"Aracaju serviu de complemento para algo que já existia
dentro de mim” (Adauto Machado) *
Mesmo não sendo natural de Aracaju, o dorense Adauto
Machado, 59 anos, deve à capital sergipana muito do sucesso obtido no Brasil e
em outros países, principalmente na França. Influenciado por artistas do
calibre de Florival Santos e J. Inácio, ele aproveitou bem os encontros
promovidos por esses e outros artistas e os cenários da Aracaju de outrora para
aprimorar seus traços.
Saudosista e romântico confesso, Adauto revela que a
paisagem dos casarios na década de 60, o trapiche, a Ponte do Imperador, o
velho mercado e os poucos edifícios construídos há alguns anos proporcionavam
composições deslumbrantes que eram sua maior fonte de inspiração. "Aracaju
serviu de complemento para algo que já existia dentro de mim e que aos poucos
veio tomando forma", revela.
Reverenciado como um dos maiores artistas plásticos de
Sergipe, Adauto Machado foi mais uma das personalidades entrevistadas pela
Agência Aracaju de Notícias (AAN) em comemoração ao aniversário da cidade.
Agência Aracaju de Notícias (AAN) - Apesar de ser natural de
N. S. das Dores, a primeira fase de sua formação artística aconteceu na capital
sergipana. Quando o senhor começou, o que havia em Aracaju que o levou a por em
prática sua predisposição pelas artes plásticas?
Adauto Machado (AM) - Na realidade a minha predisposição já
estava em prática havia muito tempo. Ainda no interior, já me manifestava
artisticamente pondo em prática alguns princípios rudimentares que me levaram a
um desenvolvimento maior assim que cheguei na capital. Aracaju serviu de
complemento para algo que já existia dentro de mim e que aos poucos veio
tomando forma.
AAN - O que mais o incentivou?
AM - Acho que a vontade de aprender foi fundamental como
incentivo.
AAN - Na cronologia disponível em seu site, há a informação
de que o senhor começa a frequentar grupos artísticos em Aracaju a partir de
1964. O senhor poderia descrever estes grupos?
AM - Em plena revolução de 64, ainda adolescente
encontrava-me em Aracaju em busca de um futuro melhor. Trabalhava e estudava,
mesmo assim, ainda encontrava tempo para pintar, como também manter contatos
com artistas como Florival Santos, J. Inácio, Joubert, José Osvaldo, Nícolas
Almeida, Whashington, Wellington, Daniel e outros. Os encontros aconteciam na
Galeria Acauã do nosso saudoso e protetor seu Artur. Ficava ali, na frente do
extinto Cine Vitória. Florival, mais reservado, oferecia a sua casa para as
constantes visitas dos colegas, pois o mesmo raramente saía de sua residência.
Foi um grande incentivador de todos nós.
AAN- Qual a importância desses grupos para a sua formação e
para o cenário artístico de Aracaju?
AM - Tudo o que vemos acontecer hoje tem ligação direta com
os artistas do passado. A escola sergipana é inconfundível; por mais
vanguardistas que os artistas atuais sejam, existem neles traços que
caracterizam heranças do passado. Quanto à minha formação sob influência do
grupo, creio que foi o que ocorreu de melhor em tudo que aconteceu a meu
respeito; e para o cenário artístico de Aracaju, acho que nada melhor poderia
ter ocorrido.
AAN - O que havia de mais inspirador na Aracaju daqueles
tempos?
AM - O tempo romântico (que me desculpem os não saudosistas)
foi fundamental para inspirar a todos. Aracaju com seus casarios, o trapiche, a
ponte do imperador, o velho mercado e os poucos edifícios, proporcionavam
composições deslumbrantes que serviam de fontes de inspiração.
AAN - E atualmente, o que mais o inspira na cidade?
AM - O pouco que resta daqueles tempos.
* Foto e texto reproduzidos do site aracaju.se.gov.br de
11/03/2009.
* Adauto Machado em seu ateliê na Atalaia (Foto: Alejandro
Zambrana
Postagem original na página do Facebook, em 20 de Setembro de 2012.
Como conseguir contato com o Adauto?
ResponderExcluir872 Rua Jornalista Paulo Costa, Aracaju, Sergipe, Brasil
ResponderExcluirbairro atalaia