sexta-feira, 21 de junho de 2013

Movimento Acorda Aracaju se Divide em Dois Grupos


Portal Infonet - 20/06/2013 - 18:56.

Movimento Acorda Aracaju se divide em dois grupos
Participantes não concordaram com discursos em carro de som.
Por Aldaci de Souza.

A Praça Fausto Cardoso lotou durante concentração do Movimento Acorda Aracaju. Mas, a presença da Central Única dos Trabalhadores (CUT), com uma integrante discursando como se estivesse em um comício, deixou os participantes irritados, gritando: “sem política, sem política”. O presidente da CUT, Rubens Marques, ainda tentou reverter a situação, mas a moça não parava de falar e não teve jeito: o movimento se dividiu.

Uma parte seguiu pela Avenida Beira Mar no percurso do Pré-Caju e outro grupo seguiu pela Av. Barão de Maruim, passando pela Av. Hermes Fontes, com destino ao Distrito Industrial de Aracaju (DIA).

“Eu estou querendo mostrar que estamos do lado dos trabalhadores, da população, que não estamos aqui com partidos políticos, mas eles não estão entendendo”, ressalta Rubens Marques.

Jornalistas, médicos, professores, contadores, advogados, trabalhadores e estudantes de um modo geral com faixas e cartazes, deixaram a praça, numa manifestação pra lá de pacífica. “Não deu tempo fazer os cartazes em casa e trouxemos o material para confeccionar aqui na praça. Viemos batalhar por um Brasil melhor, sem violência, com mais paz e educação”, ressalta o estudante de gastronomia, Rodrigo Froes.

A contadora Ana Cristina Sobral Maynard não pensou duas vezes quando a filha argumentou que seria um momento histórico. “Minha filha me convenceu que precisava participar para no futuro contar aos meus netos que viveu esse momento reivindicando melhorias. Só que tive que trazer os sobrinhos e os amigos da filha, que estão sob a minha responsabilidade”, destaca Ana Cristina.

O vereador Max Prejuizo esteve no ato como cidadão. “Eu sempre fiz isso a minha vida inteira. Desde cedo comecei no movimento estudantil e não era hoje, porque sou parlamentar que ia deixar de participar revindicando saúde, moradia, educação e principalmente segurança. É um mesmo um momento histórico”, enfatiza.

Foto e texto reproduzido do site: infonet.com.br/cidade.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 21 de Junho de 2013.

Protesto em Aracaju: Primeiras Impressões: (Crônica)


Protesto em Aracaju: Primeiras Impressões: (Crônica)
Por Rangel Alves da Costa*

Cheguei à Praça Fausto Cardoso, no centro da capital e local designado para o início da manifestação, por volta das 15h40min. O centro comercial já estava com lojas fechadas, e apenas algumas insistindo em permanecer abertas. Logicamente impedindo que seus funcionários pudessem exercer seus direitos de cidadania.

A praça já estava completamente tomada. Esta era a visão que se tinha desde o Calçadão da João Pessoa. Atravessar a rua e passar para o outro lado significava ficar comprimido em meio à massa contente, ansiosa para soltar o grito preso na garganta, ávida para mostrar sua força de indignação.

Era uma multidão contagiada, eufórica sem ser raivosa, fervorosamente decidida a dar sua parcela de participação contra as mazelas que assolam Aracaju, Sergipe e o Brasil. Logo se via que o povo estava ali com objetivos muito maiores que simplesmente reivindicar a diminuição no preço das passagens.

Os dizeres contidos nas faixas, cartazes, panfletos e no próprio corpo já mostravam descontentamentos e reivindicações muito maiores. Enquanto uns mostravam suas indignações contra a política e os políticos em geral, principalmente o pastor da cura gay, outros repudiavam as precariedades na saúde, na educação, nos gastos exorbitantes com a copa do mundo.

Nas esferas estadual e aracajuana, repudiavam principalmente o modismo que se tornou de os governantes e secretários recorrerem sempre ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, enquanto os hospitais sergipanos, principalmente o Huse, prestam atendimento da pior qualidade aos sergipanos. E um cartaz dizia, refletindo o problema da tarifa de transporte e da saúde: “Enfie seus R$ 0,20 no SUS”. A genial criatividade do povo.

Outras faixas e cartazes diziam: “Queremos hospitais e escolas com padrão Fifa”, “Brasil, vamos acordar, professor vale mais que o Neymar”, “Não à PEC 37”, “Ou acabamos com a corrupção ou a corrupção acaba com o Brasil”. Mas também textos impublicáveis pelo seu conteúdo.

Contudo, alguns aspectos podem ser citados como mais marcantes, eis que evidenciaram que aquela multidão estava ali com espírito de luta por melhorias para a sociedade e não para erguer bandeiras ou aflorar sentimentos partidários. Isto ficou bastante claro quando quiseram transformar os carros de som em palanque político.

Com efeito, estacionados defronte ao Tribunal de Justiça, os carros de som mais tentavam deturpar o sentido da manifestação do que qualquer outra coisa. Quem tentou falar o fez em tom político e logo foi repudiado pela multidão. Mesmo num ato apartidário, insistiram em colocar bandeiras de centrais sindicais e de partidos políticos.

A primeira demonstração da força apartidária do povo se deu quando a multidão, aos gritos de “Sem partido, sem partido”, por diversas vezes calou os que tentavam, de microfone à mão, partidarizar a manifestação. Desse modo, agindo firmemente para não deixar que o ato se transformasse em palanque, a multidão acabou mostrando a desnecessidade daqueles quatro minitrios ali estacionados.

A segunda demonstração de que o povo estava ali para mostrar sua força e não para partidarizar a manifestação, ocorreu no momento marcado para o início da caminhada. Negando todas as expectativas dos grupos políticos ali presentes com seus carros de som, a maioria da multidão não aceitou fazer o mesmo percurso e se encaminhou para o outro lado. Enquanto um grupo seguiu em direção à Praça Olímpio Campos, o outro, apartidário, foi para os lados da Assembleia Legislativa.

Ao perceber que naquele momento a aglomeração se dividia e a grande maioria optava por seguir reivindicando apenas direitos seus, tomando a direção da Av. Ivo do Prado, um locutor quase enlouquece implorando para que não fizessem aquilo, afirmando que dividido o ato estaria fragilizado. Mas o povo realmente não queria saber de politicagem nem de bandeira partidária, e por isso mesmo tomou toda a Ivo do Prado, nas duas pistas mais adiante. E prosseguiu pela Av. Beira Mar numa multidão jamais vista na história aracajuana.

Segui esse verdadeiro cardume reivindicatório. As duas pistas foram completamente tomadas e era impossível ver o início da multidão. Nenhum policial foi avistado durante todo o percurso, apenas dois helicópteros observando do alto o encorajamento do povo. E tudo na paz, na tranqüilidade. Quando alguns quiseram esbofetear um ônibus parado no meio de percurso, logo tiveram de ouvir: “Sem violência, sem violência”.

Tive que retornar e deixei aquele caudaloso rio sergipano seguindo em direção à praia. O encontro das águas da força, da luta, da democracia.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Texto reproduzido do site: nenoticias.com.br
Foto: Douglas Carvalho

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 21 de Junho de 2013

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Marinete do Forró é Sensação do Ciclo Junino




Infonet - São João - Notícias - 19/06/2013.

Marinete do Forró é sensação do ciclo junino.
Trio pé de serra e guia turístico participarão do passeio.
Por Nubia Santana

O ônibus estilo jardineira, caracterizado com adereços do ciclo junino, já está com todas as turbinas esquentadas para garantir o city tour mais badalado do momento. É a Marinete do Forró, que a partir dessa quinta-feira, 20, passa a divulgar entre sergipanos e turistas, as mais belas paisagens de Aracaju.

