Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 06/04/2005.
Três Figuras Atuais.
Por Luiz Antônio Barreto.
Sergipe conhece pouco os seus filhos mais ilustres. Tanto
aqueles que deixaram a terra berço em busca de oportunidades, construindo em
outros Estados as suas biografias, quanto os que aqui permaneceram, no
cotidiano do trabalho, mantendo acesa a chama da sergipanidade, conjunto de
traços que identificam, em qualquer lugar, quem nasce ou vive no dorso desse
pequeno território entre os rios São Francisco e Real, entre o mar oceano e as
fraldas das serras da Tabanga, de Itabaiana, da Miaba, do Canine, elevações que
mantém à vista e íntegros os limites, que já foram maiores. Há quem procure
comparar, por exemplo, a constelação de vultos que Sergipe deu ao Brasil entre
a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, como a
querer identificar igualdades. Cada tempo responde por gerações, sem que se
possa cobrar os mesmos destaques. A continuidade existe.
Nesta mesma semana três figuras atuais de Sergipe completam
anos, permitindo que se faça, em torno deles, uma viagem interessante, que ateste
a contribuição de cada um. José Silvério Leite Fontes, no dia 6 de abril
completa 80 anos, Francisco Guimarães Rollemberg, no dia 7, 70 anos, e João
Gomes Cardoso Barreto, no dia 8, 75 anos. É preciso, de logo, constatar que
hoje se vive mais e se vive melhor, na comparação inevitável com o os séculos
passados, quando morreram velhos Tobias Barreto, aos 50 anos, e Silvio Romero,
aos 63. Ou, ainda, mortos novíssimos, como o poeta José Jorge de Siqueira
Filho, colega de Sílvio e de Tobias, irmão da professora Etelvina Amália de
Siqueira, que pouco passou dos 20 anos. O exemplo local é a menor, o mesmo do
Brasil, que viu morrer Castro Alves aos 24 anos, e assistiu a uma geração
inteira se despedir da vida na casa dos 20 anos.
José Silvério Leite Fontes.
José Silvério Leite Fontes, nascido em Aracaju, em 1925,
aqui estudou até seguir para a Bahia, onde fez o curso jurídico, formando-se na
turma de 1946. Tornou-se professor do ensino médio, em vários colégios, e do
ensino superior, sendo um dos fundadores da Faculdade de Direito de Sergipe, em
1950 e um dos mais destacados professores do ensino universitário, passando a
compor o quadro do magistério da Universidade Federal de Sergipe, a partir de
1968. Advogado, Conselheiro da OAB, notabilizou-se pelas lutas em defesa dos
direitos humanos e do Estado democrático. Funcionário federal da Inspetoria
Seccional do Ministério da Educação exerceu cargos públicos, colaborou com a
administração do governador Arnaldo Rollemberg Garcez. Jornalista, colaborador
assíduo da imprensa, especialmente da Gazeta de Sergipe e de A Cruzada.
Escritor, com obra afortunada de boas críticas, destacando Razão e Fé em
Jackson de Figueiredo. Escreveu outros livros, sobre a formação de Aracaju, a
historiografia marxista, o pensamento jurídico sergipano, emprestando visões
interpretativas singulares aos seus trabalhos. José Silvério Leite Fontes
integra a Academia Sergipana de Letras, sentado na Cadeira nº 5. Acometido de
uma doença que vem reduzindo os seus movimentos, enfrenta, resignadamente, como
homem de fé, a adversidade e atinge hoje 80 anos.
Francisco Guimarães Rollemberg.
Francisco Guimarães Rollemberg, natural de Laranjeiras, tem
uma biografia de êxitos. Aliou, como poucos, sua profissão de médico,
conquistada em 1959 na Faculdade de Medicina da Bahia, com a vocação política,
obtendo mandatos seguidos para a Câmara Federal, desde a primeira eleição em
1970, seguindo-se 1974, 1978, 1982, sempre com votações explêndidas de um
verdadeiro campeão de votos. Em 1986 elegeu-se Senador da República e em 2002
disputou o Governo do Estado. Com uma atuação parlamentar antenada com a
atualidade brasileira, reservou parte de sua energia para oferecer uma
contribuição especial a Sergipe, fosse na organização do Perfil Parlamentar de
Fausto Cardoso, obra grandiosa e essencial, fosse na defesa dos limites de
Sergipe, confiscados pela Bahia e jamais repostos. Homem de sensibilidade
artística ingressou na Academia Sergipana de Letras para ocupar a Cadeira nº
15. Enquanto exercia os seus mandatos ligou-se a outras entidades culturais,
especializou-se em vários campos da vida brasileira, fez o curso de Direito, e
se tornou, pelos seus pronunciamentos, num dos mais completos políticos
sergipanos. Aos 70 anos, em plena atividade profissional, curte a maturidade
política e cultural, ciente do que representa para o Estado e para o povo
sergipano.
João Gomes Cardoso Barreto.
João Gomes Cardoso Barreto, nascido em Maruim, viveu grande
parte dos seus 75 anos a completar no dia 8 de abril, em Aracaju onde fez de
quase tudo, com perfeição. É um homem que a modéstia tem impedido de ser dos
grandes sergipanos, pela capacidade de observação, pelo preparo, pelo volume de
informação, pela cordialidade no trato e civilidade na convivência. Tem a
experiência do servidor público, no melhor sentido, dando à Assembléia o seu
talento como Redator de Debates, função que vai além da técnica, para exigir
conhecimento das nuances políticas e administrativas do Estado. Foi, por várias
oportunidades, Secretário de Estado, na Prefeitura com Cleovansóstenes Pereira
de Aguiar, na Administração, no Governo estadual com Djenal Queiroz na Casa
Civl, ao lado de Djalmir Queiroz, com João Alves Filho, na principalmente na
Educação, repetindo o esforço em prol da escola pública.
Referência viva, com uma memória agigantada pelo interesse
de guardar tudo o que tem relação com Sergipe, João Gomes Cardoso Barreto envelhece
reconhecido pelo círculo grande de amigos e de admiradores que amealhou ao
longo dos anos. É possível, portanto, distinguir dentre muitos homens e
mulheres ilustres, figuras que exercem suas vidas vitoriosas, como outros o
fizeram no passado.
Fonte "Pesquise - Pesquisa de Sergipe/InfoNet".
institutotobiasbarreto@infonet.com.br.
Imagens e texto reproduzidos do site:
infonet.com.br/luisantoniobarreto
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 14 de setembro de 2014.
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