domingo, 2 de agosto de 2015

Antonio Oliveira


Publicado originalmente o Facebook de Antonio Samarone, em 21/07/2015.

Antonio Oliveira.
Por Antônio Samarone.

“Mané Fogueteiro / era o deus das crianças...” ─ assim começava uma velha canção de Augusto Calheiros que embalou as festas de São João da minha infância. Por que falo disso? Porque Antônio Oliveira foi o meu “Mané Fogueteiro”. Tonho de Dorce, além de vender bicicletas, radiolas e geladeiras, era o representante, na Itabaiana da minha infância, dos Fogos Caramuru ─ “os únicos que não dão xabu!” – como dizia o conhecido slogan. Outra faceta inesquecível é que Antônio Oliveira era comunista! Naquele tempo, toda pequena cidade tinha seus comunistas municipais. Eram comerciantes, sapateiros, mecânicos; eram casados e pacatos; no domingo, iam ao cinema com a família; batizavam os filhos, casavam na igreja, chamavam o padre (de quem, aliás, eram amigos) na hora de dar a extrema-unção aos seus moribundos. E eram comunistas! Admiravam a União Soviética e sonhavam com a revolução que resgataria o Brasil do subdesenvolvimento e da injustiça. Isso, que hoje pode parecer anedótico, era uma rota legítima na época em que se formou a geração de Antônio ─ os anos 40. Era um tempo de grandes engajamentos e quem tinha sensibilidade e queria mudar o mundo alinhava-se à esquerda. E numa época em que o velho Partido Comunista era um desaguadouro quase natural desses sonhos, meu Mané Fogueteiro aderiu ao Partidão. Em 1964, foi preso. Depois de solto, mudou-se para Aracaju, onde se tornou o Rei das Bicicletas – título monárquico, magnífico na loja de um comunista!

Trecho do Discurso de Posse de Luciano de Oliveirinha (Cibalena),
na Academia Itabaianense de Letras.

Foto e texto reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 23 de julho de 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário