segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Homenagem ao artista plástico Olívio Mathias da Rocha




"Gostaria de homenagear um ícone das artes plástica e pintura em Sergipe nos anos 50,60. Amicíssimo da nossa família (in-memoriun) Dept.Antonio Torres Junior. " Olívio Matias da Rocha", nascido em 11/08/1892, falecido em 30/07/1976, natural de Canhoba/SE. a quem tive o prazer de conhecer e conviver. Pintor, escultor e decorador. Destaque para pintura o Batizado de Jesus Cristo por São João Batista pintura encontra-se na Igreja Senhor dos pobres em Canhoba-SE.(acervo de Angelo Mauricio Torres. Ele (Olívio) ao lado da Escultura de São Judas Tadeu,(acervo de seu filho Marco Lessa / Mercedes Lessa. Esta escultura encontra-se no topo da Capela da Igreja São Judas Tadeu em Aracaju - Se. Decoração natalina, de carnaval e São João eram executadas por ele. Como também os famosos Clubes,Associação Atlética de Sergipe, Iate Clube de Aracaju e Cotinguiba Esporte Clube,...Amigos vamos divulgar este mágico das artes e pintura..Isto é SERGIPE é BRASIL!". (Ângelo Maurício Torres).

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 29 de dezembro de 2014.

Lara Aguiar entrevista Amaral Cavalcante

Foto: Arquivo Amaral Cavalcante.

Enrevista ao Caderno Revista da Cidade, no Jornal da Cidade de 28/12/2014, editado por Lara Aguiar:

Lara Aguiar - Como começou a sua trajetória no jornalismo alternativo em Sergipe? Em que época surgiu o jornal Folha da Praia e com qual intuito foi criado?

Amaral Cavalcante – Comecei publicando “O Margilino” em mimeógrafo, jornal de humor e algumas literatices, produzido pela “Turma do Parque” liderada pelo saudoso Cabo Tripa. No jornalismo tradicional trabalhei no “Sergipe Jornal”, editado por Edmundo de Paula onde convivi com os mestres Luiz Eduardo Costa e Hugo Costa. Servi também ao Diário de Aracaju, editado por Raymundo Luiz Gonçalves e publiquei a coluna “Pique Geral” no Jornal de Sergipe, editado por Leó Filho e na Gazeta de Seu Orlando Dantas, onde estavam Ivan Valença, Nino Porto e José Rosa de Oliveira Neto. Como se vê eu sempre estive em boas companhias.

Já o Folha da Praia surgiu em 1981, para dar voz a novos talentos na escrita e no jornalismo que surgiam naquela época, uma juventude dourada que instigava a cena cultural sergipana, mas não tinha audiência, não conseguia veicular suas ideias, cerceados pelo conservadorismo careta em nossos veículos tradicionais de imprensa. O nosso nanico, feito ao modo de outros alternativos de expressão nacional como O Pasquim, O Movimento, o Ex, acabou se transformando numa peça de resistência política, divulgando artistas e escritores emergentes e patrocinando uma certa revolução de costumes em Sergipe. Durante10 anos o Folha da Praia teve periodicidade semanal, circulando principalmente na praia de Atalaia e nos mais badalados points da cidade. Ele resiste circulando até hoje, aos 43 anos, com periodicidade mensal, ainda revelando novos talentos e tentado acompanhar a vertigem desses novos tempos.

O folha é uma grife e, como tal, tem leitores cativos, aqueles que conquistamos nas areias da Atalaia e que hoje são cidadãos, , que se tornaram leitores dele por identificação. Veja que não mudamos muito, o Folha da Praia ainda é “um jornal feito nas coxas”.

Lara - A partir de que época acontece o seu despertar literário? E como se dá esse impulso de escrever?

Amaral - Sou de uma geração que leu muito, que viu bons filmes e grandes espetáculos e, principalmente, que se comunicava e trocava ideias, frequentando os mesmos espaços de lazer e cultura. Comecei a escrever poesia logo cedo, ainda em minha cidade natal, Simão Dias, incentivado pela leitura de mestres da literatura nacional e estrangeira. Ao me mudar para Aracaju recebi o precioso incentivo da Academia Sergipana dos Jovens Escritores, liderada pela poeta Carmelita Fontes, e depois, convivendo com os escritores marginais da Contracultura, fui ampliando os meus horizontes.

Lara - Quais livros já têm publicados e como se deu essa produção literária?

Amaral - Tenho um único livro de poesias publicado, O Instante Amarelo, um livro convencional impresso em gráfica, mas a minha produção em mimeografo - naqueles tempos a forma usual de publicação para poetas desabonados - foi bastante profícua.

Hoje, escrevo quase diariamente nas redes sociais e mantenho uma intensa troca de emails com amigos e escritores espalhados pelo mundo. Ainda considero a publicação de livros convencionais importante para a fixação da produção literária, mas duvido que o livro tenha a mesma capacidade de difusão e interatividade que a Web proporciona. Estou empenhado em parar um pouco a minha produção para organizar um livro de crônicas, bonitinho e agradável aos olhos, para reunir os amigos numa badalada noite de autógrafos com um bom vinho e salvas de canapés, embora tema que a maioria desses livros acabe virgem de leitura, esquecidos entre as heráldicas pucumãns de uma estante qualquer.

Lara - Como foi sua participação no movimento contracultura em Sergipe, juntamente com Ilma Fontes e Mário Jorge?

Amaral - Não sou daqueles que lamentam os “velhos tempos”, muito pelo contrário, considero os tempos atuais mais inclusivos e muito mais profícuos, mas não posso negar que em nosso tempo o enfrentamento às condições políticas que cerceavam a nossa liberdade, o desejo de expressar o “novo” nas artes e nos costumes, enchia-nos de uma tesão criativa e do prazer da contravenção que nos forçava ao compadrio com as mais legitimas aspirações do cidadão comum, coisa que se tornou raras nos dias de hoje.

Figuras como Ilma Fontes, Mário Jorge, Joubert Moraes, Lu Spinelli, Barrinhos, Fernando Sávio, Luciano Correia e tantos outros que empreenderam por aqui um certo movimento contracultural, foram decisivas para que a província sergipana pudesse encarar os horizontes da modernidade. Principalmente Ilma fontes e Mario Jorge, que estabeleceram uma conexão entre nós e os movimentos artísticos e literários em processo nos grandes centros culturais de então, Rio de Janeiro e São Paulo.

Lara - Você já assumiu cargos de gerência pública na área de cultura. Em quais pontos da cultura atuou?

Amaral - É, eu sempre tive que trabalhar para me manter e o serviço público foi quem me absorveu. Comecei como secretário executivo da Galeria “Álvaro Santos” levado pelo seu primeiro presidente, Florival Santos. Iniciamos ali o acolhimento do poder público a toda uma geração de artistas plásticos. Alem da difusão de novos pintores, colocando-os em interação com a sociedade e fortalecendo um processo de mercado de arte, inclusive instituindo o financiamento para aquisição de obras pelo Benese, a Álvaro Santos consolidou-se como espaço referencial de encontro entre intelectuais e ativistas políticos, um lugar onde a cidade se encontrava com os seus artistas e pensadores.

Servi, por algum tempo, como secretário executivo da Sociedade de Cultura Artística, SCAS, sob a presidência de João Augusto Gama, quando reerguemos a importância daquela instituição para a formação cultural em Sergipe, colocando-nos como destino acreditado para importantes companhias nacionais e internacionais. Quando não havia nenhuma repartição pública cuidando da Cultura, era a SCAS que fazia este trabalho;

Fui diretor técnico da Subsecretaria de Cultura estadual nas inesquecíveis gestões de Luiz Eduardo Costa e Fernando Lins de Carvalho e assumi a presidência da Fundação Estadual de Cultura, no governo Antonio Carlos Valadares. Durante os dois governos de Marcelo Déda atuei como assessor especial para a Cultura.

