Marques).
Foto compartilhada de Rubens Marques por Nadja Figueiredo e 
postada na página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE.

sábado, 17 de maio de 2014

Victória Hotel, em Estância


"Jorge Amado com sua filha Dalila, que faleceu precocemente (Foto em post abaixo). Ele, Matilde (a primeira mulher dele) e a filha se hospedaram no então Victória Hotel, na década de 30, que era de propriedade de meus avós Juca e Pequena. O segundo, da direita do monitor para a esquerda, sentado, é o meu tio Hernane Prata, que foi casado com minha tia Neuza, irmã de meu pai. Eis uma foto do Victória Hotel, na década de 30". (Lulu Leite).

Foto: acervo família Lulu Leite.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 15 de maio de 2014.

Jorge Amado (sentado ao lado da filha), em Estância

Jorge Amado no "exílio" em Estância com frequentadores da Papelaria Modelo: Dr.Clóvis, João Nascimento, Nhô Gallo, Sr.Libório, Sr.Lauro, Oscar Fontes de Faria em 1937.

Fonte: blog Iconografia AMADO, Genealogia, de Gio Amado.
Foto e texto reproduzidos do blog: iconografiaamado.blogspot

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

Gilberto Amado

Foto: Acervo da Biblioteca Virtual Gilberto Freyre.

Gilberto Amado, jornalista, político, diplomata, poeta, ensaísta, cronista, romancista e memorialista, nasceu em Estância, SE, em 7 de maio de 1887, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 27 de agosto de 1969. Eleito em 3 de outubro de 1963 para a Cadeira n. 26 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Ribeiro Couto, foi recebido em 29 de agosto de 1964, pelo acadêmico Alceu Amoroso Lima...

Fonte: blog Iconografia AMADO, Genealogia, de Gio Amado.
Imagem e texto reproduzidos do blog: iconografiaamado.blogspot

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

Genolino Amado


Genolino Amado

Genolino Amado, jornalista, professor, cronista, ensaísta e teatrólogo, nasceu em Itaporanga, SE, em 3 de agosto de 1902, filho de Melchisedech Amado e Donana , e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 4 de março de 1989. Eleito para Academia Brasileira de Letras, em 9 de agosto de 1973 para a Cadeira n. 32, sucedendo a Joracy Camargo, foi recebido em 14 de novembro de 1973, pelo acadêmico Hermes Lima...

Fonte: blog Iconografia AMADO, Genealogia, de Gio Amado.
Foto e texto reproduzidos do blog: iconografiaamado.blogspot

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

Antiga foto do Carnaval em Estância

Antiga foto do Carnaval, no município de Estância/SE.
Foto reproduzida do site: iconografiaamado.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

Município de Estância

Antiga foto do município de Estância/SE.
Foto reproduzida do site: iconografiaamado.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

Município de Estância

Antiga foto do município de Estância/SE.
Rua Capitão Salomão, a direita a Sorveteria Primavera.
Foto reproduzida do site: iconografiaamado.blogspot.com.br

Postagem orriginária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

Antiga foto de evento no município de Estância


Antiga foto de evento no município de Estância/SE.
Foto e legenda reproduzidas do site: iconografiaamado.blogspot.com.br
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" Lourito, Raimundo Juliano, Seu Nunes, João Maria, Seu Félix, Raimundinho, Américo Amado, Dr. Adérico, Luciano Libório, Dr. Good, Leopoldo...e mais outros!" Clóvis Franco "Vejamos minha memória. Esquerda para a direita: olhando para a câmara Sr.Americo Amado do Armarinho (...) a menina e o senhor de óculos (xxxx) em pé Sr.Machado do BB. Leopoldo Neto, (Conheço mas esqueci o nome) Sr.Nunes, Lourito da Caixa seu vizinho, Raimundo S.Souza, aquele menino ali hummm é ele o Dr.Clovis, junto com Dr.Clovis. Ao lado (....) atrás (...) Sentados a Direita: Luciano Libório, Dr. Good meu dentista de infância, depois (...) Raimundo Juliano Souto tio de Roberto Souto." FranciscoAssis Oliveira Cruz.

