CALUMBY DE NÓS
Em final de 1984 conheci Dr. José
Calumby Filho na Escola Paulista de Medicina, onde estava terminando o curso de
Mestrado tendo como tema "Simpatectomia Lombar na Tromboangeíte
Obliterante", fui ao seu encontro como nordestino para ter a sua ajuda na
capital Bandeirante. Fui recebido por ele que não me conhecia, com atenção,
respeito e apoio, dando a impressão de que já fosse seu amigo há muito tempo,
importante naquele momento em que chegava na cidade grande para apreender
Angiologia e Cirurgia Vascular.
Acompanhei de perto seus últimos
dias no curso de Mestrado em São Paulo antes de retornar para Aracaju,
terminando a edição de sua tese, entregando o seu apartamento na rua Borges
Lagoa, enviando seus livros, pagando as últimas contas, nestes dias conheci
várias pessoas do convívio do Calumby, que o mesmo me apresentou como seu
conterrâneo, foi o João da Foto, o Português do Café, a Secretária da Cirurgia
Vascular, o Gerente do Bradesco, o Barbeiro da Escola Paulista de Medicina, os
Colegas da Cirurgia Vascular e o Dr. João Alves Filho seu cunhado, na época
Governador de Sergipe, conheci também em São Paulo sua esposa D. Marlene.
Fiquei em São Paulo e Calumby
retornou para Aracaju em Fevereiro de 1985 para se integrar novamente em sua
cidade, reabrir seu consultório, reassumir a docência na Universidade Federal
de Sergipe e continuar a sua vida com sua família.
Pai exemplar de Bianca e Lisa,
esposo dedicado de Marlene, era Professor do departamento de Cirurgia da
Universidade Federal de Sergipe, foi Superintendente do INAMPS, Diretor do
Hospital Universitário e diversas vezes Presidente da Sociedade de Angiologia e
Cirurgia Vascular – regional de Sergipe, exercia as mais diversas funções com
simplicidade, dedicação e sabedoria. Todos estes cargos não era tão importante
como o seu dia a dia, de companheirismo, humanidade, atenção aos colegas e
consideração aos seus pacientes.
Todas estas qualidades são
confirmadas com as pessoas que do Calumby tiveram contato, o mesmo exercia o
fascínio pelas as suas idéias de união, cooperação, ajuda, compreensão, sem
estrelismos ou aparições..
Durante 13 anos de convivência,
ouvi dele críticas sempre construtivas, orientação sempre leal, foram muitas as
nossas viagens juntos, para congressos, encontros, reuniões científicas e turismo,
sempre me ligava para combinar as reservas e as datas das viagens, sempre muito
organizado.
Me impressionava a união dos
Médicos em Sergipe, e Calumby como tesoureiro do Departamento de Convênio era
um entusiasta da nossa classe, me passava todos os regimentos, os documentos e
me ensinava como deve ser a forma de fortalecimento da nossa classe. Mostrava
em Maceió como deveria ser feito, imitando o que se fazia em Sergipe, mas nós
médicos Alagoanos preferimos a desunião e a exploração pelos planos e seguros
de Saúde. Me falou certa vez que também tinha sido integrante do Conselho
Regional de Medicina, mas seu coração era muito grande para julgar os colegas.
Voltei para Maceió em 1990 e
estreitamos nossos laços de amizade e companheirismo, e da idéia de união e
fortalecimento da nossa classe e especialidade, tivemos juntos a idéia da
criação do Encontro Alagoas-Sergipe, realizamos o primeiro em Maceió no mês de
Maio de 1996 e o segundo em Aracaju em Junho de 1997, com sucesso alcançado
partimos para unir também a Bahia criando o Encontro Bahia-Alagoas-Sergipe a
ser realizado em 17 e 18 de Julho de 1998 em Salvador e nosso sonho é unirmos
todos os Estados Nordestinos.
Como mais jovem suas palavras
sempre foram ouvidas e atendidas, e aprendi a admirar seus amigos com quem
convivemos estes vários anos. Completou 50 anos em 06 de Agosto de 1997 e
Marlene fez uma bela crônica, lida na sua festa dos amigos na Ação Social da
Paróquia de São José em Aracaju, repetindo o parágrafo em que sua esposa disse
sobre Calumby "A vida é algo difícil de conceituar. Dizem que a vida é um
dom. Um presente que recebemos de graça, sem que tenhamos feito qualquer coisa
para merecê-lo. A vida é preciosa, merece ser guardada com todo o cuidado.
Importa saber viver. Fazer da pequena muda uma árvore frondosa. Viver é uma
questão de escolha. A existência pode ser uma passagem obscura perdida no
tempo, ou um exemplo digno de ser imitado. A sua vida é digna de ser imitada.
Que Deus abençoe e nos dê a graça
da convivência por muitos e muitos anos". Na nossa última viagem juntos no
Simpósio de Flebologia sobre Trombose Venosa Profunda em Abril em São Paulo nos
confessou sobre a paixão pelas viagens e turismo pelo Mundo, viajava
regularmente e no Congresso de Curitiba em Outubro convivi quase todos os dias
com Calumby e seus amigos, foi inesquecível. A vida nos convence que o segredo
do destino de cada um, iguala todos os seres humanos, aproxima as almas, traduz
o amor e transforma o ser humano como filho de Deus com uma missão a cumprir durante
a sua passagem na Terra.
Suas mensagens e idéias foram
traduzidas com grande intensidade nos seus familiares, amigos e seguidores, seu
papel foi cumprido e seguido, sua contribuição para o dia a dia foi importante
e sua maior emoção foi estar viajando quando Deus vos chamou para seu convívio,
por tudo que você representou para todos nós nos permita chamar "CALUMBY
DE NÓS".
Guilherme Benjamin Brandão Pitta
Professor Assistente Doutor de
Clínica Cirúrgica da Escola de Ciências Médicas de Alagoas. Presidente da
Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional de Alagoas.
Postagem original na página do Facebook, em 15 de Setembro de 2011.
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