sábado, 21 de julho de 2012

Júlio Augusto Maynard Garcez (1946 - 2012)

Foto reproduzida do álbum de Liana Maynard, no Facebook.

Ontem (20.07.2012), aconteceu um fato trágico na família Maynard, meu primo Julio Maynard, foi vítima de um assalto em sua fazenda e terminou assassinado.
Na foto, com seus irmãos, ele é o segundo da esquerda para direita, ladeado por José (Zé Lourinho), Alberto (Beto), Maria Lygia, Maria Augusta e sua mãe Lygia Maynard (falecida), a primeira a esquerda, sentada.
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Júlio Maynard, vida de engenheiro
Por Osmário Santos, em 23.03.2003

"Profissional dos mais conceituados tem uma intensa atuação no esporte náutico
Júlio Augusto Maynard Garcez tem seu nome inspirado nos avôs: Júlio Vieira de Andrade, paterno, (O “Seu Julinho do Alambique” dos Pintos – Riachuelo) e Augusto Maynard Gomes, materno (O General Maynard, herói do Tenentismo na Revolução de 1930, interventor e senador de Sergipe).
Júlio Garcez nasceu a 2 de setembro de 1946 na Av. Ivo do Prado, nº 670, Aracaju-Sergipe, pelas mãos da Parteira Marília.
“Na casa ainda hoje de propriedade de minha mãe, aonde passei minha infância, e juventude, com enorme quintal e suas fruteiras (mangueiras, goiabeiras, coqueiros, pitangueiras, sapotizeiros) e com sua eterna vista para o Rio Sergipe”.
Seus pais: José Garcez Vieira e Lygia Maynard Garcez. Ele, empresário e pecuarista. Inovador, trouxe para Sergipe a Revenda Ford, fundou a fábrica de sabão Celeste em Sergipe e na Bahia. Foi pioneiro em inseminação artificial animal, além do lado político, foi prefeito de Aracaju e deputado federal. “Meu pai era o primogênito de doze irmãos e para trabalhar saiu de Riachuelo. Morava inicialmente em uma “república” no bairro Industrial, começou trazer seus irmãos para trabalhar e estudar em Aracaju, conseguindo formar os irmãos Paulo em Medicina, João em Odontologia, Fernando em Engenharia, e Luiz em Direito.
Da sua querida mãe, Júlio considera que ela é uma super mãe. “Enérgica e destemida, disposta para participar de qualquer atividade, seja política ou filantrópica — como ela diz, ‘herança do pai’”.
Estudou no Jardim de Infância Augusto Maynard com a professora Bebé, o maternal e primário no Educandário Brasília, hoje Colégio Brasília, sendo aluno das professoras Dona Helena, Dona Alaíde e Dona Lourdinha. “Colégio com formação de disciplina, ensinamentos e religiosidade, que formou a base da minha maneira de ser. Recordo das formaturas e promoções artísticas todo final de ano no Auditório do Atheneu, com entrega de medalhas e diplomas”.
No Colégio Nossa Senhora da Vitória (Maristas) em Salvador faz o curso científico, sendo os dois primeiros anos como aluno interno e o terceiro externo. “Colégio Religioso, administrado pelos Irmãos Maristas e tendo como fundador o Beato Marcelino Champanhat. O Colégio Marista dava muita ênfase ao esporte. Todas as tardes podíamos participar de vários eventos esportivos. Um contemporâneo baiano foi muito conhecido em Sergipe. Era Mário Felipe “Onça” jogador do Flamengo e jogador e Treinador do Sergipe. Outro colega com muito mais aproximação era César Borges, ex-governador e atual senador pela Bahia”.
“Estudava nos Maristas e nos cursinhos, tentando o vestibular de Engenharia, curso que sempre desejei. Segundo minha mãe, tendência dos “Vieira” do meu lado paterno. Não logrei êxito no primeiro ano, mas no seguinte, tive a graça de passar”.
Na Escola Politécnica da Bahia, Júlio concluiu o curso de engenharia. “A presença de sergipanos na Bahia era enorme. Como exemplo, cito que dos professores de Engenharia, cinco) eram sergipanos e meus parentes. Professores: Ernani Sobral, Wilson Maciel, José Nilson Maciel, Raimundo Vasconcelos, e Ieda Cabral”.
Consegue através do cunhado Luiz Benjamin, que morava em Salvador e era irmão do Secretário dos Transportes da Bahia, Francisco Benjamin, o primeiro emprego, que foi de auxiliar de engenharia no Departamento Aeroviário.
