sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Paulo Barreto de Menezes


Paulo Barreto de Menezes

Paulo Barreto de Menezes, aos 80 anos (em outubro de 2005), teve lembrada a sua passagem pelo Governo do Estado, numa publicação de iniciativa familiar – filhos e netos – despojada de qualquer avaliação política, mas que chama a atenção pela contribuição dada ao Estado, através de um acervo de obras públicas, ainda hoje significativas, como a duplicação da avenida Beira Mar, que liga a cidade ao balneário de Atalaia e que foi obra decisiva para a valorização da zona de praia, encostando Aracaju na margem do Poxim e, por conseqüência, do mítico Vaza-barris.

Visto pelo volume e pela importância das obras, o governo Paulo Barreto de Menezes (1971-1975) foi dos mais pródigos, porque aproveitou todo o acesso do Estado aos governos militares – Médici e Geisel – para carrear recursos que foram substanciais e justificaram diversas outras obras. A construção da duplicação da estrada de Atalaia decorreu de empréstimo internacional, levando o governo a postar na resposta econômica, à época pouco convincente. Hoje, 30 anos depois, a obra pode ser vista como essencial e responsável pelo crescimento da cidade na direção sul, dando a Aracaju o mar, além do rio, o que já não era pouco.

Estradas, prédios públicos, escolas foram marcas registradas da administração de Paulo Barreto de Menezes, cujo perfil de técnico bem sucedido aflorou na gestão Lourival Baptista, quando teve a oportunidade de tocar obras como da construção do Estádio Estadual Lourival Baptista, o ‘Batistão’, que além da parte desportiva contava, então, com uma Escola de muitas salas de aula, depois desativada no local, para ressurgir, por sua iniciativa, na rua de Vila Cristina, com o nome de 8 de Julho, local que hoje serve de sede à Secretaria de Estado da Administração.

Estádio Estadual Lourival Baptista

Como diretor de obras de Lourival Baptista, Paulo Barreto mostrou serviço e ligou seu nome a prédios que estão ai, hoje, fazendo figura e servindo aos sergipanos, como o Edifício Estado de Sergipe, popularmente conhecido como Maria Feliciana, em homenagem à grandalhona que, pelo seu tamanho pouco comum, se transformou em artista de circo e de outros espetáculos.

Edifício Maria Feliciana

Uma obra, dentre tantas, merece citação especial e que valoriza o governo Paulo Barreto de Menezes: a construção do edifício da Biblioteca Pública Epiphânio Dória, inaugurado em 1974, quando o secretário da Educação e da Cultura era o médico e ex-reitor João Cardoso do Nascimento Júnior. Obra monumental de arquitetura e de engenharia, à altura das suas funções culturais.

A construção do novo prédio para abrigar os livros, que desde 1848 começaram a ser organizados para a leitura pública, serviu, ainda, para que o governo, na gestão seguinte, a do governador José Rollemberg Leite, aproveitasse o velho edifício, construído na década de 1930, para que fosse ocupado pelo Arquivo Público do Estado de Sergipe, até então sem local próprio para ser organizado.

Biblioteca Pública Epiphânio Dória

O governo Paulo Barreto de Menezes não foi apenas de obras, mas foi também sensível ao drama das estiagens prolongadas, que ciclicamente aterrorizavam as populações sertanejas. Foi com ele que se iniciou o programa de Adutoras, captando água no rio São Francisco e distribuindo pelos municípios secos. O programa de Adutoras, continuado até os dias atuais, tem sido a melhor intervenção hídrica, de convivência com a adversidade climática que, por séculos, marcou a região nordestina.

Ampliado e diversificado, de modo a atender melhor a quem precisa de água – gente, animais e terra – o programa estadual de Adutoras salvou Aracaju do colapso do abastecimento, através da construção da Adutora do São Francisco, pensada no governo José Rollemberg Leite e construída no governo Augusto Franco, como grande obra, captando água em Propriá, trazendo em tubulação especial por cerca de 90 quilômetros até a Estação de Tratamento e de lá distribuída para a maioria da população da capital sergipana.

Foi Paulo Barreto quem criou a Empresa Sergipana de Turismo (Emsetur), em 1972, como ferramenta de promoção turística, para atrair visitantes e vender as belezas naturais e a cultura do Estado. Muitas outras obras e providências adornam o perfil realizador do governante, visto no curso do tempo e no contexto da história. Paulo Barreto de Menezes teve seu nome pinçado, de uma lista de 8 nomes, quase todos políticos: Júlio Leite, Passos Porto, Augusto Franco, Raimundo Diniz, Djenal Queiroz, Murilo Dantas, e Manoel Conde Sobral, afora o seu, introduzido e defendido por Lourival Baptista.

O que pesou no julgamento do seu governo foi o fato da sua escolha, indireta, como um técnico e não diretamente, pelo voto popular, como político, numa fase de regime fechado, distante ainda dos bons ventos da abertura política e da anistia que reconciliou, de algum modo, o país. No seu período os governadores eram “Delegados da Revolução”, título que pareceu afrontar o país e a sociedade brasileira, que em 1974 impôs ao governo dos generais uma derrota homérica para a eleição do Senado, tendo Sergipe concorrido com a eleição do médico e professor Gilvan Rocha.

Tal fato levou à lei Falcão e à criação da figura do senador indireto, chamado de biônico, refreando a normalização da vida democrática. Sergipe foi agraciado com um mandato de senador, dado a Lourival Baptista, o que significava, claramente, que os sergipanos estavam divididos.

Fonte: Infonet

Texto e imagem reproduzidos do site: visitearacaju.com.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 3 de outubro de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário