segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Ronaldo Dória Dantas


Publicado originalmente no site Osmário Santos, em 27/05/2013.

Ronaldo Dória Dantas
Por Osmário Santos.

Ronaldo Dória Dantas nasceu em 26 de outubro de 1944, na cidade de Aracaju. Seus pais: José Dantas Rodrigues e Edelzuita Dória Dantas.

O pai sempre foi uma pessoa simples. Começou a trabalhar aos 12 anos na antiga panificação de Albino Silva da Fonseca, na Rua Laranjeiras, em Aracaju. “Vendia pão no balcão”.

Com todo esforço meu pai concluiu o nível médio e passou a trabalhar na Energipe, onde se aposentou. “Apesar de pobre, fazia tudo pela família e não tinha hora para trabalhar. Queria que a gente se formasse. Dos cinco filhos, só um não se formou porque não quis”. Dele aplica em vida e passa para seus filhos a sinceridade e a palavra.

Sempre dizia: “Se você acertar uma coisa com uma pessoa, você primeiro pense para dizer sim ou não. Se marcar um horário, chegue sempre 10 minutos antes. Não gostava de mentira. Era um homem honesto demais”. Sua querida mãe cuidava do esposo, dos filhos e da casa. “Era uma mãe coruja e, quando os filhos queiram uma coisa, iam procurá-la. Era uma pessoa bondosa e sempre atendeu a todas as pessoas que chegavam até ela pra pedir uma esmola. Teve cinco filhos: Rubens, Givaldo, Julieta, Luzia e eu”.

Com a tia Núbia Dantas, Ronaldo deu os primeiros passos nos estudos. Depois passou a estudar no Grupo Escolar General Valadão. “Era um grupo muito organizado, tinha merenda, tinha tudo. Na época era dirigido pelo professor Benedito Oliveira, o famoso Benedito do Colégio Jackson de Figueiredo. Basta dizer que, ao sair do General Valadão, fiz prova para ingressar o Colégio Atheneu e passei. Deixei o Atheneu ao término do curso ginasial e fui trabalhar na Energipe, meu primeiro e último emprego. Logo passei a estudar o curso de contabilidade pela noite.

Na antiga Energipe comecei a trabalhar como servente, mas logo passei a trabalhar ao lado do desenhista da empresa. Saía pelas ruas para marcar os lugares que iria receber os postes e marcar com tinta os existentes, que eram poucos. Como segurava e pintava os postes, sempre chegava em casa sujo de tinta”.

Com a chegada do engenheiro eletricista Cláudio Messias na Energipe, Ronaldo passou a receber palavras de incentivo e até de cunho religioso que foram de grande importância na sua vida profissional.

Faz o curso de técnico em contabilidade na antiga Escola de Comércio de Aracaju, se entusiasma e faz o curso superior de contabilidade na Universidade Federal de Sergipe em 1965. Registra que só chegou ao curso superior por necessidade.

Do seu tempo de faculdade conta que foi aluno do professor Edgar da Mota Freitas. “Ele era meu diretor na Energipe e pela noite o meu professor”.

“Eu não fui uma pessoa que teve um político que me colocasse lá em cima. Fui subindo pelos meus esforços. Esgotei a carreira de escriturário, depois técnico em contabilidade até chegar a contador de nível superior”.

Com o surgimento de uma vaga para contador na Energipe, quando contava com 12 anos na empresa, ficou na expectativa de conquistar a vaga e ficou decepcionado com resultado. “Me disseram o dia em que iria sair os nomes dos dois funcionários que iriam ocupar a vaga. Estava certo que conquistaria uma delas. Para minha surpresa, foram direcionadas para os dois estagiários que estavam trabalhando comigo. Cheguei em casa de cabeça cheia, a ponto da minha esposa perguntar o eu teria acontecido. Daí veio um pensamento e fiz uma carta ao então presidente da República, Geisel, contando a minha situação na Energipe. Demorou uns 15 dias e chegou a carta do presidente da República. Ele contou que tinha mandado pesquisar toda a minha vida, pois eu era apenas um estudante pobre e deu 24 horas para que meu nome fosse colocado na lista de aprovação. O interessante é que o atual diretor da empresa, Francisco Porto, ao tomar conhecimento da decisão da presidência, me chamou em seu gabinete e com a cara feia me disse que não era necessário ter ido até o presidente da República para resolver o meu problema. Respondi que estava encurralado e por isso tive que procurar a autoridade maior. Mesmo apulso, colocou meu nome na lista dos aprovados”.

Com a venda da Energipe para a Energisa, trabalhou mais um ano com os novos proprietários da empresa, sendo convidado para continuar, agradeceu e preferiu se aposentar.

Da sua vida de cordelista, conta que tudo começou com o seu avô, João Rodrigues. “Ele gostava muito de ler cordel. Como na sua casa não tinha energia, colocava quatro candeeiros no chão e ficava numa rede lendo cordel, mas antes avisava a meninada da casa e dos vizinhos que naquela noite teria cordel. Eu, pequenino, estava lá. Isso acontecia no povoado chamado Jaqueira em Socorro, e na época das minhas férias da escola estava lá. Quando cheguei a adulto, comecei a pensar naquilo que ele me falava e tomei a decisão de fazer cordel”.

Hoje conta com 12 anos da sua vida de escritor da literatura de cordel e de contos. Admira todos os poetas cordelistas, pois considera que todos falam a linguagem do povo e o que o povo quer saber.

É casado há 43 anos com Maria das Graças Tavares Dantas. Tem quatro filhos: Ronny, Kátia e Karine Simone. É avô de Mariane e Larissa.

Texto e imagem reproduzidos do site: osmario.com.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 28 de julho de 2015.

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