Caranguejo a Identidade Gastronômica de Aracaju
Por Janaína Lima
O Nordeste, como mencionamos no post anterior, tem muitos
alimentos típicos, fruto da sua colonização e ocupação. As diversas cozinhas
que existem no Brasil preparam muitas vezes os mesmos ingredientes de formas
diferentes, com aplicação de técnicas, inclusão e adaptações de ingredientes
locais. São muitos os pratos tradicionais de uma localidade e, na maioria das
vezes, estão muito bem definidos.
A construção de uma identidade cultural sólida é um fator
bastante importante para a manutenção e a preservação desses elementos junto à
comunidade e às futuras gerações. A disseminação da identidade local, seja pela
preservação de seu patrimônio histórico, pela exaltação de suas manifestações
folclóricas e artísticas, e também pela sua gastronomia, promovem a localidade
e criam nos moradores o sentimento de satisfação, amor e identificação pelo
“seu”.
Através da gastronomia, hábitos alimentares tradicionais
podem ser apreciados e compartilhados entre os moradores locais e aqueles que o
visitam, difundindo a memória, a tradição e a identidade que a comida
transmite.
Muitas cidades promovem atualmente diversos tipos de turismo
como, por exemplo, o religioso, de aventura, cultural e o gastronômico. Muitos
apreciadores deslocam-se pelo país no intuito de experimentar a cultura
gastronômica local. Esse tipo de turismo reforça a identidade culinária das
regiões e a promovem Brasil afora.
Aqui em Sergipe existem alguns pratos consumidos com
bastante frequência como o sururu, a feijoada sergipana, a pituzada, o
sarapatel, dentre outros, cada qual com sua devida influência de acordo com a
atividade local das cidades.
Matéria-prima abundante, encontrada de norte a sul do
estado, com algumas iniciativas de proteção da catação e preservação dos
manguezais, nossa estrela da vez é o caranguejo, que possui enorme relevância
para Sergipe, envolvendo uma série de atores da comunidade como os catadores,
os comerciantes e os consumidores finais.
Em Aracaju, capital do estado, a Passarela do Caranguejo,
localizada na orla da cidade, que concentra uma série de bares e restaurante
especializados no prato, confirma a identidade do povo com essa iguaria. Todos
os dias, mas principalmente nos finais de semana, muitos sergipanos
encontram-se ao longo da Passarela para degustar, junto com uma infinidade de
turistas, esse prato típico acompanhado da famosa “cervejinha” estupidamente
gelada.
O consumo não se restringe a essa área da cidade. É possível
comê-lo nas praias e em diversos bares. Pode ser feito cozido em água e sal e
acompanhado de um vinagrete (aqui se entende por tomate verde, pimentão,
cebola, coentro e cebolinha picados), o mais tradicional, ou então como recheio
em pastéis, fritadas e alguns petiscos. Há quem venda somente as patinhas,
gordinhas, já limpas, que podem ser empanadas e ficam deliciosas!
Antigamente no RJ era comum vermos aquela “jaulinha” na
frente dos botecos com os bichos ainda vivos. Aqui não é assim. No caso do
Guaiamum, uma espécie azulada de caranguejo, muita gente faz em casa seu
próprio criatório, o limpam semanalmente e engordam o danado com cuscuz até o
ponto da degustação. Chamam a família, os amigos e deliciam-se à vontade com
suas tábuas, martelos, técnicas e muita prosa.
Quem não cria os adquire no Mercado Albano Franco, no centro
da cidade. Vendem-se muitas variedades de mariscos, peixes, frutas, temperos,
inclusive os dois tipos de caranguejo, que dividem a preferência dos comensais.
O Guaiamum, diferente do caranguejo tradicional, é servido com um pirão.
Segundo minha amiga e apreciadora Mariana Menezes, “a carne do Guaiamum é mais
adocicada, ele geralmente é cevado em cativeiro; portanto; a gordura do casco é
mais gostosa”. Outras amigas entrevistadas só comem o caranguejo e nunca
provaram seu congênere azulado. Portanto, em sua visita, vale provar dos dois e
depois dividir conosco sua preferência.
Colaboradores: Liduína Calasans, Márcio Gonçalves, Mariana
Miranda e Shelry Rodrigues.
Foto e texto reproduzidos do site: coletivogourmet.com.br
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 13 de fevereiro de 2013.
Gostei do texto! Ótimas informações sobre esse hábito tão sergipano! Apenas uma ressalva, pois no texto se afirma que 'O Guaiamum, diferente do caranguejo tradicional, é servido com um pirão'. Embora algumas pessoas realmente prefiram comer somente o guaiamun acompanhado do pirão, é também bastante comum isso ocorrer com o caranguejo tradicional, sendo inclusive oferecido em vários dos restaurantes que servem a iguaria.
ResponderExcluirNo mais parabéns pela iniciativa!
Obrigado pelo comentário caro Berto. Um abraço, Armando.
Excluir