quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Fotógrafo Márcio Garcez

Fotógrafo Márcio Garcez fala sobre sua carreira e a paixão pela cultura sergipana

A cultura popular e a fotografia são dois temas que andam sempre juntos na vida e no trabalho do fotógrafo sergipano Márcio Garcez. Com mais de 20 anos de carreira, ele continua conquistando cada vez mais espaço e difundindo a sergipanidade tão marcante das manifestações populares do Estado.

O seu mais recente trabalho, a exposição ‘Lambe-sujos x Caboclinhos’, foi sucesso na Galeria do 10º andar do anexo IV da Câmara dos Deputados durante o mês de novembro. Para ele, ter seu trabalho aclamado pelo público fora do Estado reflete um reconhecimento impar na sua história.

Para falar um pouco mais sobre a exposição e sua trajetória na fotografia, o Sergipe Cultural conversou com esse sergipano, natural de Aracaju, que leva sua identidade e a cultura do seu Estado por onde passa. Confira a entrevista completa abaixo.

Sergipe Cultural - Fale um pouco da sua mais recente exposição que está sendo sucesso na galeria do da Câmara dos Deputados.
Márcio Garcez - A exposição retrata um folguedo sergipano, o Lambe-sujo x Caboclinhos, que acompanho há mais de 15 anos. A exposição foi acolhida durante o mês de comemorações da Câmara Federal acerca da aclamação da consciência negra. Com o desdobramento da exposição, fui convidado pelo Departamento de Sociologia da UNB para levar parte da exposição pra lá. E no dia 27, recebi o convite para fazer parte do ‘Mercado Artefoto’ (evento tradicional em Brasília no segmento artístico e fotográfico). Mas nada disso seria possível sem o apoio dos amigos e familiares, especialmente meus pais, Paulo e Aparecida, minha sobrinha Paula Vanessa, amigos de Sergipe Ézio Déda, Mário Britto, Cândida Oliveira, Wellington Barreto, além de novos amigos de Brasília, a exemplo de Flávia Jardim, produtora que muito contribuiu para o sucesso desta exposição.

Sergipe Cultural - Por que o tema da cultura popular é tão presente no seu trabalho? Sempre foi assim desde o início da sua carreira de fotógrafo?
Márcio Garcez - Sempre fui atraído por este tema. Sergipe é muito rico nessas manifestações. Esse é um dos meus trabalhos autorais que faço sem ser remunerado.

Sergipe Cultural - Quais outros temas que também lhe chamam atenção?
Márcio Garcez - Fotografia pra mim não tem limites. Amo o que eu faço. Tenho muitos projetos desenvolvidos que passam por campos do experimental, etnográfico e, entre outros, do documental.

Sergipe Cultural - Você poderia destacar um momento marcante na sua carreira de 20 anos na fotografia?
Márcio Garcez - Já recebi vários prêmios nacionais, a exemplo do Prêmio Abril de Jornalismo; da Bienal da Une; do Expocoms; e do Prêmio Banco do Nordeste. Participei de várias exposições coletivas e individuais, festivais, salões em vários estados do Brasil e além-fronteira. Mas este momento é marcante por refletir um reconhecimento e acolhimento impar na minha história. Estou feliz em trazer parte de Sergipe para a Câmara Federal, de ser tão bem acolhido e ter meu trabalho respeitado aqui.

tSergipe Cultural - Além de documentar a cultura sergipana, você também trabalha com outras áreas, como o fotojornalismo e a fotografia publicitária. Gostaria que você falasse um pouquinho sobre esses outros aspectos da sua vida de fotógrafo.
Márcio Garcez - Quem conhece meu trabalho sabe que ele busca traduzir o amor que dedico à fotografia. Ao longo de duas décadas de atuação na área, desenvolvi trabalhos em todas as vertentes, com destaque profissional para a produção de imagens para o Poder Executivo em diversas assessorias nas quais atuei, mas nunca abandonei minha produção junto a áreas culturais, minha paixão, ou mesmo comerciais. Hoje mantenho estúdio próprio, o MG Stúdio, com equipamentos modernos e equipe capacitada para desenvolver a gama significativa de serviços que compõe o nosso portfólio.

Sergipe Cultural - Quando foi que surgiu seu interesse pela fotografia?
Márcio Garcez - Desde criança, gostava muito de fotografar. Tinha inicialmente uma câmara Love, depois meu pai me deu uma câmara beirete (alemã). Em 1991, ganhei uma ZENIT e fiz o meu primeiro curso de Fotografia com Cesar de Oliveira. De lá para cá, não parei mais: participei de todas as semanas Sergipanas de Fotografia e sempre busquei na técnica e no coração realizar a captura de imagens externas e também as projetadas pela minha mente.

Sergipe Cultural - Você é um dos fotógrafos mais premiados de Sergipe. O que representam esses prêmios para a sua carreira?
Márcio Garcez - A fotografia está inserida na minha vida. Trabalho com o que gosto e de forma ininterrupta. Prêmios e reconhecimentos são apenas detalhes de um trabalho que não pretendo parar.

Sergipe Cultural - Com o advento da fotografia digital, essa área tem despertado o interesse de muitas pessoas. Como é que você avalia esse boom que a fotografia vem passando?
Márcio Garcez - Hoje a fotografia está mais acessível, mas a base continua a mesma. Fotografia e inovação tecnológica, desde a época da sua descoberta, sempre andaram juntas. Acho interessante essa democratização. O que é perigoso e injusto é que com essa facilidade a profissão de fotógrafo seja banalizada passando a falsa impressão de que todos podem acumular funções e trabalhar com fotografia. Gestores precisam entender que a idéia de auto-suficiência não funciona. Cada um no seu quadrado. O Fotógrafo precisa ser valorizado! Fotografia requer muito investimento e dedicação. Não é de um dia para o outro que você se torna fotógrafo. E um fotógrafo não se resume apenas a um equipamento e técnica, mas sobretudo ao seu repertório de vida: livros que leu; as músicas que ouviu; a prática de observar. Isso requer esforço, tempo e, ainda, muito investimento.

Sergipe Cultural - Para você, qual o grande diferencial de um bom fotógrafo?
Márcio Garcez - Além da arte de observar - mesmo quando não está fotografando , é importante que o fotógrafo tenha consciência de que uma foto não é ‘tirada’ e sim feita. Fotografar não é algo mecânico. O fotógrafo carrega consigo uma bagagem de vivências que não se resume apenas ao ato de clicar, mas, sobretudo, ao olhar pessoal e subjetivo que é expresso nas imagens.

Sergipe Cultural - Para finalizar, qual a dica que você dá para aqueles que estão iniciando nessa área tão fascinante?
Márcio Garcez - Se for o que realmente ama fazer, siga com o seu coração sempre em frente. Não haverá dificuldade que o faça desistir. Os resultados virão naturalmente.

*Publicado no "Sergipe Cultural" em 30/11/2012.

*Foto e texto reproduzidos do site: cultura.se.gov.br

Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, em 1 de Dezembro/2012.

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