Atualmente, aposentado do serviço público e sem grandes compromissos funcionais, exerço a prazerosa editoria da Revista Cumbuca, sob a coordenação do escritor Jorge do Nascimento Carvalho, na Segrase, cujo aparecimento é considerado por muitos como um divisor de águas no campo do designer e da editoração de revistas culturais em Sergipe, até agora. Se me permite, cara Lara Aguiar, este é o auto elogio em que me seguro, desesperadamente, para continuar renovando o meu já combalido tesão pelo trabalho.

Lara - Como é envelhecer?

Amaral – É encontrar novos caminhos, continuar caminhando. È sentar-se num banco de praça e ver que o desconhecido ainda passa por ali em busca de veredas que você já percorreu. É a pinima do corpo desobedecendo, a porra do coração ameaçando se entregar ao cansaço, é a ameaça da obsolescência, esta sim, a mais cruel matadora.
É também um pacífico amor pelo futuro.

Finalmente, o sentimento que nos imortaliza.

Texto reproduzido do Facebook/Linha do Tempo/Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 29 de dezembro de 2014.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Ponte Construtor João Alves, sobre o Rio Sergipe, em Aracaju

Ponte Construtor João Alves, sobre o Rio Sergipe,
no município de Aracaju - Sergipe.
Foto: Manoel Ferreira.
Reproduzida do blog: fotoseturismobrasil.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 24 de dezembro de 2014.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Programa "Gato de Botas", Rádio Liberdade, anos 50



Meu pai uma vez me levou ao auditório da Rádio Liberdade de Sergipe, que ficava na rua Itabaianinha, prédio onde hoje funciona um dos setores da Delegacia do Trabalho. Lá todos os domingos, tinha o programa "Gato de Botas", apresentado por Santos Mendonça. Eu assistindo, quando Santos Mendonça chama ao palco vários garotos para fazer uma pergunta e serem premiados com um cofrinho do Banco de Crédito Sergipense. E lá foi eu. O Mendonça pediu para que os garotos já arrumados no palco - eu entre eles - para completar a seguinte frase "O Gato de Botas é...", sempre com uma palavra começada por "B". E aí cada um ia falando sua frase e ganhando um cofrinho: "O gato de Botas é Bonito", "O Gato de Botas é Bacana" e o estoque de palavras começadas com "B" foi se esgotando, foi quando chegou a minha vez, eu disse nervoso: "O Gato de Botas é Besta". Caramba! O auditório caiu na risada, que vexame, mas ganhei o o cofrinho de alumínio, o qual a chave ficava no Banco, quando enchia de moedas e dinheiro, se ia lá, abria e colocava o dinheiro em uma caderneta de poupança. Que marketing para à época, hem!

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 4 de setembro de 2011.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Supervendas homenageia Manoel Prado Vasconcelos Filho



5a. Edição do Supervendas homenageia Manoel Prado Vasconcelos Filho, mais conhecido como Pradinho.

Aprendeu com os seus pais os princípios de dedicação e ética, princípios fundamentais para torná-lo o homem que ele é hoje, de bem.

Manuel Prado Vasconcelos Filho, chamado carinhosamente por todos de “Pradinho”, celebra uma carreira empresarial e uma vida pessoal de sucesso.

Em 1974 abriu o seu próprio negócio no segmento de supermercados no qual se dedica até os dias atuais, contabilizando 39 anos no ramo. Dispõe de lojas nas cidades de Itabaianinha, Arauá e Pedrinhas e um escritório central em Aracaju. Incansável, sempre reinventando o seu negócio em busca da excelência requerida pelos tempos atuais.

Sua história se confunde com a história da ASES, enquanto presidente idealizou juntamente com o então presidente Juliano César da ADAS e o então Presidente Hugo França da Fecomércio a realização do SUPERVENDAS, que se perpetua no cenário sergipano como um grandioso evento para os segmentos envolvidos. Foi parceiro de ideias e realizações, enfrentou e superou desafios, agindo sempre com ética e dedicação.

Construiu edificantes amizades nos setores supermercadista, atacadista e distribuidor e contribuiu incansavelmente com a categoria.

Por meio de muito trabalho, persistência e dedicação em tudo o que faz é se encaixa perfeitamente nessa premiação, pois dentro dos critérios de escolha avalia-se a integração ao longo dos anos com as entidades promotoras do evento e especialmente o exemplo de uma vida dedicada ao trabalho e construção de pontes no meio empresarial e na sociedade.

Texto e imagem reproduzidos do site: supervendassergipe.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de dezembro de 2014.

Supervendas homenageia Juliano César Faria Souto



6a. Edição do Supervendas homenageia Juliano César Faria Souto.

Filho de Raimundo Juliano e Suele Fontes Faria Souto, o homenageado do 6º SUPERVENDAS, aprendeu muito cedo com o seu pai, sócio, amigo e conselheiro, os princípios de dedicação ao trabalho e acima de tudo da ética profissional. E com a sua mãe Suele, em saudosa memória, a qualidade de buscar a firmeza nas ações e consenso como alvo, princípios fundamentais para alicerçar a sua vida na prática do bem e da busca incessante pelo progresso e desenvolvimento de todos que estão à sua volta.

Nas entidades de classe, tem a ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas Distribuidores, como exemplo de como o intuito associativista e de somação pode unir as maiores empresas do Brasil, com a força da enorme quantidade de médias empresas de atacado distribuidor. Hoje após 15 anos de participação efetiva na ABAD, tem a honra de contribuir com o então presidente e amigo Zé do Egito, primeiro médio empresário do setor nordestino a presidir a ABAD, em sua profícua gestão neste biênio 2012/2014 no cargo de presidente do conselho fiscal.

Aqui em Sergipe, junto aos amigos do comércio iniciou no CDL há mais de 25 anos na gestão de Manuel Caetano como tesoureiro e ao longo desses anos sempre que convocado colabora prontamente para o fortalecimento da classe empresarial, nunca focando almejar cargos, e sim contribuir para que as entidades de classe sejam comandadas pelos empresários do setor e nunca estejam a serviço de projetos pessoais, mas, sempre a serviço de seus associados. Por onde passa deixa a sua marca de dinamismo e inovação com total empenho para cumprir os objetivos das mesmas buscando sempre a união associativa.

Juliano César Faria Souto celebra uma carreira empresarial e uma vida pessoal de sucesso. A sua forma simples de olhar os ensinamentos do livro "Qual a sua Obra" do autor Mario Sérgio Cortella, o qual recomenda a sua leitura a todos. Viver, lutar, sorrir, ganhar e perder, mas, sobretudo deixar na família o exemplo de fé incondicional em Deus e retidão de propósitos acima de tudo, nas empresas o exemplo de um comandante sempre a frente de sua tropa, e na sociedade um exemplo de que a forca da somação é muito mais forte que qualquer força sozinha.

Texto e imagem reproduzidos do site: supervendassergipe.com.br


Postagem originária da página do Facebook/Grupo MTéSERGIPE, de 13 de dezembro de 2014.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Memórias da Guerra Submarina na Costa de Sergipe (1942)

Manchete de jornal noticia os ataques. (Fonte: terra.com.br).

Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - 19.08.1942.
Fonte: u-507.com.br

 O Ánibal Benévolo. (Fonte: infonet.com.br).

