quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Homenagem ao Dr. Paulo Barreto de Menezes



Publicado originalmente no Facebook/Jorge B. Menezes, em 29/08/15.

Paulo Barreto, meu pai.
Por Jorge Bomfim Menezes.

A vida é a nossa maior escola, diz o ditado popular!

Todos nós passamos por determinadas fases da vida e vamos ficando cada vez mais convictos da sabedoria humana: Crianças, só pensamos em brincar. Adolescentes, curtir a vida. Adultos, sermos bons profissionais e educarmos os nossos filhos para serem homens e mulheres de bem.

Mas chegamos a uma fase da vida que é quando os nossos pais envelhecem, tornam-se idosos e passamos a cuidar deles. A vida se inverte. Quem tinha cuidado conosco passa a ser cuidado por nós.
Feliz aquele filho ou filha que tem o prazer de retribuir este Amor.

Eu estou passando por isto e nunca imaginei que pudesse conviver com esta experiência. Primeiramente, minha mãe adoeceu relativamente nova, aos 65 anos, passou 14 anos em uma cama e morreu aos 79 anos. Meu pai, cheio de saúde, tomava todas as providências e praticamente cuidou dela com muito carinho.

Meu pai, até os 88 anos, tinha uma saúde boa, resolvia as coisas dele, fazia o supermercado, ia ao banco e não gostava que assumissemos nenhuma tarefa da sua casa. "Não estou brouco"! Imaginávamos que ele morreria, de repente, e ainda com muita saúde!

Mas, pouco antes de completar 89 anos, ao subir em uma cadeira para olhar a dispensa, virou e sofreu uma queda que iria transformar a sua vida: Hospital, UTI, costela quebrada, infecção pulmonar, depressão, etc.
Meu pai já não era mais o mesmo. Começou a atrapalhar as coisas, já não perguntava mais pelas contas que gostava de pagar pontualmente e pessoalmente, pelo supermercado que fazia às 2° feiras, enfim, deu uma guinada de 180° em sua vida.

Isto aconteceu exatamente no dia 03 de agosto de 2014, um domingo, às 14 horas. Tinha estado com ele até o meio dia e conversamos bastante sobre coisas da política, da família, um papo bastante agradável como fazíamos todo final de semana.

E aí conheci um outro mundo: o mundo do idoso dependente, do idoso que virou uma "criança"! Passei a conhecer um mundo novo: Geriatra, Unimed Domiciliar, Fisioterapeuta, Fonoaudiologa, Cuidadoras, Administração de Remédios (entre 12 e 15 diários), Alimentação através de sonda, etc e etc.

Começamos a dividir as tarefas, meus irmãos e eu (somos 3): Casa (feira, empregada, etc.), Contas (Banco), Saúde (Médicos e Remédios).
Achávamos que ele iria melhorar (ele sempre foi muito forte e saudável) mas cada vez que internava, retornava mais debilitado. Durante este ano, foram 05 internações, sendo 03 na UTI.

Meu pai outrora firme, que mandava e ordenava, hoje fala com dificuldade, fracassa ao tirar a roupa e quase não caminha.
Clinicamente ele está bem (Pressão: 12 × 8; Oxigenação: 94; Glicemia: 100; Temperatura: 36,5°; Batimentos cardíacos: 108), mas a "cabeça" já não é a mesma.

Ele está com um princípio de Alzheimer.

Meus irmãos e eu temos o acompanhado, revezando diariamente nos 03 turnos, para que ele sinta o carinho e o amor dos filhos.

Temos também presenciado algumas passagens que nos deixam bastantes emocionados e satisfeitos. Vou citar apenas duas:

1) Ele pediu para falar com seus três filhos, ao mesmo tempo, e nos disse que a melhor coisa da vida e que ele mais amava eram os filhos. E complementou: Breve estarei me encontrando com a minha querida esposa Conceição e a minha querida filha Clara Angélica e quero que vocês sejam muito unidos como foram até agora.

2) Meu pai tem 07 netos, 06 deles formados, e a minha filha mais nova que está no 4° ano de Medicina em Campina Grande. Ele sempre afirmava que iria participar da sua formatura aos 92 anos de idade. Isadora, que é sua neta caçula, chegou agora em julho para passar as férias e a primeira saudação que meu pai disse foi:
- Não estou esquecido da sua formatura. Irei a Campina Grande e vou falar lá.
E nós perguntamos: Falar o que?
Ele respondeu: "De improviso!"
E todos caímos na "risada" cheios de emoção!

Vamos tirando várias lições desta fase que estamos passando. Uma delas é que o que os idosos mais querem é Paciência e Amor.

Feliz do filho que é pai do seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.

E é por isto que sempre estou falando no ouvido do meu pai: " Estou aqui, estou aqui, meu pai". E isto é o que um pai quer ouvir no fim de sua vida: é que seu filho está ali ao seu lado.

Pai, eu quero que o senhor saiba: "Você pode não fazer mais nada, mas eu não sei viver sem você!"

Sua bênção!

Seu filho, Jorge.

Texto e imagens reproduzidas do Facebook/Jorge Bomfim Menezes.

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 30 de agosto de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário