sábado, 21 de junho de 2014

20 de Julho! João Sapateiro completaria 95 anos


20 de Julho! João Sapateiro completaria 95 anos.
Por Neu Fontes.

Retiramos parte de um texto do Luiz Antonio Barreto sobre João Sapateiro:

João Silva Franco trabalhou duro para sobreviver. Negro, quase dois metros de altura, teve a vida marcada pelo sobrenome postiço.

Profissionalizou-se como sapateiro, remendando o couro, trocando o salto, pondo meia sola nos sapatos da população, independentemente do poder aquisitivo de cada pessoa. Quem podia, é claro, comprava sapato novo, em Aracaju, ou em outra qualquer cidade do País. Mas, quem tinha dinheiro curto, e queria fazer bonito na festa de São Benedito, que é colada na festa de Santos Reis, encerrando o ciclo natalino, entregava seu sapato velho a João Sapateiro, estabelecido nas cercanias do Mercado Municipal. Discreto, mas de boa conversa, o sapateiro exibia na sua oficina de trabalho, folhas de papel pautado, repletas de palavras escritas em letras de forma, fixadas nas paredes e nos poucos móveis do seu canto laboral. Eram trovas, pequenos e longos poemas, que surpreendiam a freguesia. João Silva Franco passou a ser conhecido como João Sapateiro, e reconhecido como o sapateiro poeta.

O pequeno espaço de trabalho de João sapateiro foi, em Laranjeiras, um ponto de encontro, um daqueles lugares que reúne as pessoas para uma conversa animada. Farmácia e barbearia, no interior, terminam sendo locais atrativos, onde são formados grupos para as conversas, passando em revista os assuntos dominantes da cidade. Em Laranjeiras o Cartório de Antonio Gomes, a alfaitaria de Graquinho, e a oficina de João Silva Franco, ao lado da farmácia de Antonio Rollemberg, se constituíram em locais especiais, que assitiram a decadência econômica e cultural da cidade, sentindo o êxodo dos mais novos, que saíam para estudar, e o desaparecimento dos mais velhos, arrancados da vida. Quando morreu Bilina, Laranjeiras chorou e o toque do Patrão da Taeira silenciou, até que Maria de Lourdes, também já morta, foi buscar o ritmo, as cores e a coreografia para continuar cantando: “Meu São Benedito, eu não quero mais c’roa, quero uma toalha, enfeitada em Lisboa.” Quando morreu Alexandre, os fiéis do culto negro tomaram nos braços o seu caixão e desfilaram pelas ruas laranjeirenses, elevando e baixando a urna funerária, num gesto simbólico da religiosidade dos afrodescendentes.

Foto e texto reproduzidos do Facebook/Neu Fontes.
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“QUEM NÃO TRABALHA NÃO COME
É CONVERSA MUITO FALHA,
PORQUE SÓ VEMOS COM FOME
O POVO QUE MAIS TRABALHA.”

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 20 de junho de 2014.

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