terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Homenagem de Clara Angélica Porto a Marcelo Déda

Foto: Divulgação.
Reproduzida do site jornaldehoje.com.br

Vai-se Deda, o Marcelo dos votos beijados. Foi assim que o apresentei a pessoas em Nova York, quando aqui esteve, há alguns anos, para um evento da Embratur, líder de uma comitiva que incluía João Augusto Gama, durante a primeira administração como governador. Diante da surpresa das pessoas com a minha introdução, sentia um orgulho enorme contando a história da primeira eleição de Deda, quando perdeu centenas de votos, anulados pelos beijos de baton vermelho nas cédulas eleitorais. Mesmo assim, teve votos suficientes para levar de roldão o outro Marcelo, o Ribeiro, tão brilhante quanto, tão poeta quanto, mas muito menos popular politicamente.

A Veja apressou-se a fazer matéria com o deputado estadual mais votado proporcionalmente do país. Além de tudo, Marcelo Deda era também, de longe, o mais bonito. Era lindo. Tinha olhos de luz, de um tom castanho claro e muitas vezes umedecidos na emoção das palavras. Como gostava das palavras e como sabia usá-las. Na poesia, na imagem, no discurso fácil e no improviso, na vida. No evento de Nova York, seu discurso impressionou muito mais do que o de Aécio Neves e as pessoas se perguntavam ‘quem é esse que fala tão melhor do que Aécio’? E eu, sergipana, doendo de orgulho dele. Consegui levar uma TV a cabo para entrevistá-lo em português, para um programa de brasileiros, fiz uma pergunta qualquer, mas a isca serviu o objetivo: repórteres de outras TVs e rádios, ao verem as câmeras em Deda, correram e todos tinham perguntas. E ele comportou-se diante das câmeras como sempre soube fazer, com maestria, com charme e propriedade. Quem o conhecia, sabia: nasceu para brilhar.

Antes de Deda, um outro político sergipano chegou às páginas da Veja como campeão proporcional de votos no país, Jackson Barreto. Era a época áurea do É Já, É Jackson!, e Jackson, com aquela cara de bom menino da vizinhança, era o político mais querido de Aracaju, idolatrado nos bairros da periferia, Jackson era mesmo o 'namoradinho' da cidade. O tempo passou, Marcelo Deda seguiu seu irreversível caminho político, por ele traçado desde o início, com a bênção do compadre Lula: deputado, prefeito e governador. No segundo mandato de governador, levou junto a importância política e a pessoa de outro campeão, Jackson Barreto, como vice-governador. Jackson, a partir de hoje, torna-se oficialmente Governador do pequeno estado de Sergipe, cargo para o qual será muito provável e merecidamente reeleito. Mas isso é só um processo que há de vir.

Hoje, o que existe é essa realidade, de que Marcelo Deda, o poeta, o menino lindo, o politico inquieto, o homem, o pai, se foi, tão prematuramente, que apesar de já estar na batalha contra a vida e a morte há vários meses, a notícia ainda assim surpreende, maltrata e dói. É triste saber que Marcelo Deda não mais existe. Este foi um ano difícil em Sergipe, perdemos algumas pessoas muito queridas repentinamente, perdemos Siomara, Sérgio Botto, Emanuel, e agora, perdemos Marcelo Deda. Todas, mortes prematuras. Foi um ano de muitas dores e perdas. Eu sinto muito, eu sinto tanto, que já nem sinto… é como se estivesse anestesiada. Está muito frio lá fora e aqui dentro está tudo muito, muito dolorido.

Texto reproduzido de postagem de Clara Angélica Porto, na página do 
Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 2 de dezembro de 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário