sábado, 2 de abril de 2016

Etelvina Amália de Siqueira


Etelvina Amália de Siqueira.

Etelvina Amália de Siqueira (Itabaiana, 5 de novembro de 1872 " Aracaju, 10 de março de 1935) foi uma poetisa, contista, jornalista, oradora e declamadora brasileira, autora de vários hinos escolares e participante da campanha abolicionista na Sociedade Libertadora Sergipana.

Nasceu em Itabaiana no ano de 1872, sendo filha de José Jorge de Siqueira e Rosa Maria de Siqueira. Em sua terra natal, teve os primeiros contatos com as letras e cursou o primário. Deixou seu chão na adolescência juntamente com sua família, dirigindo-se a Aracaju.

Em Aracaju, após aprovada em exames de seleção, ingressou na primeira turma da Escola Normal feminina do Asilo Nossa Senhora da Pureza, implantada em 1822. Nessa instituição de ensino, destacou-se pela sua inteligência e dedicação aos estudos, tornando-se um exemplo para as demais colegas de classe. Formou-se professora em 11 de novembro de 1884. Segura, confiante e preparada para exercer o magistério, Etelvina após a formatura fundou o seu próprio colégio particular para o ensino primário e secundário de 1885 a 1890 (PINA, p. 193), ingressando para a vida profissional como docente. Em seguida, foi nomeada professora pública na Barra dos Coqueiros de onde foi removida em 31 de janeiro de 1891 para a aula elementar anexa a Escola Normal. No mesmo estabelecimento de ensino, em 1911, além da função de professora, exerceu o cargo de Auxiliar do diretor da Escola Normal e Anexo. Em 1912, passou a lecionar língua portuguesa nessa mesma instituição.

A abalizada educadora foi uma voz dissonante e fervorosa contra a continuidade da escravidão no país. Em virtude disso, atuou sobre dois aspectos: discursivo e intelectivo. Enquanto aquele defendia o abolicionismo com pronunciamentos calorosos na "Cabana do Pai Tomaz" (1883), este abrandava a exclusão educacional sofrida pelos filhos libertos das escravas ao lecionar gratuitamente na casa do seu tio Francisco José Alves, onde funcionava a sociedade supra citada.

A sua vocação intelectual e profissional não se estanca na educação, nem na luta abolicionista, pois vislumbramos sua importantíssima contribuição de cunho jornalístico por meio de discursos e artigos escritos em diversos jornais sergipanos ("O Libertador", "O Planeta", "Gazeta de Sergipe" e o "Estado de Sergipe") e no jornal "A Discussão" do Rio Grande do Sul.

A distinta Etelvina também enveredou por caminhos da literatura com obras de alta qualidade (poemas e contos), legando-nos uma vasta produção espalhada por jornais do seu Estado e no Almanaque Sergipano.

Entre as temáticas abordadas em suas composições poéticas destacamos: o abolicionismo ("Ao Amigo do Escravo"; transcrito por Pina, s/d, p. 197-98); a educação ( "No levante da Pátria", "Soa Além do Clarim" e "Surgem Auroras", transcrito por Freire, 1988, p. 39) produzidos para o início das aulas; exaltação a personalidades como: Fausto Cardoso ("A Fausto Cardoso"e "No Terceiro Aniversário da Morte do Dr. Fausto Cardoso", idem, 1988, p. 200) e Tobias Barreto ("Quadras a Tobias Barreto", Idem, 1988, p. 200) e a natureza ("O Pôr do Sol", idem, 1988, p. 199).

Também Etelvina foi uma afamada oradora e dentre os grandes discursos, salientamos o proferido em razão da colocação do retrato no salão nobre da Escola Normal e Anexo do governo do estado Dr. José Rodrigues da Costa Dória e pela inauguração do edifício destinado à mesma instituição em 1911.

Escreveu artigos nos jornais engajados na abolição da escravatura, principalmente em O Libertador, e participou da Hora Literária, embrião da Academia Sergipana de Letras.

Com toda certeza, a poetisa itabaianense foi um marco no rompimento da situação de submissão intelectual e de preconceito em relação à figura feminina na sociedade sergipana, a qual estava submetida aos caprichos do homem e aos afazeres domésticos. Segundo Thétis Nunes um dos motivos, provavelmente dessa mentalidade foi o temor do "homem que a mulher letrada escapasse ao seu mandonismo tradicional"

A pioneira serrana fez a diferença. Lutou arduamente enquanto teve forças físicas e mentais em prol da educação e da literatura sergipana, além de ter sido um exemplo para as mulheres de seu tempo. Mas aos 18 de março de 1935, exaurida pelo tempo e o desgaste de tantas lutas, a admirável professora cessou a sua estada neste chão.

Bibliografia:

FREIRE, Ofenísia Soares. Etelvina Amália de Siqueira: Pioneira das Intelectuais Sergipanas. In: Cadernos de Cultura do Estudante. Aracaju: UFS, ano V, v. 5, 1998, p. 27- 4.

GUARANÁ, Armindo. Dicionário Biobibliográfico Sergipano. Rio de Janeiro: Estado de Sergipe, Empresa Gráfica Editora Paulo, Pongetti e C., Rio de Janeiro, 1925, p. 75.

LIMA, Laís Amaral Vieira. A Participação Feminina na Imprensa Abolicionista em Aracaju (1881-1885): Etelvina Amália de Siqueira. São Cristóvão, 1998. (monografia de conclusão de curso em licenciatura em História pela UFS), p. 15-28.

PINA, Maria Lígia Madureira. A mulher na história. s/l.: s/e., s/d., p. 193-204.

SANTOS, Maria Nely. A Sociedade Libertadora: "Cabana do Pai Thomaz", Francisco José Alves, uma História de vida e outras histórias. Aracaju: J. Andrade, 1997, p. 105.

NUNES, Maria Thétis. História da Educação em Sergipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. 47.

PINA, Maria Lígia Madureira. A mulher na história. s/l.: s/e., s/d., p. 193-204.

SANTOS, Maria Nely. A Sociedade Libertadora: "Cabana do Pai Thomaz", Francisco José Alves, uma História de vida e outras histórias. Aracaju: J. Andrade, 1997, p. 105.

Fonte: Wikipédia.

Texto e imagem reproduzidos do site: onordeste.com

Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 01 de abril de 2016.

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