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 12 de maio de 2014.

História de Aracaju





História de Aracaju.

No início deste século Aracaju mais parecia um povoado que uma cidade capital. Em 1900 e 1910 os elementos característicos de urbanidade ainda não estão presentes, mesmo no centro, onde se instala os poderes político-administrativo-religiosos.

A resolução do presidente da Província, Ignácio Barbosa, que no dia 17 de março de 1855 elevou o povoado de Santo Antônio de Aracaju à soberba de cidade e capital, não teve impacto imediato na fisionomia local. Mas é a partir daí que o núcleo primordial da cidade se desloca do Alto da Colina de Santo Antônio e desce para as margens do rio Sergipe, desenvolvendo-se na área compreendida entre a praça Fausto Cardoso e a praça General Valadão.

Cerca de vinte anos depois, em torno da Igreja Catedral vamos encontrar várias construções onde os prédios públicos se erguem nas praças Fausto Cardoso, Guilherme de Campos e Olympio Campos. Numa área estreita, entre os prédios da Assembléia e o Palácio do Governo, se planta o Jardim Olympio Campos. Nos canteiros, nasce o 1º coreto de Aracaju, onde por anos felizes as famílias da capital (e vindas do interior) participaram de retretas e quermesses. Dois prédios que fazem a cara de Aracaju se erguem no quarteirão da praça Fausto Cardoso: a sede da Delegacia Fiscal e da Intendência Municipal. Enquanto que na praça da Matriz já existia, desde o final do século passado, o palacete do Tribunal de Relação, construído nos moldes do ecletismo neoclássico.

As casas de moradores dos quarteirões dessas duas praças eram construções simples, residências com telhados de duas águas, portas e janelas com platimbandas ornadas por beirais. Estamos falando do tempo em que a iluminação era feita a querosene, com lampiões, exceto para alta burguesia, que tinha o privilégio de gás acetileno.

No final da década, a rua larga da praça do Palácio foi revestida de pedras calcárias, que ainda hoje sustentam nossos pés na história centenária de Aracaju.

Em 1911 e 1920 Aracaju já se impõe como maior centro urbano do Estado e a cidade mais industrializada de Sergipe, confirmando a visão política-administrativa de Ignácio Barbosa. João Fogueteiro, lá da antiga capital, São Cristóvão, foi vendo a sua pólvora mofar sem motivo para o fogueteiro de retorno da capital, - foi daí que veio o nome de João Bebe Água? Não, mas aí é outra história.

É na segunda década do século vinte que os governantes se preocuparam com o aspecto urbano e isso se configura num ordenamento espacial mais condizente com as novas necessidades. A modernização implica em obras de infra-estrutura para o abastecimento de água, esgotos, energia elétrica, rede telefônica, rede urbana de transporte coletivos, isso tendo que manter o embelezamento das praças e ajardinamentos.
Assim é que em 1912 a praça Fausto Cardoso recebe um monumento em homenagem a esse grande líder político, plantando-se novos jardins com dois coretos em estilo art-noveau, orgulho dos sergipanos que dali fizeram palco para retretas e manifestações cívicas.
Outro monumento se ergue quatro anos depois, em 1916, na praça Olympio Campos com a estátua do Monsenhor, com um pequeno jardim em torno. Depois vieram as mudas de oizeteiros do Horto Florestal do Rio de Janeiro para arborização desta praça que o aracajuano está acostumado a chamar de Parque. Onde, no começo da década, em 1911, foi construído um prédio para funcionar a Escola Normal e Escola Modelo, hoje Centro de Turismo transformado em Rua 24 Horas.

Na face leste da cidade, onde o antigo prédio do Atheneu pedia reforma para comportar maior número de alunos, recebeu nos meados desta década um segundo pavimento, passando do estilo neoclássico para o eclético. Depois estabeleceu-se no local a Biblioteca Pública do Estado.

As grandes transformações urbanísticas aconteceram em torno das comemorações do primeiro Centenário da Independência de Sergipe, quando a Intendência associou-se ao Estado para um melhor tratamento urbanístico de Aracaju, por volta de 1920.

Foi nesse contexto que a praça Fausto Cardoso passou por uma grande reforma, sendo então arborizada com figos-benjamim, (as palmeiras imperiais já estavam lá), atualização das fachadas dos prédios, passando então a predominar o estilo eclético, nessa onda de modernidade o Palácio do Governo sofreu (literalmente) uma reforma que se notabilizou pelo exagero decorativo de suas fachadas e platimbanda.

O ápice dessa onde de modernização é antigo, entre 1921 e 1930, quando o antigo coreto da praça Almirante Cardoso dá lugar à instalação de um mictório público, possibilitando a permanência das pessoas mais tempo longe de casa ao tempo em que implantava uma política sanitarista introduzindo medidas higiênicas apelando para a colaboração dos cidadãos para uma cidade mais limpa. É aí que a praça Olympio Campos recebe o tratamento de Parque (Teófilo Dantas), com vários recursos urbanísticos, com uma gruta (diziam que no interior da gruta produzia minerais, estalactites e estalagmites); a Cascatinha, de onde nascia um regato por onde as crianças de então botavam para navegar seus barquinhos de papel. Foi construído um aquário (onde hoje está a Galeria de Arte Álvaro Santos) que na entrada do pavilhão exibia vitrines com peixes nunca vistos - tinha até peixe empalhado. Uma parte do Parque abrigava uma taba com a escultura metálica de dois índios circundados por quadro evocativo da primitiva selva, um recanto selvagem com plantas da Mata Atlântica. O lago das Ninfas já evocava a Mitologia. Theófilo Dantas caprichou em todos os detalhes ao tempo em que trouxe o maior benefício, que foi a eliminação definitiva do problema de enchacamento que a praça tinha. A inauguração do Parque Theófilo Dantas, em 1828, foi um marco de visão administrativa que agradou toda a população.

Na praça Fausto Cardoso, os antigos coretos de ferro e madeira (Art-Noveau) são substituídos pela alvenaria de inspiração eclética, transformando as características estética da praça.

E na década seguinte, entre 1031 e 1940, que o crescimento de Aracaju se desloca para a zona oeste, com o surgimento da ferrovia e o decréscimo dos serviços urbanos (em conseqüência da crise econômica que o Estado então enfrenta). Afora a reforma da Catedral (início em 1936 e término 10 anos depois), a construção de um novo prédio para a Biblioteca Pública do Estado (Art Décor) e a reforma do prédio antigo da Biblioteca, que teve a estrutura mantida mas perdeu seus belos elementos formais e ornamentais, passando a Diretoria de Finanças do Estado (até 1958), esta é uma fase que pouco acrescenta ao perfil já moldado de Aracaju.

Com 159 anos, Aracaju ainda guarda uma boa memória do tempo de formação da capital; sendo fundamental a preservação dos prédios e monumentos que fazem nosso patrimônio público.

Fonte: www.brasilturismo.com

Fotos e texto reproduzidos do site: achetudoeregiao.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 16 de maio de 2014.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Um Centenário Estanciano - Raymundo Silveira Souza...


Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 19/06/2009.

Um Centenário Estanciano - Raymundo Silveira Souza e seu tempo.
Por Luiz Antônio Barreto.

Estância carrega o mérito de ter sido a porta e o berço da civilização sergipana, por onde passaram os jesuítas da Catequese de 1575 e onde requereram terras, como troféus, alguns dos soldados de Cristóvão de Barros, que conquistaram Sergipe, em 1590. Nos anos seguintes as terras foram ocupadas por colonos que se aventuravam nas lavouras e nos criatórios, formando pequenos núcleos que o século XVIII foi transformando em Freguesias, cada uma com seu Orago, dividindo o território que ia da margem direita do rio Real à margem esquerda do rio São Francisco. É desse tempo a lendária presença de Pedro Homem de Melo, tido por fundador da Estância.

