Zé Peixe recebe o busto no Cantinho da Arte da Unimed em 2006.
Infonet - Blog Lúcio Prado - 28/04/2012.
Um mês para esquecer.
Por Lúcio Antônio Prado Dias.
Por quê não vai embora de vez, abril? Que mal lhe fizemos
para que trouxesse tantos dissabores? Por quê essa compulsão em tirar do nosso convívio pessoas tão queridas e admiráveis? Tudo no
seu mês, abril! Vá logo embora, deixe maio chegar, que por certo será mais
benevolente.
Primeiro foi tia Azilda Sobral, que se foi, serena, digna...
em vida, exemplo de bondade e doçura. Depois, no dia seguinte, Luiz Antonio
Barreto, querido amigo, uma vida inteira dedicada à cultura e à história de
Sergipe. O maior historiador de Sergipe, o que sabia mais coisas e dividia tudo
que sabia com todos, só não sabia uma coisa: como fazer para não ser explorado
(e como foi!). Compartilhei com Luiz muitos cafezinhos e conhecimentos, ele
sempre me completando. Se existe alguém insubstituível, esse é Luiz Antonio
Barreto.
Abril também leva Walmir, fotógrafo, cinegrafista, aviador,
que registra com suas lentes os principais acontecimentos de Sergipe e o
cotidiano da cidade, na segunda metade do século XX. Num gesto de decepção e
desespero, ele destrói o seu maravilhoso acervo, por culpa da insensibilidade
das autoridades desmemoriadas. Morre triste por não deixar a sua obra
perpetuada.
E o que dizer de Róbson dos Anjos, pioneiro do turismo em
Sergipe, comandando as primeiras excursões turísticas através de sua empresa.
Não é que abril também resolve levá-lo para outras paragens? Não satisfeito
ainda, esse famigerado abril registra o falecimento do engenheiro civil Walmick
Bomfim, filho do saudoso professor Lourival Bomfim e irmão do nosso confrade da
Academia Sergipana de Medicina Vollmer Bomfim e, insaciado, a do professor
Cândido Pereira, um dos pioneiros no ensino da educação física em nosso estado.
Tive o privilégio de ser seu aluno nos primeiros anos da Faculdade. Depois se
tornou advogado, sempre amante das artes, um cavalheiro.
Quando tudo fazia crer que as más notícias de abril parariam
por aqui, eis que um novo registro abala a cidade: a morte de José Martins
Ribeiro Nunes, ou melhor, de Zé Peixe, 85 anos, homem do mar, herói do povo.
Tivemos a oportunidade de homenageá-lo em duas ocasiões, durante a nossa
passagem pela diretoria da Unimed. Em 2001 publicamos o livro “Zé Peixe”, com
texto de Ilma Fontes e fotografias do saudoso “amarte” Dinho Duarte, na série
"Os Danados". Em 2006, no Cantinho da Arte, presenteamos o nosso
“peixe” com um busto em gesso, na cor dourada, em marcante solenidade que foi
prestigiada pelo secretário Estadual da Cultura José Carlos Teixeira.
Por isso peço-lhe, encarecidamente, detestável abril, vá
embora logo, deixe maio chegar, trazendo alegrias e a esperança de dias
melhores.
Texto e imagem reproduzidos do site:
infonet.com.br/lucioprado
Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 24 de março de 2015.
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