Até o próximo dia 30, o trio pé de serra liderado por Robertinho dos Oito Baixos, filho da cantora sergipana Clemilda, animará os 40 passageiros durante um passeio com duração de quatro horas, que abrange a Orla de Atalaia, o Mirante da Praia Formosa, os Mercados Municipais Antônio Franco e Thales Ferraz, entre outras localidades.

No passeio prévio realizado na tarde dessa quarta-feira, 19, com profissionais da imprensa, a animação chamou a atenção dos transeuntes, sendo que alguns deles já ensaiavam passos embalados pelo ritmo que caracteriza os festejos juninos. De acordo com a secretária adjunta da Secretaria Especial de Cultura (SEC/Funcaju), Aglaé Fontes, a utilização do veículo contribui para a disseminação da cultura sergipana.

“A Marinete do Forró anuncia para todo o Estado de Sergipe e para o mundo as potencialidades locais e o saudosismo dos sergipanos. Tal iniciativa viabiliza o reconhecimento das riquezas culturais usufruídas pelos que aqui residem”, garante Aglaé, que também é professora, escritora, teatróloga e pesquisadora do folclore sergipano.

Dos dez dias de percurso da Marinete do Forró, três serão dedicados aos idosos e aos adolescentes da capital, a fim de garantir a prioridade destinada à esse público. Todos os usuários deverão usar pulseiras de identificação, registradas com a data do passeio, sendo as mesmas inservíveis nos demais dias de circuito.

“Através da Marinete, os pontos turísticos de Aracaju, a cultura, e as iguarias típicas dessa região podem ser bem mais e divulgados nos quatro cantos do mundo. A expectativa é de que um número significativo de usuários aprovem esse recurso”, almeja o secretário especial de Cultura, Josenilto Vitale (Nitinho).

A Marinete

O projeto Marinete do Forró é uma iniciativa da Prefeitura de Aracaju, em parceria com a Secretaria Especial de Cultura (SEC/Funcaju) e Viação progresso. A partir das 14h, ela percorre os principais pontos turísticos de Aracaju, cujas saídas ocorrerão sempre na Orla de Atalaia, nas proximidades do Farol da Coroa do Meio. De lá, segue até o final da Passarela do Caranguejo, com ponto de parada no Mirante da Praia 13 de Julho, passando pela Avenida Ivo do Prado, Praça Fausto Cardoso, Avenida Rio Branco, Otoniel Dórea e nova parada nos mercados municipais.

O ônibus continua circulando na Orla do Bairro Industrial, com parada no Centro de Artesanato Chica Chaves e na Praça Fausto Cardoso, a fim de garantir a visita dos passageiros ao Centro de Turismo, ao Museu do Artesanato, a Catedral Metropolitana e a Galeria de Artes Álvaro Santos, onde acontece a Exposição Coletiva Junina 2013.

O retorno da Marinete acontece pela Avenida Ivo do Prado, com vista panorâmica dos museus da Gente Sergipana e Olímpio Campos, seguindo para a Orla de Atalaia e a Praça de Eventos. Para obter mais informações e realizar o agendamento do passeio, basta ligar para (79) 3179 3695.

*Por Nubia Santana

Turbinas esquentadas para o início dos asseios a bordo da Marinete do Forró.

Robertinho dos Oito Baixos comanda o trio pé de serra que animará passageiros da Marinete do Forró.

Fotos: Ana Lícia Menezes.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 20 de junho de 2013.

Cordelteca João Firmino Cabral completa dez anos




PMA - 27/05/2013

Cordelteca João Firmino Cabral completa dez anos

Há dez anos a cultura e o resgate popular vêm sendo trabalhados através da cordelteca, setor da Biblioteca Pública Clodomir Silva, unidade vinculada à Secretaria Especial de Cultura (SEC/Funcaju). Primeira Biblioteca de Cordel do Brasil, a cordelteca homenageia o saudoso João Firmino Cabral, natural do município de Itabaiana.

De acordo com a diretora da Clodomir Silva, Fátima Góes. "O ambiente da biblioteca tem características da literatura de cordel e a escolha do nome deve-se à carreira de sucesso do primeiro cordelista sergipano a levar o nosso cordel para fora do estado, João Firmino Cabral".

O Nordeste brasileiro herdou a literatura de cordel, que nasceu na terra de Pedro Álvares Cabral, um dos vestígios deixados pela colonização portuguesa. É um gênero popular escrito na forma rimada, originado em relatos orais e depois impressos em folhetos com figuras desenhadas em xilogravuras e expostos para vendas penduradas em barbantes, o que deu origem ao nome cordel.

Segundo o cordelista sergipano Ronaldo Dória, as rimas e métricas nascem a qualquer hora e o dom de brincar com as palavras vêm desde a infância. "Desde pequeno fazia poemas e poesias, mas nunca tive coragem de mostrar. Os temas surgem a partir de uma história, de um sonho, de uma reportagem na TV e assim vai, estou sempre com papel e caneta. Me dediquei mais ao cordel quando me aposentei, há 12 anos, e agora possuo 155 histórias contadas em cordel", comenta.

Sarau Poético

A Cordelteca João Firmino Cabral é palco do Sarau Poético que reúne grandes autores ou cordelistas para recitarem versos de forma cantada acompanhados de suas violas. "Destinamos esse encontro para conversar sobre cultura, música e arte. Momento especial para a comunidade e estudante aprenderem sobre cordel", completa a diretora Fátima Goés.

O trabalho educacional é intenso, professores e coordenadores de escolas levam o livreto para a sala de aula com o objetivo de trabalhar temas transversais através dos poemas rimados. "A biblioteca recebe diariamente docentes de diversos bairros em busca de inserir no cotidiano de seus alunos temas como geografia, cultura popular, histórias que são encontrados nos livretos e esse espaço é de fácil acesso e está aqui para toda a população", justifica a coordenadora de eventos, Maria José.

"Digo com muito orgulho que fui aluno de João Firmino. Se hoje visito as escolas levando a cultura local para crianças e adolescentes é porque aprendi tudo que sei sobre literatura de cordel com ele, que levava meus versos para analisar em casa e no outro dia me explicava", afirma Ronaldo Dória.

Cordelteca

A Cordelteca João Firmino Cabral abriga mais de 500 livretos de cordelistas nacionais e locais, de variados temas. A Biblioteca Clodomir Silva foi eternizada na literatura de cordel através da homenagem feita pelo também sergipano Chiquinho Além Mar.

"Hoje a cordelteca possui títulos escritos por de 36 cordelistas sergipanos, mas aqui também há obras de autores de outros estados. Você encontra nomes como Enoque Araújo, Gilmar Santana Ferreira, Zé Antônio e de mulheres que fizeram e fazem história com as rimas, a exemplo de Antônia Amorosa, Izabel Nascimento, Salete, entre outras", ressalta Fátima Góes.

João Firmino

Patrono da primeira cordelteca do país, João Firmino Cabral despertou para a Literatura de Cordel ainda na adolescência, quando pedia à irmã para ler os livretos comprados na feira de Itabaiana, município de Sergipe. Seguiu os passos do poeta e mestre, Manoel D'Almeida Filho, produzindo o seu primeiro livreto sobre as profecias de Padre Cícero, aos 17 anos.

Em 2002, João Firmino recebeu da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) a medalha de Mérito Cultural Serigy. Ao falecer, em fevereiro deste ano, João Firmino deixou a banca que tinha instalada no Mercado Municipal Antônio Franco, no Centro de Aracaju, e deixou vaga a cadeira de número 36, da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), que ocupava desde 2008.