O século XIX é um símbolo para Estância. É lá que aparecem as primeiras folhas tipográficas, como o Recopilador Sergipano, editado a partir de 1832, na Tipografia Silveira & Cia, do Monsenhor Antonio Fernandes da Silveira, que também organizou partido político forte no sul da Província, conquistando lugar destacado na organização da Província emancipada. O jornalismo marcou Estância, cada jornal com sua coragem, como pode ser exemplo A Razão, com sua verve, seu engajamento, vivendo cada fase com o vigor dos seus jovens redatores.

A literatura sergipana nasceu na Estância, com poetas, romancistas, teatrólogos, cuja síntese pode ser conferida na obra de Constantino José Gomes de Souza, sem negar a poesia de Pedro Calasans e de José Maria Gomes de Souza, cujas obras se tornaram referências da evolução estética no Brasil. Jorge Amado, de família estanciana, refugiou-se na cidade e criou, com uma geração de amigos e parceiros, um cenário para o ambiente de festa cultural, que repercutiu em sua obra de romancista.

A educação na Estância é um capítulo grandioso para Sergipe, não só pela geração dos Cardoso, que ocupou cadeiras e ainda, no começo do século XX, ofereceu a Sergipe o Colégio Tobias Barreto, por ação de José de Alencar Cardoso, o querido professor Zezinho, empreendida ao lado de Verçoza Pitanga, mas porque os liceus, os cursos particulares, as escolas ocuparam espaços e cuidaram da instrução dos estancianos.

A música da Lira Carlos Gomes, fundada em 1877, dos pianistas, homens e mulheres que deram à cidade uma trilha sonora de qualidade, acrescida das composições do Monsenhor Vitorino Fontes e de Ismênia Fontes, muitas delas inéditas, nos arquivos da Escola Nacional de Música, no Rio de Janeiro.

A vida econômica, produzindo no campo o sustento da população, ou investindo na produção industrial, diversificada, revelando talentos de empreendedores como Constâncio Vieira, Leopoldo Souza, Eliziário Silveira, Júlio Leite, que soube aclimatar-se e deixar representação familiar para seguir adiante com os empreendimentos. No bojo da presença das fábricas, o bairro Bonfim ganhou visibilidade própria, com suas festas, cinema, equipe de futebol, e toda uma organização para o lazer dos operários, e para atender, socialmente, os trabalhadores e seus familiares.

Estância varou o tempo e contou com testemunhos especiais de homens íntimos com o progresso civilizador da cidade, como é o caso de Raymundo Silveira Souza, cidadão pleno, que viveu e historiou sua vida, empreendeu e firmou posição política, continuou o caminho do pai, mas soube ser, por si mesmo, um vitorioso. Neste ano de 2009, Raymundo Silveira Souza faz um século de nascido. Evocar sua figura de homem público, de empresário, de chefe de família, de administrador, é rever, com fidelidade, o progresso da cidade e do município, sendo construído passo a passo, superando obstáculos, abrindo frentes atualizadas de ação, renovando as velhas e válidas crenças, com as quais Estância ganhou forma e sobreviveu.

Raymundo Silveira Souza foi um homem do seu tempo, mas teve do passado o exemplo de casa, dado e deixado por Leopoldo Araújo Souza, a quem seguiu e de quem herdou valores que foram incorporados na vivência cotidiana da cidadania. Viveu 80 anos, mas foi, integralmente, um homem do século, e tudo anotou no seu indispensável documentário Gente que conheci, coisas que ouvi contar, que em forma de crônicas saiu no jornal Folha Trabalhista, e que mereceu duas edições, que estão esgotadas.

