sábado, 17 de maio de 2014

História de Aracaju





História de Aracaju.

No início deste século Aracaju mais parecia um povoado que uma cidade capital. Em 1900 e 1910 os elementos característicos de urbanidade ainda não estão presentes, mesmo no centro, onde se instala os poderes político-administrativo-religiosos.

A resolução do presidente da Província, Ignácio Barbosa, que no dia 17 de março de 1855 elevou o povoado de Santo Antônio de Aracaju à soberba de cidade e capital, não teve impacto imediato na fisionomia local. Mas é a partir daí que o núcleo primordial da cidade se desloca do Alto da Colina de Santo Antônio e desce para as margens do rio Sergipe, desenvolvendo-se na área compreendida entre a praça Fausto Cardoso e a praça General Valadão.

Cerca de vinte anos depois, em torno da Igreja Catedral vamos encontrar várias construções onde os prédios públicos se erguem nas praças Fausto Cardoso, Guilherme de Campos e Olympio Campos. Numa área estreita, entre os prédios da Assembléia e o Palácio do Governo, se planta o Jardim Olympio Campos. Nos canteiros, nasce o 1º coreto de Aracaju, onde por anos felizes as famílias da capital (e vindas do interior) participaram de retretas e quermesses. Dois prédios que fazem a cara de Aracaju se erguem no quarteirão da praça Fausto Cardoso: a sede da Delegacia Fiscal e da Intendência Municipal. Enquanto que na praça da Matriz já existia, desde o final do século passado, o palacete do Tribunal de Relação, construído nos moldes do ecletismo neoclássico.

As casas de moradores dos quarteirões dessas duas praças eram construções simples, residências com telhados de duas águas, portas e janelas com platimbandas ornadas por beirais. Estamos falando do tempo em que a iluminação era feita a querosene, com lampiões, exceto para alta burguesia, que tinha o privilégio de gás acetileno.

No final da década, a rua larga da praça do Palácio foi revestida de pedras calcárias, que ainda hoje sustentam nossos pés na história centenária de Aracaju.

Em 1911 e 1920 Aracaju já se impõe como maior centro urbano do Estado e a cidade mais industrializada de Sergipe, confirmando a visão política-administrativa de Ignácio Barbosa. João Fogueteiro, lá da antiga capital, São Cristóvão, foi vendo a sua pólvora mofar sem motivo para o fogueteiro de retorno da capital, - foi daí que veio o nome de João Bebe Água? Não, mas aí é outra história.

É na segunda década do século vinte que os governantes se preocuparam com o aspecto urbano e isso se configura num ordenamento espacial mais condizente com as novas necessidades. A modernização implica em obras de infra-estrutura para o abastecimento de água, esgotos, energia elétrica, rede telefônica, rede urbana de transporte coletivos, isso tendo que manter o embelezamento das praças e ajardinamentos.
Assim é que em 1912 a praça Fausto Cardoso recebe um monumento em homenagem a esse grande líder político, plantando-se novos jardins com dois coretos em estilo art-noveau, orgulho dos sergipanos que dali fizeram palco para retretas e manifestações cívicas.
Outro monumento se ergue quatro anos depois, em 1916, na praça Olympio Campos com a estátua do Monsenhor, com um pequeno jardim em torno. Depois vieram as mudas de oizeteiros do Horto Florestal do Rio de Janeiro para arborização desta praça que o aracajuano está acostumado a chamar de Parque. Onde, no começo da década, em 1911, foi construído um prédio para funcionar a Escola Normal e Escola Modelo, hoje Centro de Turismo transformado em Rua 24 Horas.

Na face leste da cidade, onde o antigo prédio do Atheneu pedia reforma para comportar maior número de alunos, recebeu nos meados desta década um segundo pavimento, passando do estilo neoclássico para o eclético. Depois estabeleceu-se no local a Biblioteca Pública do Estado.

As grandes transformações urbanísticas aconteceram em torno das comemorações do primeiro Centenário da Independência de Sergipe, quando a Intendência associou-se ao Estado para um melhor tratamento urbanístico de Aracaju, por volta de 1920.

Foi nesse contexto que a praça Fausto Cardoso passou por uma grande reforma, sendo então arborizada com figos-benjamim, (as palmeiras imperiais já estavam lá), atualização das fachadas dos prédios, passando então a predominar o estilo eclético, nessa onda de modernidade o Palácio do Governo sofreu (literalmente) uma reforma que se notabilizou pelo exagero decorativo de suas fachadas e platimbanda.

O ápice dessa onde de modernização é antigo, entre 1921 e 1930, quando o antigo coreto da praça Almirante Cardoso dá lugar à instalação de um mictório público, possibilitando a permanência das pessoas mais tempo longe de casa ao tempo em que implantava uma política sanitarista introduzindo medidas higiênicas apelando para a colaboração dos cidadãos para uma cidade mais limpa. É aí que a praça Olympio Campos recebe o tratamento de Parque (Teófilo Dantas), com vários recursos urbanísticos, com uma gruta (diziam que no interior da gruta produzia minerais, estalactites e estalagmites); a Cascatinha, de onde nascia um regato por onde as crianças de então botavam para navegar seus barquinhos de papel. Foi construído um aquário (onde hoje está a Galeria de Arte Álvaro Santos) que na entrada do pavilhão exibia vitrines com peixes nunca vistos - tinha até peixe empalhado. Uma parte do Parque abrigava uma taba com a escultura metálica de dois índios circundados por quadro evocativo da primitiva selva, um recanto selvagem com plantas da Mata Atlântica. O lago das Ninfas já evocava a Mitologia. Theófilo Dantas caprichou em todos os detalhes ao tempo em que trouxe o maior benefício, que foi a eliminação definitiva do problema de enchacamento que a praça tinha. A inauguração do Parque Theófilo Dantas, em 1828, foi um marco de visão administrativa que agradou toda a população.

Na praça Fausto Cardoso, os antigos coretos de ferro e madeira (Art-Noveau) são substituídos pela alvenaria de inspiração eclética, transformando as características estética da praça.

E na década seguinte, entre 1031 e 1940, que o crescimento de Aracaju se desloca para a zona oeste, com o surgimento da ferrovia e o decréscimo dos serviços urbanos (em conseqüência da crise econômica que o Estado então enfrenta). Afora a reforma da Catedral (início em 1936 e término 10 anos depois), a construção de um novo prédio para a Biblioteca Pública do Estado (Art Décor) e a reforma do prédio antigo da Biblioteca, que teve a estrutura mantida mas perdeu seus belos elementos formais e ornamentais, passando a Diretoria de Finanças do Estado (até 1958), esta é uma fase que pouco acrescenta ao perfil já moldado de Aracaju.

Com 159 anos, Aracaju ainda guarda uma boa memória do tempo de formação da capital; sendo fundamental a preservação dos prédios e monumentos que fazem nosso patrimônio público.

Fonte: www.brasilturismo.com

Fotos e texto reproduzidos do site: achetudoeregiao.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 16 de maio de 2014.

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