sexta-feira, 8 de novembro de 2013

"(...) Araripe Coutinho me mandou este questionário..."


(O querido poeta Araripe Coutinho me mandou este questionário tipo Ping Pong, logo logo que eu entrei na Academia. Não respondi porque naquela circunstância não me atrevi. Respondo agora, tá legal?).

- A poesia é...

Tão desgraçadamente mentirosa quanto a felicidade.
Gozar por segundos dentro de um corpo amado é um laivo poético, suster num ápice de eternidade a concisão das palavras e fazê-las durar até que o tempo as consuma, é o destino dos poetas. Perenidade e poesia não se batem.

- Escrevo para parecer humano

Que humano não serei, se não provar que sou. Quando acordo bicho minha poesia é melhor: posso cheirar a presa acuada, posso me permitir estraçalhar tudo à minha volta e morder com institivo prazer a preza que me cabe.

- Não desisto nunca

De amar, no sentido mesmo de estar curtindo alguém que me tome inteiro e redefina os meus prazeres. E disto não tenho queixas

- Academia de Letras

Estou nela porque me convidaro digno dela. Não cocedi a ela o direito de me adequar , mas o reconhecimento me faz feliz

- Escritores que eu ajoelho

Au a coisa pega, por impossível de relatar. Comecei lendo gibi e até hoje leio sem preconceitos. Considero-me um ávido consumidor de textos que agreguem forma e maravilhamento à minha própria oficina. Marcel Proust e Mallarmé muito me influenciaram, mas Adelaide Carraro, Eça de Queiroz, Lovecraft, Ionesco, Ginsberg, Hunald Alencar, José Sampaio, Manoel Bandeira, também me influenciaram. Hoje, leio os blogs da meninada.

- Aos 60 eu já não quero

Provar nada. Basta-me o carinho dos amigos.

Penso o mundo e olho

Com muita atenção aos humores sociais e políticos que nos prega a modernidade. Olho pra frente, sempre. Sou produto da inquietação nos anos 60, que nos levou a conquistar novos parâmetros de relacionamentos sociais e políticos: tento me comportar sempre em defesa das bandeiras que assumimos na grande revolução “Paz e Amor”que ainda considero essenciais ao estabelecimento da paz social e da equidade. Ainda não me covenci de que os slogans da minha geração estejam superados. Gosto muito

- Inquietação

A conquista da paz interior tem muito a ver com o nosso próprio cabedal de realizações. Neste sentido, dou-me sempre em curso, grato por continuar inquieto, meiamente irrealizado, capaz ainda de assestrar músculos e graça à conquista de novas cidadelas

- Aracaju é

A cidade que me entendeu.

- Arrependo-me

De ter deixado de fumar maconha aos 40 anos. A vida ficou meio cinza.

- Não faria

Nada, faria tudo de novo, mas não teria deitado tanto com gente que não me amava.

- Livro que você gostaria de ter escrito

KKK. O Ulisses de James Joyce. Ainda gosto muito da esculhambação.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 7 de novembro de 2013.

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