O Centenário de Raymundo Silveira Souza é uma oportunidade de Estância rever sua história, sua vida social e cultural, sua ação política e administrativa, seu parque industrial e suas atividades econômicas, e, enfim, o estágio de civilização que anima as novas gerações. Os campus acadêmicos, repletos de estudantes em graduação, renova a paisagem estanciana, mas os pianos que ainda não emudeceram, e a velha Lira que ainda anima festas, dão ritmo constante a uma cidade eterna.

A Sociedade VIVA ESTÂNCIA, nascida e mantida graças aos esforços de Maria Eugênia Teixeira, professora, intelectual e descendente das tradições estancianas, organizou a programação de um evento que marcou, neste ano de 2009, em torno do dia 25 de maio, os 100 anos de Raymundo Silveira Souza. É um momento raro, uma oportunidade de evocações, debates e reflexões, que enriquecem a história de Estância e de Sergipe.

Foto e texto reproduzido do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto

Postagem aqui, originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

Joubert Moraes recebe a Medalha do Mérito Parlamentar


Joubert Moraes recebe a Medalha do Mérito Parlamentar.

A Alese entregou na tarde hoje sua mais importante condecoração, a honorífica Medalha de Grã Mestre da Ordem do Mérito Parlamentar ao artista Joubert Moraes, em solenidade a que compareceram parentes, amigos queridos e algumas autoridades. O reconhecimento da importância de Joubert como um artista inventor de novas linguagens artísticas na pintura, na escultura e na música, bem como a de cidadão transformador da sociedade e agente da modernidade na cultura sergipana nos orgulha a toda a geração que o venera, grata pela coerência com que ele nos representa.

O deputado Garibalde Mandonça, autor da propositura, justificou em sinceras palavras a sua iniciativa, traçando em breve oração a essencialidade do homenageado, mas foi Ilma Fontes, que falou em nome de Jorbert, quem, com a autoridade que lhe confere a vida inteira dedicada a nos preservar, que trouxe aos rituais daquela solenidade o sangue indomável que ainda e sempre percorre as nossas veias. Falou com colocada dignidade e gratidão contida, exatamente o que todos nós, os malucos da geração 60, gostaríamos de dizer em agradecimento aos senhores deputados.

Maio/2014.

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Publico aqui a crônica que Joubert me inspirou, publicada no livro/álbum “Aracajoubert”, editado recentemente por Mário Britto:

Joubert de Madrepérola

Quando o conheci, as ruas da nossa cidade eram mais silenciosas. Qualquer coração era audível e as pessoas se encontravam para ouvir, simplesmente, a voz que emanava dos corações alheios.

Aracaju ainda ouvia o sussurro amoroso do rio a se embater nas balaustradas da Rua da Frente. E dava pra ver, apurando o olhar da Ponte do Imperador o vento brincando de assanhar a cabeleira dos coqueiros na ilha de Santa Luzia – um paraíso interposto entre nós e a imensidão do horizonte.

Estávamos meninos.

Joubert Moraes, peixe ágil acostumado ao mergulho nas águas do São Francisco, chegara da infância nos quintais de Propriá com o porte esguio das bananeiras domésticas e o olhar cheio de mangas rosa.
Entre nós, em Aracaju, tornou-se um chamariz de inquietudes, o insistente buscador de significados que revelassem nas coisas a colorida alma do universo.

Reconheceu-se artista e logo começou a mergulhar as mãos na caldeira incandescente da arte, para nos trazer, cristalizada, a prova do seu sonho visionário.

Joubert é o pintor da nossa geração, um criador capaz de intimidades com a poesia contida em nossos gestos mais recônditos, intérprete do tempo em que construíamos com fervor a revolução de costumes que abrigou os ímpetos juvenis do nosso tempo, novos parâmetros estéticos e inusitadas trilhas abertas no matagal que separava a geração lisérgica das retrógadas convicções dos nossos pais.