O Araraquara, náufragos do Baependi viram a explosão e o seu afundamento.
Fonte: infonet.com.br/

O Baependi - 270 mortos no seu naufrágio.
Fonte: infonet.com.br 

O U-507, submarino alemão do Tipo IX tinha grande autonomia.
Era composto por tripulação de 53 homens, podia levar até 12 torpedos,
possuía seis lançadores de torpedos, sendo que dois eram na popa, tinha ainda:
um canhão de 20mm, uma metralhadora antiaérea de 7,9mm e um canhão na proa de 105m.
Fonte: cafehistoria.ning.com

Publicado originalmente no Blog 'Mar do Ceará', em 29/08/2014.

Agosto de 1942: Memórias da Guerra Submarina na Costa de Sergipe.
Por Paula Christiny

A Segunda Guerra Mundial, muito mais que um conflito europeu, foi um conflito “global”. O intuito desse texto é mostrar experiências vivenciadas por nordestinos durante esse conflito e também apontar pesquisas mostram que durante os combates não se destacou apenas a batalha naval em si, mas a forma como a população costeira respondeu aos atentados no mar. Sucessivos afundamentos de navios brasileiros foram registrados em águas internacionais ao longo da Segunda Guerra Mundial. Na costa brasileira o litoral de Sergipe foi palco de investidas nazistas entre os dias 15 e 16 de agosto de 1942.

A costa de sergipana foi lugar de lamentáveis acontecimentos da história trágico naval brasileira e internacional, tais episódios se transformaram em “tragédia sergipana”, Durante a Segunda Guerra Mundial, navios foram torpedeados ao longo do litoral de Sergipe e Bahia. A barbárie foi tanta, que comparando o número de mortos, se constata que morreram 1.051 pessoas decorrentes de ataques a navios mercantes brasileiros no período total da guerra (1939-1945). Entre todas as vítimas provenientes dos ataques aos navios mercantes brasileiros, 579 vidas foram ceifadas em águas costeiras sergipanas entre os anos de 1942 e 1943, representando mais da metade de todas as mortes brasileiras no mar. Tão grande foi peso da injuria que ela foi combustível para o rompimento diplomático com o Eixo. Isso foi encarado como uma declaração brasileira de guerra ao nazifascismo, seguiram-se a isso o reconhecimento do Estado de beligerância em todo território nacional (22 de agosto de 1942) e na Declaração Brasileira de Guerra à Alemanha e à Itália (31 de agosto de 1942).

A Repercussão dos Ataques.

O que se quer mostrar é a memória coletiva do povo de Aracaju para perceber como os impactos causados pela Segunda Guerra Mundial influíram na vida das pessoas, como o ataque dos U-boots repercutiram no cotidiano da cidade no período belicoso. A história dos torpedeamentos dos navios mercantes gerou centenas de mortos, dezenas de sobreviventes traumatizados, população costeira amedrontada e um clima de insegurança generalizado, configurando assim, o estado de beligerância nas águas territoriais do Brasil, e mais tarde, a declaração varguista de guerra à Alemanha e à Itália.

Em decorrência dos ataques ocorreram na capital sergipana atos de hostilidade e intimidação contra imigrantes estrangeiros e descendentes; dificuldades de exportação e importação; escassez de uma série de produtos; crise no abastecimento dos combustíveis; o aumento do custo de vida, entre outras ações tomadas pelas autoridades públicas visando controlar a vida da população. Tudo isso em virtude do constante receio dos ataques ou até de submarinistas, depois que navios brasileiros começaram a ser afundados no Oceano Atlântico por submarinos alemães e italianos.

A campanha submarina do Eixo no Atlântico Sul, trazida pela Segunda Guerra, passou a ter um valor significativo para os brasileiros a partir de 1942 com as implicações causadas às investidas dos U-boots, que causaram enormes perdas navais brasileiras.

O U-507.

O maior expoente dessa situação foi a presença do submarino alemão U-507, cuja ação na costa de Sergipe levou o Brasil à guerra devido a sua grande efetividade e foi relatada aqui no blog. O U-boot criou na população, a partir do dia 15 de agosto de1942, um medo coletivo da costa do Brasil, quando o U-507, capitaneado pelo alemão Harro Schacht torpedeou, em Sergipe, sequencialmente as seguintes embarcações: Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo. Os êxitos do U-507 que causaram a morte de centenas de brasileiros ganharam notoriedade na Alemanha nazista. Já na vida cotidiana da capital se Sergipe o U-boot esteve nas conversas de bar, nos jornais, nas rádios, em cada um dos lares da cidade.

O conjunto dos navios soçobrados pelo submarino alemão U-507, entre o litoral de Sergipe e da Bahia, representou um dos momentos mais dramáticos vividos pelos brasileiro, a população ainda se imaginava neutra e distante do conflito global, mas com o torpedeamento, esse pensamento mudara, haviam sinais de que a guerra tinha chegado ao país. Os inimigos estavam infiltrados e precisavam ser combatidos por um lado, por outro, o Brasil também se tornava inimigo dos alemães e italianos.

Além da história política e militar, percebe-se que essa catástrofe ficou na memória da população por causa dos resultados das investida do submarino. Chegam até a costa os símbolos da batalha naval: sobreviventes desesperados, corpos deteriorados, mercadorias avariadas, destroços do barco, pertences dos passageiros e tripulantes. Era um desdobramento do conflito que feria amigos e parentes, o que era anteriormente distante se tornava uma realidade para a sociedade sergipana. Os submarinistas estrangeiros se movimentaram livres pela costa, afundando navios, como também, matando famílias inteiras ou deixando outras incompletas. Muitos moradores não tinham dificuldades em identificar um parente ou um conhecido que desapareceu vítima do submarino alemão U-507.

Os ataques do submarino alemão U-507, capitaneado pelo alemão Harro Schacht, foram registrados próximos à terra firme. Por causa disso os sergipanos tinham que lutar contra inimigos escondidos debaixo d’água, aos quais não tinham a menor ideia de como se defender, a qualquer momento prestes a atacar ou a desembarcar a "máquina infernal". Travaram-se batalhas contra o desconhecido, o estranho, o invisível. Essa revelação macabra, alimentada por informações provenientes de relatos jornalísticos das agências internacionais ou dos programas radiofônicos, assustou os aracajuanos. Manchetes da imprensa sergipana diziam: “a guerra já chegou entre nós”, “selvageria sem precedentes”; “metralhados nossos patrícios”; “o Aníbal Benévolo foi partido ao meio”; “Sergipe nunca em sua vida presenciou cenas tão tristes como nestes dias”. “De luto o Brasil. Reina a consternação em todo território sergipano”; “atentado vil e covarde contra nossa soberania”; “as incríveis barbaridades do nazismo”; “a nefanda ação do eixismo”; “não há mais que esperar, Brasil!”.

As notícias não demoram a chegar ao cais do porto de Aracaju trazidas por pescadores. As informações dos sucessivos naufrágios causara profunda consternação entre os aracajuanos a ver o submarino como uma ameaça real às suas vidas. Os U-boots simbolizavam maior perigo às unidades da Marinha e aos pescadores oceânicos, mas não às cidades, povoados ou colônias de pescadores. Porém a constante chegada de informações causava medo coletivo que evidenciava que a população costeira não tinha um entendimento pleno sobre o alcance da navegação submarina.

