Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 24/12/2009.
Pascoal Nabuco: Vistos, Etc.
Por Luiz Antônio Barreto.
Poucos homens públicos sergipanos, nos últimos 50 anos de
história, construíram um acervo crítico como o fez Manoel Pascoal Nabuco
d’Ávila, desde que assumiu a Prefeitura Municipal de Estância, até aposentar-se
como desembargador do Tribunal de Justiça do Estado. Homem de jornal, advogado,
Promotor de Justiça, chefe do Ministério Público estadual, Secretário de
Estado, por mais de uma vez, magistrado e presidente do Poder Judiciário,
Pascoal Nabuco valeu-se das chances de exercer o Poder, para contribuir com o
debate público, fortalecendo todas as vias de avanços para a sociedade
sergipana. O fato de não pertencer a um partido, nem pretender disputar
mandatos, singularizou o tipo de atuação política de Pascoal Nabuco como
articulador, mediador de conflitos, intérprete de vozes importantes no cenário
político sergipano. Os justos aplausos que recebeu foram sempre maiores que as
reações, veladas, de que foi vítima. Pascoal Nabuco não alterou o seu papel nas
diversas posições que ocupou, mostrando-se permanentemente capaz de ser um
mestre do diálogo, numa terra onde nem sempre é o diálogo que prevalece.
Experiência singular como Prefeito de Estância, eleito pela
legenda do Partido Trabalhista Brasileiro, deposto e preso em 1964, marcado
pela intolerância nos quartéis por onde andou e cumpriu pena. O contato direto
com os munícipes e a consciência ideológica que movia seu engajamento nas
causas nacionais mais justas, ao lado das suas realizações administrativas,
superaram o transe da deposição e do isolamento. A formação jurídica, sempre
aperfeiçoada, supriu as aspirações da sobrevivência, abrindo caminho para a
construção de uma biografia densa, lúcida, respeitável, sem necessariamente
tentar recuperar o mandato perdido.
O nome de Pascoal Nabuco está associado a diversas
iniciativas que modernizaram a administração pública, notadamente pelos
serviços prestados ao Ministério Público, conforme se pode observar,
comparativamente, com a leitura da Constituição estadual de 1989, ao Governo do
Estado, e ao Tribunal de Justiça, num exercício inalienável de cidadania,
atestado de uma vida vocacionada e exercida coerentemente. A presença de
Pascoal Nabuco no Poder Judiciário de Sergipe é um capítulo que complementa a
sua ação no Governo. Não será preciso citar todos os melhoramentos, mas
destacar apenas duas de suas obras relevantes: a restauração do velho prédio do
Tribunal de Relação, um dos mais antigos monumentos de Aracaju, construído em
1894, dando-lhe o nome de Palácio Silvio Romero e instalando em suas
dependências o Memorial do Poder Judiciário de Sergipe, ao lado da construção
do prédio do Arquivo Judiciário de Sergipe, projetado para servir por anos e
décadas como repositório documental da Justiça sergipana.
Vistos etc. é mais que um título alegórico de um escritor, é
um testemunho sob a múltipla ótica de quem conheceu o judiciário sergipano como
réu, como advogado, promotor de justiça, juiz e presidente do Poder Judiciário
e é, também, um capítulo da história do judiciário sergipano, cobrindo trinta
anos de experiência pessoal. O novo livro de Pascoal Nabuco desdobra a sua
visão, exposta em Tributo à cidadania (Aracaju: Gráfica Editora J. Andrade,
2006), ampliando o registro dos fatos que marcaram, de 1978 a 2008, a história
do Poder Judiciário em Sergipe.
Ao lado das conquistas e avanços administrativos, das
construções e instalações, do aparelhamento do judiciário e da visível
ampliação e melhoria na prestação jurisdicional, fixando ações de cada período
das Mesas dirigentes, Pascoal Nabuco anota fatos pitorescos, que ocorreram ad
latere da história, o que torna o livro um documentário preciso e agradável,
como um sincero testemunho, da maior utilidade como referência a servir à
compreensão correta dos fatos do cotidiano do judiciário sergipano. O escritor
não esgotou o acervo que tem reunido nos anos de trabalho, o que, certamente,
garante outras obras interpretativas e reveladoras.
Lançado perante grande público, o novo livro de Pascoal
Nabuco Vistos etc circula nas mãos dos leitores, realçando a contribuição de
homens e mulheres que presidiram o Poder Judiciário estadual e deram o exemplo
administrativo responsável, ampliando as condições e melhorando o atendimento
público da Justiça.
Texto reproduzido do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto
Foto 1 - Portal Infonet
Foto 2 - site: tjse.jus.br
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 10 de setembro de 2014.
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