Jornalistas brasileiros que cobriram a Segunda Guerra Mundial.
Joel Silveira é o segundo -sentado - a partir da esquerda.
Publicado por LagartoNet.com, em 31 de março de 2010.
“[...] Senhor Silveira, não me morra!”.
Por Euler Ferreira.
Durante a Segunda Guerra Mundial o jornalista Joel Silveira
trabalhava para os Diários Associados, no Rio de Janeiro. Na época, ele
confidenciou a amigos que estava decidido a se inscrever para atuar como
correspondente de guerra junto aos soldados da Força Expedicionária Brasileira
que estavam sendo embarcados para a Itália.
Quando a notícia se tornou pública o Ministro da Guerra,
General Eurico Gaspar Dutra, demonstrou insatisfação com a ideia de ter Joel na
guerra porque entendia que o jovem jornalista era comunista.
O notável jornalista sergipano demonstrou contrariedade com
a manifestação do General Dutra, mas em momento algum recuou de seu desejo em
cobrir a guerra.
Ao conversar a respeito com Assis Chateaubriand, dono dos
Diários Associados, a primeira reação não foi nada positiva, porque Chateau não
achava legal “mandar esse menino de Sergipe para a guerra”, conforme já tinha
confidenciado a amigos.
Mas, como naquela época eram poucos os jornalistas decididos
a aceitar tal missão, Chateau acabou por entender que Joel Silveira tinha tudo
para realizar um grande trabalho na Itália. Ato seguinte, conseguiu do
Presidente Getúlio Vargas a autorização que Joel tanto desejava, contrariando o
temido DIP/Departamento de Imprensa e Propaganda – órgão criado durante a
ditadura do Estado Novo – e, também, o Ministério da Guerra.
Chamado a comparecer ao escritório do chefe, Joel recebeu a
notícia que aguardava com enorme expectativa… quer dizer, não bem uma notícia,
mas uma ordem:
- O senhor vai para a guerra, mas não me morra, senhor
Silveira, não me morra! Repórter é para mandar notícias, não para morrer!
Corria o ano de 1944, Joel Silveira tinha 26 anos.
JOEL SILVEIRA (15/03/2010).
Em cem artigos, reportagens e publicações que li a respeito
do jornalista Joel Silveira, noventa registram que ele – o notável repórter
brasileiro na segunda guerra mundial – teria nascido em Lagarto. Ao noticiar a
morte do magnífico jornalista sergipano – tido por muitos como o maior repórter
brasileiro – a Folha de São Paulo informa textualmente “…Silveira tinha mais de
60 anos de carreira no jornalismo. Nascido em 1918 na cidade de Lagarto (SE)”.
Dezenas e dezenas de outros jornais e sites – como o da
Associação Brasileira de Imprensa – também deixaram o registro que Joel era
filho de Lagarto. Eu cresci achando que ele era meu conterrâneo do Lagarto.
A primeira vez que eu tive contato com Joel foi no ano de
1984, quando ele, convidado pelo então governador Antônio Carlos Valadares,
ocupou o cargo de Secretário de Estado da Cultura. Repórter da TV Sergipe,
tinha entrevista agendada com ele. Cumprida a parte oficial da visita, eu, de
uma vez por todas, precisava passar tudo a limpo. Após me identificar papa-jaca
de quatro costados, perguntei:
- Joel, você nasceu em Lagarto?
- Não, bem que eu gostaria, pois minha família é lagartense.
Na verdade, eu nasci aqui em Aracaju.
A verdade mexeu com o meu lado bairrista. Ao sentir isso,
ele me deu uma colher de chá:
- Ora, não esquenta. Fui gerado no Lagarto e nasci na Rua
Lagarto… só que em Aracaju”.
Joel me deu um abraço e ficamos entendidos.
Foto e texto reproduzidos do site: lagartonet.com
Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 15 de janeiro/2014.
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