sábado, 4 de janeiro de 2014

Senador Júlio César Leite faz 24 anos de falecido. (06/02/2014)


Senador Júlio César Leite faz 24 anos de falecido.

Os frutos do seu trabalho continuam vivos.

Era uma manhã de domingo; eu fui à Igreja Santa Cruz assistir a celebração da Santa Missa celebrada pelo Bispo Diocesano Dom Hildebrando. Era uma missa em Ação de Graças pelo aniversário do saudoso Júlio César Leite. Isso há cerca de 10 anos.

Fui convidado pelo seu filho primogênito doutor Jorge Leite. E nesse dia, o mesmo estava presente acompanhado de familiares. Após a celebração, pessoas idosas residentes no Bairro Santa Cruz foram presenteadas com brindes, mantendo viva uma tradição iniciada pelo saudoso senador.

Ao final da missa, doutor Jorge Leite, num gesto de atenção aos amigos, os esperava na porta de saída da capela para lhes dar um aperto de mão em agradecimento. Estava radiante com a presença dos amigos; entre estes, muitos funcionários das suas empresas. No próximo dia 06 de fevereiro faz 24 anos de falecido. Se vivo estivesse, estaria com 118 anos de idade. Um homem que imprimiu respeito e carinho para com os seus operários.

Homem de visão penetrante para o futuro, de inteligência culta, de honradez no cotidiano, simpático na convivência, elegante, gentil e leal com os amigos, lembra o amigo de muitos anos José Félix. Tudo isto fazia do senador Júlio Leite uma personalidade fantástica; um homem que se tornou um dos vultos ilustres do solo sergipano. Ele foi o responsável por uma era de incremento do progresso de Estância quando elegeu esta cidade para ser sede dos seus empreendimentos gerando milhares de empregos diretos na Fábrica Santa Cruz, muitos até os dias presentes.

Deixou sua contribuição para Estância e para Sergipe com empreendimentos tais como: Fábrica Santa Cruz, escolas, biblioteca, creche, cinema, estádio, clube dançante, assistência médica e odontológica. Construiu o prédio Gonçalo Prado em 1937 e o reformou no ano de 1944, por onde passaram grandes nomes do cenário artístico do país - Grande Otelo, Procópio Ferreira, Vicente Celestino - espaço de exibição de filmes, encenações teatrais e shows de calouros e cantores locais. Esses pontos proporcionavam merecido lazer aos funcionários após afanoso dia de trabalho.

Em 1951, um ilustre visitante, o Cônsul Inglês na Bahia, Maurice Stout, em visita à Fábrica Santa Cruz fica impressionado com a grandeza dos serviços sociais oferecidos aos operários e os compara melhores que os oferecidos na Inglaterra.

Foi responsável pela construção de casas nas ruas Erasmo Loyola, Praça José de Souza, Antônio Joaquim, Raimundo Nascimento; construiu as escolas D. Antônio Cabral, Dr. Oscar Prata, Comendador João Sobrinho e D. Quirino; construiu creche, refeitório, o mercado e ferinha da Santa Cruz, Escola de Corte e Costura e a fonte da Donana, existente até hoje, próximo ao Fórum Eleitoral.

Em 1950, assim que iniciou sua vida política, Júlio César Leite passou a direção das suas empresas para o seu filho primogênito, doutor Jorge Leite. E juntamente com nomes célebres a exemplo de José Rolemberg Leite, Edézio Vieira de Melo, Arnaldo Garcez, Leite Neto e muitos outros adentrou ao cenário político sergipano e elegeu-se nesse mesmo ano a Senador da República. Exerceu o mandato de 1951 a 1954.

Integrou a Comissão de Finanças onde foi relator do Ministério da Fazenda; foi Presidente da Comissão de Economia do Senado Federal. Cursou a Escola Superior de Guerra e representou o Brasil na Conferência Internacional de Bonkok. Foi nomeado para o Conselho Nacional de Economia, onde ocupou a Vice-Presidência no período de 1959 a 1960, depois Presidente de 1960 a 1961 e conselheiro no ano seguinte.

Foi reeleito Senador por Sergipe para o segundo mandato, de 1962 a 1968. Foi líder do seu partido e vice-líder do Bloco Parlamentar Independente. Foi membro da Comissão do Polígono das Secas do Senado Federal.

Em 1970 aos 74 anos, afastou-se da vida política com carta dirigida ao Presidente da ARENA, senador José Rolemberg Leite, onde dizia ser o seu desejo, com esse gesto, ‘Dar oportunidades aos jovens do partido’. Selou a vida pública de forma honrada, íntegra e respeitada.

