domingo, 23 de setembro de 2012

Artista Plástico Adauto Machado


"Aracaju serviu de complemento para algo que já existia dentro de mim” (Adauto Machado) *

Mesmo não sendo natural de Aracaju, o dorense Adauto Machado, 59 anos, deve à capital sergipana muito do sucesso obtido no Brasil e em outros países, principalmente na França. Influenciado por artistas do calibre de Florival Santos e J. Inácio, ele aproveitou bem os encontros promovidos por esses e outros artistas e os cenários da Aracaju de outrora para aprimorar seus traços.

Saudosista e romântico confesso, Adauto revela que a paisagem dos casarios na década de 60, o trapiche, a Ponte do Imperador, o velho mercado e os poucos edifícios construídos há alguns anos proporcionavam composições deslumbrantes que eram sua maior fonte de inspiração. "Aracaju serviu de complemento para algo que já existia dentro de mim e que aos poucos veio tomando forma", revela.

Reverenciado como um dos maiores artistas plásticos de Sergipe, Adauto Machado foi mais uma das personalidades entrevistadas pela Agência Aracaju de Notícias (AAN) em comemoração ao aniversário da cidade.

Agência Aracaju de Notícias (AAN) - Apesar de ser natural de N. S. das Dores, a primeira fase de sua formação artística aconteceu na capital sergipana. Quando o senhor começou, o que havia em Aracaju que o levou a por em prática sua predisposição pelas artes plásticas?

Adauto Machado (AM) - Na realidade a minha predisposição já estava em prática havia muito tempo. Ainda no interior, já me manifestava artisticamente pondo em prática alguns princípios rudimentares que me levaram a um desenvolvimento maior assim que cheguei na capital. Aracaju serviu de complemento para algo que já existia dentro de mim e que aos poucos veio tomando forma.

AAN - O que mais o incentivou?

AM - Acho que a vontade de aprender foi fundamental como incentivo.

AAN - Na cronologia disponível em seu site, há a informação de que o senhor começa a frequentar grupos artísticos em Aracaju a partir de 1964. O senhor poderia descrever estes grupos?

AM - Em plena revolução de 64, ainda adolescente encontrava-me em Aracaju em busca de um futuro melhor. Trabalhava e estudava, mesmo assim, ainda encontrava tempo para pintar, como também manter contatos com artistas como Florival Santos, J. Inácio, Joubert, José Osvaldo, Nícolas Almeida, Whashington, Wellington, Daniel e outros. Os encontros aconteciam na Galeria Acauã do nosso saudoso e protetor seu Artur. Ficava ali, na frente do extinto Cine Vitória. Florival, mais reservado, oferecia a sua casa para as constantes visitas dos colegas, pois o mesmo raramente saía de sua residência. Foi um grande incentivador de todos nós.

AAN- Qual a importância desses grupos para a sua formação e para o cenário artístico de Aracaju?

AM - Tudo o que vemos acontecer hoje tem ligação direta com os artistas do passado. A escola sergipana é inconfundível; por mais vanguardistas que os artistas atuais sejam, existem neles traços que caracterizam heranças do passado. Quanto à minha formação sob influência do grupo, creio que foi o que ocorreu de melhor em tudo que aconteceu a meu respeito; e para o cenário artístico de Aracaju, acho que nada melhor poderia ter ocorrido.

AAN - O que havia de mais inspirador na Aracaju daqueles tempos?

AM - O tempo romântico (que me desculpem os não saudosistas) foi fundamental para inspirar a todos. Aracaju com seus casarios, o trapiche, a ponte do imperador, o velho mercado e os poucos edifícios, proporcionavam composições deslumbrantes que serviam de fontes de inspiração.

AAN - E atualmente, o que mais o inspira na cidade?

AM - O pouco que resta daqueles tempos.

* Foto e texto reproduzidos do site aracaju.se.gov.br de 11/03/2009.
* Adauto Machado em seu ateliê na Atalaia (Foto: Alejandro Zambrana

Postagem original na página do Facebook, em 20 de Setembro de 2012.

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