Fotos e texto reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

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*Cordel é um gênero literário popular escrito na forma rimada e expostos à venda pendurado em barbantes.

*A Cordelteca possui títulos escritos por de 36 cordelistas sergipanos e de outros estados.

*O cordelista sergipano Ronaldo Dória e a diretora do Clodomir Silva, Fátima Góes.

*Fotos: Ascom/Funcaju.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 20 de junho de 2013.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Luiz Almeida D’Ánunciação, ou simplesmente Pinduca

  


Infonet - Blogs - Luíz A. Barreto - 02/04/2005.

Durante os festejos do Sesquicentenário de Aracaju, o prefeito Marcelo Déda concedeu a Medalha Cultural Inácio Barbosa a artistas, produtores e outras figuras destacadas da vida cultural aracajuana. Ele mandou inscrever na Ordem do Mérito Serigy gradas pessoas, que têm com a capital um contato digno do reconhecimento público, e distribuiu, ainda, a Medalha especial, mandada fazer na Casa da Moeda, comemorativa da efeméride. Não há o que discutir, com relação as escolhas e nem os méritos de cada um dos agraciados. Mas um débito que não pode calar que é o de reconhecer a contribuição que um artista sergipano dá ao Brasil, no campo instrumental, como músico e como teórico.

Luiz Almeida D’Ánunciação, ou simplesmente Pinduca, é percussionista, concertista, autor, compositor e pesquisador, com formação nos Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia, de 1956 a 1959, fazendo estudos de percussão na Universidade do Colorado, em Boulder, Estados Unidos. Foi aluno, de vibrafone, de Phill Krauss em Nova Iorque, de marimba, de José Bethancourt em Chicago, tendo ainda estudado percussão cubana com José Helário Amat e Lino Neira Benthacourt, em Havana, em 1996.

Pinduca preparou o naipe de percussão da Orquestra Sinfônica Brasileira nas excursões da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá, sob a direção do maestro Isaak Karabchewsky, sem deixar suas funções de professor/orientador na implantação do Curso de Percussão da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, depois de ter sido integrante, por 18 anos, do elenco da TV – Globo, como percussionista, arranjador e regente.

Autor do Manual de Percussão, em 4 volumes, divididos em 14 cadernos e 2 livros, assim distribuídos: Instrumentos da Rítmica Brasileira: Caderno 1 – O Berimbau, 2 – O Pandeiro Estilo Brasileiro, 3 – O Surdo de Repenique; 4 – A Ginga do Surdo no Samba; 5 – Tambores de Percussão Direta. A Técnica para Instrumentos Barrafônicos: Livro A – Técnica a 2 baquetas; Livro B – Técnica a 4 baquetas. Estudos de Técnica para a Caixa-clara: Caderno 1- Inicial, 2- Rulo; 3- Ornamentos; 4- Adiantados. A Técnica para os Instrumentos da Percussão Complementar: Caderno 1- Triângulo; 2- Pratos (Tam-Tam, Gongo, Crotales); 3- Bombo Sinfônico; 4- O Reco-Reco no repertório sinfônico; 5- o Pandeiro no estilo sinfônico. O próximo livro de Pinduca a ser lançado tem o título de Os Instrumentos Típicos Brasileiros na Obra de Heitor Villa-Lobos.

Como compositor, Pinduca é autor de diversas peças, como a Pequena Suite para Vibrafone, Um Choro para Radamés (marimba), Divertimento para Pandeiro Estilo Brasileiro, Dança, para Pandeiro Estilo Brasileiro e Oboé, Primeiro Estudo, para Vibrafone e Violão, Toccata para Timpanos, Divertimento, para Berimbau e Violão, dentre muitas outras, que correm o mundo em CDs. É rica, muito rica, a biografia artística de Pinduca, sergipano nascido em Propriá, em três de maio de 1926, e que já mostrou todo o seu talento em Sergipe, durante os anos que organizou e dirigiu sua orquestra em Aracaju, animando bailes, fazendo apresentações, tocando nos auditórios do rádio, fazendo sucesso como atesta o memorialista Murillo Mellins, amigo e companheiro de geração do artista, em seu livro de reminiscência sobre a vida cultural e boêmia da capital sergipana, que já teve duas edições esgotadas.

João Melo, Carlos Tirso, Raimundo Melo, Carlos Dantas, o próprio Murillo Mellins guardaram, na melhor lembrança, os tempos em que as festas contavam com a animação da Orquestra de Pinduca, um destaque sem precedentes na música sergipana, especialmente na década de 1940, quando a Rádio Difusora iniciava as suas transmissões e apareciam, de forma organizada, os artistas e conjuntos regionais, revelando talentos que o tempo consagrou, como o violonista Carnera, os cantores João Melo, Raimundo Santos, Guaraci Leite França, Dão, e, mais tarde, Antonio Teles, Vilermando Orico,Dalva Cavalcanti, o Trio Atalaia, formado por Djalma,, Lisboa, Edildécio Andrade, além de outros nomes da música e da radiofonia de Sergipe. João Melo tornou-se cantor e compositor bem requisitado, na Bahia e no Rio de Janeiro, profissionalizando-se como produtor de discos, responsável pelo lançamento de grandes valores da MPB, como Djavan, MPB-4, dentre outros.

Carlos Tirso ficou aqui, sobrevivendo de outras atividades, mas com a voz sempre afinada para abrilhantar encontros. Raimundo Melo foi para Salvador, para o Recife e deixou sua voz imortalizada no Hino do Centenário de Aracaju e no Hino do Clube Esportivo Sergipe, que ainda hoje é um dos símbolos da torcida rubra. Carlos Dantas, também chamado de Chopin, foi, por muitos anos, no Rio de Janeiro o pianista do restaurante da Mesbla, acompanhante da cantora lírica Norma Bloch, e funcionário da Escola Nacional de Música.

Sergipe e Aracaju devem a Pinduca uma homenagem, que reconheça de público e agradeça a sua contribuição á arte e a cultura, e especialmente à música e mais especialmente ainda à percussão. E que faça a ponte entre Aracaju de ontem e as gerações de hoje, para que o artista brilhante possa rever as paisagens da sua terra, onde certamente aprendeu o ritmo, a ginga, a malícia, da música popular, tão expressiva em sua percussão nos grupos folclóricos que resistem, heroicamente, a tudo.

Fonte: Pesquise - Pesquisa de Sergipe / InfoNet.
Contatos, dúvidas ou sugestões de temas: institutotobiasbarreto@infonet.com.br.

Foto e texto reproduzidos do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto/

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 17 de junho de 2013.

domingo, 9 de junho de 2013

Maria Thetis Nunes Fez História na Cultura Sergipana.


Maria Thetis Nunes fez história na cultura sergipana.

Maria Thetis Nunes tem uma bibliografia de mais de uma dezena de livros, complementada com uma grande série de artigos e de pequenos ensaios, publicados principalmente na Revista da UFS, no Caderno de Cultura do Estudante, na Momento, revista da Gazeta de Sergipe, na Revista da Academia Sergipana de Letras, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, dentre outras, produzida em 50 anos, com a qual revisita o repertório acumulado de cinco séculos de documentos, informações, dados, fontes da história.

Ela fundou sua opção de cátedra com a consciência de que havia em Sergipe de 1945, um vácuo na produção intelectual de temática histórica, por conta da morte de Carvalho Lima Júnior, Clodomir Silva e Manoel dos Passos de Oliveira Teles. Não apenas estes bravos pesquisadores, mas outros mortos, como Felisbelo Freire, Ivo do Prado, Prado Sampaio, empobreceram a atividade investigativa e crítica sergipana, e faziam imensa falta..

