terça-feira, 13 de novembro de 2012

Mercados Centrais Marcaram Desenvolvimento da Capital


Mercados Centrais Marcaram Desenvolvimento da Capital
Com Informações de Andreza Lisboa da AAN

A região centro-comercial de Aracaju, além de abrigar importantes estabelecimentos e lojas, também oferece um valioso registro histórico sobre a cultura, política e economia da nossa cidade.

É nessa região que se concentram boa parte dos antigos casarões e prédios imponentes que marcam a história dos 156 anos da capital. Dentre este vasto e valioso conjunto arquitetônico, os mercados centrais Antônio Franco e Thales Ferraz impressionam turistas e moradores pela sua bela e sólida estrutura que resiste às marcas do tempo.
Desde quando surgiu, em 1855, até o início do século XX, a cidade de Aracaju não possuía uma área de mercado central organizada. Os produtos comerciais que chegavam eram expostos no chão da ‘Rua da Frente', mais precisamente na esquina das ruas Laranjeiras com São Cristóvão. Somente no governo de Graccho Cardoso (1922-1926), é que se efetivou a construção de um mercado dentro dos padrões de higiene e saúde pública instituídos na época.

O engenheiro Sebastião Basílio Pirro elaborou os primeiros esboços do projeto inicial. A inauguração do novo espaço recebe o nome de Mercado Antônio Franco, também conhecido na época como mercado modelo. O prédio era bastante imponente para o período e lembrava os grandes mercados de comércio do mundo. Havia um conjunto de lojas nas quatro faces do prédio, um pátio de aparência útil e versátil, além de um estilo arquitetônico de origem colonial espanhola.

Estratégico

A construção do mercado central ficou localizada em uma região estratégica para a capital. Segundo o historiador Amâncio Cardoso, o local reunia uma grande concentração de pessoas e isso facilitou o desenvolvimento comercial. "Ainda no início do século XX, a zona portuária e a antiga estação de trem se constituíam como importantes meios de transporte e comunicação para a cidade. A proximidade com estes locais foram fatores importantes para a livre circulação de compradores e comerciantes, que vinham tanto da capital como do interior do estado", explica.

O rio Sergipe também era uma importante via de transporte e comunicação entre Aracaju e o interior. Em especial, nas regiões do Vale do Cotinguiba, como as cidades de Maruim, Riachuelo, Laranjeiras, Santo Amaro e Japaratuba. Já o trem, cuja antiga estação era localizada no final da avenida Coelho Campos e no espaço em que hoje se concentra a praça de eventos do Forró-Caju, caracterizava-se como um dos meios de transporte mais usados na época.

No setor de comércio e serviços, o mercado se situava em uma área de grandes estabelecimentos, como bancos, o internato para moças Nossa Senhora de Lourdes, o prédio da antiga Alfândega, além da igreja San Salvador. A concentração de cassinos, clubes dançantes, bordéis e boates nas áreas circunvizinhas também facilitaram a intensa circulação de pessoas no local. "Era uma área de confluência profana e religiosa. O profano é que era uma área comercial, de meretrício, de negócios. E religiosa, por ter um colégio de ensino católico e uma igreja", afirma o historiador.

Referência

O mercado central também era um importante centro de sociabilidade no início do século XX. O local atraía negociantes, profissionais liberais, operários, compradores e viajantes que faziam transações comerciais, discussões e encontros casuais. Neste momento, o espaço já despontava como um centro de referência para o convívio social da sociedade aracajuana da época.

A proximidade com o bairro Industrial também contribuiu para deixar o lugar mais atrativo para o setor social e econômico. "Não só por estar próximo a uma zona portuária, comercial e ferroviária é que havia o intenso fluxo de pessoas no Mercado. Fora estes espaços, também há a proximidade com o bairro Industrial, um dos locais mais populosos da capital nesse período. A economia aracajuana da época sofria grande movimentação de trabalhadores e operários com as duas fábricas têxteis do local", afirma Amâncio Cardoso.

A partir da década de 40, o Mercado Antônio Franco não comportava mais a quantidade de comerciantes e compradores de outros estados, Alagoas e Bahia, assim como da capital e interior que frequentavam diariamente o lugar. A solução foi investir na construção de um novo prédio que atendesse adequadamente esta demanda. Surge em 1948, o mercado auxiliar que recebe o nome do famoso industriário Thales Ferraz.

Anos depois, a área próxima aos mercados passa por intensa transformação, como a derrubada da antiga estação de trens para a construção de uma praça, em 1950, e posteriormente, a demolição da garagem de trens por conta de um vendaval em 1974. Aliás, a década de 70 marca o declínio do pólo centro-comercial dos mercados centrais.

"O auge do Centro Histórico foi entre as décadas de 40 e 50, sendo que depois ele entra em franca decadência. Com o declínio da área comercial e, futuramente, histórica dos Mercados Centrais é que há uma transformação deste local em uma zona de baixo meretrício durante a década de 70", analisa Amâncio.

Revitalização

A partir dos anos 90, a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), em parceria com o Governo do Estado, começa um projeto de revitalização do Centro Histórico com a valorização de alguns monumentos e edificações, além da restauração dos mercados centrais. É nesse mesmo período que é construído o mercado Albano Franco, vizinho aos dois anteriores e com uma arquitetura bastante diferenciada.

Esse último empreendimento marca a terceira e última etapa de evolução do Centro Histórico. Para o professor Amâncio, a área possui grande significado para o valor histórico da cidade e merece constante atenção de autoridades e sociedade civil. "A revitalização do patrimônio do centro histórico de Aracaju é muito importante para o interesse econômico, turístico, comercial e a formação de novos empregos. O seu forte potencial arquitetônico que reúne construções ecléticas, em arte decor, neoclássicas e modernas, serve como documento histórico sobre a evolução da paisagem urbana da cidade", conclui.

Foto e texto reproduzidos do blog blogdoreginaldo.blogspot de Reginaldo Santos.

Postagem original na página do Facebook, em 12 de Novembro de 2012.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=505201969498922&set=o.259696634059007&type=1&theater

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