Joubert tornou-se um artista de sensibilidade exacerbada e avassaladora persistência, capaz de extrapolar-se em tons e sobretons para honrar a vida pela arte, mesmo que ela lhe cobre as vicissitudes que a intrepidez impõe a quem se liberta da confortável normalidade.

Em nossa casaca colorida, tropicalista, parangolé, Joubert é um raro botão de madrepérola.

Amaral Cavalcante – Jan/2013.

Postagem aqui, originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

Jorge Amado se refugiou no município de Estância/SE.

 Refugiado do Governo Vargas, Jorge Amado refugiou-se em Estância em 1936.


 Neuza Maria é filha dos proprietários do hotel onde Jorge se hospedou com sua família.

 À esquerda: Neuza Maria.

Trecho do livro que retrata a convivência de Neuza com Jorge Amado.
Fotos: Portal Infonet.
Reproduzidas do site: infonet.com.br/cultura

Infonet - Cultura - Especial - 01/08/2012.

Jorge Amado se refugiou no município de Estância
Período foi um dos mais criativos de sua vida e obra

Famoso por suas inúmeras obras, Jorge Amado foi um dos escritores mais importantes da literatura brasileira. Este ano se o escritor estivesse vivo faria 100 anos, e o país todo comemora seu centenário. Mas o que muitos não sabem é que apesar de suas andanças pelo país, o escritor baiano exilou-se em terras sergipanas, onde viveu o período de 1936 a 1939 na cidade de Estância.

Refugiado do regime de Getulio Vargas por sua ligação com a Intentona Comunista, Jorge Amado, chegou a Sergipe junto com sua primeira esposa, Matilde Garcia Rosa, e sua filha Eulália Dalila. A razão pela qual escolheu a cidade se deve às suas origens, já que seu pai nasceu e cresceu na região, tendo se mudado para Bahia na fase adulta.

Nas terras estancianas, a Papelaria Modelo, a Sociedade Monsenhor Silveira e o Hotel Vitória tiveram papel importante em sua vida. Neste último, Jorge Amado residiu durante algum tempo e com seus proprietários estabeleceu uma relação quase que familiar.

Com lembranças ainda muito vivas na memória, Neusa Maria Souza Prata, hoje com 92 anos, filha dos proprietários do Hotel Vitória, fala dos momentos de convivência com Jorge Amado e sua família. “Ele era uma pessoa muito alegre, simpática e querida por todos. Em nosso hotel que era composto por três casas, ele viveu com minha família na casa principal”, conta.

Neuza também relembra do homem de hábitos simples que o escritor foi. “Pude presenciar muitos momentos, pois aqui ele sentia-se em casa. Jorge gostava de escrever na sala de jantar ou em um quarto grande, onde ficava sozinho e reservado para escrever suas obras”, comenta.

Com o passar do tempo, os laços de amizade se tornaram maiores e no dia em que Neuza completou 15 anos, Jorge e sua esposa, preparam uma grande homenagem para ela. “Jorge Amado foi o mestre de cerimônias de minha festa e com toda sua amizade, leu um texto em homenagem a mim. Fiquei muito surpresa, pois todos conseguiram preparar aquilo sem que eu percebesse nada”, relembra.

Para Neuza, a época em que viveu perto do escritor e sua família pode ser chamada de maravilhosa. “Formamos uma grande amizade e pude aprender muitas coisas sobre a vida. Para mim foi uma honra conhecê-los pessoalmente, pois de hóspedes, eles passaram a ser nossos amigos. Sem falar na inteligência do casal de escritores que despertava a admiração de todos”, diz.

Exilado, Jorge Amada se divertia escrevendo e promovendo eventos culturais. “Ele revolucionou a cidade com festas e grandes eventos culturais, movimentando a cena cultural de Estância”, destaca Neuza.
Em Estância, Jorge Amado, escreveu parte de Capitães de Areia e Mar Morto, além de trazer personagens que povoaram alguns dos seus livros, como Gabriela, Tereza Batista e Tieta do Agreste.