Seu horizonte começava nas salas de aula do velho Ateneu, primeiro com Artur Fortes, o professor, o poeta, o líder, o homem amado pelas suas idéias, morto justamente em 1945, depois com José Calasans, professor e escritor múltiplo, que deu a Sergipe e a Bahia obras de notável contribuição para o esclarecimento dos fatos, na travessia daquilo que se sabia – o conhecimento anterior – para o que se passou a saber. A história, para uns arte, para outros ciência, em Maria Thetis Nunes tomou a feição dinâmica da continuidade, da seqüência das situações pelas quais passou e passa sempre a humanidade, aqui representada pela população multiétnica que desde o século XVI ocupa as terras sergipanas, entre os rios Real e São Francisco.

Ao transpor as portas do Ateneu para apresentar-se como candidata a Cadeira de História, Maria Thetis Nunes refez a história. Estava ali uma mulher, nascida em Itabaiana, formada na Bahia, jovem, aos 22 anos, para expor sobre um povo estigmatizado, desconhecido em suas singularidades, a quem a humanidade e notadamente a civilização ocidental deviam uma contribuição inadiável. Em 7 capítulos, a candidata tratou do Islamismo, causas do seu aparecimento e propagação, do mundo ocidental e o aparecimento dos árabes, da literatura árabe e sua influência no mundo europeu oriental, da arte mulçumana e sua contribuição à arte ocidental, da filosofia árabe, sua contribuição à filosofia medieval, das ciências árabes. sua influência na Europa medieval, e da influência mulçumana no Brasil. Era, na verdade, o roteiro de uma viagem cultural ao mundo árabe. Os personagens que transitam na sua tese são artistas, intelectuais, poetas, filósofos, médicos, cientistas, políticos ilustres, que guardam fidelidade a uma visão do mundo. Os árabes, sua contribuição à civilização ocidental libertou, na história refeita, todo um povo, toda uma imensa e antiga cultura, que um dia pareceu sucumbirem pela força das armas, esmagadas pela submissão e pela conversão. Na sua tese, Maria Thetis Nunes se valeu dos fundamentos teóricos mais aceitos para recompor, na sua integralidade, a existência de um povo plural, despojado dos preconceitos e estigmas que a luta religiosa, num dia obscuro, promoveu.

Maria Thetis Nunes talvez guardasse na lembrança dos tempos de menina, nas fraldas da grande serra, a representação do auto popular, do ciclo natalino, a Chegança. Nele, a nau da cristandade aborda o quartel da mourama, troca embaixadas, canta e dança, até dominar os mouros, obrigando-os a se postarem de joelhos, convertendo-os, obrigando-os a aceitarem a fé católica. A historiadora que nascia naquele Concurso do Ateneu não possuía, de nenhum modo, razões para repetir a velha hegemonia, ainda hoje em prática, como elemento de projeção nos embates políticos. Mas, com a sua tese a imaginação cedia lugar a ação, a literatura e a história poderiam caminhar juntas, mas cada uma com sua função.

A professora, atravessando o corredor dos interesses, dividindo sua própria vitória com o contendor, o eminente Manoel Ribeiro, fez do magistério da Geografia e da História uma experiência original de vida. Trabalhou, dando aulas e dirigindo o próprio Ateneu, estudou no ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros, aprofundou seus conhecimentos, protegendo-os com a pátina da Nação e do nacionalismo e o compromisso do desenvolvimento, opções que marcariam a sua conduta, tanto no exterior, Adida Cultural na Argentina, dirigindo um Centro Cultural na cidade de Rosário, como no retorno para casa, para o velho Ateneu, na incorporação ao ensino superior na Faculdade Católica de Filosofia e da Universidade Federal de Sergipe, onde produziu, praticamente, sua obra de historiadora.

Tomando A Educação como espelho da história, os Intelectuais como representação simbólica da cultura sergipana engajada, e Sergipe como foco geopolítico, Maria Thetis Nunes debruçou-se sobre as fontes documentais, os jornais, os livros, os manuscritos, as fotografias, as biografias, toda aquela bibliografia anterior, e mais o que estava por ser descoberto, encontrado, lido e interpretado, e foi entregando à disposição dos leitores, obras que tomo a liberdade de agrupá-las assim:

Refazendo a História – Os Árabes, sua contribuição à civilização ocidental, 1945, 2ª edição em 2002.

A Educação como espelho da história – Ensino Secundário e sociedade brasileira, 1962, reeditado em 1999; A Política educacional de Pombal e sua repercussão no Brasil, 1983; História da Educação em Sergipe, 1984; A Educação na Colônia: os Jesuítas, 1997.

Os intelectuais como representação simbólica da cultura sergipana engajada – Silvio Romero e Manoel Bonfim. Pioneiros de uma ideologia, 1976, em parte refazendo o artigo Manoel Bonfim: pioneiro de uma ideologia nacional, publicado no mesmo ano na Revista Momento; Manoel Luiz Azevedo d’ Araújo, educador da Ilustração, 1984; Carvalho Lima Júnior, 1986; Felisbelo Freire, o historiador, 1987; João Ribeiro o intelectual de múltiplos facetamentos, 1988; Tobias Barreto e a renovação do pensamento brasileiro, 1989; A contribuição de Felisbelo Freire a historiografia brasileira, 1996; O sergipano Gilberto Amado, 1997; Alberto Carvalho é, primordialmente, um artista, 1998, além de outros.

Sergipe como foco geopolítico – Sergipe no Processo de Independência do Brasil, 1973; Ocupação territorial da Vila de Itabaiana: a disputa entre lavradores e criadores, 1976; O Ciclo do Gado em Sergipe, 1978; História de Sergipe a partir de 1820, 1978, escrito a partir do texto de aula na Universidade de Brasília, sobre a participação sergipana no processo da Independência do Brasil, estuda o período de validade da Carta Régia de 8 de julho, os conflitos dos anos seguintes; Qual o significado do 24 de outubro?, 1978; Inventário dos documentos relativos ao Brasil existentes no Arquivo histórico ultramarino, 1981; As culturas de subsistências em Sergipe; a farinha de mandioca, 1987; Fundamentos econômicos da Literatura Sergipana, 1989; Insurreição de Santo Amaro das Brotas, 1992; O Poder Legislativo e a sociedade sergipana, 1994; A contribuição da Imprensa à História da Província de Sergipe, 1994; As Câmaras Municipais, sua atuação na Capitania de Sergipe D’El Rey, 1995; Sergipe Colonial I, 1996, continuação da História de Sergipe a partir de 1920, tratando dos fatos e personagens das primeiras décadas da Emancipação da Província, a formação e a cisão da classe dominante sergipana. A publicação contém um Anexo de documentos, dos quais podem ser destacados a Relação abreviada da Cidade de Sergipe D’El Rey, povoações, vilas, Freguesias e suas denominações pertencentes à mesma Cidade e sua Comarca, de José Teixeira da Mata Bacelar, de 1817, e a Notícia Topográfica da Província de Sergipe, redigida no ano de 1826, pelo padre Inácio Antonio Dormundo; A Totalidade na História, um dos raros textos especificamente teórico, na linha de George Lucáks, 1997; O bicentenário do baiano Antonio Pereira Rebouças, sua passagem pela Província de Sergipe, 1998; A importância dos Arquivos Judiciários para a preservação da memória nacional, 1998; Aspectos históricos da cidade de São Cristóvão, 1999; Sergipe Colonial II, 1999, apesar da divergência do título é uma continuação sistemática, dos estudos da História de Sergipe, focando mais amplamente o recorte do seu interesse, produzindo um quadro ampliado em todas as direções; Catálogo de Documentos avulsos da Capitania de Sergipe (com Lourival Santana), 1999; Catálogo de documentos avulsos da Capitania de Sergipe (com o professor Lourival Santana), resultado do Inventário feito em 1981, que serviu de guia para o Projeto Resgate. Foram publicados, também, os volumes I e II de Sergipe Provincial e está pronto o inédito volume dedicado a Sergipe Republicano.

