Mercados Centrais Marcaram Desenvolvimento da Capital
Com Informações de Andreza Lisboa da AAN
A região centro-comercial de Aracaju, além de abrigar
importantes estabelecimentos e lojas, também oferece um valioso registro
histórico sobre a cultura, política e economia da nossa cidade.
É nessa região que se concentram boa parte dos antigos
casarões e prédios imponentes que marcam a história dos 156 anos da capital.
Dentre este vasto e valioso conjunto arquitetônico, os mercados centrais
Antônio Franco e Thales Ferraz impressionam turistas e moradores pela sua bela
e sólida estrutura que resiste às marcas do tempo.
Desde quando surgiu, em 1855, até o início do século XX, a
cidade de Aracaju não possuía uma área de mercado central organizada. Os
produtos comerciais que chegavam eram expostos no chão da ‘Rua da Frente', mais
precisamente na esquina das ruas Laranjeiras com São Cristóvão. Somente no
governo de Graccho Cardoso (1922-1926), é que se efetivou a construção de um
mercado dentro dos padrões de higiene e saúde pública instituídos na época.
O engenheiro Sebastião Basílio Pirro elaborou os primeiros
esboços do projeto inicial. A inauguração do novo espaço recebe o nome de
Mercado Antônio Franco, também conhecido na época como mercado modelo. O prédio
era bastante imponente para o período e lembrava os grandes mercados de
comércio do mundo. Havia um conjunto de lojas nas quatro faces do prédio, um
pátio de aparência útil e versátil, além de um estilo arquitetônico de origem
colonial espanhola.
Estratégico
A construção do mercado central ficou localizada em uma
região estratégica para a capital. Segundo o historiador Amâncio Cardoso, o
local reunia uma grande concentração de pessoas e isso facilitou o
desenvolvimento comercial. "Ainda no início do século XX, a zona portuária
e a antiga estação de trem se constituíam como importantes meios de transporte
e comunicação para a cidade. A proximidade com estes locais foram fatores
importantes para a livre circulação de compradores e comerciantes, que vinham
tanto da capital como do interior do estado", explica.
O rio Sergipe também era uma importante via de transporte e
comunicação entre Aracaju e o interior. Em especial, nas regiões do Vale do
Cotinguiba, como as cidades de Maruim, Riachuelo, Laranjeiras, Santo Amaro e
Japaratuba. Já o trem, cuja antiga estação era localizada no final da avenida
Coelho Campos e no espaço em que hoje se concentra a praça de eventos do
Forró-Caju, caracterizava-se como um dos meios de transporte mais usados na
época.
No setor de comércio e serviços, o mercado se situava em uma
área de grandes estabelecimentos, como bancos, o internato para moças Nossa
Senhora de Lourdes, o prédio da antiga Alfândega, além da igreja San Salvador.
A concentração de cassinos, clubes dançantes, bordéis e boates nas áreas
circunvizinhas também facilitaram a intensa circulação de pessoas no local.
"Era uma área de confluência profana e religiosa. O profano é que era uma
área comercial, de meretrício, de negócios. E religiosa, por ter um colégio de
ensino católico e uma igreja", afirma o historiador.
Referência
O mercado central também era um importante centro de
sociabilidade no início do século XX. O local atraía negociantes, profissionais
liberais, operários, compradores e viajantes que faziam transações comerciais,
discussões e encontros casuais. Neste momento, o espaço já despontava como um
centro de referência para o convívio social da sociedade aracajuana da época.
A proximidade com o bairro Industrial também contribuiu para
deixar o lugar mais atrativo para o setor social e econômico. "Não só por
estar próximo a uma zona portuária, comercial e ferroviária é que havia o
intenso fluxo de pessoas no Mercado. Fora estes espaços, também há a
proximidade com o bairro Industrial, um dos locais mais populosos da capital
nesse período. A economia aracajuana da época sofria grande movimentação de
trabalhadores e operários com as duas fábricas têxteis do local", afirma
Amâncio Cardoso.
A partir da década de 40, o Mercado Antônio Franco não
comportava mais a quantidade de comerciantes e compradores de outros estados,
Alagoas e Bahia, assim como da capital e interior que frequentavam diariamente
o lugar. A solução foi investir na construção de um novo prédio que atendesse
adequadamente esta demanda. Surge em 1948, o mercado auxiliar que recebe o nome
do famoso industriário Thales Ferraz.
Anos depois, a área próxima aos mercados passa por intensa
transformação, como a derrubada da antiga estação de trens para a construção de
uma praça, em 1950, e posteriormente, a demolição da garagem de trens por conta
de um vendaval em 1974. Aliás, a década de 70 marca o declínio do pólo
centro-comercial dos mercados centrais.
"O auge do Centro Histórico foi entre as décadas de 40
e 50, sendo que depois ele entra em franca decadência. Com o declínio da área
comercial e, futuramente, histórica dos Mercados Centrais é que há uma
transformação deste local em uma zona de baixo meretrício durante a década de
70", analisa Amâncio.
Revitalização
A partir dos anos 90, a Prefeitura Municipal de Aracaju
(PMA), em parceria com o Governo do Estado, começa um projeto de revitalização
do Centro Histórico com a valorização de alguns monumentos e edificações, além
da restauração dos mercados centrais. É nesse mesmo período que é construído o
mercado Albano Franco, vizinho aos dois anteriores e com uma arquitetura bastante
diferenciada.
Esse último empreendimento marca a terceira e última etapa
de evolução do Centro Histórico. Para o professor Amâncio, a área possui grande
significado para o valor histórico da cidade e merece constante atenção de
autoridades e sociedade civil. "A revitalização do patrimônio do centro
histórico de Aracaju é muito importante para o interesse econômico, turístico,
comercial e a formação de novos empregos. O seu forte potencial arquitetônico
que reúne construções ecléticas, em arte decor, neoclássicas e modernas, serve
como documento histórico sobre a evolução da paisagem urbana da cidade",
conclui.
Foto e texto reproduzidos do blog blogdoreginaldo.blogspot
de Reginaldo Santos.
Postagem original na página do Facebook, em 12 de Novembro de 2012.
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