O navio depois alvejado, em poucos minutos era engolido pelo mar. Mas para os sobreviventes e o restante da população, esse “tempo curto” se transformou em “longo trauma”. As memórias dos náufragos foram apropriadas pelos moradores da zona litorânea. O que ficou foi relatos dos feridos chegando macilentos e esfarrapados vítimas da tragédia que refletia nos olhos cheios de espanto e angústia.

Cadáveres que chegam às praias sergipanas, com olhos de quem morreu cheio de espanto. O cheiro de putrefação dos cadáveres que grudava nas roupas de quem tentava ajudar. O que se construiu naquelas mentalidades foram imagens terríveis nas praias alimentadas pelo medo do desconhecido, pelas histórias dramáticas dos náufragos e da gravidade das ocorrências bélicas. A costa sergipana ganhou a fama de ser “um lugar de submarinos”. Os marinheiros brasileiros passaram a temê-la com razão.

Os Inimigos Entre Nós.

Em meio ao caos gerado pelo perigo representado pelo submarino, os sergipanos encontraram outros culpados em seu cotidiano: o quinta-coluna, os camisa-verde, o boateiro e o espião. Nessa batalha contra esses, o imaginário social criou o clima de desconfiança.

Acreditava-se que o quinta-coluna agia sorrateiro no interior da sociedade brasileira a favor do Eixo. Após o afundamento dos navios, o espírito de retaliação enfardou milhares de homens e mulheres do Brasil. Era evidente a ação de células de espionagem do Eixo no Brasil, mas o olhar de desconfiança social estava impregnado de inveja, de intolerância, de raiva, de cobiça, de preconceito, de oportunismo, de prazer, de retaliação e não apenas de dever patriótico, como afirmava o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Isso incentivou a perseguição a grupos suspeitos e discriminar os estrangeiros taxados de “eixistas”. A aversão dos aracajuanos se voltava principalmente sobre os estrangeiros, destacando-se principalmente os italianos e alemães. Cidadãos de origem estrangeira que foram presos em Sergipe acusados de pertencer a Quinta Coluna.

Um estrangeiro, ou suspeito de “quintacolunismo” corria sérios riscos de agressões, tanto físicas, quanto morais, podendo até mesmo temer por suas vida. Diversos estragos também foram feitos em residências de estrangeiros. As agressões partiam de grupos isolados ou conjuntos, feitas na maior parte das vezes por estudantes secundaristas do colégio Atheneu Sergipense.

Esse temor serviu para fortalecer a ditadura do Estado Novo. Nesses tempos difíceis de ditadura varguista, a tragédia naval foi apropriada pelo DIP a fim de promover o governo, ao explorar o fervor patriótico: “Sergipe contribuiu para o fortalecimento da unidade nacional” ou “o Brasil é um só”.

Os Ataques.

Em cada torpedeamento, a história não se repetiu, pois o evento bélico se revestiu de dimensões implícitas, envolveu diferentes tipos de barcos, apresentou circunstâncias espaciais singulares e contou com experiências individualizadas e coletivas. Entre os dias 15 e 16 de agosto de 1942, período em que foram afundados os navios Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo pelo submarino alemão U-507, foram perdidas 549 vidas. Em 1943, novamente, outros navios foram alvos da ação de U-boats nas águas de Sergipe, ocasionando mais 30 mortes. No dia 1º de março desse mesmo ano, na altura da foz do rio Real, foi torpedeado o navio de bandeira norte-americana Fitz-John Porter pelo submarino alemão U-518, havendo duas mortes. O Bagé foi o último mercante a ser torpedeado em Sergipe. No dia 29 de julho de 1943, o navio mercante foi afundado pelo submarino alemão U-185, perecendo 28 pessoas nesse ataque.

O que mais causou comoção aos aracajuanos foi o naufrágio do Aníbal Benévolo que seguia em viagem oceânica rumo à cidade de Aracaju. Todos sergipanos a bordo do vapor morreram no ataque nazista, criando um luto coletivo e duradouro, devido ao fato de nenhum conterrâneo ter sido localizado. Os naufrágios ocorridos na costa sergipana foram extremamente tocantes no Estado. Centenas de corpos chegaram às praias, junto com poucos sobreviventes. Os principais remanescentes desses naufrágios localizados até os dias atuais foram os restos mortais humanos que chegaram às praias sergipanas em 1942.

A população se aterrorizava com a suspeita de que os submarinistas alemães soubessem da rota naval até o porto da cidade. Embora a ameaça fosse invisível, alterou a rotina dos aracajuanos que se sentiam condição de vítimas da Guerra Submarina. Segundo a imprensa local, os inimigos do lado do Eixo poderiam estar em todos os pontos do mar brasileiro esperando o momento de atacar pela traição, de afundar navios, de matar brasileiros.

Enquanto as investidas dos U-boots não cessavam, os civis contribuíram com a campanha antissubmarina. A defesa da costa de Sergipe se tornou questão de Segurança Nacional. A Marinha do Brasil orientava para que se montasse um Sistema de Defesa Passivo, que influenciava diretamente na sociedade aracajuana. No âmbito militar montou-se uma vigilância costeira, postos de observação foram montados na região litorânea que foi reforçada com a chegada de tropas baianas e gaúchas, além dos marines americanos que realizaram a patrulha antissubmarina. No âmbito civil, pilotos civis auxiliavam buscas pelos náufragos. Os aracajuanos tinham ordens estritas de não cortarem os extensos manguezais que rodeavam o município de Aracaju para manter as barreiras naturais para dificultar o acesso à capital sergipana, caso tropas inimigas desembarcassem nas praias locais. Também instituiu-se o blecaute para que a cidade de Aracaju ficasse invisível as ameaças.

Na iminência de um desembarque inimigo, temor da invasão estava presente até nas autoridades locais, que exigiam em nome da defesa, disciplina e rigor no cumprimento das normas de segurança. Isso gerou episódios de extrema violência por parte da polícia. Veio também o racionamento do querosene, a norma não surtiu efeito porque a madeira era um dos gêneros de primeira necessidade nos lares mais humildes em Aracaju.

Porém, o ponto mais agressivo das restrições foi a proibição dos civis de se apropriarem dos salvados, pois havia uma “cultura dos malafogados”. A palavra malafogado, era tudo aquilo que não tinha afogado completamente, que voltava à tona, trazendo, porém, a marca do mal da grande tragédia marítima. O material recolhido pelos militares foi destinado para a Capitania dos Portos ou para o 28º Batalhão dos Caçadores.

Durante esse período Sergipe não contava com um sistema ferroviário eficiente e com as estradas de rodagem interestaduais inexistentes. Veio o súbito cancelamento das operações destinadas à movimentação de mercadorias de terra para bordo ou dos saveiros para os navios a vapor, ou das embarcações para terra. O comércio estagnou e a safra açucareira nos trapiches ribeirinhos foi junto com ele asfixiado pelo isolamento naval. As imposições causadas pela conjuntura e pelo quadro de penúria que a população vivia em virtude dela motivaram trabalhadores a se unir às manifestações políticas. Assim como os seus patrões, eles também utilizaram os jornais para protestar perante a sociedade aracajuana.

Por fim, pode se constatar que a guerra dos U-boots impôs preocupações militares, despertou conflitos sociais e diferentes sentimentos em Aracaju. Mais do que afundar navios, a passagem dos submarinistas pela costa criaram uma memória própria desse conflito mundial, pois a Guerra Submarina foi e será sempre um misto de bravura e profunda crueldade.

REFERÊNCIAS:

CRUZ, L. A. P. & ARAS, L. M. B. A Cidade dos Malafogados: O cotidiano de Aracaju durante a Guerra Submarina em Sergipe (1942-1945). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, 2011.

