quinta-feira, 3 de julho de 2014

O Barracão de Luiz Adelmo (Trecho final)


O Barracão de Luiz Adelmo (Trecho final).
Por Amaral Cavalcante.

Foi então que voltou Luiz Adelmo, regressando de experiências cariocas, onde aprendeu as demandas do consumo cultural e suas possibilidades comerciais. Trazia histórias de arrepiar. Intimidade com as estrelas, notícias de um mundo fantástico que existia pra lá do Vaza Barris, no Sul Maravilha do Teatro Opinião, nos bares de Ipanema e nas luzes estreboscópicas do Hippopótamus. Adelmo sempre foi um visionário e voltou na hora certa.

Abriu o primeiro bar multicultural de Aracaju, o “Barracão”, em imóvel alugado na exígua Atalaia. Virou moda! Foi o Bar que nos acostumou a rumar para a praia, fosse como fosse, de marinete ou de carrão, de carona ou dissimulado no transporte da Bonfim, para encontrar consonância e abrigo psicodélico num bar que reunia tudo. Todo mundo ia!

E era chique! Primeiro, ele pintou grandes margaridas sob fundo azul no muro da calçada, depois, inventou noites temáticas como a do “Amor e paz”, devidamente decorada em celofanes e flores multicoloridas. Tratou também de matinês políticas onde a turma dos “engajados” tramasse a derrocada de qualquer poder, encorajados pela valentia etílica de alguns engradados de cerveja. Logo depois, teve de consentir bailes de máscara e outros rococós, para contentamento da freguesia gastante. Tudo bem! E se não fosse ali, onde haveríamos de estar? A pista que trazia Aracaju à Atalaia nunca estivera tão congestionada!

Mas a missão de Luiz não era fácil! Toda vez que ele promovia uma festa, acabava em briga de murro. Rapazes brigões se afirmavam assim, no esfrega-esfrega da luta corporal. Mesas de pernas pro ar, contas sem dono, prejuízo irrecuperável e intimações policiais, resultavam sempre. Chegou o dia em que não deu mais pra segurar e Luiz Adelmo foi tratar de vida melhor em outros ramos: botou uma Galeria de Artes – a “Horácio Hora”, onde, por muito tempo, fez das artes plásticas sergipanas um empreendimento lucrativo.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 19 de agosto de 2011.

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