NO ANO DE 2011, FOI COMEMORADO O
CENTENÁRIO DE ANTONIO CONDE DIAS *
Tonico, como era mais
carinhosamente conhecido, nasceu em 23 de outubro de 1911, em Irapiranga, hoje
Itaporanga d´Ajuda, cidade localizada às margens do histórico Vaza-Barris e
próxima a Aracaju, filho de Aurélio Rezende Dias e Carmelita Conde Dias. Passou
toda a sua infância e adolescência entre a cidade e a vida no campo, no Engenho
DIRA, então de propriedade da família, com construções históricas que hoje se
constituem em patrimônio arquitetônico do Estado, conforme se constata pela
publicação Arquitetura Sergipana do Açúcar, da arquiteta Kátia Afonso Silva
Loureiro, de 1999. A casa-grande do engenho, implantada num amplo vale, por
volta de 1670, apresentava na fachada frontal uma construção de estilo
colonial, que depois foi ampliada em novo figurino, dessa vez, neogótico,
mantendo, até os dias de hoje e de forma interessante, os dois estilos.
No Dira, Tonico passou bons momentos
de sua vida, prazerosamente lembrados por crônicas que fazia em jornais e
revistas e que enfocavam a doce vida no campo, da singela carruagem puxada por
carneirinhos e dos saraus literários que aconteciam na casa grande e que
possivelmente o estimulou ao gosto pela literatura.
As circunstancias de então
forçaram seus pais a vender a propriedade, que passou para as mãos de parentes
e a família se instalou na cidade de Itaporanga. Ao concluir o segundo grau,
começou a trabalhar como coletor federal, em 1929, ano também em que escreveu
seu primeiro artigo jornalístico. A morte de Aurélio Dias o levou
gradativamente a cuidar da família, da sua mãe Dona Carmelita, das duas irmãs,
Jaci e Lucila (Lola). Lola permaneceu solteira até falecer. Jaci casou-se com o
poeta José Sampaio, ficando viúva muito cedo, com dois filhos ainda jovens.
Tonico casou-se com Natália Sobral Prado, a quem conheceu em Itaporanga, quando
ela passou a residir na cidade, vindo de Laranjeiras, onde nasceu e cresceu
entre a cidade e o Engenho Pati e posteriormente Aracaju. Natália foi uma
figura extraordinária em toda a vida de papai, pela fibra, pela tenacidade em
fazer as
coisas, pelo companheirismo de
todas as horas e pela coragem de enfrentar os desafios e não ter limites para a
generosidade. Fazia exatamente o contraponto com a personalidade do marido, que
exigia dele sempre muita cautela, moderação, equilíbrio e paciência. Ainda
hoje, nossa mãe é uma líder para todos nós, Marcos Aurélio, Magali e Lúcio e um
exemplo vivo de destemor e perseverança.
Entre o trabalho na coletoria e
seus escritos, Antonio Conde Dias teve uma atuação destacada em todos os
movimentos civis, políticos, sociais e religiosos da cidade de Felisbelo
Freire, mesmo sem ter exercido cargos eletivos. Digamos assim, era o “orador
oficial” da cidade. Quando ele próprio não discursava, preparava os discursos
dos políticos de então. Juscelino Kubitschek de Oliveira, percorrendo o país em
campanha presidencial, esteve pessoalmente com sua comitiva, em Itaporanga, nos
idos de 1955, sendo recepcionado por líderes políticos locais. Sua saudação foi
escrita por Antonio Conde Dias, que carregou nas letras toda a admiração que
possuía pelo construtor de Brasília, admiração esta que manteve por toda a
vida. Havia uma foto que registrava esse momento ímpar: JK sentado, ouvindo
atentamente o discurso, com Magali, bem menina, em seu colo.