Homenagens

Filho do dono da Papelaria Modelo, ponto de encontro cultural que costumava reunir diversos intelectuais da cidade, Rui Nascimento, atualmente escritor, lançou em 2007, o livro ‘Jorge Amado - Uma cortina que se abre’. O prefácio é de Paloma Jorge Amado, filha do romancista e também escritora. A obra fala do período que Jorge viveu em Estância e da influência de Sergipe em sua literatura.

Por Verlane Estácio e Raquel Almeida.

Foto e texto reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura

Postagem aqui, originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

sábado, 10 de maio de 2014

Tapioca: Alimento dos Deuses, e dos sergipanos também!



Tapioca: Alimento dos Deuses, e dos sergipanos também!.
Por Alonso Junior *

Caminhando pelas ruas de nossa cidade, deparei-me com uma senhora vendendo tapiocas, e como um bom moço de raízes nordestinas, resolvi comprar logo duas: um doce e uma salgada. Degustando daquele alimento precioso, que foi um dos componentes da comercialização de diversos indígenas, inclusive seu principal ingrediente serviu de base econômica para nosso Estado há anos atrás, pude cair na real e perceber que a tapioca tem toda uma história. A começar pelos indígenas, ela sempre esteve presente nas mesas dos brasileiros desde o processo de colonização do país. Contudo, a mandioca foi, e é, o pão do Brasil desde o tempo em que os colonizadores portugueses ainda não tinham chegado aqui. Nenhum alimento para os índios,era tão importante quanto a mandioca, e dela podia-se fazer bolos,mingau e paçoca. E agora ao longo do tempo, ela vem matando a fome de muita gente, e conquistando cada vez mais seu espaço não só na gastronomia sergipana, como na mundial.

Eu sempre digo que a tapioca tem gosto de nordeste, cheiro de terra, quem nunca provou de uma tapioca, não sabe o que lhe espera. A farinha e a água numa bacia se misturam, a massa vira tapioca, como se tivesse pressa, de receber o recheio de leite condensado, goiabada, doce de coco, chocolate, manteiga ou nata. Doce ou salgada, a tapioca chega à boca como se fosse um “beiju”. Que goma mais linda, que refeição dos deuses! Pois é!... A TAPIOCA É NOSSA!... DE NOSSA GENTE, DE NOSSO POVO! FAZ PARTE DE NOSSA HISTÓRIA SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICA!...

Geralmente aos domingos, passeando pela Orla de Atalaia, sempre vejo a comercialização de vários produtos destinados na maior parte, aos turistas, inclusive o da tapioca que também é um dos fatores que favorecem o aquecimento da economia sergipana gerando emprego e renda a muitas famílias. Do mais tradicional, ao mais exótico sabor, encontramos nessas barracas. Em vez simplesmente do básico à moda nordestina, a nossa redonda de goma passou a engolir recheios de presunto, mussarela e, pasme meus conterrâneos! Minha Nossa Senhora... Até de banana, doce de goiaba e leite condensado! Pois é: tapioca com Leite Moça. E o interessante, é que aos poucos nossa tapioca, vai virando uma espécie de “pizza nordestina” agradando ao paladar de todos que degustam de seu sabor.

Básica ou exótica, adicionada ao sorvete ou não, ela se solidifica cada dia que se passa como sinônimo de café da manha regional, de desjejum sertanejo virando uma espécie de coqueluche na gastronomia de nosso país. Ela é parte do regime alimentar nacional e uma iguaria versátil que conquista cada vez mais os amantes da boa comida regional. Salve, Salve tapioca! Você foi e sempre será muito bem vinda em nossas mesas por muitos e muitos anos futuros.

* Acadêmico do Curso de Historia da Universidade Tiradentes.

Fotos e texto reproduzidos do blog: vivasergipe.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 8 de maio de 2014.