segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Anselmo Mariano Fontes: o anjo da Oncologia Pediátrica

Dr. Anselmo com mãe de paciente (foto).

Publicado originalmente no site Osmário Santos, em 17/12/2012.

Memórias de Sergipe

Anselmo Mariano Fontes: o anjo da Oncologia Pediátrica.
Por Osmário Santos

Anselmo Fontes e sua esposa Elenalda em viagem de férias
Anselmo Mariano Fontes nasceu em 31 de agosto de 1950, em Aracaju/SE, precisamente na maternidade Francino Melo. Seus pais, Efrem Fernandes Fontes e Dulce Mota Fontes. Ele sergipano e ela alagoana de Penedo, tiveram quatro filhos: Anselmo o mais novo, Afonso Celso, Acácia Mariano e Tânia, esta última falecida recém-nascida.

Sua mãe era música e exercia a arte de ser pianista no Cine Teatro Rio Branco fazendo acompanhamento musical das cenas que eram projetadas na tela. Faleceu em 1952 quando Anselmo tinha apenas dois anos de idade. Também tinha como lazer a arte de desenhar. Lembrança dela, apenas de sua beleza transmitida pelas fotografias da época.

Seu pai, também falecido (1970)- inicialmente foi um comerciante na cidade do Boquim, vindo posteriormente morar em Aracaju, à rua Santo Amaro com Geru ( hoje um estacionamento). Se dedicou a profissão de panificador, com um bom conceito no ramo, sendo proprietário de uma padaria (Padaria Operária) na esquina das ruas Bonfim e Simão Dias, hoje Simão Dias com Avenida Sete de Setembro, profissão que exerceu até 1964, quando se aposentou.

Após ter sua esposa falecida, a qual ele tinha grande admiração e respeito, não constituiu nova família pensando nos filhos, assumindo o lado materno na educação e orientação das crianças. Criou os filhos transmitindo lições de humildade, sabedoria, honestidade (virtudes estas que foram minha grande herança) , sempre focando a família como uma instituição sólida. “Era austero quando preciso (às vezes somente com um olhar definia o que queria) mas um amigo que podíamos contar a qualquer momento”.

Casou com a assistente social Elenalda Maria de Carvalho em 18 de setembro de 1982 na igreja São José, pelo cônego José Amaral de Oliveira. A conheceu quando ambos estagiavam no CECAC (Centro de Extensão da Universidade Federal, e tem dois filhos: Lucas estudando Relações Internacionais e Isabelle prestando vestibular esse ano para Direito.

A infância ocorreu igual a de todas crianças da época. Uma infância sem tablet, Iphone, shopping, uma infância mais inocente. “Brincava de bola de gude, carrinho de rolimã, descendo o Morro do Bonfim( Rodoviária do Centro) em tábuas”.

Já gostava da sétima arte indo ao cinema todo fim de semana em companhia da família,( anotava manualmente os filmes que assistia) tornando o celuloide uma de suas paixões. Assistia Durango Kid, Bat Masterson, Marcelino Pão e Vinho, Tarzan, etc, etc.

Bem extrovertido tinha muitos amigos. Foram companheiros de infância: Josias Passos, Marcos e Marconi Ramos, Ernestino Maciel, Otaviano Canuto, hoje conceituados profissionais. Briga mesmo, só tinha no grupo quando Josias reagia aos furtos dos cachos de uva do parreiral de sua mãe

Fez o curso primário no Colégio do Salvador (1959-1962) sobre a batuta das professoras Mariá, Bernadete e Amanda. O colégio, excelência em disciplina e organização muito influenciou sua personalidade.

O curso ginasial foi feito no Colégio Jackson de Figueiredo (1963-1966) com a direção dos professores Benedito e Judite. “Colégio de regime militar, tinha de fazer formatura diária onde até as orelhas eram inspecionadas para averiguação do banho diário”.