Os escritos de Conde Dias eram
essencialmente fundamentados na sua extraordinária religiosidade e o respeito
que possuía pelas instituições. A escritora e poetisa Carmelita Pinto Fontes,
referindo-se a ele, assim se manifestou: “Antonio Conde Dias pautou a sua vida
pela integridade moral e o respeito que conservava pelos governantes (naquele
tempo os governantes se faziam respeitar...) e transmitiu para os seus filhos
exemplos de retidão de caráter, generosidade e humildade”.
Em 1947, por ocasião das
comemorações do cinqüentenário do Apostolado da Oração, Tonico compôs, em
parceria com o maestro Genaro Plech, o Hino oficial dos festejos: “Irapiranga
aqui reunida, vos consagra em seu coração, genuflexa se rende contrita, glória,
amor, filial devoção...” No ano seguinte, compôs o Hino da Padroeira da cidade,
Nossa Senhora d´Ajuda:”Terra nobre, pujante e querida, neste dia de glória e
louvor, vem render grandiosa homenagem, à excelsa Rainha do Amor...”. O hino
foi homologado como oficial pelo Monsenhor Carlos Carmélio Costa em 2 de
dezembro de 1949, mas “intrigas da terrinha” fizeram com que o mesmo fosse
esquecido por anos, sendo substituído por um outro feito para comemorar o
Congresso Eucarístico. A força da letra e a evocação à santa fizeram com que o
povo voltasse a cantar o hino oficial, o hino da Senhora d´Ajuda, que é entoado
ainda hoje a cada 2 de fevereiro e que o acompanhou no seu cortejo fúnebre da
igreja ao cemitério, quando fechou os olhos para a vida terrena e o abriu para
a vida eterna, em janeiro de 1992.
Quando e educação dos filhos
necessitou de uma atenção mais rigorosa, transferiu-se com a família para
Aracaju, em 1961, vindo a residir na Rua da Frente. Quando se aposentou do
serviço público federal, Tonico passou a conviver mais de perto com jornalistas
integrantes da Associação Sergipana de Imprensa, como Eliéser Leopoldino,
Zózimo Lima, Marques Guimarães, Bemvindo Salles de Campos Neto entre outros,
colaborando para o engrandecimento e o respeito da instituição. Em sua
trajetória jornalística, escreveu em inúmeros jornais e revistas de Sergipe e
outros estados, a exemplo de A Cruzada, O Nordeste, A Semana, O Mensageiro da
Fé, a Semana Católica, o Santuário de Aparecida e a revista Vida Doméstica,
esta editada no Rio de Janeiro. Gostava muito de vê-lo sentado, voltado para a
janela, na sala de visita que dava para o rio que corria pela nossa frente,
datilografando pausadamente, na antiga Remington, os escritos que ele próprio
levava à redação do jornal, no dia seguinte.
Nas comemorações dos seus 80
anos, lançou o livro QUADROS DA VIDA, um breve resumo de sua vasta produção. Em
30 de janeiro de 1992, veio a falecer, deixando-nos o legado da humildade e da
fraternidade. “Sua lembrança, suave e luminosa, será sempre para nós uma
bandeira de incentivo e de vitória, uma clarinada de fé e de esperança, como
facho imenso de glória que os tempos jamais apagarão”.
* Autor: Lúcio Antonio Prado
Dias, filho de Antonio Conde Dias, é membro da Associação Sergipana de
Imprensa.
* Texto e foto eproduzidos do site
linux.alfamaweb.com.br
Postado originalmente na página do Facebook em 24 de Setembro de 2012.
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100 Anos Antônio Conde Dias
Antonio Conde Dias nasceu no
Engenho Dira, em Itaporanga, em 11 de outubro de 1911 e faleceu em 1992.
Funcionário público federal e
jornalista, Conde Dias militou na Associação Sergipana de Imprensa e durante a
sua vida escreveu mais de cinco mil crônicas, que foram publicadas em diversos
jornais e revistas de Sergipe e de outros estados.
Postagem original na página do Facebook, em 24 de Setembro de 2012.
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