quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Caranguejo a Identidade Gastronômica de Aracaju


Caranguejo a Identidade Gastronômica de Aracaju
Por Janaína Lima

O Nordeste, como mencionamos no post anterior, tem muitos alimentos típicos, fruto da sua colonização e ocupação. As diversas cozinhas que existem no Brasil preparam muitas vezes os mesmos ingredientes de formas diferentes, com aplicação de técnicas, inclusão e adaptações de ingredientes locais. São muitos os pratos tradicionais de uma localidade e, na maioria das vezes, estão muito bem definidos.

A construção de uma identidade cultural sólida é um fator bastante importante para a manutenção e a preservação desses elementos junto à comunidade e às futuras gerações. A disseminação da identidade local, seja pela preservação de seu patrimônio histórico, pela exaltação de suas manifestações folclóricas e artísticas, e também pela sua gastronomia, promovem a localidade e criam nos moradores o sentimento de satisfação, amor e identificação pelo “seu”.

Através da gastronomia, hábitos alimentares tradicionais podem ser apreciados e compartilhados entre os moradores locais e aqueles que o visitam, difundindo a memória, a tradição e a identidade que a comida transmite.

Muitas cidades promovem atualmente diversos tipos de turismo como, por exemplo, o religioso, de aventura, cultural e o gastronômico. Muitos apreciadores deslocam-se pelo país no intuito de experimentar a cultura gastronômica local. Esse tipo de turismo reforça a identidade culinária das regiões e a promovem Brasil afora.

Aqui em Sergipe existem alguns pratos consumidos com bastante frequência como o sururu, a feijoada sergipana, a pituzada, o sarapatel, dentre outros, cada qual com sua devida influência de acordo com a atividade local das cidades.

Matéria-prima abundante, encontrada de norte a sul do estado, com algumas iniciativas de proteção da catação e preservação dos manguezais, nossa estrela da vez é o caranguejo, que possui enorme relevância para Sergipe, envolvendo uma série de atores da comunidade como os catadores, os comerciantes e os consumidores finais.

Em Aracaju, capital do estado, a Passarela do Caranguejo, localizada na orla da cidade, que concentra uma série de bares e restaurante especializados no prato, confirma a identidade do povo com essa iguaria. Todos os dias, mas principalmente nos finais de semana, muitos sergipanos encontram-se ao longo da Passarela para degustar, junto com uma infinidade de turistas, esse prato típico acompanhado da famosa “cervejinha” estupidamente gelada.

O consumo não se restringe a essa área da cidade. É possível comê-lo nas praias e em diversos bares. Pode ser feito cozido em água e sal e acompanhado de um vinagrete (aqui se entende por tomate verde, pimentão, cebola, coentro e cebolinha picados), o mais tradicional, ou então como recheio em pastéis, fritadas e alguns petiscos. Há quem venda somente as patinhas, gordinhas, já limpas, que podem ser empanadas e ficam deliciosas!

Antigamente no RJ era comum vermos aquela “jaulinha” na frente dos botecos com os bichos ainda vivos. Aqui não é assim. No caso do Guaiamum, uma espécie azulada de caranguejo, muita gente faz em casa seu próprio criatório, o limpam semanalmente e engordam o danado com cuscuz até o ponto da degustação. Chamam a família, os amigos e deliciam-se à vontade com suas tábuas, martelos, técnicas e muita prosa.

Quem não cria os adquire no Mercado Albano Franco, no centro da cidade. Vendem-se muitas variedades de mariscos, peixes, frutas, temperos, inclusive os dois tipos de caranguejo, que dividem a preferência dos comensais. O Guaiamum, diferente do caranguejo tradicional, é servido com um pirão. Segundo minha amiga e apreciadora Mariana Menezes, “a carne do Guaiamum é mais adocicada, ele geralmente é cevado em cativeiro; portanto; a gordura do casco é mais gostosa”. Outras amigas entrevistadas só comem o caranguejo e nunca provaram seu congênere azulado. Portanto, em sua visita, vale provar dos dois e depois dividir conosco sua preferência.

Colaboradores: Liduína Calasans, Márcio Gonçalves, Mariana Miranda e Shelry Rodrigues.

Foto e texto reproduzidos do site: coletivogourmet.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em  13 de fevereiro de 2013.

2 comentários:

  1. Gostei do texto! Ótimas informações sobre esse hábito tão sergipano! Apenas uma ressalva, pois no texto se afirma que 'O Guaiamum, diferente do caranguejo tradicional, é servido com um pirão'. Embora algumas pessoas realmente prefiram comer somente o guaiamun acompanhado do pirão, é também bastante comum isso ocorrer com o caranguejo tradicional, sendo inclusive oferecido em vários dos restaurantes que servem a iguaria.
    No mais parabéns pela iniciativa!

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