sábado, 6 de outubro de 2012

Relembrando Leite Neto


RELEMBRANDO LEITE NETO *
Por Luiz Eduardo Costa

Francisco Leite Neto, foi um político daqueles tempos em que, acima das conveniências e do interesse pessoal, se colocava um outro sentimento, bem mais forte, o sentimento de honra.
Discreto, fechado, quase um enclausurado tímido, Leite Neto foi o líder forte do PSD durante muitos anos, confrontando uma outra liderança bem mais carismática do que a dele, a do engenheiro Leandro Maciel. Também originário da aristocracia canavieira Leandro se tornara o símbolo da oposição à chamada oligarquia. Como presidente da poderosa Comissão de Orçamento, o deputado Leite Neto distribuía fartamente verbas, mas, fato raro, talvez inédito, nunca pediu a um só dos prefeitos que recebiam o dinheiro que ele liberava, para que o depositasse num pequeno banco do qual era sócio, o Rezende Leite. Aliás, o banco fechou exatamente quando ele presidia a endinheirada Comissão. Leite Neto viveu e morreu deixando o mesmo patrimônio, e foi, também durante mais de seis anos o Secretário Geral de Governo, na Interventoria de um outro homem, ao contrário dele impulsivo, as vezes temerário, o interventor coronel Augusto Maynard Gomes. Leite Neto era o segundo homem mais poderoso de Sergipe. Tempos duros de ditadura, erros certamente cometidos em consequência do autoritarismo dominante, mas, sempre mantendo-se a convicção ética de que dinheiro público não pode ser roubado. Entre os deslizes autoritários, a prisão arbitrária do jornalista e promotor Paulo Costa, em agosto de 45, jogado na penitenciária, depois, no Quartel dos Bombeiros até a libertação final pelo Supremo, que atendeu habeas corpus assinado pelo próprio preso, e pelos colegas advogados Luiz Garcia e Mário Cabral. Leite Neto morreu aos 54 anos como senador da república, em 1964. De Leite Neto, Jackson Barreto que menino era seu admirador, diz que surpreendeu-se ao rever no Senado projetos que ele apresentou na linha de ideias sociais avançadas. Leite Neto ocupou o governo de Sergipe por algum tempo na ausência do interventor Maynard Gomes. O Palácio Museu o homenageou em março quando faria aniversário. Sobre ele falou o historiador Luiz Antonio Barreto. Entre os presentes ao auditório que se tornou ponto de referencia da memória republicana de Sergipe , muitos amigos, familiares, netos, filhos , sobrinhos, e a irmã, a desembargadora aposentada Clara Leite Rezende, uma forçada ausência da qual a Justiça sergipana se ressente.

* Reproduzido do Blog luizeduardocosta.blogspot

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Francisco Leite Neto
Nascimento: 14/03/1907 (Riachuelo/SE)
Falecimento: 10/12/1964.
Formação: Advogado e Professor.
Mandatos como Governador de Sergipe: 27 de outubro de 1945 a 5 de novembro de 1945.
Outros mandatos: Deputado Estadual (SE) (1945, 1950, 1954 e 1958); e Senador (SE) (1962).
Assumiu o Governo como Secretário Geral do Estado.

- Foto e texto mini biografia do site casacivil.se.gov.br

Postagem original na página do Facebook, em 25 de setembro de 2012.

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