quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Paulo Corrêa: o pesquisador da música e da cultura nordestina


Publicado originalmente no site Osmário Santos, em 10/08/2009.

Paulo Corrêa: o pesquisador da música e da cultura nordestina
Por Osmário Santos.

Paulo Corrêa Sobrinho nasceu a 11 de março de 1960, na cidade de Lagarto/SE. Seus pais: José Correia Sobrinho e Orlette Corrêa Santos. O pai é um dos comerciantes mais antigos da cidade de Lagarto e marcou atuação no segmento de eletrônicos, perfumaria e papelaria, com a firma que leva seu nome, hoje administrada pela filha Aline Corrêa, que mantém a tradicional empresa, agora voltada exclusivamente para o ramo da papelaria e perfumaria. Foi o primeiro comerciante a vender televisão colorida em sua cidade e um dos cinco sócios que criaram a primeira emissora de rádio, a Progresso AM. Vereador por três mandatos, assumiu a presidência da Câmara Municipal. Como desportista, presidiu o Lagarto Esporte Clube, conseguindo o vice-campeonato estadual durante a sua gestão. Com ele o filho aprendeu a lutar sempre para garantir a sobrevivência e sua maneira de ser comunicativo. Sua mãe, além de cuidar dos cinco filhos e ajudar o esposo na firma José Correia Sobrinho Ltda, nos anos 80 trabalhou até se aposentar na Secretaria estadual de Administração, lotada em Lagarto, onde desenvolvia ações sociais. Marcou presença junto com o esposo em ações desenvolvidas pelo Rotary Club de sua cidade. Dela herdou seu lado alegre e companheiro.

No Colégio Nossa Senhora da Salete, em sua terra natal, faz o primeiro grau. “Um tempo de grande importância em minha vida diante das primeiras amizades, onde comecei a identificar as coisas que mais gostava e que são o cinema, música, fotografia e literatura”.

Da infância em Lagarto, momentos de felicidade e de viver na cida de e no campo, pois os seus avós maternos, Isolino e Pureza, e paternos, Pedro e Idalina, eram proprietários de sítios. “Tirava frutas no pé, jogava futebol e participava de outras brincadeiras aos finais de semana e férias. Tempo bom”.

Registra que o gostar de escrever foi graças as aulas de português no Colégio Nossa Senhora da Salete voltadas para a redação com a professora Josete.

Em 1976 vem estudar em Aracaju e nos primeiros momentos tem abrigo na casa da tia Bia, na rua Boquim.

No Colégio Arquidiocesano estuda o segundo grau. “O colégio dirigido pelo monsenhor Carvalho me deu uma base mais sólida diante de seus bons professores, a exemplo de Chico, em química, Antônio Samarone e Genival Nunes, em biologiab e Clímaco, em Moral e Cívica”.
Não esquece de dizer que ouviu quando jovem muito rock dos Beatles, Rolling Stones e Elvis Presley.

Mesmo sem ter definido em sua mente o curso superior que iria fazer, por ser bom aluno de química e até pela boa performance do professor Chico nessa disciplina no seu tempo de Arquidiocesano, faz com sucesso vestibular para Engenharia Química na Universidade Federal de Sergipe, em 1979. “Tive um bom aproveitamento em todas as matérias nos meus momentos de estudante universitário”.

Quando estava no meio do curso, percebendo que não era o que de fato queria, deixa de lado os dois anos e meio de estudos e cai fora da universidade.

Prepara-se para enfrentar concurso público, submete-se ao da Caixa Econômica Federal e sai aprovado. Como bancário, trabalhou nas agências de Tobias Barreto, de Estância e na agência central de Aracaju. “Tinha até um bom salário, mas trabalhava para a minha sobrevivência, pois nunca fui motivado pelo serviço bancário”.

Depois de 15 anos como bancário, tempo que considera longo, faz opção para trabalhar exclusivamente na área da arte e cultura em Sergipe e começa um novo desafio em sua vida.
Não desistiu dos estudos, pois Direito, Jornalismo e Informática estão em sua mente e pretende retomar os estudos.

Desde o tempo de estudante e de banco admirava e pesquisava tudo ligado ao cinema. Não é por menos que tem toda coleção de filmes de Charles Chaplin a quem considera o mais completo ator e diretor do cinema em todos os tempos.

