sábado, 31 de agosto de 2013

Ismar Barreto (1953 – 2006)


Ismar Barreto.
Por André Nogueira

O Estado de Sergipe lamenta-se por ter perdido o grande compositor e músico: Ismar Barreto e procura lembrar e reconhecer o seu grande trabalho feito para a cidade de Aracaju. Foi bastante influenciado por grandes pessoas, como Luiz Gonzaga, Chico Buarque, Jackson do Pandeiro e Dominguinhos (estes dois últimos, seus amigos), a sua marca registrada era a irreverência, o sarcasmo.

Ismar Barreto Dória nasceu no dia 1º de outubro de 1953, na cidade de Aracaju (SE) e faleceu no dia 02 de junho pela manhã, no Hospital de Cirurgia, vítima de um câncer com o qual lutava há quase um ano. Amava tanto essa cidade que a homenageou com a canção "Viver Aracaju".

Iniciou-se na música no ano de 1967, em Brasília, e, desde 1970, vinha participando de festivais por todo o Brasil. Seu trabalho se caracterizava tanto por uma forte dose de humor satírico, resvalando em verdadeiras crônicas do cotidiano, como por letras românticas e de cunho altamente social. Além do duplo sentido, a malemolência e a picardia, tradicionais na música popular nordestina, também eram o seu forte. Mesmo com apenas dois CDs gravados, Ismar produziu um enorme repertório, do qual algumas canções são bastante conhecidas em sua terra.

Viver Aracaju
 (...)
comer muito siri
andar de pé no chão
descer a Laranjeiras
entrar no calçadão
ir para Pirambu
beber lá no Dedé
pegar uns aratu
tirar bicho de pé
voltar pra Aracaju
tomar um murici, então
à noite eu vou lá no Fan’s
tomar chopp com o Pascoal
papo vai papo vem
fofocar não faz mal
(...)
e quando o dia raiar
vou ver a vida nascer
te amo, Aracaju
resolvi te viver!

Ismar projetou-se, nacionalmente, através do festival Canta Nordeste, tendo sido o vencedor de duas de suas edições: em 1993, com "Côco da Capsulana" e, em 1994, com "Salada Tupiniquim". Ele possuía parcerias com Antônio Carlos & Jocafi, Xangai, Dominguinhos, Paulo Diniz, Eliezer Setton e Zinho.

Salada Tupiniquim

(...) Quando Pero Vaz de Caminha escreveu
Que aqui plantando tudo dá
Muita gente na Europa até deu
Vontade de se mudar pra cá
(...) E quem veio de lá pode ver
A Madonna dançando chen-nhen-nhen
Rolling Stones garçom em Olinda
Michael Jackson na Febem de Belém
Príncipe Charles catando caranguejo
Lady Di descascando aratu
Gorbachev enfermeiro em João Pessoa
Mike Tyson porteiro do Olodum
Maradona chofer em Maceió
E o Rambo gari em Aracaju (...)

No ano passado, virou "garoto propaganda" dos Projetos São Cristóvão, Cidade Seresta e do Chorinho, em Laranjeiras, e diariamente era visto na TV executando o jingle de sua autoria que era um de seus pontos fortes.

"Apesar de criar vários jingles, não eram registrados como de sua autoria. Acabando sua identidade não sendo conhecida. As pessoas não imaginam que muitas das músicas de propaganda que cantarolam, foram feitas por mim. Recebo diariamente pedidos para fazer jingles para os mais diferentes seguimentos, embora dentro da própria classe artística, esse meu trabalho não seja valorizado", disse. Numa entrevista concedida ao Jornal da Cidade em novembro do ano passado, revelou que poucos conheciam os jingles de sua autoria.

Ele realmente possuía o dom para compor músicas. Por dia, Ismar Barreto chegava a fazer uma média de 20 composições, numa única "sentada". A facilidade, segundo ele, em produzir compulsivamente, vinha de uma força divina. "Pego o violão, começo a dedilhar e, de repente, a música já está pronta. Não sei explicar ao certo como chego tão rápido ao resultado final, mas acredito ser uma dádiva de Deus", explicou.

Por ter gravado tantas canções engraçadas, verdadeiras paródias, Barreto ficou conhecido como o Rei do Brega e a alcunha se consolidou, com o lançamento de Tremendamente Sacana, disco com dez faixas que se notabilizou com a canção "O Porteiro de Cabaré". Outras canções conhecidas do público eram Papai Noel Boiola" e "O Vaqueiro Viadão".

Ismar Barreto foi, é e sempre será personagem legítimo deste estado; música, voz e verso do povo que habita a faixa de terra entre os rios Real e São Francisco, um povo que ele soube retratar tão bem através de sua música. Com certeza, deixará saudades no coração de todos, principalmente, dos seus familiares e amigos. Obrigado Ismar...

Texto reproduzido do site: visitearacaju.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 29 de agosto de 2013.

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