A guerra submarina na costa sergipana (1942-1945). Navigator, V. 8 nº 15. Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, 2012.

“A guerra já chegou entre nós!”: o cotidiano de Aracaju durante a guerra submarina (1942/1945). Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal da Bahia, 2012.

PORTO, Otávio Arruda, Arqueologia marítima / subaquática da 2 Guerra Mundial: sua aplicabilidade no Brasil. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Universidade Federal da Sergipe, 2013.

Texto e imagens reproduzidas do blog: mardoceara.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 8 de dezembro de 2014.

Café Pequeno - Lindo Não... Linda!

Araripe/1992. (Foto Ana Libório).

Infonet - Blog Ana Libório - 29/05/2011.

Café Pequeno - Lindo Não... Linda!
Por Ana Libório.

E o meu Café Pequeno hoje não poderia deixar de ser para o nosso querido poeta Araripe Coutinho.
Mas que Dilma e Palocci que nada... Com perdão do trocadilho Araripe é a bola da vez.

O fato é que o nosso fofo poeta causou ao pousar seminu no Palácio Olímpio Campos em controverso ensaio fotográfico realizado, segundo ele há seis anos atrás, e teve os seus muito mais que merecidos quinze minutos de fama tornando-se o primeiro artista sergipano nacionalmente famoso saindo no jornal A Tarde da Bahia, Bom Dia Brasil da Globo, Revistas Época e Veja.

Será que ele também vai dar no New York Times?

É bem verdade que a fama veio através do insólito ensaio e não pela sua poesia, mas o nosso loquaz poeta não se abala e defende-se evocando de Mário Jorge aos anjos da Capela Sistina, Michelangelo, Leonardo Da Vinci, a pintura barroca de Caravaggio, Michel Duchamps e as formas de Botero. Aí começa a fazer sentido...

Sim, Araripe também é erudito e cult! Em São Paulo conviveu com Hilda Hilst, a poetisa, e sempre exercitou, matreiro, um lado galã.

O governo pego de surpresa diz que vai investigar a travessura do poeta. Ah! Os poetas sempre prontos para fazer sonhar e escandalizar...barbarizar.

Com esse polêmico ensaio Araripe acabou de vez com o marasmo no nosso cenário artístico de vanguarda e abriu a discussão sobre a conveniência, ou não, de um voluptuoso ensaio nu em tempos de modelos anoréxicas!!!!

Lembro que em 1992 o fotografei para uma exposição. Quando chegamos ao seu apartamento, eu e meu marido, pedi que tirasse a blusa para que fizéssemos um retrato nu. No que ele refutou:

-Aiii, Ana Libório!

Pelo visto tomou gosto!

Texto e foto reproduzidos do site: infonet.com.br/analiborio

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 10 de dezembro de 2014.

Descobrindo Aracaju de Bicicleta

Foto: Max Augusto.

Infonet - Blog Araripe Coutinho - 30/09/2014.

Descobrindo Aracaju de Bicicleta.
Por Araripe Coutinho.

É sempre lindo andar na cidade de Aracaju. Premeditando o breque, você pode descobrir Aracaju pedalando. Se Mario Jorge disse “Aracaju, arcazul se não, se sim, caminhos do sul não são pra mim”, é mágico sair de bicicleta e ir conhecendo a cidade sob o desenho de Pirro. Está na hora de você abandonar o carro e ir de bicicleta. De preferência inverta o roteiro. O que quero dizer? Se você mora num bairro, faça o oposto. Seja o astronauta, ou melhor, o ciclista de sua própria história. Não tenha vergonha de parar a bike e pegar aquela flor para a amada, ou cheirar aquela cidreira que nasceu aleatoriamente no caminho. Você pode parar para tomar uma água de coco e deixar ela derramar um pouco sobre o peito enquanto seus olhos decifram os caminhos da cidade.

Com a bike, não há emissão de dióxido de carbono (CO2). Para a ONG Ciclo Urbano, a realização do Desafio Intermodal pode ser um instrumento de análise tanto do Poder Público, como da população aracajuana, para alcançar a mobilidade urbana sustentável e uma melhor compreensão dos deslocamentos cotidianos na cidade.

O mais interessante em descobrir Aracaju de bicicleta é poder levar os filhos também. Eles já começam a ser educados para o mundo sustentável. Sem falar do contato com os “pivetes” depois de um dia estressante de trabalho. É mágico. Os bebês também são levados pelos pais, explica Rinaldo Souza, da Pedal Livre em Aracaju. Esta semana a Pedal Livre visitou os Bairros Siqueira Campos, Grageru, Santos Dummont e promove o Roteiro da Luz, visitando os pontos iluminados de Aracaju, desde a Colina do Santo Antônio, às praças, museus e monumentos. A paixão pela bike tem crescido na cidade e hoje, além da Pedal Livre, tem a vida de bike, que faz treinamentos e dá suporte a quem quer levar o esporte a sério. Outros grupos também estão surgindo e são muito bem-vindos.

Aracaju é uma cidade para se descobrir pedalando. Aos poucos, como quem saboreia um sorvete de tamarindo do Castelo Branco, ou o pastel da Jane ou se derrete com o churro do calçadão, ou o queijo coalho na brasa da passarela do caranguejo ou os beijus e bolachinhas de goma do mercado. É o politicamente correto. O friozinho na barriga, o ventão na cara soprando e o olhar nítido sobre a cidade, longe da opressão do trânsito, dos automóveis, das motos, dos ônibus que invadem a privacidade dos homens.

Para quem está começando a pedalar, o ideal é que se procure lugares calmos, com pouca movimentação de pessoas e principalmente carros. Não vou dizer que o melhor lugar para pedalar é em parques, pois existem muitos parques que não tem estrutura para pessoas andarem de bicicleta, já que são muito cheios ou não tem espaço suficiente. É importante que se faça também um roteiro seguro, escolha um lugar iluminado e nunca vá só, por isso que os grupos são importantes.

Aracaju possui um quadrado na arquitetura que ajuda a descobrir a cidade. Saindo da Atalaia, por exemplo, você pode vir pela orla, cruzar pelo Miguel e respirar (não tenha medo de respirar) aquele ar puro do Parque da Sementeira, depois cruzar a ponte da Coroa do Meio rumo ao Calçadão da 13, dar uma paradinha no Memorial de Sergipe e seguir pela Rua da Frente, passar pela casa de Zé Peixe, o prático mais famoso do mundo, e olhar ali mesmo a casa de Lineu fotógrafo, Ilma Fontes, a bruxa-poeta que namorou Mario Jorge, e encontrar ainda o Centro de Cultura e Arte da UFS, mais à frente, antiga faculdade de Direito de Sergipe. Se tiver fôlego, dar uma subida pela Barão de Maruim, para fitar as casas seculares, quase todas já destruídas (é bem verdade!), mas que reservam ainda raros monumentos de arquitetura como a que morou Leandro Maciel e a que abriga o prédio do Iphan, esquina com Dom José Thomaz. Se quiser pode seguir o roteiro despretensiosamente e ver a Praça da Bandeira e a casa que morou Luiz Rabelo Leite, do outro lado. E não deixe de ir se emocionando com a “força da grana que ergue e destrói coisas belas”, mas que não tira de Aracaju o charme e a poesia, apesar do descaso dos governantes.

Pedalar, então, está na ordem do dia. Por que se fala andar de bicicleta? Porque é quase isso mesmo. Andar. Como se estivesse parado, descobrindo o mundo. A partitura de uma música, a magia de um som, ou o barulho da água do rio Sergipe na balaustrada da Avenida Beira-Mar, onde morou, um dia, Chico Decorador.

