Do Sergipe 247, em 3 de dezembro de 2013.
Déda: "Por que tanto amor pra tão pouca vida?".
O último poema de Marcelo Déda, que, além de político, era
também escritor, foi lembrado pela primeira-dama de Sergipe, Eliane Aquino, em
discurso emocionado e singelo; ela agradeceu pelas orações e disse que ele
continuará vivo como uma estrela no céu e no olhar de cada um dos cinco filhos
dele: "O último poema que ele fez, que ele falou para mim, foi que ele ‘não
sabia por que tanto amor pra tão pouca vida’. E esse amor vai regar até o
último dia da minha vida, te amando, te carregando no meu coração e dizendo
para todo mundo quem foi Marcelo Déda. Vai com Deus, meu amor. Te amo, te amo,
te amo”
Valter Lima, do Sergipe 247 – A esposa do governador Marcelo
Déda, a primeira-dama Eliane Aquino, pessoa que esteve diretamente envolvida
com todo o processo de tratamento contra o câncer no estômago que se encerrou
na madrugada desta segunda-feira (2), em São Paulo, quando ele faleceu, fez o
discurso mais marcante do velório, já em Aracaju, na noite desta mesma segunda.
Revelou, em pouco mais de cinco minutos, os sentimentos e as convicções que
deram tônus a luta pela vida – tanto dele quanto dela – e as dificuldades na
resistência à doença.
Ao iniciar sua fala, Eliane não escondeu o cansaço – “as
pernas estão fracas e o coração, dolorido” –, mas logo partiu para o
agradecimento especial “à população sergipana que nunca vacilou” nos momentos
em que eles mais precisaram. “Quando pedíamos oração, sempre se formava uma
corrente linda e era isso que segurava”, disse.
“Nós passamos um ano lutando, ali, em São Paulo, lutando
contra o câncer, tendo muita esperança, muito esperança mesmo, de que a gente
voltaria pra cá, ele vivo, curado. Muitas vezes eu questionei a Deus. Muitas
vezes, eu falava assim: ‘Porque, me u Deus, com tanta gente ruim na face da
terra, o senhor quer tirar Marcelo Déda, que além de ser brilhante como
político, é brilhante como pai, marido, e que vivia muito intensamente tudo?’”,
relatou.
Para Eliane, Déda era um “meteoro”. “Nada na vida dele foi
mediano. Tudo foi muito intenso. Até o sofrimento foi muito intenso”, afirmou.
Segundo ela, “nos últimos dias, ele estava bem calado”, o que a levou a
questionar: “o que está passando aí nessa cabeça?”.
E ele respondeu: “o meu funeral. Eu quero que o meu povo me
veja”. E ele começou a chorar, segundo o relato da primeira-dama.
“E hoje, na hora que a gente veio, eu só falava pra ele:
'meu amor, aí está o seu povo, aí está o seu povo que você tanto ama, fazendo
uma baita de uma homenagem para você'. E eu tenho certeza que ele viu cada
momento”, disse Eliane, sendo muito aplaudida, tanto dentro do Palácio-Museu
Olímpio Campo, onde ocorria a missa para familiares e amigos, quanto na praça
Fausto Cardoso, onde centenas de pessoas ouviam a cerimônia.
“A minha frase não só para os sergipanos, mas para o Lula,
que foi um companheirão, para a Dilma e para o Zé Eduardo, para toda a família,
que o tempo inteiro nós estivemos juntos, é de muito obrigada. E eu falo para
vocês o seguinte: ‘eu daria qualquer coisa para estar trazendo ele hoje para
vocês. Curado. Mas ele é uma estrela. E as estrelas brilham em várias partes. E
eu falei para o meu filho que quando ele olhasse para o céu e visse a estrela
que mais estivesse brilhando, ele vai saber que é o pai dele. E eu vou saber
que ele está perto, como ele me disse, quando eu olhar nos olhos de cada filho
dele, quando eu olhar nos olhos dos cinco filhos, eu vou saber que ele está
ali, eu vou sentir o cheiro dele, eu vou sentir a presença dele, eu vou sentir
o amor dele”, afirmou.
E Eliane encerrou, citando uma poesia que Déda fez em sua
homenagem: “O último poema que ele fez, que ele falou para mim, foi que ele
‘não sabia por que tanto amor pra tão pouca vida’. E esse amor vai regar até o
último dia da minha vida, te amando, te carregando no meu coração e dizendo
para todo mundo quem foi Marcelo Déda. Vai com Deus, meu amor. Te amo, te amo,
te amo”.
O corpo do governador Marcelo Déda chegou a Sergipe por
volta das 16h30 (horário local) e foi levado em carro aberto pelo Corpo de
Bombeiros, do aeroporto até o Palácio-Museu, no Centro da capital. Desde a
saída, centenas de pessoas se reuniram nas calçadas por onde o veículo passou
para homenageá-lo. “Olê, olê, olê, olá, Déda, Déda” foi o som mais ouvido
enquanto ele passava, assim como aplausos. Muitos aplausos.
Na chegada à Praça Fausto Cardoso, onde está localizado o
museu, revitalizado no primeiro governo dele, pétalas de flores foram lançadas
de um helicóptero. Centenas de pessoas já o aguardavam no local (leia mais
aqui). A presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Lula (PT), o
governador Jacques Wagner (PT/BA) e o prefeito Fernando Haddad (PT/SP)
participaram da missa.
O velório foi aberto para visitação pública às 21h30. O
horário de visita se estenderá até o meio dia desta terça-feira (3). O corpo de
Marcelo Déda será levado à capital baiana, Salvador, onde será cremado.
Texto e foto reproduzidos do site:
brasil247.com/pt/247/sergipe247
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 3 de dezembro de 2013.
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