Subida do mastro, um dos momentos mais aguardados da festa.
Festa do Mastro: 73 anos de tradição e folia em Capela *
Brincadeira marca o fim do ciclo junino no Estado
(01/07/2012)
A chuva que caia desde o começo da manhã ajudou a fazer lama
para que os participantes da Festa do Mastro, em Capela, pudessem se lambuzar à
vontade neste domingo, 1º. Homens e mulheres de todas as idades se juntavam às
crianças e caiam nas poças lamacentas enquanto esperavam que a árvore deste ano
fosse escolhida na mata.
Com o tronco derrubado, seguiram em cortejo até a Praça de
São Pedro. No caminho, mais pessoas se juntavam à multidão que arrastava o
símbolo da festa popular pelas ruas da cidade. A garoa que caia não desanimou
os brincantes, que eram saudados por onde passavam com os estrondosos tiros dos
bacamarteiros.
Ao chegarem à praça, os homens mais fortes se juntaram para
levantar o tronco. Amarradas as cordas, cada grupo puxava para um lado, fazendo
a grande árvore se erguer novamente. Com o mastro fincado no chão, os mais
corajosos tentavam subir para buscar as garrafas de bebida amarradas nos
galhos.
Folia do povo
Todos os anos, a Festa do Mastro atrai centenas de pessoas a
Capela, município do Leste sergipano. Para os filhos da terra, é quase uma
obrigação ir à cidade no dia da brincadeira. Participando pela primeira vez da
folia, Joelma Costa não hesitou em ir para o meio da guerra de lama. “Estou
achando a festa ótima, muito divertida”, comentou a diarista que curtia na
companhia de amigos. Ela gostou tanto que fez uma promessa: “próximo ano não
perco”.
Os capelenses costumam dizer que quem participa uma vez, não
perde jamais. O analista financeiro Poliano Dantas faz jus ao dito e desde que
brincou pela primeira vez, há mais de 10 anos, não perde uma Festa do Mastro.
“É uma sensação inexplicável. Só quem está lá no meio sabe a emoção e a
adrenalina que é”, expressou. Poliano enfatiza que essa é uma tradição que deve
ser preservada. “A festa é muito importante para a cultura de Capela e de
Sergipe”.
Além dos zabumbeiros que, como de costume, animaram a
multidão, as bandas Seeway e Saia Rodada complementaram a festa deste ano. Para
quem curte a folia, a programação não podia ser melhor. “A gente se diverte com
a festa tradicional e ainda pode dançar muito com o som desses cantores
maravilhosos”, ressaltou o pedreiro Alexandre Costa.
Fé e festa
A Festa do Mastro foi organizada pela primeira vez em 1939,
quando os irmãos Nelson Francisco de Melo, Napoleão Francisco de Melo, Wilson
de Melo e Anderson Francisco de Melo decidiram festejar o Dia de São Pedro, 29
de junho, com amigos e familiares. A brincadeira começava com a busca de uma
árvore seca na mata, que, à noite, era queimada e servia de fogueira.
Os anos se passaram e a festa se modificou, mas sem perder a
tradição de buscar a árvore que serviria de mastro. Como o caminho até a
floresta era de terra, quem participava ia sujando os amigos com a lama das
poças d’água, brincadeira que foi incorporada à tradição. Hoje, 73 anos depois,
o folguedo é realizado no domingo da semana do São Pedro, encerrando o ciclo
junino sergipano com a queima do mastro e guerra de buscapés.
Por Michel Oliveira
Foto: Marco Viera/Portal Infonet.
Foto/texto reproduzidos do site: infonet.com.br/saojoao/2012.
Postagem original na página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, em 29 de Outubro de 2012.
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