sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Cotinguiba, o "Tubarão da Praia"

Sede do Cotinguiba, na Avenida Augusto Maynard.
Foto: Thiago Barbosa/globoesporte.com

O 'Tubarão da Praia'.

Cotinguiba o time que 'gerou' o Sergipe...

Trechos pinçados de reportagem de Thiago Barbosa, para globoesporte.com, em 16 de junho de 2012.

Cotinguiba, clube mais antigo de Sergipe...

Da glória a decadência.

Clube mais antigo do futebol sergipano, o centenário Cotinguiba engendrou o Sergipe, seu grande rival da época.

- Alguns integrantes do Cotinguiba, descontentes com algumas situações, acabaram saindo do Tubarão para fundar o próprio clube deles. Daí nasceu o Sergipe, uma semana depois, para ser o nosso primeiro rival - disse Wellington Mangueira.
As agremiações, que nasceram para a prática do remo, partiram logo em seguida para os esportes terrestres. No futebol o Cotinguiba levou a melhor nos primeiros anos em relação ao vermelhinho.

O popular 'Tubarão da Praia' viveu anos gloriosos no esporte bretão. O time foi o primeiro campeão sergipano da história, em 1918. Ao todo, foram 6 títulos da 1ª divisão, um da segundona e 6 torneios início. Mas com o passar do tempo o rei dos mares foi perdendo sua majestade na grama.

Em meados dos anos 50 começou a derrocada do Cotinguiba, que ia perdendo cada vez mais espaço para o Sergipe e se aprofundava em uma crise aumentava a cada dia no departamento de futebol.

- Foram vários fatores que ocasionaram esse enfraquecimento do futebol no Cotinguiba. O primeiro deles foi no período militar. Tinhamos aqui muitos sócios comunistas. Nesta época, Sargentos do Exército é que apitavam os jogos. E eles começaram a perseguir nosso time, influenciando nos resultados. Depois disso veio outro grande problema: como éramos um clube social, nos mantínhamos com a contribuição dos nossos associados e com os grandes bailes de carnaval que promovíamos. Mas em seguida surgiu o Iate Clube de Aracaju e muitos sócios partiram para lá. Tempos depois os carnavais saíram dos clubes e ganharam as ruas, o que contribuiu para aumentar a nossa crise financeira. Com dificuldades para manter nossa sede social, fomos aos poucos abrindo mão do futebol, até acabar de vez.

Depois dos anos 70, o Cotinguiba viveu idas e vindas no futebol. A última participação no Campeonato Sergipano da Divisão de Elite foi em 1996. O último título foi em 1993, da Série A-2.

Ídolos da Bola.

Próximo do parque aquático, na sede social do Cotinguiba, a imponente estátua do ídolo Charuto dá as boas-vindas aos visitantes e revela que o ambiente é carregado de história. A homanagem é a um dos jogadores mais importantes da história do clube.

Ele defendeu as cores do Cotinguiba nos tempos românticos do futebol, quando se jogava por amor e não recebia-se nada em troca. Charuto foi campeão com o Cotinguiba em 1952 e 1957. Tinha a fama de possuir um chute forte. Quando pegava de jeito, mandava um "charuto" para o gol adversário. Era o terror dos rivais que formavam a barreira quando cobrava faltas. Várias redes foram furadas quando ele marcava gols.
Conta-se que, em um determinado jogo, Charuto havia feito três gols, porém o árbitro só validou um, pois não tinha a certeza de que a bola realmente havia entrado, já que ao invés de balançar ele furava as redes.

Charuto chegou ao Cotinguiba em 1945 e só saiu de lá no início da década de 60, passando quase toda a sua carreira no clube onde foi por várias vezes artilheiro.
Outro grande ídolo do Cotinguiba nos gramados foi o atacante Carlos Tirso, considerado o maior artilheiro de todos os tempos do futebol sergipano.

Tirso conseguiu bater um recorde ainda hoje inalcançável. Ele foi autor de dez gols em um só jogo. Nos dias de hoje, pediria três músicas no Fantástico e ainda sobraria um tento.

O cenário deste grande feito foi o antigo Estádio de Aracaju, onde foi erguido tempos depois o Batistão. Melhor equipe do futebol sergipano na época, o Cotinguiba massacrou o Atlético.

