sábado, 5 de outubro de 2013

Homenagem de Luiz Eduardo Oliva à Emmanuel Dantas


Lá se foi Zé Mané
Partiu sem aviso
Como num improviso
Do seu violão
Deixou uma legião de Amigos
Muitos sambas escondidos
Foi tocar noutra constelação...

Mané, era de fato um apaixonado pelas coisas que fazia. E tinha ciúmes de suas coisas. Por isso encrencava quando a gente ou discordava ou não reconhecia da forma como ele queria. Aí ele se recolhia, dizia que ia refazer ao seu modo, mas logo estava de volta, porque tinha um coração imenso, uma cabeça cheia de idéias e planos.

Nos anos 80 fomos da turma que fazia os carnavais de bloco de Aracaju, ele no Rekaída,eu no Bloco da Paz. Fez com Joesia Ramos uma das mais belas músicas de carnaval que tinha o refrão "e é de Rekaída que este ano eu vou sair/De peito aberto para um novo amigo que surgir/A dor e a saudade num baú vou sufocar/E carinhosamente um lindo amor vou shapear”. Participou de festivais, fundou com Tide Barbosa e amigos o grupo "Na ponta da Língua". AMIGO, aliás, era uma palavra que o acompanhava. Já não tinha mais os pais, não teve irmãos, nem filhos. Tinha Iracema que amava, e que, junto com seus amigos e o primo Reinaldo Moura, formava a sua família. Não foi à-toa que o seu primeiro show foi ENTRE AMIGOS. E sua mais famosa e conhecida música começava com um "nós estamos sempre juntos, em qualquer lugar, e sempre temos mais um AMIGO para encontrar". Era Emmanuel Dantas um garimpador de amigos, ao seu modo às vezes arredio mas de uma pureza inquestionável briguento e ao mesmo tempo reconciliador.

Foi assim que, pelos caminhos da amizade fundou a Confraria do Carro Quebrado que nada mais era do que uma tertúlia de amizade. Daí para o hoje famoso Carnaval do Carro Quebrado foi um pulo. Um dia, numa conversa justo no Bar de Everaldo, surgiu a ideia. Chamamos Paulo Lobo e Jorge Moreira e assim surgiu o hoje já consolidado Carnaval do Carro Quebrado.

Tinha duas paixões irrenunciáveis: a música e a rádio. O gosto e a cultura musical apuradíssimos. Queria voltar com o Rekaída, sonhava com sua própria rádio, pensava na sergipanidade como bandeira. Mas a inexorável morte veio e levou-o de nós, como tem feito ultimamente com amigos da música e do jornalismo. Pascoal hoje pela manhã me disse: “Velho, tem duas filas, uma das pessoas boas, outras das ruins. Este ano só tem sido chamado gente da fila das pessoas boas. Lá se foram Zoroastro, Siomara, Sérgio Botto e agora nosso Mané”. Era de fato um cabra dos bons. Vai tocar seu violão em outras paragens. Bom pros de lá, ruim para nós, que ficamos menos musicais e mais tristes.

Foto/arte e texto reproduzidos do Facebook/Linha do Tempo/Luiz Eduardo Oliva.

Postagem originária do Facebook/MTéSERGIPE, de 5 de outubro de 2013.

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