Por qualquer um dos textos, por qualquer dos eixos temáticos, a obra de Maria Thetis Nunes arredonda a visão da história de Sergipe e parecerá isenta das conotações presentes em outros autores, como Antonio José da Silva Travassos, Felisbelo Freire, Clodomir Silva, que alternaram as suas atividades intelectuais com a militância política. Em Maria Thetis Nunes a história de Sergipe ganha uma intérprete que faz da análise crítica o suporte validador do método. Nas suas páginas Sergipe, a terra, a economia, a vida social da capital e das demais cidades, as atividades lúdicas e intelectuais, os vultos da cultura compõem um quadro dialético, em pleno movimento.

Eleita para a Academia Sergipana de Letras, substituindo Orlando Dantas na Cadeira 39, ela tomou posse em 6 de abril de 1983, fazendo sua declaração de fé como intelectual:

“Creio na marcha da História, no Devenir, no advento de um mundo mais justo e mais humano. Apesar de ter vivido parte da minha vida sob dois regimes ditatoriais, cultuo a liberdade.

“Também estou com os que lutam defendendo a cultura ancestral, dilacerada em nome da civilização cristã ocidental, como fazem os povos da África negra ou da Ásia tropical.

“E nesse desfilar constante de gerações em que, como professora, estou envolvida, encontro o rejuvenescimento espiritual que domina as marcas físicas deixadas pelos anos. Renovação que advém do esforço de entender os jovens, suas inquietações, seus problemas ante o mundo que somos responsáveis por lhes oferecer. Renovação, também, que brota da angústia de encontrar respostas para explicar-lhes a realidade vigente, permitindo o reencontro da esperança perdida dos que se tornaram céticos em face de tanta mistificação com que, por tanto tempo, se vem tentando justificar os erros e os fracassos da nossa civilização.

“Assim tem sido minha atitude diante da vida. Assim tenho caminhado, impulsionada pela luta e pela esperança.”

A morte de Maria Thetis Nunes, no dia 25 de outubro, aos 86 anos, consterna e orfaniza Sergipe.


Foto e texto reproduzidos do site: visitearacaju.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 9 de junho de 2013.

Maria Feliciana Reencontra o Amigo Dominguinhos

Os dois amigos mataram a saudade e lembraram dos tempos em que viajavam pelo 
Brasil com Luiz Gonzaga e Anastácia. Foto: Jadilson Simões.

Maria Feliciana reencontra o amigo Dominguinhos

Publicado em 24/06/2010 por Bareta

Os dois amigos mataram a saudade e lembraram dos tempos em que viajavam pelo Brasil com Luiz Gonzaga e Anastácia- Foto Jadilson Simões
Um momento histórico marcou a sexta noite do Forró Caju 2010. Depois de 46 anos sem se ver, Dominguinhos e Maria Feliciana, amigos de longa data, se encontraram nos bastidores da festa para matar a saudade e lembrar dos tempos em que viajavam pelo Brasil acompanhados do mestre Luiz Gonzaga e da cantora Anastácia.

“Você não sabe a alegria que eu estou tendo em te ver. Faz tempo que eu digo a meus filhos: – Um dia ainda vou encontrar com ele”, disse emocionada a Rainha das Alturas ao rever o amigo.

Dominguinhos abraçou a amiga e relembrou dos velhos tempos. “Inauguramos o Batistão juntos em 1969. Eu, Maria e Anastácia. Éramos muito próximos naquela época. Morei alguns anos aqui em Aracaju”, comenta o mestre, que convidou a amiga para assistir ao show do palco. Maria aceitou o convite e retribuiu a gesto de carinho dando uma camisa de presente a Dominguinhos.

Maria Feliciana

Sergipana da cidade de Amparo do São Francisco, Maria Feliciana dos Sntos, nasceu em 1946 e nos anos 60 foi coroada no Programa do Chacrinha como a ‘Rainha das Alturas’, além de ter recebido o título de mulher mais alta do Brasil, por medir 2,25 metros de altura.

Uma das personalidades sergipanas mais conhecidas no Brasil, Maria Feliciana foi jogadora de basquete, cantora e atração de circo.

Foto e texto reproduzidos do sitedobareta.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 9 de junho de 2013.

Antônio Carlos Du Aracaju: Buraqueiro de encher e mear.


Antônio Carlos Du Aracaju: Buraqueiro de encher e mear.
Por Euvaldo Lima dos Reis*

No dia 10 de abril de 1952 a cidade de Porto da Folha-SE ao descortinar os primeiros raios solares daquela manhã promissora, num solo fértil vocacionado para a agropecuária, nascia um dos mais ilustres filhos, Antônio Carlos dos Santos (Antônio Carlos Du Aracaju).Filho de Pedro Afonso e Terezinha Lucas dos Santos, herdou do seu pai o gosto pela música folclórica e de sua mãe, o lado boêmio do cavaquinho, do violão e da seresta. Sua carreira estudantil gozou de um momento diferenciado que a cidade de Propriá naquela época oferecia a região, isto contribuiu para em 1971 chegar ao colégio estadual Atheneu em Aracaju onde lá concluiu o nível médio. Foi membro do coral da igreja de Porto da Folha, mas sua estréia como cantor num palco, se deu na cidade de Ilha das Flores-SE. Em seguida na Banda “Os Vikings” surge o despertar artístico! Passou pela Banda de N. Srª das Dores-SE (Gerusa e seus Big Loys), nos idos dos anos 70, cantando: Bolo de Marley, Jim May Cliff, Beatles, atrai a atenção da imprensa e dos sergipanos de forma a lhe render vários shows e bailes chegando a participar do “Projeto Pixinguinha” com o grupo Bolo de Feira, ao lado de João do Vale e a cantora paulista Milena. A ele coube levar e elevar os nomes de Porto da Folha e Sergipe para todo o Brasil. Foi diretor musical de elenco do Projeto Pixinguinha em 1985 ao lado de João do Vale. Em 2005, ganhou o prêmio com o álbum “Vida de Gado”. Atualmente seu novo CD – Festa de Rua (Folguedos & Brincantes de Sergipe) encontra-se em mixagem, no qual faz referências a 16 escritores catadores de pérolas de quadrinhas sergipanas. É membro do Movimento de Apoio Cultural da Academia Sergipana de Letras (MAC) e tem em fase conclusiva três livros de sua autoria: Tauromaquia, Textos Reticentes, Espadela e Paredes & Pontes. Entre 2005 e 2006 realizou, por 6 vezes, o Concerto “Isso é lá com Santo Antônio” com a Orquestra Sinfônica de Sergipe, recebeu ainda em Salvador, o prêmio internacional “Medalha de Ouro a Qualidade Brasil.” Em 2008 recebeu a “Comenda 15 de Novembro” da Grande Loja Maçônica de Sergipe, pela composição do seu Hino em parceria com o Maçom Roberto Arcieri. Aposentado pela Petrobrás, Bacharel em Jornalismo, Pós-graduado pela Faculdade Pio X, vice-presidente da Associação Sergipana de Autores e Intérpretes Musicais de Sergipe, será também o homenageado da III Arena Cultural do sertão sergipano, que acontecerá na cidade de Nossa Senhora da Glória no último fim de semana de maio de 2013

*Euvaldo Lima dos Reis: Comerciante feiranovense, poeta, membro da AGL, ocupante da cadeira nº 6, além de idealizador e diretor geral do projeto Portal e Revista Maisglória.