Que tal acordar cedo no domingo e convidar toda a família para pedalar pelas ruas do centro de Aracaju? Tomar café no mercado, sentir o cheiro de peixe que vem da maré e visualizar Aracaju sur-mer no dizer de Junot Silveira. Ou responder como Antonio Garcia Filho: “Aracaju, uma estrela”. Descobrir Aracaju de bicicleta é saber que Orestis Gatti esteve, um dia, pintando o teto da Catedral Metropolitana, é comprar o pão bisnaga na Panificação Sergipana ou entrar no Centro de Turismo, lembrando que ali já foi um dia palco de tantas emoções. Ou ainda no dizer de Ismar Barreto, na linda interpretação única de Amorosa. “Comer muito siri /andar de pé no chão /descer a Laranjeiras entrar no calçadão/voltar pra Aracaju /tomar um murici, então /à noite eu vou lá no Fan’s tomar chopp com o Pascoal /papo vai papo vem fofocar não faz mal(...)e quando o dia raiar vou ver a vida nascer te amo, Aracaju resolvi te viver!”. Então, pronto para acompanhar convite de Ismar?

De bicicleta podemos tudo. Aracaju é uma cidade para se descobrir pedalando, como um vinho de excelente safra, como uma criança que vai vendo a cidade com o peito aberto, livre, sem medo do tempo, como um filme de Ang Lee, uma viagem inesquecível pela cidade “Aracaju,Arcazul./Se não, se sim, caminhos do Sul não são pra mim”.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/araripe

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 10 de dezembro de 2014.

Araripe morreu de insuficiência respiratória


Infonet - Cultura - Noticias - 09/12/2014.

Araripe morreu de insuficiência respiratória
Corpo acaba de ser liberado pelo SVO

O poeta Araripe Coutinho morreu de insuficiência respiratória por causa de uma pneumonia bacteriana. O falecimento foi atestado pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO), e a causa morte foi dada ao Portal Infonet pelo coordenador do SVO, Ricardo Fakhouri. Seu corpo foi liberado pelo serviço e, de acordo com a Osaf, será velado na unidade da rua Itaporanga, centro da cidade. Porém, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) disponibilizou o teatro Atheneu para o velório e a família está avaliando.

Como Araripe Coutinho já foi atendido em óbito pelo Samu, o corpo não pode ser levado ao IML. O recomendado foi atestado no SVO.

Em julho de 2014, ele foi internado com pneumonia severa, causada por uma bactéria rara. Na época, chegou a passar por diversos e longos tipos de tratamentos que não foram eficazes. Após a internação e receber medicação intravenosa, Araripe apresentou sinais de recuperação e teve alta médica.

Na última quinta-feira, 4, ele caiu ao sair de uma festa e foi levado à Unidade de Pronto Atendimento Nestor Piva. Da UPA, ele postou uma nota nas redes sociais informando que havia quebrado a clavícula e tido uma parada cardiorrespiratória.

Sobre o poeta.

Araripe Coutinho tinha 45 anos e faria uma festa de aniversário para comemorar mais uma primavera no próximo sábado, 13.

O poeta nasceu no Rio de Janeiro em 1968, mas viveu em Aracaju desde 1979. Poeta e articulista em vários veículos de comunicação do Estado, sempre causou frisson ao escancarar a sociedade com seus textos e/ou imagens, a exemplo do nu artístico no Palácio-Museu Olímpio Campos. Este fato lhe rendeu uma entrevista histórica com o apresentador global Jô Soares.

Araripe causou polêmica e ficou conhecido nacionalmente no ano de 2011, quando foram divulgadas fotos suas, nu no Palácio Museu Olímpio Campos. Na época, Araripe revelou que as fotos foram tiradas em 2005 no período que o Museu estava fechado. Araripe participou do Programa do Jô, na Rede Globo, quando falou sobre a polêmica.

Por Raquel Almeida.

Texto e foto reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 10 de dezembro de 2014.

Morre o colunista Araripe Coutinho


Infonet - Cultura - Noticias - 09/12/2014.

Morre o colunista Araripe Coutinho
Ele foi encontrado morto em casa pelo filho

O colunista Araripe Coutinho faleceu na madrugada desta terça-feira, 9. Ele foi encontrado morto em casa pelo filho adotivo. Na última quinta-feira, 4, ele caiu ao sair de uma festa e foi levado à Unidade de Pronto Atendimento Nestor Piva. Da UPA, ele postou uma nota nas redes sociais informando que havia quebrado a clavícula e tido uma parada cárdiorrespiratória.

O poeta nasceu no Rio de Janeiro em 1968 mas viveu em Aracaju desde 1979. Poeta, articulista em vários veículos de comunicação do Estado, sempre causou frisson ao escancarar a sociedade com seus textos e/ou imagens, a exemplo do nu artístico no Palácio-Museu Olímpio Campos. Este fato lhe rendeu uma entrevista histórica com Jô Soares.

Autor de diversos livros de poesia, Araripe recebeu os títulos de Cidadania Aracajuana e Sergipana e é membro da Academia Sergipana de Letras. Foi diretor da Biblioteca Pública Municipal, apresentador de TV e escrevia uma coluna no Portal Infonet há mais de uma década.

A equipe de jornalistas do Portal Infonet está consternada com a notícia e envia sentimentos de pesar a família e amigos.

Texto e foto reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 9 de dezembro de 2014.

Entrevista com Araripe Coutinho


Publicado originalmente no site F5 News, em 14/08/2011.

“Ninguém quer ler nem jornal. Somos semi-alfabetizados”, diz Araripe.

Poeta quer cadeira na CMA. “O que eu tenho a ver com Tiririca?
Sou jornalista. Penso”.

Entrevista - Araripe Coutinho
Por: Silvio Oliveira.

F5 News - Araripe Coutinho nunca foi tão exposto como nos dias atuais. Como o poeta observa essa procura, e qual a causa?

Araripe Coutinho - Acredito que as pessoas querem coisas novas. Todo mundo fica nu todo dia, nada acontece. O que houve foi que as fotos de Sagatto eram de uma arte incrível. Atrelado a isso, dentro de uns móveis centenários divinos. Mais ainda: num museu. As pessoas queriam ver um modelo sarado, acharam a naja desnuda de Goya, encontraram a gorda de Botero deitada sobre papoulas amarelas e o viado. O viado entra aí como adereço. As pessoas ficam de cara quando alguém vai de encontro a tudo isso. E as fotos ganharam o mundo, a grande mídia, a Veja, a Época, o Bom Dia Brasil, o Jornal Hoje e os grandes jornais de circulação como a Folha, o Globo, Jornal A Tarde e não foram notas, foram páginas com chamada de capa. Acho que tudo isso mexeu com o subconsciente das pessoas. Como pode um assunto tão comum virar manchete da noite para o dia em todos os veículos e até na americana CNN? Não era o poeta, Não era a pessoa. Era o símbolo. O depositário em pose de revista, mostrando a pança. Que lúdico, que bizarro, que ousadia. Era isso. As pessoas começaram a se desnudar. Começaram a pôr para fora os seus preconceitos, os seus traumas, suas confissões mais íntimas e misturaram tudo: religião, sexo, arte, público, privado, santo, profano. Foi um mergulhar fundo no excesso, excesso de nós mesmos: espelho de nossos próprios medos.

F5News - A publicação das fotos pela imprensa nacional deu um toque especial à carreira do poeta ou foi pura procura da mídia pelo sensacionalismo?

