Palácio Olímpio Campos.
Walmir Lopes de Almeida.
Publicado pelo Portal Infonet - Blog Luíz A. Barreto, em
20/05/2010.
O símbolo do poder e o seu fotógrafo.
A reinauguração do Palácio e os 80 anos de Walmir Almeida
Por Luíz Antônio Barreto.
Na aventura de construir uma cidade nos alagados do Aracaju,
o Presidente da Província Inácio Barbosa (1853-1855) fez de um sítio, onde hoje
está o prédio da Assembléia Legislativa, o primeiro Palácio do Governo
provincial, onde reuniu os deputados para as providências legais da mudança da
capital. Meses depois foi construído o Palácio Provisório, que hospedava os
presidentes da Província e, em janeiro de 1860, foi adaptado e melhorado para
ser o Paço Imperial, durante a visita de Pedro II a Aracaju e a Sergipe. Com a
visita do Imperador surgiu, então, a ideia da construção de um Palácio novo, na
mesma praça onde o Poder centralizou-se. Recursos federais, diversas reformas e
ampliações, decoração externa e interna, pinturas italianas marcaram a história
do símbolo do Poder, denominado de Palácio Olímpio Campos.
Das várias reformas executadas para melhorar o aspecto e a
funcionalidade da sede do Poder Executivo, ficaram anotadas as do Presidente
Guilherme de Campos (1905-1908), que contou com o artista sergipano Quintino
Marques, a do Presidente Pereira Lobo (1918-1922), feita para celebrar o
Centenário da Emancipação Política e que contou com artistas e técnicos
italianos, a do Governador Leandro Maciel (1955-1959), incorporando os painéis
do pintor sergipano Jordão de Oliveira, sobre os ciclos econômicos do Estado, a
do Governador Antonio Carlos Valadares, que fez acréscimos e incorporou
pinturas novas do artista paulista Eurico Luiz, e, por último, a do Governador
Marcelo Deda, reforma ampla e com ela a redefinição do uso do velho Palácio,
como um Museu, um Centro Cultural, um Monumento republicano.
A disposição do Governador Marcelo Deda e do Secretário de
Estado – Chefe da Casa Civil José de Oliveira Júnior foi exemplar e está
destinada a ser incluída no rol das maiores reformas de um monumento público já
realizadas em Sergipe. A decisão do Governador e o esforço do Secretário dão a
Aracaju, nos 155 anos da capital e a Sergipe, nos 190 anos da Emancipação, um
patrimônio físico, arquitetônico, histórico, artístico e agora cultural, como
antes nunca houve. Um livro, especialmente preparado, coroará, no correr do
ano, o evento da reforma e da reinauguração do Palácio Olímpio Campos, cuja
entrega festiva aos novos usuários ocorre neste 21 de maio de 2010. Os exemplos
do Governador Marcelo Deda e do Secretário Oliveira Júnior vale como uma ação
política em favor da memória e da história de Sergipe.
O Palácio Olímpio Campos contou, em sua história de quase
150 anos, com pessoas fantásticas, que deixaram nome e que podem ser invocadas
pelos seus méritos. Walmir Almeida, ou simplesmente Walmir, é um desses casos.
Nascido em Riachão do Dantas, em 26 de maio de 1930, entrou pela primeira vez
no Palácio Olímpio Campos em 1942, aos 12 anos, para ajudar ao cunhado João
Pinheiro de Carvalho, com quem aprendeu a arte da fotografia e a quem
substituiu, passando a ser personagem de primeira grandeza na vida palaciana,
registrando os fatos, as festas, dores e alegrias do cotidiano do Poder.
Inovador, fez fotografias aéreas e criou o Cine-Jornal Atalaia, que na voz de
Cid Moreira registrava os fatos ocorridos em Sergipe, levando-os aos cinemas,
para exibição antes dos filmes.
Homem da terra, do céu e do mar, Walmir Lopes de Almeida,
filho de Francisco Lopes de Almeida e Maria da Silva França, com o casamento
Maria França Almeida, trocou Riachão do Dantas pela capital e de tal forma
incorporou-se à cidade, que seu nome faz história como fotógrafo, repórter
fotográfico, cinegrafista, diversificando as suas atividades profissionais com
o serviço público, no Palácio Olímpio Campos, no DNOCS, formando um acervo
grandioso que, lamentavelmente, não resistiu ao descaso e a falta de estímulo.
Um dia, sem que fosse percebido, o acervo virou chamas, reduzido a cinzas
dispersas. O que sobrou, com a assinatura do fotógrafo, constitui, ainda hoje, um
registro sem precedentes de uma época que marcava o fim do Estado Novo e das
Interventorias, os Governos democráticos, o golpe de 1964 e o novo período de
exceção. O retorno à democracia das eleições diretas, em 1982, já não contou
com a câmera genial de Walmir Almeida, que no entanto continuou trabalhando,
com sua loja especializada na rua Itabaianinha e, depois, na praça Olímpio
Campos.
Escoteiro, Rádio Amador, Piloto, inclusive fazendo vôos para
tratar coqueluche, Vendedor de aviões, Fotógrafo aéreo, Iatista, um homem de
múltiplos instrumentos, uma presença marcante na vida sergipana. Walmir Almeida
fez o antigo curso ginasial no Colégio Tobias Barreto (1953), o científico
(1956), o curso superior de Economia (1964). Integrou os quadros do Lyons Clube,
da Maçonaria, e dedicou parte de sua vida ao Aero Clube de Sergipe, para onde
levou seus filhos, iniciando-os na arte de voar. Ao completar 80 anos, andando
pelas ruas da cidade, desde a Praia 13 de Julho até a praça Olímpio Campos,
Walmir Almeida é um exemplo a ser destacado. E se um título, mais que outros,
ele devesse ter, como reconhecimento ao seu trabalho de décadas, seria o de O
Fotógrafo do Palácio, complementado com o de O Cinegrafista do Palácio, tarefas
que exerceu com maestria.
Seria bom que o Secretário Oliveira Júnior mandasse reunir,
no novo Palácio, as fotografias e os jornais cinematográficos de Walmir
Almeida, como um tributo ao profissional dedicado ao Palácio, mas como uma
reverência à memória sergipana, agora enriquecida com a reinauguração do
Palácio Olimpio Campos.
Fotos e texto reproduzidos do site:
infonet.com.br/luisantoniobarreto
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de janeiro de 2014.
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