Fotos e texto reproduzidos do site: maisgloria.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 9 de junho de 2013.

Um veio criança que fez brilhar o Brasil na França.


Um veio criança que fez brilhar o Brasil na França.
Por Euvaldo Lima dos Reis.

Impulsionado pela centelha divinal que margeia sua caminhada; esculpe os sonhos, a crença, a dor, a alegria e a discriminação de um povo que podemos intitular “Herói Sem Títulos”. Fruto de moderados golpes de um canivete, as obras do nosso autêntico sertanejo sergipano, Cícero Alves, encantam a todos.

Na luta para manter nossas tradições e valores culturais, consegue a admiração de renomados críticos do universo da arte e, aos poucos, graças ao elevado nível de sua sensibilidade, seus trabalhos ganham destaque nos mais requintados museus de arte.
Hoje, à margem da rodovia Engenheiro Jorge Neto, a oito km da sede do município de Feira Nova (SE), e a cinco de sua cidade natal, Nossa Senhora da Glória, é visitado por amantes da arte do Brasil e de além fronteira, que visitam esta região.

Os turistas incluem no roteiro uma visita ao admirável artesão com o seu museu encantador, um dos únicos a expressar com nitidez, a vida do nordestino, as ferramentas que deram dignidade ao homem do campo e seus lamentos pela falta de apoio à fertilidade das mentes humildes que se expressam através da arte nas diversas áreas.

Quanto ao reconhecimento, nosso artista não tem de que se queixar, nem poderia. Percorrendo importantes eventos culturais brasileiros, levando e elevando os conceitos artísticos; chega aos píncaros da glória, mediante reportagens e documentários sobre a sua vida e obra.

Selecionado foi pela TV Cultura de São Paulo para um documentário que selecionaria dez grandes expressões artísticas do cenário nacional e, para nossa alegria, o Véio obteve uma das mais expressivas indicações, representando o nosso Estado no referido documentário, evento que congregou artistas dos mais diversos lugares.
Dentre outros organismos influentes deste segmento, compareceu o INSTITUTO DO IMAGINÁRIO DO POVO BRASILEIRO, de São Paulo que, sensibilizado, resolveu criar e publicar um livro intitulado “TEIMOSIA DO IMAGINÁRIO”, reunindo os melhores momentos e um pouco sobre a vida das dez estrelas selecionadas.

Para nossa felicidade, coube à grandiosidade da obra do nosso artesão “VEIO” embelezar a capa com uma de suas memoráveis esculturas. A primeira edição dessa obra já foi publicada em dois idiomas: Português e Francês, graças à desenvoltura em suas expressões próprias e originais.

Foi escolhido, ainda, para o lançamento na capital mundial da moda, no ‘HISTOIRES DE VOIR FONDATION CARTIER POUR PART CONTEMPORAIN’, a poucos metros da Torre Eiffel, onde, além do lançamento da obra, se fez acompanhado de autoridades francesas e brasileiras nas visitas à Torre, museus e alguns pontos turísticos voltados para a arte e para a cultura.

Nosso artista revela seu talento ao mundo, mostra a nossa arte em alguns idiomas, sob os cuidados de intérpretes e cercado por holofotes de diversas etnias, confirmando que teimosia é uma qualidade.

Nós que fazemos a Revista e Portal Mais Glória parabenizamos o artesão e miniaturista Veio, que se faz escudo da arte e sobe a torre da fama, para propagar bem alto o valor da nossa gente.

Fotos e texto reproduzidos do site: maisgloria.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 9 de Junho de 2013.

sábado, 8 de junho de 2013

Para Paulo, um Réquiem e uma Ode à alegria.


Publicado pelo Blog "Cajueiros e Papagaios".
De Grace Melo, em 21 de Junho de 2010

Para Paulo, um Réquiem e uma Ode à alegria.

Vivemos, e, se não bastasse o tempo que vai marcando a contagem regressiva até o dia do encontro inevitável com aquela inexorável e ceifadeira senhora, morremos também, quando pessoas a quem amamos se vão indo, e, certamente, levam pedaços do que somos, parcela daquilo que o ser humano não consegue construir sozinho, porque é o resultado dos sentimentos compartilhados: alegria, tristeza, esperança, coragem, decepção, solidariedade. Esses fiapos da existência, que a amizade, a convivência, ajudam a juntar.

Assim, o ser humano não é o eu isolado, sozinho, mas, certamente, o resultado somado daqueles fiapos recolhidos. Há pessoas que passam pela vida tendo a extraordinária capacidade de distribuir esses pedaços, que se vão juntar a outras pessoas. Por isso, quando partem, se tornam mais pranteadas, tornam a sua ausência mais sentida.

Paulo Barbosa de Araújo foi uma dessas pessoas, e os pedaços de coragem, de esperança, de dignidade, de solidariedade, que ele deixou em cada amigo, ainda mais forte na sua mulher Osa, nos seus filhos Paulo Mário e George, tornam a sua passagem pela vida, a faina incansável de um semeador.

Houve um golpe em Botswana, no Malavi, na Croácia, na Bósnia?

Paulo ficava a preocupar-se. Estariam respeitando os direito humanos? Seriam repressores os novos donos do poder?

A distância dos fatos não lhe diminuía a preocupação, aquele sentimento solidário de um humanista que se comovia e se indignava com a injustiça e a dor, onde elas estivessem. As suas fronteiras eram globalizantes para o humanismo e também, rigorosamente restritas, no seu nacionalismo de brasileiro, que sonhou, desde a década cinquenta, um país construído com a dignade da soberania e solidariedade indispensável da justiça social. Sofreu por isso, continuava sofrendo agora, diante do festim de crápulas em que se vai transformando a vida pública brasileira.

Um dos pedaços que Paulo Barbosa de Araújo deixou engastados hoje naqueles que o conheceram, foi, sobretudo, a sua crença em um mundo melhor, por isso, foi solidário, por isso, lutou, como jornalista, como professor, como economista, como servidor público, como ser humano, que, em meio a todas as decepções, dificuldades, nunca perdeu a grande alegria de viver.

Quase no fim, plantava árvores, terminava de escrever um livro.

Para Paulo, não basta um réquiem, cantemos, também, a Ode a Alegria, aquele final feérico da Nona de Beethoven que é esperança, força, jubilo, reafirmação da vida.

Luiz Eduardo Costa - Jornalista

(Publicado no Jornal da Cidade em 16/01/2000 e no livro Petróleo: Porque Sabotado?)

Texto reproduzido aqui do blog: cajueirosepapagaios.zip.net/

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 8 de junho de 2013.

Livro: "Os ícones de um terremoto: Golpe Militar, repressão e..."

 Esposa e filhos de Paulo organizaram a publicação.

  Milton foi amigo do autor e viveu o terror da ditadura militar em Sergipe.

 Livro fala da ditadura em Sergipe.

Editora: Diário Oficial de Sergipe
Livro: ‘Os ícones de um terremoto: Golpe Militar, repressão e resistência política’,
Da autoria do economista e jornalista sergipano Paulo Barbosa Araújo (in memorian).