No Auditório da antiga Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus, em Salvador, bem pertinho do Pelourinho, Júlio viveu fortes emoções na noite da sua colação de grau. “Nossa turma, constava de somente quatro engenheiros civis sergipanos, que são: Antônio Carlos de Aragão Rezende (Eng. da Deso), Luiz Durval Machado Tavares (Secretário da Infra-estrutura), Luiz Otávio Nogueira Sobral (Eng. da UFS), e eu (DER-SE).
A convite do então governador Paulo Barreto, aceita fazer parte da equipe da Superintendência de Obras Publicas (Sudope), comandada pelo engenheiro Sérgio Melo e que tinha no seu quadro de técnicos os colegas Antônio Nascimento, José Leal, Steremberg e Delmário. “A Sudope foi uma segunda Universidade. Foi lá onde encontrei colegas com os mesmos ideais, de seriedade, condutas irretocáveis, zelo com a coisa pública aplicação da técnica, Inovações tecnológicas, verdadeiro amor pelas coisas do Estado. Então consolidei, minha maneira de ser e de agir. Posso afirmar, que o Estado de Sergipe, a engenharia civil e eu, devemos muito à Sudope. O grande e inesquecível maestro, de apoio incomensurável da parte administrativa e estratégica, foi Amintas Andrade Garcez”.
“Irrequieto com sempre fui, prestei concurso e passei, para Engenheiro de Ministério da Fazenda. Começando a trabalhar, logo percebi a grande diferença da Sudope e que aquela não era a minha praia. Com seis meses, pedi demissão e voltei para a Sudope. Os cursos oferecidos eram de alto nível. Participei em Brasília, do melhor da minha vida. Durante seis meses, ministrado por excelentes economistas, estudei para Elaboração e Análise de Projetos. Mais tarde os meus professores eram destaques nacionais como pais do Plano Cruzado, a exemplo de Edmar Bacha”.
“Trabalhei na Cohab, juntamente com Carlos Melo, Sílvio Garcez, Luiz Otávio, Manoel Azevedo, Décio Aragão e Marta, que tinha na presidência o Administrador mais justo com quem convivi, Augusto Prado Leite. Época de muito pouca gente, mas muita vontade e determinação para trabalhar. Foi quando pela primeira vez o Estado, saiu de conjuntos pequenos, em torno de 300 unidades habitacionais, para mais de 2.100 unidades, como o Bugio e o Augusto Franco”.
Júlio participou também, da administração de Arnaldo Rolemberg Garcez na Prefeitura de Itaporanga D’Ajuda, onde juntamente com Carlão e Jessé mudaram o rumo das políticas administrativas, que anteriormente somente visavam o assistencialismo. “Tio Arnaldo, como eu o chamo, logo no começo do seu período, foi logo avisando. Quem trabalha junto a mim, não tem férias e só sai depois de mim”. “Construímos muito, com pouquíssimos recursos, sem esquecer a parte assistencial. Todos os anseios foram satisfeitos. O Morro, o Mercado, Ginásio de Esportes, Terminal Rodoviário, Abastecimento de Água, Postos de Saúde, Escolas, Estradas, Drenagens, Orientações Urbanas, Praças, Pavimentações, etc. Na parte assistencial, eu costumava dizer que: Em Itaporanga, desde o nascimento, quando a mãe é levada de ambulância, para a maternidade com médico e remédios por conta da prefeitura, até a morte, quando os funerais são ficam a encargo da mesma, é tudo de graça”.
“Tio Arnaldo é um administrador nato. Um inesquecível episódio exemplifica. Ele resolveu ligar para seu ex-colega de Câmara dos Deputados ACM para conversar sobre política. No meio da conversa solicitou de ACM dinheiro para sua pobre cidade do interior. ACM respondeu. “Mande um técnico seu na Sudene e vamos falar de política”. Eu fui a Recife e trouxe dinheiro, patrocinado por ACM, para saneamento básico da cidade”.
Trabalhou no Pronese com Flávio Conceição. “Órgão apaixonante, por você poder dar o benefício diretamente ao beneficiado, verificando ao vivo sua satisfação”. Em seguida é lotado no DER-SE, onde fica impressionado com estrutura que encontrou.
“Quero ressaltar que, tanto no DEP (sucessor da Sudope), como no DER-SE, fui, com muito orgulho, representante dos servidores nos Conselhos Administrativo, eleito com mais de 80% dos votos”.