Com 19 anos de idade, Carlos Tirso formada ao lado de Gélio, Moraes e Canabrava um ataque impiedoso. Ele marcou 10 gols na vitória por 11 a 1.

Mas segundo o próprio jogador, ele teria marcado na verdade os 11 tentos do Tubarão da Praia, mas em um deles, antes de a bola entrar, teria desviado no 'traseiro' do defensor adversário e o juíz acabou considerando um gol contra.
Tempos depois, em 1942, Carlos Tirso foi Campeão Sergipano como treinador da equipe.

Perdeu-se no tempo.

Nos tempos áureos, Cotinguiba e Sergipe travavam duelos também nas arquibancadas, para confirmar qual agremiação tinha mais torcida. O páreo era equilibrado, mas com a queda vertiginosa do Tubarão da Praia e a ascensão cada vez maior do Alvirrubro, os torcedores colorados aumentaram bastante em número, já os do Cotinguiba esvaíam-se na proporção em que o futebol deixava de existir no clube.
Com a popularidade do Confiança, muitos torcedores 'migraram' para o bairro Industrial, já que nascia ali o novo rival do Sergipe.

José Wiltemberg dos Santos, o popular 'Galera', é exemplo vivo deste fenômeno. Prático amigo do lendário Zé Peixe, passou a vida nas águas guiando embarcações no antigo rio Cotinguiba, passou também a vida inteira na sede do clube, que frequenta até hoje para jogar conversa fora com os amigos.

Galera chegou a ser roupeiro e massagista do Cotinguiba nos tempos em que o futebol era forte. Também era 'torcedor de arquibancada'. Mas com o encerramento das atividades futebolísticas o coração continuou azul, mas batia a partir de então pelo time proletário.

- Meu clube de coração é o Cotinguiba, mas no futebol torço para o Confiança. Não tem nada a ver isso né, passei a minha vida aqui, não tenho nenhuma ligação com o Confiança, não conheco ninguém lá e nunca fui à sede deles, mas como o futebol deixou de existir aqui passei a torcer para o Confiança - disse o aposentado.

Lula também é torcedor do Confiança.

Caso semelhante ao de Galera aconteceu com Lula. Sócio há anos do Cotinguiba, passou boa parte de sua vida no clube, foi campeão como treinador de futsal por lá e, quando se aposentou do serviço público trocou a comodidade da aposentadoria pelo trabalho voluntário no clube. Cuida com bastante zelo das instalações, mas no campo da bola também escolheu o Confiança.
- Digo isso com muita tristeza. Este clube tem uma história linda no futebol. Por aqui passaram grandes craques. Claro que hoje era para eu ser um torcedor fanático do Cotinguiba, toda minha história está aqui dentro, mas o futebol morreu aqui. Espero que possa realmente se reerguer em breve. Se jogarem Cotinguiba e Confiança certamente torcerei pelo Cotinguiba - declarou.

De acordo com a direção do Cotinguiba, a resposta se o time realmente estará de volta ao futebol será dada nos próximos dias, a depender do apoio financeiro que o clube vai receber. Enquanto isso os amantes do simpático tubarão esperam que os tempos áureos possam voltar, que a torcida seja novamente grande, como era antigamente, e que o time retome a rotina de levantar taças no futebol sergipano.
  
O Presidente do Clube Wellington Mangueira.
Foto: Thiago Barbosa/globoesporte.com

 Uma das primeiras formações do Cotinguiba, na década de 20.
Foto: Arquivo Pessoal/Cotinguiba.

Em meio ao pó, alguns troféus conquistados nos áureos tempos.
Foto: Thiago Barbosa/globoesporte.com

Charuto tem estátua na sede do Cotinguiba.
Foto: Thiago Barbosa/globoesporte.com

Carlos Tirso fez 10 gols em um jogo.
Foto: Arquivo.

Time do Cotinguiba campeão em 1942, Tirso era o treinador. 
Foto: Arquivo Pessoal/Cotinguiba.

Galera ama Cotinguiba, mas torce para o Confiança.
Foto: Thiago Barbosa/globoesporte.com

Lula também é torcedor do Confiança.
Foto: Thiago Barbosa/globoesporte.com

Todas as foto e o texto foram reproduzidos do site: globoesporte.globo.com/se/noticia

Postagem originária do Facebook/MTéSERGIPE, de 28 de novembro de 2013.

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