Há dez anos, Paulo Barbosa escrevia o livro e deixava para a posteridade sua reflexão sobre o período ditatorial que o país enfrentou após o golpe de 64. De acordo com Osa de Araújo, esposa do autor e organizadora do livro, Paulo deixou bastante material que não poderia ficar escondido.

“O livro traz idéias, reflexões do movimento armado de 64, daí vimos o quanto é imprescindível que as pessoas tenham acesso a essas informações. Resolvemos publicá-lo porque não queríamos que o tempo destruísse registros tão ricos da nossa história política e social”, diz Osa.

Dentre vários amigos do autor, o aposentado Milton Coelho não poderia faltar ao evento. Cego pela ditadura, ele vivenciou na pele o terror da ditadura militar junto com o autor do livro.

“Todo relato histórico sobre a ditadura aqui em Sergipe, é fundamental para que as novas gerações conheçam todo o processo. Fui amigo de Paulo, e em 1976 fui sequestrado, torturado e cego. Ainda assim encontrei o companheirismo de Paulo em todos esses momentos”, conta Milton.

Livro

‘Os ícones de um terremoto: Golpe Militar, repressão e resistência política’, aborda o contexto da Ditadura Militar em Sergipe, através da apresentação do cenário do regime em diversas nações da América Latina.

Além de retratar o panorama da Ditadura em prisões e os diversos casos de torturas, o autor traz a tona a Operação Cajueiro registrada em 1976 em Sergipe, executada pelo Exército que teve a intenção de derrotar o Partido Comunista Brasileiro (PCB) do Estado.

A obra faz parte do Projeto ‘Memórias Reveladas’, lançado neste mês pela Casa Civil, da Presidência da República e do Arquivo Nacional, no I Seminário Internacional sobre Acesso e Informação e Direitos Humanos.

O autor

Economista, jornalista e professor universitário, Paulo Barbosa Araújo, nasceu em 1937, no município de Neópolis, a 121 km de Aracaju. Escreveu diversas obras sobre Economia e Política, além de ter trabalhado em jornais como a Gazeta de Sergipe e O Estado de São Paulo.

Foi professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da Universidade Tiradentes (Unit). Após diversas atuações de Paulo no estado, em 2008 foi lançado o livro póstumo ‘Petróleo, Por que Sabotado?’, publicado pela Associação de Engenheiros da Petrobrás (AEPET – UN-SEAL). Em 2009, falece em Aracaju.

Texto editado de notícia publicada em 23/12/2010 pelo Portal Infonet
Reprodução editada do site: infonet.com.br/cultura
(Fotos: Portal Infonet).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 8 de junho de 2013.

Milton Coelho, Militante da Liberdade


Milton Coelho, militante da liberdade
Por Rian Santos (13.04.2010)

Símbolo, personagem, homem de carne e osso
Há quase 40 anos, no dia 20 de fevereiro de 1976, a Operação Cajueiro deixaria uma marca indelével na história política de Sergipe. Para alguns militantes da liberdade, no entanto, as cicatrizes seriam ainda mais profundas, e acompanhariam o corpo maltratado pelos carrascos do golpe de 64 vida afora, pelo menos nos episódios em que restou vida. Esse é o caso de Milton Coelho, que denuncia no passo claudicante que nos ofereceu a intimidade de sua casa e de sua memória a mutilação de uma geração inteira.
O encontro foi mediado pelo Professor Dudu, presidente da Central Única dos Trabalhadores, empenhado na construção de um Memorial dedicado às atrocidades perpetradas pelo Regime Militar em Sergipe. O sindicalista enxerga no exemplo de Milton Coelho muito mais do que o personagem que as páginas de uma história que ainda está para ser devidamente contada se encarregou de construir. Coberto de razão, Dudu encara Milton Coelho como um verdadeiro símbolo.

Símbolo, personagem e homem de carne e osso, Milton Coelho concorda com o jornalista Zuenir Ventura quando ele afirma que o ano de 64 ainda não acabou. Segundo ele, não é possível admitir mácula de sombra sobre a História.

“Eu sou partidário de que é preciso identificar todas as ocorrências. É preciso identificar todos os que participaram daquelas atrocidades para que as novas gerações sejam municiadas e não permitam que tudo se repita”.

As atrocidades que Milton Coelho menciona eram praticadas com método. Ele conta que os jagunços envolvidos no desbaratamento da célula sergipana do Partido Comunista Brasileiro (PCB), objetivo maior da Operação Cajueiro, se esmeravam numa espécie de ritual.

“Quando levados pelos seqüestradores e entregues aos responsáveis pela fase que antecedeu a formalização do Inquérito Policial Militar, os presos políticos, que na maioria já tinha uma borracha circulando os olhos, receberam “tratamento” de impacto, começando pela troca da roupa que vestiam por um macacão com um número no peito e colocação de um capuz. Aqueles que eram considerados mais comprometidos na organização da resistência à ditadura militar receberam o que era chamado de “tratamento especial”, incluindo torturas com a cabeça emergida em depósito com água, por várias vezes, pontapés nas costelas em ambos os lados, choques elétricos nas mãos e no pênis, além da ameaça de provocarem “suicídio”, quando, circulando uma corda nos tornozelos do preso, afirmavam que iriam suicidá-lo”.

O próprio Milton Coelho foi objeto do ritual macabro, e carrega na carne as marcas da violência. Além de cicatrizes e uma costela quebrada, ele foi condenado a tatear o mundo pelo resto de seus dias. A retina deslocada, responsável por uma deficiência visual que até hoje não conheceu cura, lhe impôs prejuízos econômicos e dificuldades pessoais, mas não abateram seu interesse pela vida.

Atento e forte, Milton Coelho acompanha as transformações da conjuntura política e acredita que, a despeito de incoerências pontuais, o campo político da esquerda precisa se manter unido para garantir os avanços necessários à manutenção da democracia.

Com o mesmo objetivo, a Sociedade Semear abriga, próximo dia 20, um debate a respeito da Comissão da Verdade, com a presença de Milton Coelho, além do advogado Cézar Brito e do professor Rui Belém.

Nas palavras do próprio Milton, “Nós temos uma população que, infelizmente, ainda não tem consciência política. Isso pode facilitar o retrocesso. A minha preocupação consiste em não dar chance aos inimigos dos trabalhadores e da liberdade”. *


*Texto e foto reproduzidos do blog spleencharutos.wordpress.com

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 22 de julho de 2012.

Luiz Antônio, um agitador cultural.

Foto: Reproduzida do site f5news.

Publicado pelo Portal Infonet, em 23/04/2012.

Um Agitador Cultural.
Luiz Antônio, um agitador cultural.
Por Odilon Cabral Machado.

A morte de Luiz Antônio Barreto empobreceu Sergipe. Dizer assim é um lugar comum em meio a elogios inesperados de exaltação e carinho. Parece que a fugacidade da vida está a nos pregar suas peças.

Quem diria de Luiz, tão frágil, em tamanha robustez de produção intelectual!
  
Quem diria que os golpes, sofridos e não demonstrados, estavam a minar sua vida em angústias de sobrevivência, tratado a pão e água muitas vezes, sendo incompreendido em outras, quando o seu interesse e vontade era a vivissecção da memória da nossa história.
  
E de repente, Luiz que teimava em resgatar o nosso passado comum sucumbiu. Era frágil, repito! E ninguém o sabia! Ninguém percebia que o seu vigor intelectivo denunciava tão próxima a sua partida, carregando consigo, bem para longe de nós, inacessível, o seu maior patrimônio, aqueles neurônios notáveis que Sergipe pensava eterno, por serviço hercúleo, supra-humano talvez, e que a tantos serviram como archote para afastar a desmemória e sua treva, em descortino de esperança e em desafio à acomodação nossa em apatia de jazigos.