Na música um xodó todo especial desde menino. Considera o segmento mais forte no campo da artes que aprecia.“Comecei a conhecer em 1976 as obras de Chico Buarque, Milton Nascimento, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro”.

Começa a trabalhar como produtor cultural fazendo trabalho por conta própria e aproveita a experiência da realização do 1º Festival de Música Lagartense, que realizou juntamente com o amigo Floriano Fonseca. “Foi o primeiro festival em que o Grupo Cataluzes se apresentou. Em Aracaju comecei a participar de alguns projetos de pesquisa e de discografia ligados à música brasileira, tais como Raul Seixas e Luiz Gonzaga.

A convite de João Francisco dos Santos, mais conhecido como “Chico Buchinho”, que assumiu a Funcaju na primeira administração do prefeito Marcelo Déda na Prefeitura de Aracaju, Paulo Corrêa assume a chefia de Gabinete da presidência da Fundação. “Nessa época tive oportunidade de criar dois projetos que tiveram uma boa aceitação e que até hoje são realizados anualmente no período junino desde 2001. O Fórum de Forró de Aracaju e a Marinete do Forró, que faz o circuito pelas ruas de Aracaju com os turistas”. Também fizemos a coordenação do Festival de Violeiros Repentistas, iniciado pelo Cultart numa área pequena no ano de 2000 e partir do ano seguinte, realizado em parceria com a Funcaju. Como o evento cresceu, teve de ser transferido para o mercado municipal.

Em 2007 recebe convite do professor Luiz Alberto para trabalhar na assessoria cultural da Secretaria de Estado da Cultura, onde continua, graças ao reconhecimento do seu valor pela nova secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino. “Paralelo ao trabalho na Cultura, faço um trabalho de pesquisa para a gravadora Revivendo de Curitiba, no Paraná. A gravadora realiza um dos projetos de maior importância para a memória da música brasileira. Resgata para o CD as obras dos grandes compositores e cantores do Brasil nas décadas de 20 a 60. O meu trabalho no momento é voltado para Luiz Gonzaga. Toda vez que vai lançar um CD de Luiz Gonzaga a gravadora entra em contato comigo para que eu faça a indicação de repertório”.

Diz que tem um episódio interessante diante do trabalho que vem fazendo para a série de CDs “Luiz Gonzaga sua Sanfona e seus Amigos”, fica por conta do volume quatro, pela descoberta de uma música inédita do saudoso forrozeiro, 18 anos após sua morte. “É a música Renascença, que fala da transformação do Nordeste depois de uma terrível seca com a chegada da chuva. Em conversa com o compositor caruaruense Onildo Almeida, autor da música, ele me informou que Luiz Gonzaga tinha gravado em estúdio sua composição no ano de 1984 e a música tinha ficado como sobras de gravação. De posse dessa informação, comuniquei os dados para o presidente da Revivendo, o Sr. Leon Barg, e o mesmo providenciou a liberação junto à BMG Music, detentora do fonograma”.

Além do trabalho de assessor cultural na SEC, Paulo Corrêa tem três projetos pessoais que está pensando em formatar. “Não vou poder detalhar, mas é um CD homenageando Aracaju, a proposta de um livro e de um documentário musical para o cinema”.

Produz e apresenta na rádio Aperipê dois programas semanais: na AM 630, o programa Madrugada Livre Especial Musical, que vai ao ar da 0h às 3h, nas sextas-feiras, e na FM 104.9 o programa Nação Nordestina, que vai ao ar aos domingos, das 8h às 10h.

É casado com Kalina Elizabete desde o ano de 1993 e pensa em ter filhos. “Ela é natural de Campina Grande, na Paraíba, e a conheci nos festejos juninos daquele cidade. É a pessoa mais importante na minha vida e uma companheira de todas as horas”.

É de opinião que a vida é grande desafio e tem que ser vencida degrau por degrau, passando por obstáculos difíceis, mas com fé e muita luta tem a certeza da vitória.

Texto reproduzido do site: usuarioweb.infonet.com.br/~osmario
Foto reproduzida do Facebook/Paulo Corrêa.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 17 de setembro de 2014.

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