“Pensei em encerrar minha carreira aí. Mas Etelvino, convidou-me para ajudá-lo na construção de nova sede do CREA-SE, no Centro Administrativo. Aceitei e conseguimos concluir o belo e funcional prédio da nossa entidade de Classe. Acho necessário, darmos o maior apoio e valorização a quem nos representa.
“Quando o CREA-SE foi instalado em Sergipe, desvinculando-se da Bahia, fui o primeiro Engenheiro a fazer o registro”. “Atualmente, colaboro nas obras da Cehop, juntamente com os colegas, Hoover, Zé Silva, Paulão, Wiliam, Adilson, Carlos Henrique, Dilson, Ana Lúcia, Etelvino e a Chefa Élide. Participei de vários e complexos desafios nas obras dos Mercados Antônio Franco e Thales Ferraz, Batistão, Complexo Penitenciário, Teatro Tobias Barreto e outros, só conseguindo superá-los por se tratar de trabalho em conjunto. Em todas as funções desempenhadas no Serviço Público, procuro sempre o aprimoramento da Engenharia, assumindo a postura de ser, empregado Público.
Luto intransigentemente, para fornecer aos cidadãos, uma obra segura, funcional e no mais baixo custo. O meu lado é o do Serviço Público. Com o exemplo do avô, o ensinamento dos pais, e a vivência com os colegas, não poderia ser diferente”.
Apesar de ter nascido à menos de 100 metros da casa de Zé e Rita Peixe, sobrinho neto de um savereiro e de ter freqüentado muito o Iate Clube de Aracaju, somente fui despertado para as maravilhas do mar, em especial o esporte náutico, com quase trinta anos. Iniciou em um barco catamarã, tipo Hobie Cat 16”, orientado por Seu Bezerra e Waltinho Mesquita. Com o passar dos tempos, alguns colegas também adquiriram outros Hobie e com eles Júlio começou a participar de regatas. “Viajamos pelos campeonatos em Salvador, Recife, Praia do Forte, João Pessoa e outros mais. Costumo dizer que toda vez que velejo, eu zero o meu velocímetro”.
Quando Paulo Alves, adquiriu um veleiro Micro 19” e Sérgio Garcia, um pequeno barco de pesca, um outro tipo de emoção. “Ficávamos navegando entre Aracaju, Mosqueiro e Saco do Rio Real. Posteriormente Paulo comprou um Catamarã grande e resolvemos ir participar do Campeonato Brasileiro de Veleiros de Oceano em Salvador, porém, velejando até lá. A tripulação era composta por Sérgio, Raul e eu, apelidados de “Gurkas” (acima de ninja) por sermos os mais destemidos, além de Tadeuzinho. Na viagem ainda não dispúnhamos de GPS (posicionamento por satélite). Somente de bússola e alidade. Alguns erros de marcação, e o resto foi a grandiosidade da beleza do mar”.
No mar também viveu momentos de aflição e conta um deles: “No retorno quando já passava da meia noite e estávamos na costa do baixios, numa boa velejada, a umas 4 milhas da costa, o estai do mastro quebrou e ele caiu. Ficamos em polvorosa, mas depois nos refizemos, arrumamos tudo, jogamos a âncora e fomos dormir. Quando amanheceu, resolvemos voltar à motor para Subauma, cidade balneária”.
“Muitas outras viagens foram feitas, a Salvador, Rio São Francisco, Cururipe, sem incidentes. Quando da comemoração dos 500 anos do descobrimento, é que tivemos, Luciano, João Ricardo, Fernando, Abel e eu, a grande frustração, de após prepararmos o barco de Luciano com todos os equipamentos, inclusive uma vela balão, ofertada pela TV Sergipe, para participarmos da regata até Porto Seguro, também o mastro quebrou na costa do Conde, fazendo com que, abortássemos a viagem e a enfrentar perigosamente à noite a barra do Rio Real.
Meses depois, com o mastro consertado, foi à Salvador, onde participou da Regata Aratu-Maragogipe, onde passei mais de 52 horas sem pisar em terra firme.
Continuando a navegar e com atração pelo mar e um incentivo do sobrinho Euler, faz o curso básico e depois o curso avançado de mergulho. Hoje, além de ter navegado nos mares de Alagoas, Sergipe e Bahia, conheçe o fundo deles e alguns naufrágios, como: Vapor Jequitaia, navio Black Dear, balsa Bretania, na Bahia de Todos os Santos e do navio cargueiro Rosalina no Arquipélago de Abrolhos. Mergulho nas pedras do Porto de Salvador, Porto de Barra e em companhia de raias, barracudas, golfinhos, lagostas, tartarugas e tubarões em Noronha. Em Sergipe, juntamente com Manecão, nas pedras do Abaís e Cauieira e nas costas de Aracaju". (OS).

