quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Um Projeto Modernizado e Urbanístico - Parte 4


Relatório de Viagem: Visita a Cidade de Aracaju
Tema: Aracaju, o projeto modernizador e seus revezes (1910-1930)
Por Joemia Maria Gomes Mota.
Aluna do curso de graduação licenciatura em História/UFS.
Polo: Propriá/SE.

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Um Projeto Modernizado e Urbanístico - (Parte 4)

Os homens pobres ocupavam as margens do quadrado de Pirro, suas condições de vida em Aracaju eram precárias, apontando outro lado da modernização defendida pela elite aracajuana. Fora do plano urbanístico nasce a outra Aracaju, Chamada ¨Cidade de Palha¨formada por camponeses pobres do interior e ex-escravos sem empregos vindos de engenhos, compostas por milhares de casebres de taipa atrás das altas dunas, sem saneamento, sem organização.Nela moravam operários, trabalhadores do comercio, empregadas domésticas, prostitutas e desempregados e os pobres migrantes do interior, e muitos desses pobres trabalhavam nas fabricas de tecidos. (...).

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A CLASSE OPERÁRIA

Do final do século XIX para o inicio do século XX, o operariado era uma classe pequena, girando em torno de 4.000 pessoas, mas os números não pararam de crescer depois da virada do século. As condições de trabalho dos operários sergipanos eram ruins, pelos seguintes motivos: não existiam leis que protegessem os trabalhadores; Os salários eram baixíssimos; A jornada de trabalhos chegava há 12 horas por dia. As precárias condições de vida e de trabalho levaram a classe operaria a se organizar e lutar por direitos. Foram criadas associações como o Centro Operário Sergipano, como também diversos jornais defendiam os direitos dos trabalhadores da indústria, a exemplo de ¨Operário¨ e ¨O Trabalho¨.

As greves realizadas pelos trabalhadores sergipanos, que na maioria eram repremidas brutalmente pela policia estadual. A repressão talvez seja a causa principal no levantamento de informações em torno do que pensavam os homens pobres ou operários de fabricas de tecidos na maioria as informações são omissas quanto a relação do cotidiano dos operários. Maria Antonia de Oliveira, Dona Antonia como era chamada por todos, inicialmente trabalhou como domestica, em seguida ingressou na ¨Sergipe Industrial¨ em meados da década de 1920. D. Antonia trabalhou nas duas fases antes e pós Thales Ferraz, permanecendo trinta anos na mesma fabrica, não sendo uma única vez despedida, diferenciando-se das operarias que não conseguiam ficar tanto tempo no mesmo trabalho. D. Antonia considerava-se diferentes das demais colegas, pois não admitia receber repreensão, assim procurava cumprir todas as suas obrigações e não aceitava participar das ägitações¨contra a fabrica. Em sua vida fora da fabrica D. Antonia era voltada para os afazeres domésticos, frequentava as missas ou visitava doentes e, em períodos de festas juninas, participava das danças de coco. Na época que trabalhava na ¨Sergipe Industrial¨. D. Antonia residia no Santo Antonio, possuía as mesmas condições de vida das colegas de trabalho, e demais vizinhos do mesmo bairro. Morava em casa de taipa e de palha, enfrentava temporais e problemas diversos em torno de falta de saneamento e ganhava somente o suficiente para sua sobrevivência. D. Antonia mantinha-se omissa a realidade do mundo do trabalho falava pouco dos conflitos existentes na fabrica, sempre deixava claro que existia uma fabrica sem problemas e confrontos, e idealizava os seus patrões como homens bons, honestos e dedicados aos trabalhadores. Em relação aos funcionários descontentes D. Antonia afirma que quem não cumpria suas atividades não compreendia o trabalho, cometendo erros na produção e provocando os rotineiros acidentes de trabalhos. Procurando a todo o momento justificar que não houve problemas com ela, que cumpria as atividades, era dedicada, eficiente e passiva. Em descrever-se D. Antonia configurou-se no protótipo desejado por alguns segmentos sociais envolvido no discurso modernizador. Entretanto D. Antonia não era tão omissa e passiva, pois nunca deixou ser enganada por qualquer pessoa, tinha consciência de sua condição de vida e dos preconceitos existentes na época, por causa de sua condição financeira e sua cor. O operário em formação travou modos de lutas individuais nas relações diárias com colegas, patrões, policia etc. de diversas maneiras. A palavra falada era um instrumento essencial para descarregar as ofensas e as opressões e com os depoimentos dos operários, percebe-se uma memória popular viva, conflituosa. Essa memória retrata um passado não muito feliz, completo de exploração, maltratos, multas e muitas confusões. Ela contradiz a visão de ¨progresso¨, de ¨modernização¨ defendida pelo discurso modernizador.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo modernizador trouxe diversas conquistas para Aracaju, como é o caso das instalações das fabricas de tecidos, que representava o símbolo de desenvolvimento em Sergipe. À medida que a cidade passava pelo processo de urbanização, chamava a atenção das camadas pobres, ocorrendo à imigração de homens pobres do campo em busca de melhores condições de vida. Contudo ao chegar à cidade a realidade era outra, pois sua condições de vida não se encaixam dentro dos padrões de modernidade estabelecido pela elite do ¨Quadrado de Pirro¨. Com isso a camada pobre foi excluída, explorada e esquecida, tudo em favor da modernização aracajuana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II, São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2010.
CORRÊA, Antonio Wanderley de Melo, ANJOS, Marcos Vinicius dos, CORRÊA, Luiz Fernando de Melo. Sergipe nossa história: ensino fundamental – Aracaju: Edição 2005. 96 p. : Il.

SITES
leiatrevida.blogspot.com – visualizado no dia 25.12.2012
neritacarvalho. blogspot.com – visualizado no dia 25.12.2012.

Foto e texto reproduzidos do blog: joemiamota.blogspot.com.br
De: Joemia Maria Gomes Mota

(Editado por MTéSERGIPE, divulgação em 15.02.2013.

Foto: D. Antonia
Fonte: acervo prof°. Antônio Lindvaldo

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 15 de fevereiro de 2013.

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