Lembra os professores Franklin (inglês), Ivone (português), Joaquim (matemática), Jugurta (latim). O curso cientifico, hoje corresponde ao fundamental cursou no Colégio Atheneu Sergipense (1967-1969), e lembra das professoras Glorita Portugal, Rosália Bispo, entre outros. Muitas amizades foram feitas e conservadas até hoje

Ingressa na Universidade Federal de Sergipe em 1970, no curso de Odontologia, prestando no ano seguinte vestibular para o curso de medicina, sendo aprovado, cursando a faculdade de 1971- 1976. Naquela época a faculdade se situava no Hospital Cirurgia.

Teve a oportunidade de conhecer várias especialidades, mas escolheu a pediatria. Muito lhe influenciou os mestres Dr José Machado e Hyder Gurgel . Nesse período trabalha em Serviços de Urgências e ambulatoriais, sob supervisão médica. No último ano do curso foi fazer estágio ( o que era permitido) no Serviço de Pediatria e Cirurgia do Hospital Martagão Gesteira, em Salvador/BA. “Lá existia o Serviço de Oncologia Pediátrica e tive a oportunidade de conhecer a médica Nubia Mendonça, mestra e amiga, que muito me influenciou, despertando a vocação para a Oncologia Pediátrica”.

“Fiquei nesse Hospital por 03 anos, onde em contato com as crianças oncológicas, consolidei de uma vez minha escolha pela especialidade, adquirindo o título de especialista

Retornando a Aracaju em 1980, funda o ambulatório de Oncologia Infantil no Hospital Cirurgia, com o apoio de Dr Osvaldo Leite. Além do Hospital Cirurgia faz parte do Centro de Oncologia Dr Osvaldo Leite/HUSE, tendo sido coordenador desse Centro, no qual permanece até hoje.

Diz que a criança portadora de Câncer é um paciente especial, devendo ser respeitado, amado e tratado como tal. Teve muitos momentos de tristeza, como também de recompensas quando consegue levar uma criança a cura. Cita que 80% do câncer atualmente é passível de cura e atualmente o Serviço já acompanha filhos de pacientes que tiveram câncer. “Hoje a medicina devido ao avanço da ciência está tecnológica, mas nada é mais importante que escutar e tocar o paciente”.

Além da Oncologia tem pós-graduação em Auditoria, especialidade em Perícia, exercendo essas atividades na UNIMED. Participou de várias jornadas e congressos nacional e internacional com apresentação de trabalhos ou ministrando aulas, levando a oncologia sergipana a conhecimento nacional.

Foi diretor clinico do Hospital Cirurgia e Hospital João Alves, coordenador do Grupo Brasileiro para Tratamento dos Tumores Hepáticos, conselheiro do CRM, membro das Sociedades Brasileira e latino americana de Oncologia pediátrica e das Sociedades Brasileiras de Pediatria e Cancerologia.

Em outubro de 1988, ingressa na Academia Sergipana de Medicina, ocupando a cadeira número 28 cujo patrono é o médico Dr. Nelson D’Avila Maia. “Na academia de Medicina tentamos resgatar a história dos médicos e da medicina sergipana”.

Cinéfilo, tem uma biblio-dvdteca que varia dos clássicos aos trashs cultuados embora sua preferência seja os westerns, possuindo desde Buck Jones, John Wayne (um ícone) aos atuais. Possui um cadastro com quase seis mil filmes assistidos.

Iniciou no Vídeo Clube do amigo Ivan Valença (era o número 09) quando era em cima do Cine Palace na rua João Pessoa, em fita VHS ficando com ele até o fechamento de sua Locadora na rua Guilhermino Resende. Escreve uma página sobre cinema na Revista da Sociedade Médica de Sergipe e é responsável pelo CineSomese e UniCine (UNIMED).

Outras paixões são: a fotografia, principalmente a macrofotografia, que exerce de forma amadora e a gastronomia , onde cursa faculdade.

Termina seu depoimento para Memórias de Sergipe dizendo que as crianças da oncologia se transformam de pacientes para mestres, pois nos dão lições de vida, humildade e a rever nossos valores.

Texto e imagem reproduzidos do site: osmario.com.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 28 de julho de 2015.

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