Postagem original na página do Facebook, em 20 de Julho de 2012.

6 comentários:

  1. Estamos vivendo um tempo de muita violência, onde a vida humana cada vez mais, vale menos. Hoje se mata com uma facilidade impressionante. Em nosso país, muito é resultado da falta de educação e de famílias desestruturadas, vítimas desse fosso social cada vez maior.

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  2. Ainda custa-me acreditar no que aconteceu. Tenho certeza de que compartilho um sentimento unânime entre aqueles que tiveram o privilégio de conhecer Sr. Júlio. Não existem palavras para expressar nosso pesar, nossa indignação! A todo tempo me pergunto como isso pode acontecer de forma tão abrupta, tão brutal!

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  3. Meus sentimentos pelo trágico acontecido com seu familiar.
    Nossa indignação pelo aumento da violência não apaga a dor de quem perde os seus.
    A vida humana não tem valor algum
    Abraços. Edna Campos.

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  4. Esse Júlio Maynard, q foi vitima de um assalto na sua fazenda e sendo assassinado, isso aí é coisa muito exdrúxula e insignificante e banal, o tudo e tudo mesmo, tudo absurdíssississimo é q pega esse autor do assassinato, leva p,ra uma peste d,uma penitenciária q custou ou custa seus $8 milhões de reais, e o povão é tão uns "faz xixi de cócoras" q é convicto quem custeia é o governo, lá tem alimentação, TV, visita, quarto privê no caso chegar uma mulher (só aí é fazer o povão gado de 2 casco) tem indulto natalino,ou seja, uma semana em casa (o morto tbm deveria ter induto, uma semana com a família e após voltar p,ra seputura, ou os 2 ou nada, meia só p,ra sapato) olhe, é mangar e fazer do povo mais bêsta demais, demais, demais mesmo. O detento tem um custeio como se fosse um hotel e o povão desconhece isso. Mesmo q seje esclarecido o povão acha q, quem banca esse custeio é o governo, povão q deveria andar de 4 pé. É uma pena Armando Maynard ñ ver esse meu comentário.

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