segunda-feira, 21 de julho de 2014

Memória de Post do MTéSERGIPE, de 25/02/2012

Amaral Cavalcante.

O membro explícito.

O Dr. Celso de Carvalho, herdeiro nobiliárquico do Barão de Santa Rosa (de Simão Dias) e liderança do PSD, foi eleito vice pelo voto popular, mas ascendeu ao cobiçado posto de governador de Sergipe por artimanhas do golpe militar de 64 que destituiu o titular, o governador Seixas Dórea. Não que Celso tivesse conspirado para tanto, mas acontece que o cavalo passou selado e só lhe restou montá-lo. E o fez com tanta destreza que conduziu com brandura e sabedoria as rédeas do Estado, em meio a tortuosos caminhos naqueles tempos difíceis.

Levou para o palácio Olympio Campos, além da fleuma conquistada como senhor feudal das elegâncias simãodienses sua bela esposa, Bertildes de Carvalho , senhora de tradições oligárquicas que mantinha por aqui o gosto pelo tailleur bem cortado com um fio de pérolas ao colo, pelo chapeuzinho discreto sobre cachos curtos e bem alinhados, eventualmente por luvas e sapatos meio-salto da cor do chapéu. Era a sobriedade fashion universalizada por Jacqueline Kennedy, felizmente adotada pela nossa primeira dama. D. Bertildes era, então, a imagem do poder contido na elegância de um sorriso. Uma mulher e tanto.

Ocorre que as relações entre os governos estaduais e a ditadura militar estavam incertas e complicadas, não se sabendo ainda como as coisas deveriam ser conduzidas. Então, veio a Sergipe um importantíssimo membro do Conselho Político da nova ordem, conversar com o novo governador.

O palácio Olympio Campos cuidou de recebê-lo com a pompa que ele acreditava merecer. Deu-se um jantar no salão nobre do paço e, em programada seqüência, o visitante desceria as escadarias para declarar à imprensa contida no Hall, o que viera fazer por aqui. Ao chegar ao patamar da escadaria ele parou, estufou o peito e esperou que cessassem os aplausos.

Foi então que se deu a desgraça.

Lá de baixo ouviu-se a voz poderosa do radialista Santos Santana, funcionário da comunicação palaciana transmitindo o evento para os ouvintes da Rádio Difusora:
- Neste momento o governador Celso de Carvalho está descendo a escadaria do palácio com o...o... membro de fora!. (Deixara aonde o papelzinho com o nome da autoridade?).

Eis que, voando baixo, o Dr. Marques Guimarães , cerimonialista e grande conhecedor dos rapapés palacianos, seqüestrou o microfone das trêmulas mãos de Santana e passou a irradiar a cerimônia.
O “membro de fora“ empertigado lá no alto aceitou as desculpas com um sorriso abaixo do zero grau. Já o nosso querido Santos Santana saiu de fininho e foi afogar a vergonha pela sua involuntária contribuição cívica á resistência democrática no Bhrama’s Bar .

Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 25 de fevereiro de 2012.

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