Deixou a política definitivamente para dedicar-se as atividades particulares firmando residência no Rio de Janeiro. Mesmo longe de Estância jamais se esqueceu da cidade, dos amigos e funcionários da Fábrica Santa Cruz, de modo que, buscava manter-se informado por meio dos familiares sobre os acontecimentos da cidade de Estância.

O comprometimento com a Educação vem de longe: cedeu gratuitamente o prédio que hoje é sede da Sulgipe (centro) ao SENAI para que fosse implantado em Estância até conseguir estabelecer sede própria; comprometimento mantido pelo seu filho doutor Jorge Leite e renovado pelo seu neto, Ivan leite, engenheiro elétrico, deputado estadual, prefeito de Estância e secretário de Estado da Indústria e Comércio, até os dias de hoje continua acessa a preocupação com a geração de oportunidades para o operariado e juventude.

Tudo isso é preciso ser dito para que todos aqueles que se sentarem nas cadeiras do Gonçalo Prado, nas arquibancadas do Estádio da Vila Operária, que praticarem esportes na Quadra do Santa Cruz, que se divertirem no Centro de Recreação Operária (Cassino), que residirem nas casas da Avenida Santa Cruz e até aos que ocupam as vagas de empregos das empresas da família Leite, saibam que estas coisas não nasceram por milagre e sim pelo trabalho fecundo e dedicação de um grande homem, de visão futurista, que dedicou sua vida em função do progresso de Estância e de Sergipe.

O senador Júlio César Leite nasceu em 06 de novembro de 1896 na cidade de Riachuelo, Sergipe; filho do casal Francisco Rubens Leite e Maria Virginia Acioli Leite. Casou-se com Maria Carmem da Cruz Prado Leite, com quem teve dez filhos. Formado Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Livre de Direito, Rio de Janeiro, no ano de 1917.

Foi Delegado de Polícia em Aracaju 1918/1920; foi Chefe de Polícia do Estado em 1929; Inspetor Escolar do Estado 1920/1921; Diretor do Serviço de Água e Esgotos de Aracaju 1926/1930; banqueiro do Banco Mercantil Sergipense, (casa fundada em 1924, tendo como companheiros o Coronel Gonçalo Rollemberg do Prado, seu sogro, e Moacir Rabelo Leite); industrial da Fábrica Santa Cruz, fundada pelo comendador João de Souza Sobrinho, e mais tarde adquirida pelo coronel Gonçalo Rollemberg do Prado. Doutor Júlio Leite faleceu aos 94 anos, em 06 de fevereiro de 1990, no Rio de Janeiro.

Fábrica Têxtil Santa Cruz

A Fabrica Santa Cruz foi a segunda no Estado, fundada em 1891 pelo comendador baiano João Joaquim de Souza Sobrinho. Seus primeiros feitos produtivos aconteceram em 1896 tendo 150 teares e 250 operários. Anos depois, em estado de falência, foi adquirida pelo coronel Gonçalo Rollemberg do Prado, sogro de Júlio Leite, no ano de 1937. Negócio fechado, doutor Júlio assume a direção da indústria têxtil agora trilhando novos horizontes.

Ao assumir o comando, a Fábrica Santa Cruz dá uma guinada e o novo diretor manda construir casas, creche, cine-teatro, refeitório, centro de recreação, quadra esportiva, biblioteca, oferece serviços médicos e odontológicos aos operários, melhora as condições de trabalho, regulariza os salários, constrói sua residência defronte da igreja Santa Cruz, a qual também recebeu reformas. A Fábrica Santa Cruz sai do estado de falência e passa a prosperar. De acordo com o livro ‘Um Homem Chamado Trabalho’, de Ricardo Leite, em 1940 Estância possuía 18 mil habitantes, dos quais 1.700 eram operários da Santa Cruz, quase 10% da população.

Inspirado na vocação do seu pai doutor Jorge Leite pelo trabalho, na inteligência política do seu avô Júlio César Leite, hoje Ivan Leite é a soma de essa gama de paixão pelo trabalho e pela política. Legado que lhe serve de inspiração para continuar trabalhando em prol do bem do povo estanciano, abrindo mão de bens da Família para viabilizar progresso para sua gente. Um homem que reúne as qualidades de representar Sergipe em qualquer uma das esferas políticas desse país, seja como Deputado Federal, como Senador da República, seja como Vice-Governador ou até mesmo como governador do Estado. Os frutos plantados pelo saudoso senador continuam vivos a servir os estancianos sob a coordenação de doutor Jorge (filho) e doutor Ivan Leite (neto).

Esta é minha simples homenagem na passagem do seu aniversário de morte, próximo dia 06 de fevereiro.

Genílson Máximo.

Foto e texto reproduzidos do Facebook/Linha do Tempo/Genilson Máximo.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 4 de janeiro de 2014.

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