Dir-se-á, agora que tudo passou, que Luiz foi um homem que soubera fazer amigos, daí muito pranto no seu féretro, na sua despedida perante Sergipe que o fitava, como se algo tivesse lhe faltado em termos de estímulo e reconhecimento.
  
Parecia que algo não lhe tinha sido concedido, algo que não quisera, não pleiteara, nem lhe fizera falta, mas que por certo modo lhe corroía o viver.

Talvez lhe faltasse o comum e corriqueiro da vida; o conforto a segurança, tudo aquilo que só os familiares e os mais íntimos partilhavam nas contingências do viver.
  
Luiz Antônio Barreto morreu pobre, é o que todos repetiam no seu derredor funeral.
  
Não importa que tantos lhe tivessem respeito, admiração, em palavras e blefes, e tantas concessões de água e pão. Porque de repente, só o Professor Joubert Uchoa e sua UNIT, lhe deram a mão derradeira em meio a tantas omissões.
  
Mas, tudo isso faz parte do passado, da mediocridade de sua circunstância, e melhor é dizer e exaltar sua ação, por cima de tudo, o que lhe foi menor e sucumbiu.
  
E neste passar sem ceder ou retroceder, lembro-me de Luiz Antônio, “O Arara”, carinhoso apelido que não lhe era de todo agrado, igual ao nariz de Cyrano de Bergerac, personagem imortal de Edmond Rostand.
  
Relembro-o, nos idos de 1978, alto-falante no automóvel humilde, tentando, uma cadeira na Assembleia Legislativa, um homem de esquerda, candidato pela ARENA, o partido dos generais-presidentes, não sendo eleito com os 1747 votos obtidos.


Estou a vê-lo depois como um dos grandes debatedores em eventos promovidos pela Academia Sergipana de Letras por conta do cinquentenário da morte de Jackson de Figueirêdo, depois a sua posse naquele sodalício, sequenciando o jurista Gonçalo Rollemberg Leite, na cadeira 33, cujo patrono é Ciro Azevedo.
  
Vejo-o também Secretário da Prefeitura de Aracaju, entre diversas ações promovendo a cultura e a qualidade de ensino, edificando um vagão cultural, remodelação de um velho e já inservível carro férreo da rede Leste Brasileira, transplantado em pleno Jardim-Parque Teófilo Dantas, só para despertar no contexto colorido do lazer, a criatividade e a necessidade de leitura.
  
Depois é a sua luta para renovar o pensamento esquecido de Tobias Barreto de Menezes.
  
Se em 1978, no Governo José Rollemberg Leite, obtivéramos a reedição de Crítica de Religião e Estudos Alemães, Luiz Antônio se faz bem mais vitorioso ao conseguir despertar os novos ventos advindos da Nova República e da Presidência de José Sarney, e a sensibilidade do Governador Antônio Carlos Valadares para a publicação de toda a obra de Tobias, em trabalho notável ao qual se somaram Jackson da Silva Lima, Antônio Paim e Paulo Mercadante.

Se os livros permanecem, enquanto obra menos fugaz e mais perene, que dizer da oralidade dos eventos promovidos por conta da obra de Tobias, que presenciei e assisti, não só em Sergipe, como na Bahia e no além Pernambucano, onde Luiz agitava as palavras dos tobiáticos Paim e Mercadante já citados, dos sergipanos Cabral Machado e Jackson Lima, mas também dos pernambucanos Vamireh Chacon e Nelson Saldanha, dos baianos Josaphat Marinho e Evaristo de Morais Filho, do paulista Miguel Reale, e do maranhense Gerardo de Melo Mourão?
  
Que dizer de tudo quanto ouvi e que se esvaiu, por efêmero, fugidio e provisório, restando mero rasto de vestígio da oralidade dissipada, e que por inexistência documental parece que foi um sonho não acontecido?
  
Como esquecer também, em nome do efêmero da palavra não gravada em pedra e linho, a vinda dos intelectuais lusos, trazidos por Luiz Antônio Barreto para um debate na nossa UFS, por conta de Antero de Quental, o Colóquio reflexo de Tobias Barreto em Portugal?
  
Assim era Luiz Antônio, um agitador cultural, gerando inveja, é verdade, com a sua movimentação lesta em todo escaninho cultural de suas andanças poligonais e variadas relações.

E neste testemunho pobre de quem conviveu pouco, quase apenas nos eventos citados acima, não me lembro de Luiz Antônio como alguém voltado aos prazeres do conforto e da mesa, algo que justificasse a fragilidade de sua existência.
  
Se a moléstia procura uma causa, nunca fora um homem de vícios nem um pantagruélico comensal. Imagino até que o seu trabalho mascarava a própria fome e o esquecimento das medicações necessárias.
  
Poder-se-á dizer que amara bastante, distribuindo sua atenção entre várias fãs; coisa de quem é insinuante, a suscitar muitas paixões. Nada que o desabonasse, em mágoas e reclames.
  
De Tobias Barreto, sua melhor identidade, escreveu estas palavras como um quase epitáfio: “Ao morrer, em 1889, Tobias deixou viúva, nove filhos e uma monumental biblioteca, mais tarde adquirida pelo Governo e incorporada a Faculdade de Direito de Recife, das quais constavam cerca de duzentos títulos em alemão, de autores com os quais o pensador sergipano mantinha estreito contato de leitor e de crítico. Morrendo na miséria, socorrido pela generosidade de alunos, amigos e admiradores. Tobias Barreto deixou uma lição e um exemplo que o Brasil não esquece e que as novas gerações de brasileiros tem, certamente, como fonte de inspiração a resistir”.

Seriam estas palavras uma premonição da sua partida deixando viúva e três filhos?
  
De Edmond Rostand e seu herói espadachim, e do filme “Nos palcos da Vida” (2005) retiro palavras que bem lhe cabem.
  
“No palco da vida somos todos comuns. Somos amantes sem esperança de ser correspondidos. Somos todos como Roxane amando uma ilusão do amor, como Christian, amando com palavras alheias. Todos imperfeitos..., exibindo nossas imperfeições apesar do nosso medo..., com um pensamento em mente..., Interpretar com a alma até o fim. Arriscar tudo, ficando apenas com o mais precioso. – ‘O Penacho! ’ - Não há empreitada mais nobre.”
  
E vale a fala final de Cyrano de Bergerac, moribundo nos braços de Roxane, como se fora Luiz Antônio na agonia febril a lhe retirar tudo, do fôlego à chama, com a própria luz se extinguindo: “Ireis, finalmente, me repousar no meu jazigo. Que seja! Ainda assim morro lutando, continuo lutando. Sei! Tudo me arrancais: a rosa, a palma, o louro! Arrancai... Mas existe um ‘quid’ imorredouro que eu levo... Esta noite ao entrar no reino de Deus..., cruzarei o portal azul do paraíso com algo que me restou, sem mácula ou impurezas e que carregarei apesar de vós. - O meu penacho!”
  
Penacho que o próprio Rostand no seu discurso de posse na Academia Francesa assim descreveu: “O penacho não é a grandeza, mas qualquer coisa que se lhe acrescenta e que brilha acima dela. É algo que cintila [...] o penacho é o espírito de bravura [...] diversão diante do perigo em suprema ternura, delicada recusa de se queixar frente ao trágico; o penacho é também o pudor do heroísmo, como um sorriso de escusa por ser sublime”.
  
Tudo o que bem se aplica a Luiz Antônio Barreto, o nosso agitador cultural, que partiu deixando um grande rastro de saudade.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/odilonmachado

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 4 de julho de 2012.