A.C. Não. Na semana tinham fatos como a prisão de Pimenta Neves, a saída de Palocci... e quem ganhou no toptrends por dois dias no Brasil fui eu. Foi um fenômeno, algo que não se explica. O editor de Veja, Mario Sabino, escreveu página inteira como a imagem da semana. “Somos muito literais” – disse ele. Claro que tudo ajudou para a curiosidade pelo menos pelo meu trabalho de 20 anos de literatura e que ninguém nunca quis saber.

F5 News - Folha de S.Paulo, Veja, Rede Globo foram alguns dos meios de comunicação através dos quais o poeta concedeu entrevista. O senhor acredita que as fotos tiradas ganharam grande repercussão por serem clicadas num prédio histórico (Palácio-museu Olímpio Campos) ou por Araripe não está nos padrões de belezas imposto pelo mercado do corpo perfeito?

A.C. - As duas coisas. O prédio chamou a atenção. O lugar nunca escolhido pelas vedetes da Playboy. Mas a gordura localizada (chique , não?) foi a que mais deu panos para as mangas. As pessoas enlouqueceram. Piraram. O poeta está nu. Mostrando aquele saco de banha. Não é possível. Eu não estou acreditando e caíram matando.

F5 News - Há poucos dias, Araripe Coutinho foi entrevistado por Jô Soares. Sabe-se que por vezes o apresentador costuma colocar o entrevistado em enrascadas, com perguntas embaraçosas. Por vezes também tenta simplificar os acontecimentos e quando o entrevistado não está preparado, a entrevista termina seguindo o enredo da caricatura. Como foram os momentos no sofá do Jô?

A.C. - Ele, o Jô, é um lorde. Fiz a linha sério como se tivesse ido falar de um livro sagrado. Ele tentou, foi ríspido mandando tirar a foto do telão com a palavra “tire!”, desmaiou na cadeira, disse que poucas coisas na vida o deixaram sem palavras... mas eu tentei caminhar pelo lado sério para não servir de chacota. E foi o que ocorreu.

F5 News - Comenta-se que Araripe Cotinho ficou mais famoso pelas fotos do que pelos livros publicados e vendidos. O comentário enrijece o semblante do poeta?

A.C. - Acho isso natural. Ninguém lê poesia. Ninguém quer saber de ler nem jornal no País. Somos semi-alfabetizados e agora com o computador então. As fotos foram apenas um motivo para dizer: ele também escreve, e escreve bem. Veja!

F5 News - Com a grande exposição dos últimos dias partidos políticos sondaram Araripe Coutinho. Há pretensão de disputar algum cargo político?

A.C. - Quero ser o vereador mais votado de Aracaju. Serei um excelente parlamentar. Seria a naja desnuda da Câmara. Tenho muito a contribuir, sim. Consegui, à época, a construção da Biblioteca Municipal do Augusto Franco com recursos do BNDES, fui 8 anos diretor da Biblioteca Municipal “Clodomir Silva” e consegui a reforma da casa e um aumento no acervo da mais de 90%. Quero mudar a cara da cidade.

F5 News - Há alguns dizendo que o poeta poderia ser mais um daqueles como Tiririca, Romário, Frank Aguiar... que entraram na vida política por meio da fama e que representam a consciência, ou até mesmo a inconsciência, eleitoral da grande maioria brasileira. O poeta estaria enquadrado nesse contexto?

A.C. - Você sabe que não. Você pode ser cego, mas não é burro. O que eu tenho a ver com Tiririca, Romário, Frank Aguiar? Nada. Escrevo. Sou jornalista. Penso.

F5 News - Com o advento dos sites de relacionamento e da tecnologia a poesia continua num lugar de destaque entre as publicações ou procura se enquadrar as novas mídias?

A.C. - A poesia é para poucos, infelizmente. Ninguém quer saber. Ninguém. A geração Drummond, Bandeira, Quintana, Cecília passou. Agora temos Manoel de Barros, um gênio, mas ninguém nunca descobriu o pernambucano Marcos Acyoli. Dói.

F5 News - No mais, Araripe Coutinho para o futuro?

A.C. - Linda e loira. Sempre.

Texto e foto reproduzidos do site: f5news.com.br

Postagem originária da página do Facebook/Grupo MTéSERGIPE, de 9 de dezembro de 2014.

Ivan Valença recebe prêmio de destaque da Acese

Ivan Valença se torna “líder e vencedor” pela Acese.
Foto: Portal Infonet.

Infonet - Cultura - Noticias - 04/12/2014.

Ivan Valença recebe prêmio de destaque da Acese
O jornalista recebeu nesta quinta-feira, 04

Na noite desta quinta-feira, 4, o jornalista Ivan Valença foi homenageado mais uma vez. Com mais de 50 anos de carreira na profissão, o repórter Ivan Valença recebeu o prêmio Líderes e Vencedores, na categoria destaque profissional, pela Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese). O jornalista tem em seu currículo passagens pelo Festival Internacional de Cinema de Cannes, na França, e pela Mostra de Cinema de Milão.

O prêmio é dividido em oito categorias e entregue a cada dois anos a personalidades sergipanas. Ivan Valença foi escolhido para a categoria de destaque profissional, que reconhece trabalhos que apresentaram contribuição significativa para o desenvolvimento de Sergipe.

“Eu não sei fazer outra coisa na vida a não ser jornalismo”, foram as palavras de Ivan Valença. O jornalista falou dos anos de carreira que tem na profissão. “São 57 anos de carreira e eu queria mais 57 anos”, disse.

Ivan falou em ter ficado honrado com o recebimento do prêmio. “Me sinto extremamente honrado, porque afinal é uma escolha feita por uma entidade centenária a qual eu acompanho desde que comecei em jornalismo. É mais emocionante ainda porque não é uma entidade corporativa de jornalista, e sim do comércio”, explicou o jornalista. “Já fui dono de jornal, já fui dono de locadora de vídeo. Mas no fundo, no fundo, sempre fui uma coisa só: jornalista”, completou Ivan.

Ao longo da carreira

O jornalista Ivan Valença deu os primeiros passos no jornalismo em 1957. No estado, tem passagem pelos jornais “Gazeta Socialista” e “Gazeta de Sergipe”, e é também um dos fundadores do Jornal da Cidade, onde atualmente escreve.

“Seu Ivan”, como é carinhosamente chamado, colabora com diversos órgãos de imprensa alternativa e também com o Portal Infonet, onde escreve sobre política e cinema, além de colaborar com os chats durante as eleições.

Ivan Valença foi o precursor dos videoclubes de Sergipe. Ele criou a primeira empresa de vídeo-cassete do estado e a terceira da região Nordeste. O jornalista foi secretário adjunto de Cultura do estado e presidente da Fundação Cultural de Aracaju.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura

Postagem originária da página do Facebook/Grupo MTéSERGIPE, 6 de dezembro de 2014.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Homenagem de Araripe Coutinho a Marcelo Déda

Foto: Fredson Navarro/G1.

Publicado originalmente no site G1 SE, em 02/12/2014.

Araripe Coutinho recorda momentos com Déda e presta homenagem
Déda partiu num alazão da noite, cujo nome é raio, raio de luar, diz poeta.

Governador morreu no dia 2 de dezembro de 2013.

Do G1 SE

Nesta terça-feira (2) completa um ano da morte do governador de Sergipe Marcelo Déda. Ele faleceu aos 53 anos no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde estava internado para tratar de problemas decorrentes de câncer no estômago e no pâncreas. Ele lutava contra a doença havia quatro anos.

