RELEMBRANDO LEITE NETO *
Por Luiz Eduardo Costa
Francisco Leite Neto, foi um
político daqueles tempos em que, acima das conveniências e do interesse
pessoal, se colocava um outro sentimento, bem mais forte, o sentimento de
honra.
Discreto, fechado, quase um
enclausurado tímido, Leite Neto foi o líder forte do PSD durante muitos anos,
confrontando uma outra liderança bem mais carismática do que a dele, a do
engenheiro Leandro Maciel. Também originário da aristocracia canavieira Leandro
se tornara o símbolo da oposição à chamada oligarquia. Como presidente da
poderosa Comissão de Orçamento, o deputado Leite Neto distribuía fartamente
verbas, mas, fato raro, talvez inédito, nunca pediu a um só dos prefeitos que
recebiam o dinheiro que ele liberava, para que o depositasse num pequeno banco
do qual era sócio, o Rezende Leite. Aliás, o banco fechou exatamente quando ele
presidia a endinheirada Comissão. Leite Neto viveu e morreu deixando o mesmo
patrimônio, e foi, também durante mais de seis anos o Secretário Geral de
Governo, na Interventoria de um outro homem, ao contrário dele impulsivo, as
vezes temerário, o interventor coronel Augusto Maynard Gomes. Leite Neto era o
segundo homem mais poderoso de Sergipe. Tempos duros de ditadura, erros
certamente cometidos em consequência do autoritarismo dominante, mas, sempre
mantendo-se a convicção ética de que dinheiro público não pode ser roubado.
Entre os deslizes autoritários, a prisão arbitrária do jornalista e promotor
Paulo Costa, em agosto de 45, jogado na penitenciária, depois, no Quartel dos
Bombeiros até a libertação final pelo Supremo, que atendeu habeas corpus
assinado pelo próprio preso, e pelos colegas advogados Luiz Garcia e Mário
Cabral. Leite Neto morreu aos 54 anos como senador da república, em 1964. De
Leite Neto, Jackson Barreto que menino era seu admirador, diz que
surpreendeu-se ao rever no Senado projetos que ele apresentou na linha de
ideias sociais avançadas. Leite Neto ocupou o governo de Sergipe por algum
tempo na ausência do interventor Maynard Gomes. O Palácio Museu o homenageou em
março quando faria aniversário. Sobre ele falou o historiador Luiz Antonio
Barreto. Entre os presentes ao auditório que se tornou ponto de referencia da
memória republicana de Sergipe , muitos amigos, familiares, netos, filhos ,
sobrinhos, e a irmã, a desembargadora aposentada Clara Leite Rezende, uma
forçada ausência da qual a Justiça sergipana se ressente.
* Reproduzido do Blog
luizeduardocosta.blogspot
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Francisco Leite Neto
Nascimento: 14/03/1907
(Riachuelo/SE)
Falecimento: 10/12/1964.
Formação: Advogado e Professor.
Mandatos como Governador de
Sergipe: 27 de outubro de 1945 a 5 de novembro de 1945.
Outros mandatos: Deputado
Estadual (SE) (1945, 1950, 1954 e 1958); e Senador (SE) (1962).
Assumiu o Governo como Secretário
Geral do Estado.
Postagem original na página do Facebook, em 25 de setembro de 2012.
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