Um Bar de Otário
Por Amaral Cavalcante
Que desilusão! Encontrei um povo feinho encastelado em suas
mesas num círculo fechado de conversas restritas. Um bando de desconhecidos, um
deserto de compartilhamentos. Nos bares de 70 caminhávamos entre as mesas nos
reconhecendo, tirando onda, afofando o papo numa gregária distribuição de
motivos felizes. Era assim no Bar 315, na Furna da Onça, na Cascatinha, nas
Bocas, no Corno Velho, no Vaqueiro, no Burguesia, no China, no Barbudo’s...
este último, um templo onde cultuávamos o por do sol carburando um fininho nas
tardes amenas da Atalaia para depois, cabeça entorpecida de fumo e
maravilhamentos, guardarmos o precioso botim dos nossos amores madrugados.
Duas cervejas mijadas, um frango à passarinho (de pescoço e
moelas), um bêbado roçando em mim o umbigo de pitomba, pedi a conta! Meia hora depois a garçonete - metade bunda, metade
indiferença - me apresentou uma conta fantástica que, depois de agitados
impropérios e bate-boca com o dono, um sonolento senhor com cara de padeiro,
foi refeita, salvando-me dos 20 reais acrescentados.
Amigos, amados, por onde andam vocês?
Postagem original na página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, em 8 de Novembro de 2012.
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