Uma missa será celebrada pelo padre Peixoto a partir das 19h desta terça-feira (2) na Igreja Jesus Ressuscitado em Aracaju, pela passagem do primeiro ano da morte do governador.

O poeta, escritor e jornalista Araripe Coutinho recorda a data fazendo uma homenagem. Confira na íntegra:

Déda: foi ontem

Um ano de adeus. Lágrimas não cabem neste adeus. A imagem que me vem é de Eliane Aquino que sempre me beijou com amor de mãe. No Sírio Libanês, na porta do hospital, não me deixaram entrar. Eu também não aguentaria. Deixava flores, bombons e cartões no seu prédio. A sua mulher deve ter recebido tudo. Parece que foi ontem. Com Rose Nascimento, amiga de Déda, jantamos e pedimos que colocasse um prato para ele. Rose declamou pra mim “Lázaro: obra prima. Chorei, pedi pra ela parar, quase gritando pedi um amarula. A noite foi descendo: eu Lázaro, eu Maria Madalena. Cristo cai pela terceira vez.

"O tempo escreve com as linhas tortas do meu rosto a certeza da finitude e os homens não param de bater à minha porta para saber o que pensam que sei. Como um fantasma teimo em estar entre eles. Estou só e sou único sob os céus que alevantastes".

"Então, aos pés das muralhas, ouvindo Pedro, compreendi: ressuscitastes, Senhor, mas não ficastes aqui para enfrentar a marcha dos dias, acompanhar a falência das horas, e o drama dos ocasos quando o céu do deserto se ensanguenta para dar passagem à noite - voltastes ao Pai e destes fim à solidão do Deus de Israel. Mas, perdoa-me, Rabi, deixaste-me aqui com o fardo do ressurrecto que não mudou sua condição mortal nem reinventou a fortaleza da carne nem se livrou da angústia da morte - condenado a cumpri-la duas vezes."- do "Lázaro", de Marcelo Déda.

Fiquei a lembrar da vez que me recebeu em seu gabinete, mostrando-me o acervo riquíssimo de Florival a Jenner, quadro por quadro, na parede, e eu me sentindo todo importante com todo mundo olhando. Quem é “essezinho”? Depois nos sentamos e ele estava lindo, normal, calmo. O fantasma da ópera não tinha aparecido ainda. Lembrei da sua fidelidade a Oliveira Junior, a quem chamou na minha audiência. Rode o livro do poeta e assim foi feito. Ele adorava Oliveira Jr.

Na imagem de 1 ano de partida, vejo a figura de Eliane Aquino e com ela me lembro de Maria. “Junto da Cruz de Jesus estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de de Cléofas, e Maria de Magdala. Ao ver sua mãe e, junto dela, o discípulo que Ele amava, Jesus disse a sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua mãe”. E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa. Depois, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse: “Tenho sede”. Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam uma esponja no vinagre e, fixando-a a um ramo de hissopo, levaram-Lha à boca. Quando Jesus tomou o vinagre, disse: “Tudo está consumado”. E inclinando a cabeça, rendeu o espírito.” Todo o sacrifício e resignação foi para Eliane Aquino, que como Jesus deve ter dito, no fundo do seu coração: “Eloi, Eloi, lamma sabacthani? Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? Assim vejo Eliane Aquino, a quem aprendi a amar em silêncio, a quem nunca pedi nada. Cristo cai pela terceira vez.

A vida crucis de Eliane Aquino a fez melhor pessoa, melhor gente, melhor mulher. Déda nunca escondeu seu filho especial, de mesmo nome dele, ao contrário de Jô Soares, que nunca quis mostrar o seu, enquanto Diogo Mainardi escreveu “A Queda’, em homenagem ao filho com paralisia cerebral. Nunca Déda me viu para não me homenagear.

“Está o poeta ali com sua Louis Vuiton.Um boné que ganhei de Clodovil. Ele era de uma percepção única e um bom gosto irreparável.Tudo está consumado. Parece que foi ontem. Agora enquanto escrevo as três da manhã. choro copiosamente. Não tive forças, pela minha doença, de ir ao funeral do rei".

“De repente do riso fez-se o pranto silencioso e branco como a bruma?E das bocas unidas fez-se a espuma. E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento, que dos olhos desfez a última chama e da paixão fez-se o pressentimento. E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente. Fez-se de triste o que se fez amante e de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante. Fez-se da vida uma aventura errante. de repente, não mais que de repente.” Nosso poetinha Vinicius de Moraes.

Nos meus alfarrábios meticulosos fui encontrar o texto do ex-bispo auxiliar de Aracaju. Assim falou Dom Henrique Soares da Costa “Convivi com Déda muito pouco, mas ele sempre me fascinou desde que o conheci. Ele foi um homem que buscou a vida toda o sentido das coisas. Déda tanto em nível pessoal, humano como no nível do fazer político, sempre procurou o sentido das coisas e ser fiel a esse sentido.
Era um peregrino, um mendigo do sentido. Ele não se contentava. Sentia isso nele, não se contentava apenas no fazer, mas num fazer que brotasse de um sentido. Quando soube da doença dele a minha maior preocupação era essa que sentido ele daria a essa doença e a sua morte. Porque este é o desafio da vida da gente, porque somos capazes dos maiores sacrifícios, das maiores dores se a gente encontrar o sentido.

Mas se o homem não encontrar o sentido ele desaba, não suporta. E Déda era inquieto e ativo, um homem de reflexão e minha preocupação era essa. Por isso tive um grande consolo, uns quinze dias antes da morte dele tive no Sírio, quando segurei na mão dele e perguntei: Déda já encontrou o sentido para isso? E encontrei um homem em paz, em paz com sigo, com a história que construiu e em paz com Deus. Déda morreu diante de Deus. Ele não só morreu fazendo as contas com o passado dele, não só morreu fazendo as contas com a história pessoal e política dele, certamente é uma história superavitária.Déda soube viver, mas já era um homem que se olhava diante da eternidade.

Quando o encontrei era um homem que já estava como alguém que toma um barco levanta a âncora, corta a corda e tudo vai tomando distancia e vai vendo tudo sob uma nova perspectiva. Déda morreu já vendo tudo que ele tinha vivenciado na perspectiva da eternidade. Por isso morreu maduro.

Por isso morreu não como alguém que é colhido de surpresa pela morte, mas como alguém que morreu dizendo eu sei o que vivi e agora entrego a minha vida. Isso me emocionou muito foi um encontro muito bonito com Déda. Dou esse testemunhou que esse é um desafio de todos nós, meu como bispo e de todos vocês. Dar um sentido a vida, porque a vida passa. E triste de nós se na nossa hora de ir não tivermos a graça de termos um sentido.

Que Deus acolha e certamente o acolheu. E que Deus nos ajude a mim e a vocês a encontrar e viver de modo coerente com este sentido. Acho que é um dos grandes legados de Déda isso transpira em tudo que ele fez no homem político, no poeta, no ser humano que foi. Com a morte os sergipanos como de repente viram o homem que os liderava. Mas tudo por causa do sentido. Que nós sejamos como ele: mendigos buscadores do sentido.”

Assim como diz Thomaz Man de “Morte em Veneza”, “O homem é essencialmente um enfermo” no livro “A montanha Mágica”. Agora eu me permito transmutar do corpo e abraçar a Eliane e toda a família. Foi ontem sim. Foi hoje. Será sempre. Lázaro curando as feridas. Ressuscitado por Cristo. Déda partiu “num alazão da noite, cujo nome é raio, raio de luar.”

Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/se

Postagem originária da página do Facebook/Grupo MTéSERGIPE, de 2 de dezembro de 2014.