quarta-feira, 14 de maio de 2014

Joubert Moraes recebe a Medalha do Mérito Parlamentar


Joubert Moraes recebe a Medalha do Mérito Parlamentar.

A Alese entregou na tarde hoje sua mais importante condecoração, a honorífica Medalha de Grã Mestre da Ordem do Mérito Parlamentar ao artista Joubert Moraes, em solenidade a que compareceram parentes, amigos queridos e algumas autoridades. O reconhecimento da importância de Joubert como um artista inventor de novas linguagens artísticas na pintura, na escultura e na música, bem como a de cidadão transformador da sociedade e agente da modernidade na cultura sergipana nos orgulha a toda a geração que o venera, grata pela coerência com que ele nos representa.

O deputado Garibalde Mandonça, autor da propositura, justificou em sinceras palavras a sua iniciativa, traçando em breve oração a essencialidade do homenageado, mas foi Ilma Fontes, que falou em nome de Jorbert, quem, com a autoridade que lhe confere a vida inteira dedicada a nos preservar, que trouxe aos rituais daquela solenidade o sangue indomável que ainda e sempre percorre as nossas veias. Falou com colocada dignidade e gratidão contida, exatamente o que todos nós, os malucos da geração 60, gostaríamos de dizer em agradecimento aos senhores deputados.

Maio/2014.

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Publico aqui a crônica que Joubert me inspirou, publicada no livro/álbum “Aracajoubert”, editado recentemente por Mário Britto:

Joubert de Madrepérola

Quando o conheci, as ruas da nossa cidade eram mais silenciosas. Qualquer coração era audível e as pessoas se encontravam para ouvir, simplesmente, a voz que emanava dos corações alheios.

Aracaju ainda ouvia o sussurro amoroso do rio a se embater nas balaustradas da Rua da Frente. E dava pra ver, apurando o olhar da Ponte do Imperador o vento brincando de assanhar a cabeleira dos coqueiros na ilha de Santa Luzia – um paraíso interposto entre nós e a imensidão do horizonte.

Estávamos meninos.

Joubert Moraes, peixe ágil acostumado ao mergulho nas águas do São Francisco, chegara da infância nos quintais de Propriá com o porte esguio das bananeiras domésticas e o olhar cheio de mangas rosa.
Entre nós, em Aracaju, tornou-se um chamariz de inquietudes, o insistente buscador de significados que revelassem nas coisas a colorida alma do universo.

Reconheceu-se artista e logo começou a mergulhar as mãos na caldeira incandescente da arte, para nos trazer, cristalizada, a prova do seu sonho visionário.

Joubert é o pintor da nossa geração, um criador capaz de intimidades com a poesia contida em nossos gestos mais recônditos, intérprete do tempo em que construíamos com fervor a revolução de costumes que abrigou os ímpetos juvenis do nosso tempo, novos parâmetros estéticos e inusitadas trilhas abertas no matagal que separava a geração lisérgica das retrógadas convicções dos nossos pais.

Joubert tornou-se um artista de sensibilidade exacerbada e avassaladora persistência, capaz de extrapolar-se em tons e sobretons para honrar a vida pela arte, mesmo que ela lhe cobre as vicissitudes que a intrepidez impõe a quem se liberta da confortável normalidade.

Em nossa casaca colorida, tropicalista, parangolé, Joubert é um raro botão de madrepérola.

Amaral Cavalcante – Jan/2013.

Postagem aqui, originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.

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