Foto reproduzida do blog pensames.blogspot.com.br, de AARaimundo.
"Poucos lugares aracajuanos
carregam tanta simbologia, tem tanto a ver com a vida da cidade, quanto a Praça
Fausto Cardoso, seguida da própria praça onde está a Catedral: diferentes em
suas denominações e em seus usos". Essa frase do jornalista e historiador
Luiz Antônio Barreto relata o quanto a Fausto Cardoso, surgida dois anos depois
de Aracaju ter sido transformada em capital da antiga Província de Sergipe,
sempre serviu como palco de grandes manifestações e como centro das relações
sociais.
Da praça a cidade ramificava-se
para todos os lados, beirando o rio Sergipe. Pela rua João Pessoa - que já se
chamou rua do Barão e rua de Japaratuba -, o comércio escorria, de cima a
baixo. A praça Fausto Cardoso, então, era uma divisa da cidade: para o norte, o
comércio, os bancos, os estacionamentos, o porto, a estação ferroviária, os
mercados, os caminhões de feira, e, mais adiante, as fábricas do bairro
Industrial; para o oeste as ruas populares - Vitória (hoje Carlos Burlamaqui) e
Bonfim (hoje Getúlio Vargas, mas também já foi Sete de Setembro), São Cristóvão
e Laranjeiras, as oficinas, os bairros populosos; para o sul as residências
burguesas, as ruas arborizadas, o caminho das praias.
De acordo com a historiadora
TEREZINHA OLIVA, a Fausto Cardoso era central por aglutinar os órgãos políticos
da época. "A praça era conhecida como a praça dos três poderes, das
manifestações políticas. Foi o cenário da Intentona Comunista, das lutas pelas
‘Diretas Já', e aglutinava também os trabalhadores que sempre iam fazer
manifestações, para chamar a atenção do poder público quanto às suas
reivindicações", explica a historiadora.
Para LUIZ ANTÔNIO BARRETO, havia
uma harmonia entre esse importante equipamento urbano de lazer e integração e
os locais próximos a ele. "A rua João Pessoa, nos trechos entre a praça e
a rua de São Cristóvão, preparava as vitrines de suas lojas, com farta iluminação,
para o domingo. Cada comerciante buscava a arte da decoração, para tornar suas
vitrines mais belas, aos olhares de moças que andavam, indo e vindo, pelas
calçadas da rua, num quem-me-quer que deixou saudades", relata com emoção.
Arte e cultura
Em 1955, a Praça Fausto Cardoso
recebeu um ingrediente a mais para o contato com a vida social de Aracaju: o
Cine Pálace. "Dotado de formas modernas, poltronas acolchoadas, ar
condicionado central, pinturas de Jenner Augusto nas paredes e pequenas arandelas
revelando o degradê, o espaço atraía nas tardes e noites do domingo uma
multidão de pessoas para os seus filmes, nas sessões das 14, das 17, das 19 e
das 21 horas", relembra Luiz Antônio Barreto.
Terezinha Oliva também resgata
vários outros aspectos da vida cultural da cidade, que eram centralizados nesse
local. "A Fausto Cardoso já foi chamada até de Praça do Carnaval, há
poucas décadas. Eu mesma participei dos desfiles da época. Vale ressaltar que
até mesmo o Forró Caju, uma festa popular mais recente, começou por lá",
informa.
Monumento
Em homenagem ao deputado que
liderou a revolta contra as oligarquias do Estado, no início do século passado,
foi erguido na praça Fausto Cardoso o primeiro monumento com estátuas em locais
públicos de Sergipe. "O monumento foi feito pelo italiano Lorenzo
Petrucci, que veio a Aracaju presenciar a colocação da estátua no topo. A
cerimônia também foi acompanhada pela família de Fausto, que veio do Rio de
Janeiro. Na base, foram colocados os restos mortais dele e de Nicolau Nascimento,
outro personagem importante da revolta", explica Terezinha.
Embora tenha deixado de ser o
grande centro político do Estado, após a saída de alguns prédios públicos
oficiais, e apesar de muitas festas populares terem migrado de local, a praça
Fausto Cardoso ainda hoje carrega uma forte simbologia. Esse espaço ainda tem o
poder de aglutinar pessoas de diferentes localidades, seja para conversar,
jogar baralho, acompanhar as movimentações do Centro da cidade ou mesmo para
sentar nos aconchegantes banquinhos e relembrar momentos importantes da nossa
história".
* Fonte: site aracaju.se.gov.br
Postagem original na página do Facebook, em 16 de Setembro de 2012.
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