Sílvio Romero.
Personalidades Lagartenses, 3 de abril de 2011
Por Rusel Barroso
Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero, filho do
comerciante português André Ramos Romero e de D. Maria Joaquina Vasconcelos da
Silveira Ramos. Nasceu em Lagarto/SE, aos 21 de abril de 1851, tornou-se
professor, ensaísta, juíz de direito, folclorista, crítico literário, polemista
e historiador da literatura brasileira, vindo a falecer no Rio de Janeiro/RJ,
em 18 de julho de 1914.
Em 1897, Sílvio Romero, José Veríssimo e outros intelectuais
fundaram a Academia Brasileira de Letras, que teve como primeiro presidente
Machado de Assis.
Em sua cidade natal, iniciou os estudos primários, cursando
a escola mista do mestre Badu. Em 1863, partiu para a corte, a fim de fazer os
preparatórios no Ateneu Fluminense. Em 1868, regressou ao Nordeste e
matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife. Formou, ao lado de Tobias
Barreto e junto com outros moços de então, a Escola do Recife, local apropriado
para uma renovação da mentalidade brasileira. Romero, no início, foi
positivista. Distinguiu-se, porém, dos que formavam o grupo do Rio, entre eles
Miguel Lemos, que levava o Comtismo para o terreno religioso. Espírito mais
crítico, Sílvio Romero se afastaria das idéias de Comte para se aproximar da
filosofia evolucionista de Herbert Spencer, na busca de métodos objetivos de
análise crítica e apreciação do texto literário.
Começou a sua atuação jornalística na imprensa pernambucana,
publicando a monografia: A poesia contemporânea e a sua intuição naturalista.
Desde então, manteve a colaboração, ora como ensaísta e crítico; ora como
poeta, nas folhas recifenses, entre elas: A Crença, o Americano, o Correio
Pernambucano, o Movimento, o Diário de Pernambuco, o Jornal do Recife, a
República e o Liberal.
Assim que se formou, exerceu a promotoria. Atraído pela
política, elegeu-se deputado à Assembléia Provincial de Sergipe, em 1874.
Regressou a Recife para tentar fazer-se professor de Filosofia no Colégio das
Artes. Realizou-se o concurso no ano seguinte e ele foi classificado em
primeiro lugar, mas a Congregação resolveu anular o concurso. A seguir,
defendeu tese para conquistar o grau de doutor. Nesse concurso, Sílvio Romero
se ergueu contra a Congregação da Faculdade de Direito do Recife, afirmando que
“a metafísica estava morta” e discutindo, com grande vantagem, com professores
como Tavares Belfort e Coelho Rodrigues.
Em fins de 1875, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Foi
para Parati, como juiz municipal, e ali demorou-se dois anos e meio. Em 1878,
publicou o livro de versos Cantos do fim do século. Depois de publicar Últimos
harpejos, em 1883, abandonou as tentativas poéticas. Já fixado no Rio de
Janeiro, começou a colaborar em O Repórter, de Lopes Trovão. Ali, publicou a
sua famosa série de perfis políticos. Em 1880, prestou concurso para a cadeira
de Filosofia no Colégio Pedro II, conseguindo-a com a tese Interpretação
filosófica dos fatos históricos. Jubilou-se como professor do Internato, em 2
de junho de 1910. Fez parte, também, do corpo docente da Faculdade Livre de
Direito e da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.
No governo de Campos Sales, foi deputado provincial e depois
federal pelo Estado de Sergipe. Nesse último mandato, foi escolhido relator da
Comissão dos 21 do Código Civil e defendeu, então, muitas de suas idéias
filosóficas.
Na imprensa do Rio de Janeiro, Sílvio Romero tornou-se
literariamente poderoso. Admirador incondicional de Tobias Barreto, nunca
deixou de colocá-lo acima de Castro Alves; além disso, manteve, durante algum
tempo, uma certa má vontade para com a obra de Machado de Assis.
Como polemista, deve-se mencionar, ainda, a sua permanente
luta com José Veríssimo, de quem o separavam fortes divergências de doutrina,
método, temperamento, e com quem discutiu violentamente. Nesse âmbito, reuniu
as suas polêmicas na obra Zeverissimações ineptas da crítica (1909).
Romero foi um pesquisador bibliográfico sério e minucioso.
Preocupou-se, sobretudo, com o levantamento sociológico em torno de autor e
obra. Sua força estava nas idéias de âmbito geral e no profundo sentido de
brasilidade que imprimia em tudo que escrevia. A sua contribuição à
historiografia literária brasileira é uma das mais importantes de seu tempo, o
que pode ser comprovado na obra o Pioneirismo de Sílvio Romero na
Historiografia da Literatura Brasileira, escrita por Rusel Barroso.
Sílvio Romero era membro do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e de
diversas outras associações literárias. Nessa trajetória, foi também um dos
grandes responsáveis pela valorização das tradições populares, recolhidas nas
obras sobre o folclore.
Foto e texto reproduzidos do site: lagartonet.com
Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 2 de maio de 2014.
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